Acredita
que a juventude vai protagonizar uma nova Angola
Voz
da América, em Angola Fala Só
– 10 abril 2015
A
governadora de Cabinda ignora a Constituição ao proibir a manifestação prevista
para sábado contra as detenções de Marcos Mavungo e Arão Tempo, disse o
Padre Casimiro Congo.
Congo
reagia a um comunicado da governadora Altina Matilde da Lomba anunciando a
proibição da manifestação por alegadamente não respeitar os parâmetros da lei.
“Não
sei como é que a primeira secretária do MPLA em Cabinda não conhece a
Constituição”, disse o Padre Congo que rejeitou também a alegação de que a
manifestação seria uma ofensa à honra e consideração devidas aos órgãos de
soberania democraticamente eleitos.
“Os
representantes eleitos devem encontrar-se com o eleitorado”, disse o Padre
Congo, que recordou ainda que nas eleições anteriores o MPLA elegeu
quatro dos cinco deputados do enclave pelo que não pode compreender porque é
que “tem medo do eleitorado”.
Numa
hora de intenso debate sobre a situação em Cabinda, Casimiro Congo disse que no
território “estamos habituados a prisões arbitrárias”, acrescentando que “os
tribunais são um instrumento do Governo”. Nas audiências, disse, “esperam para
que cheguem do poder as sentenças”.
Ele
manifestou-se, contudo, optimista quando à “construção de “uma nova
Angola” porque lembrou que “ninguém é eterno”.
“Acredito
que esta juventude pode ter a última palavra a dizer (sobre o futuro de
Angola)”, reiterou.
Líder
da Igreja Católica das Américas em Cabinda, ele acusou a Igreja Católica
Romana, de quem se afastou, de colaborar com as autoridades “para nos
fazer mal”.
Interrogado
sobre o facto de a Igreja afirmar que não é nem pode ser um partido da oposição
o Padre Congo respondeu que o problema a que a Igreja faz face em Angola não é
esse. “O problema da Igreja de Angola é que está no muro e não sabe de
que lado cai”, afirmou.
Casimiro
Congo revelou que no ano passado ele e outros membros da sociedade de Cabinda
reurniram-se com um enviado da Casa Militar da Presidência da Republica que
tinha afirmado que o Governo estava pronto a considerar “uma autonomia
administrativa”.
A
pergunta que tinha sido feita ao enviado tinha sido “até onde chegaria
essa autonomia”. Segundo ele, foi eleborada uma acta dessa reunião, mas pouco
tempo depois as autoridades lançaram uma campanha de repressão contra a sua
Igreja.
“Angola
não quer debater os problemas”, acusou Casimiro Congo.
Interrogado
sobre o Forum Cabindês para o Diálogo que assinou um memorando de entendimento
com o Governo que contudo não resolveu as tensões que se vivem no território, o
Padre Casimiro Congo descreveu o fórum como “uma etapa”.
No
fórum, disse, “ Bento Bembe não detectou a falta de boa vontade”, mas o padre
Casimiro afirma não querer divisões entre os cabindas. Pelo contrário defende a
criação de um espaço para a reconciliação entre os cabindas e manter a unidade.
“Eu
não sou politico sou a consciência do povo”, disse afirmando que a sua
popularidade entre os cabindas tem uma razão. “Sou coerente desde sempre”,
concluiu.
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