Isabel
Moreira – Expresso, opinião
A
direita tem uma proposta: tentar atingir os objetivos que se propôs a atingir,
com mentiras, em 2011. E ao mesmo tempo que finge ser sua e não do TC a decisão
gloriosa de devolver salários e pensões, anuncia o corte de 600 milhões nas
pensões, isto é, aquilo que foi declarado inconstitucional. Numa frase, a
direita quer insistir na miséria até 2019.
Agora
está nervosa, porque o PS estudou, de facto, o quadro macroeconómico do país
real, estudou-o com gente séria, com previsões sérias, com cálculos de margens
de erro. O nervosismo é tanto, que a reação da Troika governante e dos seus
comentadores de serviço demorou o topete de 5 minutos, com a arma esgotada de
sempre, essa frase: - "regresso ao passado". É a direita dos
interesses paralisada discursivamente em 2011, quando a mesma e Cavaco, numa
intriga organizada, expulsaram o PS de cena porque, dizia-se, "o país não
aguenta mais sacrifícios".
Acontece
que os cidadãos vão ser chamados a julgar tal imperativo conspirativo, os seus
resultados, como o PIB ter recuado mais de 10 anos, o emprego mais de 15 anos e
o investimento mais de um quarto de século.
O
"aguenta, aguenta" substitutivo do "país não aguenta mais
sacrifícios" aconselha a comparar o DEO de 2011 e as previsões atuais do
Governo. Só no emprego, a dimensão do falhanço é de 300 mil, para já não falar
da dívida, jurada para 102% e agora em mais de 130%. Tudo isto releva não
apenas da irresponsabilidade de uma direita fanática, mas da sua total falta de
credibilidade.
Como
é possível um Governo dizer-se de sucesso e apontar metas para 2019 que ficam
aquém das metas que há quatro anos apontava para o ano presente?
É
este Governo que tem o descaramento de atacar o PS com palavras vazias.
Ainda
nem tinha bem acabado a conferência de imprensa de apresentação do Cenário
Macroeconómico e já estava um vice-presidente do PSD (José Matos Correia) a
atacar o relatório. Perguntado, reconheceu que não tinha tido oportunidade de
ler o documento. Estamos esclarecidos: acham mau porque sim, acham mau mesmo
sem lerem. Já sabiam que opinião tinham antes de conhecerem.
Depois,
outros dirigentes da Coligação fizeram contas. Primeiro, Cecília Meireles dizia
que as medidas que constam do cenário macroeconómico teriam um custo de três
mil milhões de euros. Depois, Pires de Lima apresentou uma fatura mais em
conta: 2,2 mil milhões. O rigor desta Direita a fazer contas está à vista.
O
estudo foi elaborado por uma equipa de 12 economistas reputados, a maioria
deles independentes e que nunca poriam em causa a sua credibilidade científica
e profissional para fazerem "más contas" para o PS.
Todas
as medidas estão quantificadas e cada cálculo pode ser demonstrado. O Governo
não pode dizer o mesmo das suas contas. Sabemos pela UTAO (Unidade Técnica de
Apoio Orçamental), e diz-nos a experiência, que este governo é que não sabe
fazer contas, de tal modo que em quatro anos nunca cumpriram os objetivos que
traçaram.
Penso
que o país entende o nervoso da direita perante o trabalho do PS. Entende,
também, a má-fé da reação da coligação. É que agora têm uma oposição com um
plano estruturado para fazer as respetivas propostas.
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