segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Polícias implicados na morte de brasileiro na Austrália pedem arquivamento do caso




Sydney, Austrália, 03 nov (Lusa) -- Os quatro polícias implicados na detenção do estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti, que morreu em 2012, depois de receber descargas elétricas na sequência de uma perseguição em Sydney, pediram hoje o arquivamento do caso.

O advogado de defesa, Brett Walter, justificou o pedido com a existência de erros processuais nos interrogatórios de que foram alvo os quatro agentes da polícia antes de serem acusados.

Segundo o mesmo responsável, os interrogatórios de que foram alvo foram de cariz informal, enquanto as provas incriminatórias foram entregues sob imunidade, pelo que não podem ser utilizadas como parte da acusação, indicou a cadeia televisiva ABC.

Os quatro agentes acusados -- Eric Lim, Damien Ralph, Scott Edmondson e Daniel Barling -- compareceram hoje num tribunal em Sydney, cujo juiz vai anunciar a sua decisão numa data não determinada.

Em dezembro, a Comissão de Integridade da Polícia da Austrália anunciou a sua intenção de imputar Lim e Ralph por agressão comum e Edmondson e Barling por agressão com a agravante de ter causado lesão corporal.

A decisão foi tomada depois de a procuradoria do estado de Nova Gales do Sul ter recomendado que processasse os agentes por entender existirem provas suficientes para sustentar a acusação, após avaliar um relatório da própria comissão policial.

Roberto Laudisio Curti morreu após ter sido perseguido por uma dezena de agentes que dispararam 14 descargas elétricas pouco depois de ter sido denunciado o roubo de dois pacotes de bolachas de uma loja do centro de Sydney.

Antes do incidente, o estudante brasileiro de 21 anos, tinha sofrido um episódio psicótico e estava a correr no centro da cidade depois de ter ingerido uma terceira pastilha de LSD.

Um relatório forense sobre a morte do jovem determinou, em novembro de 2012, que os agentes atuaram de forma brutal, imprudente e perigosa ao deterem o jovem utilizando pistolas elétricas "taser" e gás pimenta.

As pistolas elétricas, que provocam descargas de 400 volts, são utilizadas pelas forças de segurança em países como a Austrália, Reino Unido ou Estados Unidos para travar agressores em situações que não justificam o uso de armas de fogo.

Contudo, organizações como a Amnistia Internacional criticam a utilização das "taser" por terem provocado já dezenas de mortes e por poderem ser utilizadas para torturar detidos.

DM (FV) // FV - Lusa

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