quarta-feira, 29 de abril de 2015

XENOFOBIA FORA DA AGENDA OFICIAL DA CIMEIRA DA SADC



Damiao Trape, da AIM, em Harare

Harare
, 28 Abr (AIM)
A violência xenófoba na África do Sul, assunto que tem vindo a polarizar os debates na actualidade, tanto nos países mais afectados, incluindo Mocambique, como também ao nível do continente africano e do mundo em geral, não faz parte da agenda oficial da Cimeira dos Chefes de Estado e Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a decorrer esta quarta-feira, em Harare, a capital do Zimbabwe, mas poderá merecer alguma atenção dos líderes.

Com efeito, o Conselho de Ministros da organização regional, durante a sua reunião de preparação da cimeira, não se debruçou sobre o assunto, segundo confirmou o Ministro moçambicano da Industria e Comercio, Ernesto Tonela.

Contudo, o governante admitiu que a questão poderá vir a ser levantada no decurso da Cimeira.

A questão da xenofobia não foi abordada na reunião do Conselho de Ministros, mas a mesma poderá vir a ser levantada no decurso da Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo, disse Tonela, durante um briefing que deu a jornalistas moçambicanos que se encontram em Harare para a cobertura do evento de um dia.

Os actos de violência contra estrangeiros naquele país tiveram início há pouco mais de três semanas, em Durban, depois de o rei zulu, Goodwill Zwelithini, ter apelado aos imigrantes a se retirarem do país, acusando-os de serem responsáveis pelo recrudescimento do crime e de outras práticas ilícitas.

O pronunciamento do rei atiçou os ânimos dos sul-africanos, que também acusam os imigrantes de
roubarem postos de trabalho, fazendo ressurgir o cenário vivido em 2008, quando actos de xenofobia resultaram em mais de setenta mortos entre estrangeiros e milhares de outros abandonaram aquele pais, incluindo mocambicanos, sem a possibilidade de levar consigo os seus haveres.

Nesta nova onda de violência, segundo dados recentes, morreram três moçambicanos, sendo que o corpo de uma das vítimas, que em vida respondia pelo nome de Emmanuel Sithole, será transladado para a sua terra natal, em Muxungue, provincial central de Sofala, onde, próximo sábado, terão lugar as cerimónias fúnebres. A violência resultou também na morte de alguns outros cidadãos de países africanos, incluindo da SADC.

A cimeira extraordinária, que contará com a participação do Chefe de Estrado moçambicano, Filipe Nyusi, vai decorrer sob o lema
Uma estratégia regional para os caminhos da industrialização.

Assim, espera-se que os Chefes de Estado e de Governo aprovem a Estratégia e o Roteiro para a Industrialização Regional e o Plano Estratégico Indicativo do Desenvolvimento Regional Revisto. Passarão ainda em revista assuntos relacionados com a Zona do Comercio Livre Tripartida, envolvendo a SADC, a COMESA e a Comunidade dos Estados de África Oriental, bem como a Zona de Comercio Livre Continental, entre outros de carácter económico.


(AIM) DT/SN

Sem comentários:

Mais lidas da semana