A
deputada do BE Mariana Mortágua acusou hoje o Governo da maioria de praticar
"privataria" em setores estratégicos, no debate parlamentar sobre a
TAP, enquanto PSD e CDS-PP lembraram que o PS sempre foi favorável à
privatização.
"Não
confiamos neste Governo, neste secretário de Estado, neste ministro da Economia
para conduzir o processo. Não nos dão garantias nenhumas. O que se passa neste
país é 'privataria', um assalto ao país", descreveu a parlamentar
bloquista, rotulando a ação do executivo de Passos Coelho e Paulo Portas como
um "ato de cobardia política e de desistência", sublinhando ainda que
as bancadas da maioria, durante a discussão, "fazem valer a sua posição
através do medo, ao dizer que, se não houver privatização, a TAP vai ao
charco".
O
deputado social-democrata Luís Vales sublinhou que "a TAP precisa de mais
capital e de renovar a frota" e afirmou que "o PS vai mudando de
opinião à medida dos ciclos eleitorais, questionando se "a (anterior)
decisão da privatização da TAP não foi tomada num conselho de ministros em que
(o atual líder socialista) António Costa participou".
"Já
começou a caça ao voto e, quando começa, faz logo duas baixas no PS - a
coerência e a responsabilidade", acrescentou o democrata-cristão Hélder
Amaral, considerando que "a esquerda 'fashion' (da moda) e a esquerda
radical vão parando o país, enquanto o país trabalha" e que "o PS
sempre quis mas nunca teve foi a competência para fazer a privatização da
TAP".
O
deputado socialista Rui Paulo Figueiredo esclareceu que, "no máximo, o PS
sempre defendeu uma privatização parcial e, mesmo que tivesse mudado de posição
- coisa que não fez -, é preciso uma grande lata para o CDS, do ministro
irrevogável Paulo Portas, se referir a outras posições".
"Para
o PS, é preciso parar a privatização da TAP e a melhor forma de o fazer é mudar
de Governo porque este está obcecado em tudo privatizar e concessionar. É
arrogante, recusou o diálogo, achando-se acima do escrutínio democrático. Um
Governo liderado por António Costa tudo fará para manter na esfera pública a
maioria do capital da TAP", vincou.
O
comunista Bruno Dias e o ecologista José Luís Ferreira já tinham criticado o
Governo por "impor uma operação relâmpago de entrega da TAP",
"um erro histórico" com a "maior empresa exportadora de
Portugal, que envolve direta ou indiretamente mais de 20 mil postos de
trabalho", numa "cegueira neoliberal" que "olhou sempre
para esta empresa estratégica como simples mercadoria para venda".
O
ministro da Economia, Pires de Lima, afirmou quinta-feira que o processo de
privatização da transportadora aérea entrou agora numa fase de "grande
melindre", prometendo que o executivo vai trabalhar para proteger os
"interesses da TAP e de Portugal".
O
Governo decidiu em Conselho de Ministros passar à fase de negociação com dois
dos três candidatos à compra de 66% do grupo TAP, Gérman Efromovich e David
Neeleman, afastando o consórcio de Miguel Pais do Amaral, por incumprimento dos
"requisitos mínimos legalmente exigidos pelo caderno de encargos".
Hoje,
no parlamento, estiveram em debate projetos de resolução do PCP - "Pela
defesa, desenvolvimento e gestão pública da TAP como companhia aérea de
bandeira nacional" -, de "Os Verdes" - "Anulação imediata
do processo de privatização da TAP" -, do BE - "Garante a TAP
enquanto empresa pública" - e, finalmente, do PS - "Pela defesa da
TAP" (50,1% de controlo estatal), além de petições da Comissão de
Trabalhadores da TAP Portugal e outra do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo
da Aviação Civil (SNPVAC).
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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