África
21 com agências
O
comissário chefe Paulo Gaspar de Almeida, segundo comandante geral da Polícia
Nacional, diz que "morreram 13 pessoas não inocentes, que estiveram a
confrontar-se com os agentes da ordem, os ditos seguranças do líder da seita e
autores dos assassinatos". De acordo com a versão policial, o confronto
prolongou-se por três horas.
Luanda -
O segundo comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo Gaspar
de Almeida, negou quarta-feira (22), no Huambo, região centro do país,
informações segundo as quais a corporação matou cidadãos civis na operação de
captura do líder da seita religiosa A Luz do Mundo, José Julino Kalupeteka,
informa a agência governamental de notícias Angop.
De
acordo com a autoridade policial, citada pela agência, o comissário disse
que "muitos jornais, rádios e sites estão a especular o número de fiéis
mortos". Segundo Paulo de Almeida, "morreram 13 pessoas não
inocentes, que estiveram a confrontar-se com os agentes da ordem, os ditos
seguranças do líder da seita e autores dos assassinatos".
"Os
13 mortos são franco atiradores, pertencentes à guarda do Kalupeteka, que
tinham por objectivo neutralizar e desestabilizar a operação", afirmou.
Falando
numa formatura geral, o responsável reconheceu o brio e profissionalismo
demonstrado pelos nove polícias assassinados por seguidores desta seita, pois,
de acordo com o comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, se assim não fosse
muitos cidadãos encontrados no acampamento poderiam ser mortos.
"Temos
que destacar estes grandes camaradas, que, durante os confrontos de três horas
com os fiéis seguidores do tal Kalupeteka, souberam poupar vidas humanas de
crianças, mulheres e velhos.
Paulo
de Almeida também esclareceu não ter havido negligência alguma da parte da
corporação, explicando que os membros envolvidos na operação não podiam reagir,
pois sabiam da presença de crianças, mulheres e velhos dentro do acampamento e
que podiam ser mortos inocentemente.
"Muitos
não sabem o que se passou na localidade de São Pedro Sumé e dizem que fomos
negligentes. Repito, foram três horas de confronto e a Polícia não podia reagir
para não matar civis enganados pelo Kalupeteka", disse.
Unita
quer abertura de inquérito
A
Unita, maior partido da oposição em Angola, denunciou, terça-feira (21), a
existência de valas comuns na província do Huambo, região centro do país, onde
terão sido enterrados, até segunda-feira, os corpos de mais de 700 pessoas
mortas em retaliação da polícia contra seguidores da seita de José Kalupeteca,
noticiou a rádio estatal norte-americana VoA ( Voz da América).
A
Unita pediu à Assembleia Nacional a constituição de uma comissão parlamentar de
inquérito para aferir da dimensão dos incidentes que na passada semana
envolveram a Polícia Nacional e fiéis da seita também conhecida por Kalupeteca.
O
chefe da bancada parlamentar da Unita Raul Danda disse que buldózeres estão a
ser usados para enterrar as vitimas em valas comuns.
Danda
acrescentou, no entanto, que o seu partido não vai esperar por uma eventual
missão parlamentar, devendo enviar de imediato para o Huambo uma equipa de
deputados para verificar no terreno o número de civis mortos.
Na
segunda-feira, o comandante adjunto da Polícia Nacional, Paulo de Almeida,
revelou que na sequência dos incidentes 13 civis tinham sido mortos a par dos
nove policiais que perderam a vida.
Informações
da província do Bié deram conta que 11 cidadãos ligados à seita Kalupeteka
foram condenados, em processo sumário, a dois anos de prisão por crime de
resistência às autoridades.
Entretanto,
em conversa não gravada com a VoA, o comandante geral da Polícia Nacional
comissário chefe Ambrósio Lemos reconheceu ter havido troca de tiros entre os
agentes da polícia e seguidores da seita, mas disse não poder precisar o número
de mortos da outra parte. Segundo o comissário, o número de seguidores mortos não
ultrapassará as duas dezenas.
Ambrósio
de Lemos afirmou desconhecer se as vítimas civis já foram enterradas por não
ter recebido nenhum relatório da comissão que se encontra a trabalhar no
terreno. Questionado sobre a afirmação de Raúl Danda, da Unita, disse que as
suas afirmações devem ser provadas.
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