António
Veríssimo, Lisboa
Não
esperemos que os australianos afirmem de modo peremptório que Xanana Gusmão está
envolvido em operações de corrupção. A hipocrisia dos australianos – a que
chamam diplomacia – assim manda. Para o dizerem preto no branco só se for como
arma de arremesso para encurralar aqueles que tenham por objetivo pisar e
explorar. Para mais agora com um governo tão neoliberal vigente na Austrália. Dali
não sai nada sem ser devidamente calculado e sempre com o objetivo de sacar
vantagens. Está-lhes na massa do sangue, certamente herdado dos genes dos piratas
navegantes ao serviço do reino de Inglaterra.
É
agora que num relatório uns especialistas afloram a questão. E vão ver que a
seguir se calam, se lhes convier. Ou então avançarão com mais uns “esclarecimentos”
para levar a água (em formato de cifrões, gás e petróleo) aos seus moinhos. Ninguém
se convença da inoperacionalidade dos serviços secretos australianos em
Timor-Leste. É caso para dizer: eles sabem tudo. Por isso a Austrália tem
estado vocacionada para comer tudo. E tem comido bastante. Quem não come são os
timorenses. Com uns (muitos) a roubar daqui, outros dali e mais uns quantos de
acolá. Assim é impossível sobrar para as populações, o que é das populações. Daí
tanta pobreza, tanta miséria, tanta fome. Tanta roubalheira.
De
qualquer modo, valha-nos isso, o relatório australiano vem confirmar o que em
Portugal já sabemos há semanas. Sabemos que Xanana Gusmão usou a artimanha para
encobrir a corrupção que no seu governo assentou arraiais. E, tanto quanto foi
declarado, ele também está incluído nas investigações da tenebrosa arte de
enganar e roubar os timorenses.
Calma.
Recomendam os australianos. Pois. Está bem. Tenham calma que os timorenses já
estão tão habituados a ser espezinhados e a terem uma existência de permanentes
carências que lá por isso não morrem.
Nada
mais falso. Morrem e de que maneira. Os anteriores ocupantes e ladrões que
assentaram arraiais em Timor-Leste levaram as vidas de mais de 200 mil
timorenses. O colonialismo português também. Quanto a estes, os atuais… A
contabilidade ainda está em aberto e por apurar. Provavelmente nem serei vivo
quando forem divulgados os números finais. Não serei vivo mas estarei
acompanhado por terra de Timor e acredito que talvez ela me informe sobre a
devassa contabilizada. Obra de energúmenos.
Ah!
E afinal até o relatório aponta para a artimanha de Xanana na expulsão dos juízes.
Pois. Mas olhem que os australianos, até parece, levam tempo a entender…
Após estas conclusões e suspeitas do famoso relatório independente made in Austrália não terá vergonha o governo português quando se dispôs a passar uma esponja sobre o assunto e enviar a Timor-Leste - há poucos dias - um ministro lambe-botas, desprovido de coluna vertebral e patriotismo, para acertar com Xanana questões de Defesa da cooperação de Portugal com aquela ex-colónia. É a diplomacia, é a hipocrisia... Popularmente afirma-se que é a sacanagem. Não é? (AV /
PG)
Relatório
relaciona expulsão de juízes com alegada corrupção no Governo de Díli
Darwin,
Austrália, 01 dez (Lusa) -- Um relatório da Ordem dos Advogados de Darwin,
Austrália, refere que a expulsão dos juízes estrangeiros de Timor-Leste pode
estar relacionada com investigações a casos de corrupção que envolvem membros
do Governo de Díli.
O
documento da Ordem dos Advogados de Darwin (Northern Territory Bar
Association), Austrália, que enquadra os acontecimentos que levaram à expulsão
dos juízes estrangeiros que se encontravam em Timor-Leste ao abrigo de acordos
de cooperação, conclui que vários casos de corrupção, não especificados, que
envolvem membros do executivo podem explicar a decisão do Governo.
"A
maior parte dos intervenientes (independentes em relação ao Governo de
Timor-Leste), com quem falei, incluindo juízes, relaciona estes acontecimentos
com os casos de corrupção contra oito membros do atual executivo, incluindo o
presidente do Parlamento, além de outros casos relacionados com corrupção que
correm nos tribunais", escreve o relator que visitou Díli para a elaboração
do relatório.
O
documento de Alistar Wyvill refere também que o julgamento da ministra das
Finanças, Emília Pires, deveria ter começado no dia 27 de outubro, "o
primeiro dia útil" após as decisões do Parlamento, o que fez com que as
sessões tivessem sido adiadas.
