O
presidente da Renamo, Afonso Dhlakama afirmou ao ser questionado por académicos
e líderes religiosos de Manica, no centro de Moçambique, que não vai fazer
reformas agrárias falhadas nas províncias autónomas que o partido quer criar.
Numa
reunião de auscultação relacionada com subsídios de governação, Afonso
Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da
oposição, foi questionado sobre como pretende abordar a pobreza, a fome, o
desemprego, falhas na Justiça, a industrialização e mecanização da agricultura,
a proteção da floresta e da fauna bravia, além dos custos fiscais para atração
de investimentos nas províncias autónomas, férteis em recursos.
Com
o projeto de lei que apresentou sobre estas novas províncias, a Renamo pretende
governar em seis das 11 províncias moçambicanas, do Centro e do Norte, por ter
ganhado em cinco nas eleições gerais do ano passado.
Dhlakama
ameaça mesmo governar pela força nestas áreas, caso a Frelimo (Frente de
Libertação de Moçambique), partido no poder, chumbe a proposta no parlamento.
Na
reunião de hoje, Ranger Mairosse, um líder religioso, indagou como pretende a
Renamo combater as torturas de cidadãos pela polícia e a corrupção na Justiça:
"Até quando os tribunais vão virar negócio para enriquecer
magistrados?", questionou Ranger Mairosse, perguntando também se há um
plano para acabar com o que classificou como os "bancos judiciais" e
se a atual polícia vai servir nas províncias autónomas.
O
académico Augusto Francisco quis saber se os jovens têm alguma esperança no que
se refere ao desemprego nas províncias autónomas e se há um plano para criar
empreendedorismo.
Por
sua vez, o politólogo Edson Isaías apelou para que a Renamo não volte a
desiludir a população e declarou que os anteriores recuos do partido, após
tomar posições extremas face às anunciadas fraudes eleitorais, nos últimos
quatro processos, terão reduzido o seu prestígio.
Em
resposta às questões, Afonso Dhlakama voltou a pedir desculpas públicas por
"ter permitido nas eleições passadas que fossem formados governos sem
serem eleitos", assegurando que pretende governar com justiça e
integridade para evitar um julgamento eleitoral.
O
líder da Renamo referiu não ter sido ainda elaborado um programa de governação
para cada província autónoma, mas assegurou que não vai fazer reformas agrárias
falhadas -- como, exemplificou, a que aconteceu no Zimbabué, com a expropriação
de terras aos fazendeiros brancos para entregá-las aos antigos combatentes
negros.
O
responsável apontou a necessidade de um plano para o sector agrário com
subsídios a agricultores para incentivar a importação de maquinarias e, assim,
ajudar a "matar a fome" e criar postos de trabalho. Pretende-se também
apostar na exportação de cereais.
Por
outro lado, prometeu uma política de habitação para funcionários públicos e a
triplicação do salário mínimo de 3.000 meticais (78 euros), assegurando ainda
que a polícia será obrigada a respeitar as normas das províncias autónomas,
para assegurar justiça igual a todos.
A
Assembleia da República deverá debater na sessão em curso, iniciada a 31 de
março, o projeto de lei submetido pela Renamo defendendo a criação de seis
províncias autárquicas, a serem governadas pelo movimento.
Caso
o projeto seja aprovado, a Frelimo, declarada pelos órgãos eleitorais vencedora
das eleições gerais, iria governar em apenas cinco dos 11 círculos eleitorais
do país e manter a chefia do Estado moçambicano.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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