A
maior central sindical cabo-verdiana congratulou-se hoje com o veto
presidencial ao Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos (ETCP), mas continua
a defender que os trabalhadores cabo-verdianos foram "enganados e
traídos" pela classe política.
"Não
há dúvida que os trabalhadores cabo-verdianos foram enganados e traídos pela
classe política. Felizmente houve o veto do Presidente da República, que
congratulamos. Acho que foi oportuno e correspondeu às expetativas dos
trabalhadores e da grande maioria do povo cabo-verdiano", sustentou Júlio
Ascensão Silva.
O
secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos - Central
Sindical (UNTC-CS) falava à imprensa durante um encontro com o grupo
Mobilização para Ação Cívica (MAC#114), que a 30 de março organizou uma
manifestação nos principais centros urbanos em Cabo Verde em protesto
contra a aprovação do estatuto dos políticos.
O
documento foi aprovado por unanimidade no Parlamento a 26 de março, cuja
proposta estabelece uma nova tabela salarial, que substitui a que vigora desde
1997, com um aumento de 64% para Presidente da República, no qual estão
indexados os vencimentos de toda a classe política do país.
O
documento deu entrada na Presidência da República na passada quarta-feira e o
Presidente, que tinha legalmente 30 dias para tomar uma decisão, anunciou o
veto um dia após receber do diploma, pedindo aos deputados para o reapreciaram
com critérios de justiça, igualdade e adequar os salários e as regalias com a
atual conjuntura do país.
O
secretário-geral da UNTC-CS continua a defender que o momento não é oportuno
para se aprovar o documento e apela aos deputados para expurgarem tudo o que
seja questão ligada aos vencimentos e regalias.
Júlio
Ascensão Silva entende que o veto é "uma primeira vitória ou uma primeira
batalha ganha", pelo que a batalha está mais a frente.
"Que
ninguém pense que a questão ficou completamente resolvida com o veto",
avisou, apelando aos trabalhadores cabo-verdianos para se manterem
"vigilantes e ativos" porque "nada está ganho em
definitivo".
A
esse propósito, informou que a UNTC-CS realiza na terça-feira uma assembleia de
dirigentes, delegados e ativistas sindicais e vai levar uma proposta
"muito concreta" de realizar uma "jornada de luta" no
próximo dia 01 de maio.
Em
relação ao encontro com o MAC, Júlio Ascensão Silva indicou que serviu para
felicitar o movimento cívico pelo "êxito na manifestação" do dia 30
de março e também para falar sobre o veto do Presidente da República, Jorge
Carlos Fonseca.
Por
sua vez, Rony Moreira, do MAC#114, disse que o encontro, a convite da UNTC-CS,
vai dar ao grupo "mais força" para continuar a sua luta e espera que
os próximos passos sejam dados em concertação com a maior central sindical
cabo-verdiana.
O
responsável disse que se não houver melhorias no estatuto, o MAC "vai ter
que se posicionar", mas referiu que a questão não é só salarial, sendo que
há outros pontos que devem ser discutidos, como o subsídio de reintegração, a
reforma, saúde, e que um eventual aumento salarial deve ser "igual"
para toda a classe trabalhadora cabo-verdiana.
RYPE
// VM // LUSA
Sem comentários:
Enviar um comentário