Alberto
Castro*, Londres
Em discurso feito durante a conferência anual dos eurocépticos do UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) realizada nos passados dias 26 e 27 de setembro, Nigel Farage, o populista líder do partido, insurgiu-se contra a presença de um número cada vez maior de imigrantes dos países do sul e do leste da Europa no Reino de Sua Majestade.
''Vendo a situação económica de Portugal, Grécia, Itália e Espanha, receio que o número dos que aqui chegam se torne cada vez maior'', disse. ''Não culpo os jovens da Itália ou de Espanha por quererem vir para aqui. Mas isso não é bom para os nossos jovens'', acrescentou.
Com
seu discurso populista anti-europeu, anti-imigração e xenófobo (embora
este ele o negue), Farage cresce imparável nas sondagens e tornou-se num
autêntico pesadelo para os três principais partidos de Westminster, parlamento
onde a sua legenda sequer tem representação. Apenas no mês passado o Partido
Conservador, de David Cameron, viu dois deputados seus desertarem para o UKIP.
Em Maio passado Farage já havia causado um terramoto político ao fazer do seu partido o grande vencedor das eleições para o Parlamento Europeu, tendo elegido 24 deputados, mais 11 do que na anterior legislatura, na dianteira dos trabalhistas (20), dos conservadores (19) e reduzindo o pró-europeísta partido Liberal Democrata a apenas um dos onze assentos que antes tinha.
Em Maio passado Farage já havia causado um terramoto político ao fazer do seu partido o grande vencedor das eleições para o Parlamento Europeu, tendo elegido 24 deputados, mais 11 do que na anterior legislatura, na dianteira dos trabalhistas (20), dos conservadores (19) e reduzindo o pró-europeísta partido Liberal Democrata a apenas um dos onze assentos que antes tinha.
Todavia,
quando apurados os factos, estes mostram que a grande presença de imigrantes
acaba por ser muito positiva para a economia e finanças do Reino de Sua
Majestade. De acordo com a OCDE, no ano passado, a imigração significou
um défice de menos de cerca de 16 bilhões de libras para as finanças públicas
do país, o que não aconteceria se este estivesse apoiado apenas na força
laboral nacional. Ainda no ano passado, um estudo de economistas da prestigiada
UCL, Universidade de Londres, calculou que os mais recentes emigrantes
europeus pagaram 8.8 bilhões mais em impostos do que consomem em serviços
públicos. Por outras palavras, a economia do Reino Unido não recuperaria tão bem
sem o forte factor da imigração.
Mas, apesar de todas as evidências económicas em favor da imigração, o discurso populista em sentido contrário não se mostra inconfortável e segue imparável. Por um lado, pela incompetência de políticos mais preocupados com o senso-comum para se manterem no poder do que em explicar os benefícios da imigração. Por outro, porque a imigração é um assunto demasiado complexo para ser explicado apenas pelas evidências dos números.
Mas, apesar de todas as evidências económicas em favor da imigração, o discurso populista em sentido contrário não se mostra inconfortável e segue imparável. Por um lado, pela incompetência de políticos mais preocupados com o senso-comum para se manterem no poder do que em explicar os benefícios da imigração. Por outro, porque a imigração é um assunto demasiado complexo para ser explicado apenas pelas evidências dos números.
O
mesmo discurso populista de Farage teve antes Paulo Portas nas suas
campanhas políticas em
Portugal. Nelas os alvos eram essencialmente imigrantes
africanos, brasileiros e de países asiáticos pobres. Agora que toca a vez
aos portugueses de ouvirem e sentirem a mesma fala humilhante e desumana, o que
opina Portas sobre Nigel Farage?
*Jornalista
freelance e colunista*
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