sexta-feira, 22 de maio de 2015

NYUSI EXIGE RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL DA VIOLÊNCIA XENÓFOBA NA ÁFRICA DO SUL




Maputo, 21 Mai (AIM) O estadista moçambicano, Filipe Nyusi, apela ao seu homólogo sul-africano, Jacob Zuma, para que as autoridades daquele país vizinho responsabilizem, criminalmente todas os responsáveis pela eclosão, em Abril último, da onda de violência xenófoba contra cidadãos estrangeiros.

Nyusi fez este apelo na noite de quarta-feira durante um jantar de gala oferecido a Zuma, primeiro dia de uma visita de estado de dois dias a Moçambique.

Na ocasião, o mais alto magistrado da nação moçambicana encorajou o seu homólogo a prosseguir firme e determinado para eliminar, definitivamente, as causas da xenofobia.

Saudamos as medidas tomadas pelo vosso governo, (mas) o povo moçambicano aguarda, com muito interesse, os resultados das investigações que as autoridades sul-africanas estão a realizar sobre esta matéria que afecta e preocupa a nós, moçambicanos e sul-africanos, e a todos povos amantes da paz e defensores dos direitos humanos, disse Nyusi.

Não obstante este fenómeno, Nyusi manifestou a sua satisfação com o estágio actual da cooperação entre ambos os países.

Aliás, existe vontade política de ambos países para superar os desafios comuns e impulsionar a cooperação bilateral, explorando as potencialidades existentes em cada um.

Este facto é testemunhado pelas excelentes relações económicas entre Moçambique e África do Sul, que registam uma tendência crescente. A África do Sul é o terceiro maior investidor em Moçambique.

Mesmo assim, Nyusi entende que ainda existe espaço para o incremento do volume de investimento. Para o efeito, os empresários deverão ser mais criativos e inovadores, aproveitando as oportunidades de negócio existentes.

Moçambique possui terra arável, recursos hídricos e energéticos em abundância. O potencial hidroeléctrico, carvão e gás natural e energias renováveis permitem-nos garantir a segurança energética para os dois países. Para o aproveitamento racional e integral destas oportunidades, os nossos países devem continuar a juntar esforços, promovendo uma cooperação pragmática e mutuamente vantajosa, disse.

Por seu turno, Jacob Zuma garantiu ao povo moçambicano que as autoridades do seu país estão atentos ao fenómeno da xenofobia para evitar a ocorrência de novos focos de violência.

Criamos um comité interministerial para trabalhar e, mesmo depois dos ataques, para apurar as causas subjacentes para que possamos resolver e garantir que não haja mais ocorrência desses ataques. Também reunimo-nos com diferentes intervenientes, para discutir a questão e garantir que esta situação não volte a acontecer, referiu.

Outras medidas incluem contactos com representantes das associações de cidadãos estrangeiros.

Zuma disse estar confortado com a reacção da maioria dos sul-africanos que condenam veementemente esses actos.

Também estamos confortados, pelo facto de, nalgumas zonas, os cidadãos da África do Sul terem impedido as pessoas que queriam perpetrar ataques, dizendo que não devem atacar. Mas, certamente, de um modo geral, os sul-africanos não são xenófobos: sabem melhor que, durante muitas décadas, nós vivemos e trabalhamos juntos com o povo de Moçambique, Malawi e Zimbabwe, contra o regime de segregação racial, denominado Apartheid, disse.

Segundo Zuma, os incidentes de Abril jamais irão apagar os laços existentes entre os dois países, pois ninguém irá permitir que isso aconteça.

Esses laços políticos e históricos devem ser traduzidos, polo contrário, na melhoria da cooperação económica.

Reconheceu que a parceria entre os dois países produziu, ao longo dos anos, resultados satisfatórios, resumidos na existência de 60 acordos bilaterais e memorandos de entendimento.

Esses instrumentos jurídicos abarcam uma vasta gama de sectores, incluindo transportes, comércio, investimento, energia, segurança, meio ambiente, turismo, ciências e tecnologia, águas, migração, comunicações, desportos, artes e cultura, agricultura e minas.

Há uma necessidade de darmos um ímpeto para reforçarmos ainda mais as nossas relações económicas, reforçando a cooperação entre os nossos respectivos departamentos e instituições de governo. Isto, inevitavelmente, irá resultar no aumento das trocas comerciais e investimento nos nossos dois países e promover ainda mais o comércio intra-africano, afirmou.

(AIM) 
Anacleto Mercedes (ALM)/sg

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