O
relatório refere igualmente o caso que envolve um antigo comandante da polícia,
identificado como Calisto Gonzalez ("CG").
De
acordo com documentação do Conselho Superior de Magistratura Judicial, citada
no relatório australiano, a defesa do ex-comandante da polícia que alegadamente
ajudou traficantes de droga a "escaparem" do país argumenta que
"CG" estava a cumprir ordens superiores.
Segundo
o documento da Ordem dos Advogados australiana, os "superiores" que
deram a ordem para deixar sair os traficantes de Timor Leste "são membros
do Governo" e acrescenta que se desconhece quando é que o recurso vai ser
apresentado pelo ex-polícia ao Tribunal Distrital de Díli porque o juiz
encarregado do processo, o português Júlio Gantes da Costa, foi expulso do país.
O
relatório demonstra também preocupação com a alegada "campanha" do
primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que "parece" materializar um ataque
contra o sistema judicial.
O
relator refere-se ao documento "declaração política", difundido em
tétum e assinado por veteranos de guerra e que pode constituir uma
"ameaça" contra os juízes em Timor-Leste.
O
relatório destaca que a "campanha" é particularmente preocupante
porque pode funcionar como uma forma encontrada para "desviar as
atenções" e evitar que se abordem os casos de corrupção contra membros do
Governo timorense.
Afirmando
não querer ser dramático, o relator diz que - pelo que viu - torna-se difícil
diminuir os riscos de perigo de vida e de bem-estar dos juízes e familiares,
caso a crise se venha a agravar.
"O
Conselho Superior de Magistratura Judicial parece ser a única voz que defende a
independência judicial e o Estado de Direito em Timor-Leste. Após
a expulsão dos juízes portugueses -- cuja função era, em parte, auxiliar e
formar juízes locais -- os juízes timorenses ficaram ainda mais isolados",
conclui o relatório australiano.
O
Governo de Timor-Leste ordenou no dia 03 de novembro a expulsão, no prazo de 48
horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.
No
dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução a
suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais
"invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma
intransigente o interesse nacional" e outra a determinar uma auditoria ao
sistema judicial do país.
PSP
// VM
Autor
de relatório sobre expulsão dos juízes pede calma ao Governo de Díli
Darwin,
01 dez (Lusa) -- O autor do relatório da Ordem dos Advogados de Darwin sobre a
crise do sistema judicial timorense recomendou investigações sobre a expulsão
dos juízes e pediu "calma".
"O
que é mais importante é manter a calma, em especial do lado do governo, esta é
a minha maior preocupação porque, supostamente, há uma tentativa por parte do
executivo em promover uma campanha junto da população contra os juízes, e em
particular contra os juízes timorenses e isso para mim é muito perigoso",
disse à Lusa Alistar Wyvill, autor do relatório.
A
Ordem dos Advogados de Darwin sugere mesmo a possibilidade de realização de uma
conferência regional em Díli para a análise sobre a importância da
independência na administração da Justiça.
O
documento elaborado para a Northern Territory Bar Association, com sede em
Darwin, Austrália, enquadra os acontecimentos que levaram à expulsão dos juízes
estrangeiros que se encontravam em Timor-Leste ao abrigo de acordos de
cooperação e conclui que vários casos de corrupção que alegadamente envolvem
membros do executivo podem explicar a decisão do Governo.
"O
que é importante é que as pessoas entendam que esta situação é muito complexa e
por isso é importante que seja encontrada uma situação pacífica e quanto mais
envolvimento de organizações de advogados e das Nações Unidas se verificar
melhor será para todos", sublinhou Alistair Wyvill, em entrevista à Lusa.
O
Governo de Timor-Leste ordenou no dia 03 de novembro a expulsão, no prazo de 48
horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.
No
dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução a
suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais
"invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma
intransigente o interesse nacional" e outra a determinar uma auditoria ao
sistema judicial do país.
Como
recomendação, o relatório "sobre as relações entre o sistema judicial e o
Governo de Timor Leste" sugere o envio de mensagens ao primeiro-ministro
timorense com conhecimento ao presidente do Tribunal de Recurso e do Conselho
Superior de Magistratura Judicial sobre o assunto.
A
Northern Territory Bar Association pede igualmente ao Governo de Díli que
declare total compromisso para com o Estado de Direito e independência e que
garanta a segurança aos membros do sistema judicial timorense para que
continuem a poder desempenhar funções.
