terça-feira, 14 de abril de 2015

Maior central sindical de Cabo Verde congratula-se com veto ao estatuto dos políticos




A maior central sindical cabo-verdiana congratulou-se hoje com o veto presidencial ao Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos (ETCP), mas continua a defender que os trabalhadores cabo-verdianos foram "enganados e traídos" pela classe política.

"Não há dúvida que os trabalhadores cabo-verdianos foram enganados e traídos pela classe política. Felizmente houve o veto do Presidente da República, que congratulamos. Acho que foi oportuno e correspondeu às expetativas dos trabalhadores e da grande maioria do povo cabo-verdiano", sustentou Júlio Ascensão Silva.

O secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos - Central Sindical (UNTC-CS) falava à imprensa durante um encontro com o grupo Mobilização para Ação Cívica (MAC#114), que a 30 de março organizou uma manifestação nos principais centros urbanos em Cabo Verde em protesto contra a aprovação do estatuto dos políticos.

O documento foi aprovado por unanimidade no Parlamento a 26 de março, cuja proposta estabelece uma nova tabela salarial, que substitui a que vigora desde 1997, com um aumento de 64% para Presidente da República, no qual estão indexados os vencimentos de toda a classe política do país.

O documento deu entrada na Presidência da República na passada quarta-feira e o Presidente, que tinha legalmente 30 dias para tomar uma decisão, anunciou o veto um dia após receber do diploma, pedindo aos deputados para o reapreciaram com critérios de justiça, igualdade e adequar os salários e as regalias com a atual conjuntura do país.

O secretário-geral da UNTC-CS continua a defender que o momento não é oportuno para se aprovar o documento e apela aos deputados para expurgarem tudo o que seja questão ligada aos vencimentos e regalias.

Júlio Ascensão Silva entende que o veto é "uma primeira vitória ou uma primeira batalha ganha", pelo que a batalha está mais a frente.

"Que ninguém pense que a questão ficou completamente resolvida com o veto", avisou, apelando aos trabalhadores cabo-verdianos para se manterem "vigilantes e ativos" porque "nada está ganho em definitivo".

A esse propósito, informou que a UNTC-CS realiza na terça-feira uma assembleia de dirigentes, delegados e ativistas sindicais e vai levar uma proposta "muito concreta" de realizar uma "jornada de luta" no próximo dia 01 de maio.

Em relação ao encontro com o MAC, Júlio Ascensão Silva indicou que serviu para felicitar o movimento cívico pelo "êxito na manifestação" do dia 30 de março e também para falar sobre o veto do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.

Por sua vez, Rony Moreira, do MAC#114, disse que o encontro, a convite da UNTC-CS, vai dar ao grupo "mais força" para continuar a sua luta e espera que os próximos passos sejam dados em concertação com a maior central sindical cabo-verdiana.

O responsável disse que se não houver melhorias no estatuto, o MAC "vai ter que se posicionar", mas referiu que a questão não é só salarial, sendo que há outros pontos que devem ser discutidos, como o subsídio de reintegração, a reforma, saúde, e que um eventual aumento salarial deve ser "igual" para toda a classe trabalhadora cabo-verdiana.

RYPE // VM // LUSA

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