Fim do silêncio:
intelectuais brasileiros reagem ao golpe e à destruição da Petrobras
Conclamamos as
forças vivas da Nação a cerrarem fileiras em torno da democracia e da
Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
Nesta terça-feira,
24/02, a Central Única dos Trabalhadores (Cut) e a Federação Única dos
Petroleiros (Fup), entre outras entidades e movimentos, juntamente com intelectuais brasileiros, lançam uma campanha nacional para
impedir que a demência neoliberal destrua a Petrobras, paralise o Brasil,
interrompa obras estratégicas e gere um furacão de desemprego
e calote salarial nos canteiros do PAC e do pré-sal.
O ato desta terça, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio
de Janeiro, deve ser o início de uma caminhada. Seu êxito depende de um
corajoso programa de manifestações em todo o país, inclusive nos canteiros
de obras do pré-sal, com a presença de uma frente de
lideranças progressistas, na qual não podem se omitir Lula, Boulos
e Stédile, entre outros.
O manifesto lançado por intelectuais brasileiros condensa a gravidade
do que está em jogo: está em jogo para o conservadorismo a
chance de paralisar o país e a economia, gerar o caos para voltar ao
poder na carona da crise devastadora - ainda que às custas do estado de
direito. Impedi-lo é o desafio de urgencia histórica que reclama a união de
toda a esquerda e das forças progressistas e democráticas da nação.
Leia, abaixo, o manifesto.
O QUE ESTÁ EM JOGO AGORA
A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras,
desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa
soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes
empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além
disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras,
restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha,
que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de
petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos
principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes
buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções
militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia
a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados.
Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico
e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais
de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição
subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo
legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não
hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com
estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal,
do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que
lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo
período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição.
Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança
nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da
democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015
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