A
Ordem dos Advogados australiana (Território do Norte) pede também que se
proceda à investigação sobre a legalidade das recentes resoluções
governamentais aprovadas no Parlamento e que levaram à expulsão dos juízes
internacionais.
O
documento pede ainda para que seja apurado se existe alguma relação entre a
expulsão dos juízes e alegados casos de corrupção e sugere que seja determinada
a forma de ajuda ao sistema judicial timorense.
"É
mesmo importante não desistir do assunto e é preciso garantir a segurança das
pessoas. Mas é preciso que esse envolvimento seja contínuo. Eles (juízes) estão
isolados e contavam com a ajuda dos colegas portugueses. Ser juiz é uma
condição solitária e agora é ainda mais. É preocupante se isto faz parte de uma
estratégia, mas espero que não seja", disse ainda à Lusa o autor do
documento.
O
relatório de quatro páginas incluiu documentação adicional relativa a todo o
processo, como as resoluções governamentais apresentadas no Parlamento sobre a
expulsão dos juízes (resolução nº 11/2014 e nº32/2014); a Declaração Política
assinada pelos Veteranos e Combatentes da Libertação Nacional; e ainda o
despacho do presidente do Tribunal de Recurso e do Conselho Superior da
Magistratura Judicial (CSMJ).
O
documento assinado por Guilhermino Silva, presidente do Tribunal de Recurso e
do Conselho Superior da Magistratura Judicial tem a data de 28 de outubro
indica que apenas ao "CSMJ compete nomear, transferir e apreciar o seu
mérito profissional e exercer ação disciplinar, não tendo qualquer efeito
prático a resolução do Parlamento Nacional nº11/2014 de 24 de outubro".
Além
das ligações de proximidade entre Darwin e Díli, a Northern Territory Bar
Association realizou em julho a primeira conferência de advogados (de
Timor-Leste e da Austrália) em que, segundo Alistair Wyvill, foram efetuados
contactos importantes a nível profissional que espera ver desenvolvidos ao
longo dos próximos anos.
"Estamos
empenhados em ajudar a consolidar o Estado de Direito em Timor Leste ",
referiu.
PSP
// VM
1 comentário:
A substancia e conclusoes do dito relatorio sao quase um copy&paste das alegacoes feitas pelos magistrados expulsos, mais em particular de uma procuradora.
Nada de novo. Mas acho ser altamente revelador que o relatorio saiu de Darwin, o territorio australiano que mais beneficiou da exploracao do petroleo timorense desde o inicio. Fizeram tudo o que puderam para levar o oleoduto de Bayu-Undan para as suas costas e fizeram e continuam a fazer tudo por tudo para que um futuro gasodutp do ainda por explorar campo Greater Sunrise va tambem para la. Claro que todos nos sabemos que isso so vai ser possivel se conseguirem enfraquecer o governo timorense que actualmente ja enfrenta investidas das multinacionais e da Australia em varias frentes e ha varios anos.
Claro tambem esta que Darwin (o territorio) so podera conquistar o estatuto de estado (altamente cobicado e objetivo de longa data) em paridade com os outros estados da Australia quando conseguir contribuir o suficiente para o cofre federal australiano. Como nao tem rendimento de industrias proprias outras senao a petrolifera desenvolvida precisamente pelas multinacionais adversarias do Estado timorense nao sera de admirar que seja do seu total interesse perpetuar o ataque a Dili. Tanto mais porque observaram um silencio esclarecido por parte das autoridades portuguesas logo apos a explicacao detalhada avancada pelo ministro de justica timorense. Se as explicacoes nao tivessem sido satisfatorias e razoaveis as autoridades porruguesas teriam se, nao duvido, pronunciado nesse sentido para demonstrar a Dili a sua continuada condenacao das expulsoes. Nao foi o que se viu nem o que se ouviu fazendo crer que afinal de contas as razoes apresentadas por Timor foram comprendidas e aceites por Portugal mesmo que ainda nao pelo publico portugues por nao terem sido ainda devidamente esclarecidos pelos seus proprios governantes.
So espero que o odio pessoal que alguns reservam pelo actual governo timorense nao passe a ser um reforco, mesmo que nao intencional, aos interesses daqueles que ha decadas tem vindo a condenar o povo timorense ao sofrimento em defesa dos seus objetivos imorais de saquear a riqueza naturalbde Timor.
Espero que nao!
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