quinta-feira, 23 de abril de 2015

Polícia angolana diz que durante confronto no Huambo morreram 13 seguidores de Kalupeteka



África 21 com agências

O comissário chefe Paulo Gaspar de Almeida, segundo comandante geral da Polícia Nacional, diz que "morreram 13 pessoas não inocentes, que estiveram a confrontar-se com os agentes da ordem, os ditos seguranças do líder da seita e autores dos assassinatos". De acordo com a versão policial, o confronto prolongou-se por três horas.

Luanda - O segundo comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, negou quarta-feira (22), no Huambo, região centro do país, informações segundo as quais a corporação matou cidadãos civis na operação de captura do líder da seita religiosa A Luz do Mundo, José Julino Kalupeteka, informa a agência governamental de notícias Angop.

De acordo com a autoridade policial,  citada pela agência, o comissário disse que "muitos jornais, rádios e sites estão a especular o número de fiéis mortos". Segundo Paulo de Almeida, "morreram 13 pessoas não inocentes, que estiveram a confrontar-se com os agentes da ordem, os ditos seguranças do líder da seita e autores dos assassinatos".

"Os 13 mortos são franco atiradores, pertencentes à guarda do Kalupeteka, que tinham por objectivo neutralizar e desestabilizar a operação", afirmou.

Falando numa formatura geral, o responsável reconheceu o brio e profissionalismo demonstrado pelos nove polícias assassinados por seguidores desta seita, pois, de acordo com o comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, se assim não fosse muitos cidadãos encontrados no acampamento poderiam ser mortos.

"Temos que destacar estes grandes camaradas, que, durante os confrontos de três horas com os fiéis seguidores do tal Kalupeteka, souberam poupar vidas humanas de crianças, mulheres e velhos.

Paulo de Almeida também esclareceu não ter havido negligência alguma da parte da corporação, explicando que os membros envolvidos na operação não podiam reagir, pois sabiam da presença de crianças, mulheres e velhos dentro do acampamento e que podiam ser mortos inocentemente.

"Muitos não sabem o que se passou na localidade de São Pedro Sumé e dizem que fomos negligentes. Repito, foram três horas de confronto e a Polícia não podia reagir para não matar civis enganados pelo Kalupeteka", disse.

Unita quer abertura de inquérito

A Unita, maior partido da oposição em Angola, denunciou, terça-feira (21), a existência de valas comuns na província do Huambo, região centro do país, onde terão sido enterrados, até segunda-feira, os corpos de mais de 700 pessoas mortas em retaliação da polícia contra seguidores da seita de José Kalupeteca, noticiou a rádio estatal norte-americana VoA ( Voz da América).

A Unita pediu à Assembleia Nacional a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito para aferir da dimensão dos incidentes que na passada semana envolveram a Polícia Nacional e fiéis da seita também conhecida por Kalupeteca.

O chefe da bancada parlamentar da Unita Raul Danda disse que buldózeres estão a ser usados para enterrar as vitimas em valas comuns.

Danda acrescentou, no entanto, que o seu partido não vai esperar por uma eventual missão parlamentar, devendo enviar de imediato para o Huambo uma equipa de deputados para verificar no terreno o número de civis mortos.

Na segunda-feira, o comandante adjunto da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, revelou que na sequência dos incidentes 13 civis tinham sido mortos a par dos nove policiais que perderam a vida.

Informações da província do Bié deram conta que 11 cidadãos ligados à seita Kalupeteka foram condenados, em processo sumário, a dois anos de prisão por crime de resistência às autoridades.

Entretanto, em conversa não gravada com a VoA, o comandante geral da Polícia Nacional comissário chefe Ambrósio Lemos reconheceu ter havido troca de tiros entre os agentes da polícia e seguidores da seita, mas disse não poder precisar o número de mortos da outra parte. Segundo o comissário, o número de seguidores mortos não ultrapassará as duas dezenas.

Ambrósio de Lemos afirmou desconhecer se as vítimas civis já foram enterradas por não ter recebido nenhum relatório da comissão que se encontra a trabalhar no terreno. Questionado sobre a afirmação de Raúl Danda, da Unita, disse que as suas afirmações devem ser provadas.

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