Um
reforçado dispositivo policial na cidade de Luanda impediu ontem, com algumas
detenções, o protesto convocado por ex-militares angolanos que reivindicam o
pagamento de indemnizações e salários em atraso, relatou a organização.
O
protesto estava agendado para as 09:00 (mesma hora em Lisboa), em pleno Largo da
Independência, na capital angolana, com a organização a contar com a presença
de 20.000 antigos militares, de dez províncias, o que não se concretizou.
No
local, conforme a Lusa constatou durante a manhã, era visível desde as
primeiras horas o habitual aparato policial de reforço em dia de manifestação,
com dezenas de agentes e outros meios, mas os protestantes, na ordem de
"algumas dezenas", segundo a organização, concentraram-se nas
imediações e não se conseguiram aproximar do local previsto.
A
Lusa foi entretanto obrigada a retirar-se do local, onde o protesto deveria ter
lugar, "por ordem superior" invocada por agentes da polícia sem que
fosse adiantada qualquer outra justificação.
"Não
conseguimos fazer a manifestação porque a cada pessoa que se aproximava do
largo vinha uma carrinha [da polícia] e levava-a não sabemos para onde. Está
muita gente detida", relatou por telefone à Lusa Domingos António, da
comissão organizadora desta manifestação, afirmando estar sob custódia
policial, bem como outros membros da organização.
O
porta-voz dos organizadores deste protesto, Mário Faustino, será outro dos
detidos pela polícia, versão que a Lusa não conseguiu confirmar junto da
Polícia Nacional.
Este
protesto contaria com a participação de três plataformas representativas de
ex-militares não desmobilizados, militares desmobilizados e ex-funcionários da
Casa Militar da Presidência da República, que desde 2010 reclamam o pagamento
de indemnizações e salários em atraso.
Contudo,
na quinta-feira, o presidente da Associação de Apoio aos Combatentes das
Extintas FAPLA (forças armadas angolanas), António Fernando Samora, apelou aos
ex-militares para não participarem nesta manifestação, contestando o
"aproveitamento político e oportunista de determinadas formações
políticas", denunciando o objetivo, destas, de utilizar estes homens para
ações de "desobediência e de vandalismo contra as instituições do
Estado".
Lusa,
em Notícias ao Minuto – atualização PG
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