quarta-feira, 20 de maio de 2015

Portugal. URGENTE. LIMPEZA E SANEAMENTO NA PSP


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

A mansidão com que a comunicação social tem tratado os incidentes que envolveram polícias e cidadãos, a lavagem que está a ser operada por este sistema repressivo sobre a má conduta de muitos agentes policiais nos incidentes em Lisboa e em Guimarães vem à tona quando, mesmo em artigos de opinião, nos jornais, a mansidão ou carneirismo pró-sistema repressivo e antidemocrático é mais que evidente. Não se trata de aqui se acusar a eito a PSP mas sim de dar eco à exigência de que aquela corporação está a ser invadida por pessoas que não reúnem condições para lidar com os cidadãos e assegurarem em pleno as qualidades que proporcionem segurança a quem pacificamente anda pelas ruas, nos transportes, em eventos ou em qualquer outro lugar público. Vimos com apreeensão que o evidente esteja a ser negado aos portugueses. A PSP precisa de sanear os agentes que não oferecem competências para cumprir devidamente as suas missões. O que vimos são agentes a lidar com qualquer cidadão pacífico de modo violento, como se todos nós fossemos criminosos. Para muitos agentes da PSP os portugueses são o inimigo, o ladrão, o assassino, o terrorista, o prevaricador, o infrator sistemático. Quem os instrui assim e lhes mete isso na cabeça erra em toda a plenitude. Já basta que certos agentes ainda a cheirar a leite materno se deslumbrem com os poderes que consideram ter e ultrapassem as regras exigidas a polícias numa sociedade e país que, em principio, se devia regular pelo respeito à democracia, direitos dos cidadãos e direitos humanos.

Vimos os excessos condenáveis no Marquês de Pombal por parte de agentes da PSP – agentes que atiravam garrafas e pedras para os magotes de pessoas, acertando em culpados e inocentes. Vimos o que aconteceu em Guimarães com um comandante de setor criminalista (alguém com responsabilidades acrescidas). Vimos um cidadão com 70 anos ser esmurrado por ele, duas vezes, sem que tivesse esboçado qualquer movimento agressivo. Vimos o agente subcomissário, no ocorrido em Guimarães, usar de violência premeditada e excessiva, socorrendo-se inclusive de um bastão de aço depois de usar o bastão comprido que normalmente usam. Tudo isso para espancar e aterrorizar um cidadão que não esboçou o mínimo movimento agressivo nem estava em situação irregular. Que, para cúmulo estava acompanhado do pai (idoso esmurrado) e de duas crianças.

É evidente que o subcomissário ao mudar de bastão, para o de aço, fê-lo por ser costume quando espanca alguém. Só que neste caso fê-lo à vista de um país inteiro. Do mundo inteiro. Lamentavelmente este subcomissário terrorista continua ao serviço em vez de o suspenderem enquanto procedem às investigações anunciadas e que vão levar muito tempo. O tempo necessário para a “poeira assentar” (para se esquecer e abafarem o caso). O termo de dar tempo para a “poeira assentar” foi usado por um vizinho vimaranense do subcomissário do terror quando entrevistado por um jornal (JN) sobre o seu paradeiro, informando que o agente se refugiara em casa de seu pai numa localidade próxima de Guimarães… Foi para lá “até a poeira assentar”.

Não existe a presunção de inocência para agentes como o de Guimarães ou muitos no Marquês de Pombal. Atiram-se a todos e qualquer um, seja homem ou mulher, novo ou velho, culpado ou inocente. Aliás, para agentes assim deformados, por tão mal-formados, não existem inocentes. É aquilo que os seus comportamentos evidenciam. É aquilo que vimos.

O que aquela espécie de agentes parece não compreender é que só uma minoria dos cidadãos são energúmenos que utilizam métodos fora das leis. Também parece não compreenderem que eles fazem parte de uma minoria de energúmenos na PSP, que usam critérios não consentâneos com as regras, com as leis que devem proteger e proporcionar segurança aos cidadãos. O código de ética naquela profissão exigente é relegado para escanteio.

É certo que a profissão de polícia não é fácil (como muitas outras) mas daí a desculparem-se agentes que nos seus critérios e métodos conspurcam a instituição PSP é o mesmo que estarmos a brincar com o fogo e a caminharmos para suportarmos uma corporação que proporciona o contrário de segurança e civilidade.

Existe uma ladainha de alguns que referem os polícias que são mortos, que morrem em serviço. Só por si a morte de agentes em serviço é muito lamentável e de inequívoca repulsa por parte de todos nós. Mas perguntemos o que dizem as estatísticas e vimos que morrem muitos mais operários em serviço na construção civil e noutras profissões do que na polícia. Isto não é um consolo mas cansa ouvir os que estão sempre a referir que a polícia é uma profissão de risco que deve ter muito mais regalias que os outros cidadãos. Claro que é uma profissão de risco e que até exige espírito de sacrifico e nervos de aço mas daí a quererem que sejam considerados uns “super” vai uma grande distância. Não são. Aliás, este subcomissário de Guimarães tem sido referido por colegas como um “superpolícia”. Pois. Olhem bem o resultado… 

Louvem-se a maioria dos bons polícias na PSP. Expulsem os que descredibilizam a instituição. Salve-se a PSP. Também dela depende a nossa segurança e a democracia. Saneamento de chefias e de agentes deformados é urgente. A ministra tem de saber agir em prol da reposição do bom nome da Polícia de Segurança Pública. Se não souber, saneie-se também a ministra.

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