Joaquim
Correia, que se intitula de Marxista, disse que a crise que o país vive não é
resultado de políticas marxistas falhadas do passado, mas sim do processo de
descolonização.
Voz
da América – Angola Fala Só
Uma
nova organização política angolana, a Frente Popular Unida, será lançada no
próximo mês, anunciou, no programa “Angola Fala Só”, Joaquim Correia,
coordenador-adjunto da União das Tendências MPLA.
No
dia 6 de Junho, está prevista a tomada de posse dos membros da frente, que
conta já com subscritores de três organizações.
Correia
é também membro da Comissão Representativa dos ex-presos do 27 de Maio de 1977,
data em que uma facção do MPLA liderada por Nito Alves foi acusada de tentativa
de golpe de estado. Dias depois, Alves foi preso e morto. Estima-se que
milhares de pessoas foram presas e mortas numa campanha contra o
“fraccionismo”.
“Não
houve nenhuma tentativa de golpe de estado”, por parte de Nito Alves, “O que
houve foi um golpe de estado ao contrário, houve um golpe contra o
poder popular,” disse Correia.
Ele
recordou que os familiares das vítimas da campanha de repressão vivem na
miséria, sem meios de subsistência e sem qualquer pedido de desculpa ou
ajuda do governo.
Joaquim
Correia, que se intitula de Marxista, disse que a crise que o país vive não é
resultado de políticas marxistas falhadas do passado, mas sim do processo de
descolonização.
“O
processo de descolonização foi falsificado e agora temos um processo de
neocolonialismo”, disse, acrescentando que “Angola não está independente”.
“Em
Angola não houve marxismo-leninismo, nunca houve marxistas reais no poder,
houve revisionistas”, afirmou.
Joaquim
Correia rejeitou a personalização dos problemas de Angola na figura do
presidente Eduardo dos Santos fazendo notar que “ele é presidente, mas não
governa sozinho”.
Rejeitou
também acusações de ouvintes contra o MPLA em geral afirmando que os dirigentes
no poder são “um grupo restrito e não o todo”.
Interrogado
por um angolano em França sobre o facto dos angolanos no estrangeiro não
poderem votar, Correia respondeu que “o regime tem que se defender” e um dos
meios usados “é impedir que os angolanos exerçam os seus direitos”.
Joaquim
Correia disse que os angolanos devem buscar em conjunto soluções para os seus
problemas.
“Não
basta gritar é preciso ter soluções”, disse.
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