O
editorial do diário estatal Jornal de Angola refere-se hoje ao
"ressabiamento" de Portugal sobre o percurso eleitoral do país, no
dia em que se assinalam os 39 anos sobre a proclamação da independência
angolana.
Intitulado
de "Forças contra a democracia", o editorial critica nomeadamente a
União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), aludindo às
recentes declarações do presidente do maior partido da oposição, Isaías
Samakuva, que em Lisboa apontou a necessidade de uma nova independência do país
"Ameaçar
com a 'terceira independência' é insultar os milhões de angolanos que votaram
em todos os atos eleitorais, de 1992
a 2012. Não há pior intolerância política do que ignorar
as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos
outros", sublinha o mesmo editorial, acusando Samakuva de "empurrar
angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional".
"Angola
é independente desde 11 de novembro de 1975. E o povo angolano tem consentido
sacrifícios sem nome para preservar essa vitória. Muitos deram a vida para que
a Pátria fosse livre. Muitos mais morreram pela sua defesa ao longo dos anos,
até 2002 [fim da guerra civil]", escreve o editorial do jornal estatal.
O
artigo recorda a luta armada que se seguiu ao período colonial, nomeadamente
como "a legião estrangeira constituída por tropas da África do Sul e
mercenários, quase todos portugueses, foi derrotada no Ebo". E ainda que
em Kifangondo "as tropas de Mobutu e as matilhas de mercenários de várias
nacionalidades, capitaneadas pelo coronel 'comando' [português] Santos e
Castro, foram derrotadas sem apelo nem agravo".
"Ninguém
pode arrancar estas páginas da História com a desculpa da 'reconciliação
nacional'", lê-se no editorial.
De
acordo com o artigo do Jornal de Angola, "intolerância política é
desrespeitar a figura do chefe de Estado" e "acusar o partido que
venceu as eleições de fraude", referindo-se ao Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), liderado por José Eduardo dos Santos, que é também
o Presidente angolano desde 1979.
"É
uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta
definitiva e exemplar. Porque os votos que entraram nas urnas são dos
angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos
conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do
mundo", refere o editorial.
O
artigo termina referindo que "intolerância política é perder as eleições e
agir como se as tivessem ganho" e que "quem quer a 'terceira
independência' é contra a democracia".
As
comemorações do 39.º aniversário da independência de Angola, proclamada pelo
primeiro presidente, António Agostinho Neto, a 11 de novembro de 1975,
concentram-se este ano na província do Huambo, considerada um bastião da UNITA
durante os anos da guerra civil.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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