Quase
sempre quando se fala em fome em Portugal notamos a indiferença que o tema
causa e as fugas para a frente sobre esta cruel realidade. Para fazerem de
conta que se preocupam e que fazem alguma coisa encomendam estudos e pagam-nos
com valores correspondentes a matar a fome a muitos portugueses. É o desbundar
de dinheiros públicos canalizados para quem não passa fome, cumpre uma
alimentação adequada a tempo e horas e só terá dores de cabeça por ter mais
olhos e vontades consumistas em casas e automóveis (entre outras loucuras) do
que o correspondente ao orçamento mensal. Essas dificuldades são a experiência “horrível”
daqueles que se designam por classe-média-alta. Só por que não usam a fórmula
antiga de “estender a perna à medida do lençol”.
E
são esses que tantas vezes “estudam” a fome que assola centenas de milhares de
portugueses. Aliás, nota-se que fogem de pronunciar a palavra FOME, rebuscando
analogismos de estilo ocultativo da realidade. Malnutridos, por exemplo. A
realidade é que existem centenas de milhares de portugueses que não comem
adequadamente durante dias. Passam FOME.
O
“estudo” com referências numerológicas está em baixo, em trabalho da Agência
Lusa que a TSF veicula no que aqui trazemos. Muito se podia dizer mas isso
seria longo e repetitivo. Importa muito mais que se diga que por mais boa
vontade que os promotores e autores do estudo tenham é certo que não
atingem nem por sombras os quantitativos reais dos portugueses que passam fome.
Por variadas razões, principalmente por existirem portugueses que apesar de se “passearem”
com fome não o dizem. Ainda há os que quase nem saem de casa,
dos seus “palácios de miséria” e seguem o fado antigo, cantado por Carlos
Ramos: “Só às paredes confesso”. Essa fome nunca é contabilizada. Mas sabemos
que existe em larga quantidade. É á prova de estudos. Tomam isso em consideração?
Não. Não revelam, não se lamentam, não são “piegas” - para que Passos Coelho não
os volte a classificar disso mesmo… Com estes “estudos” se enganam os
portugueses mais desatentos e que passam a vida a olhar para os seus umbigos,
seguindo a conhecida frase “salve-se quem puder”. Só por isso existem governos
que fomentam a pobreza, roubando aos pobres para distribuir pelos ricos. Nisso, Cavaco, Passos e Portas, são exímios, para além de desavergonhados.
Sobre o referido estudo, a seguir.
Redação
PG
IPSS:
Um em cada quatro utentes sem dinheiro para comer um dia inteiro
Uma
em cada quatro pessoas que recorreram a instituições de solidariedade social,
em 2014, dizem que passaram fome pelo menos uma vez por semana indica um estudo
realizado em 216 instituições.
Segundo
o estudo, promovido pelo Banco Alimentar contra a Fome e pela Entreajuda, cerca
de 20 por cento dos 1.889 utentes de instituições sociais inquiridos afirmaram
ter tido falta de alimentos ou sentido fome "alguns dias por semana"
nos seis meses anteriores e 13 por cento referiu que tal aconteceu "pelo
menos um dia por semana".
Apesar
disso, o estudo assinala que os dados recolhidos em 2014 e 2015 revelam uma
melhoria na situação alimentar destes utentes relativamente a 2012 (26 e 14 por
cento respetivamente), quando tinha sido realizada a última edição deste
trabalho, iniciado em 2010.
Ainda
assim, 26 por cento dos utentes referiu que tinha passado um dia inteiro sem
ingerir quaisquer alimentos por falta de dinheiro, percentagem que em 2012 era
de 39 por cento.
A
percentagem de utentes que recorreu à ajuda das instituições de solidariedade
social (51 por cento) mantém-se ao mesmo nível de 2012 e o apoio alimentar, na
forma de cabazes ou refeições, foi a principal área em que os inquiridos
receberam ajuda (87% dos casos).
Os
inquiridos no estudo são na sua maioria desempregados (38%) ou reformados
(29%), com uma média de idades de 53 anos, e na maioria casados ou a viver em
união de facto (43 por cento).
Em
66 por cento dos casos havia uma ou duas pessoas desempregadas no agregado
familiar, que eram constituídos em média por três pessoas.
Relativamente
à situação económica, em 52% dos agregados familiares, o rendimento mensal era
igual ou inferior a 400 euros (25% das famílias ganhavam menos 250 euros, 28%
entre 251 e 400 euros, 20% entre 401 e 500 euros e 28% mais de 500 euros),
dados que se mantêm em relação a 2012.
Os
dados do estudo permitem perceber uma "ligeira melhoria das condições de
vida dos indivíduos ou pelo menos da perceção que estes têm acerca
daquelas".
Em
2010, cerca de 72% dos inquiridos dizia sentir-se pobre, dois anos depois tal
situação foi apontada por 82% e em 2014 o valor é de 79%.
TSF
com Lusa
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