Henrique
Botequilha e Estêvão Chavisso - Lusa
As
bancadas do estádio da Machava, nos arredores de Maputo, estiveram hoje, dia 25
de junho, quase repletas de pessoas no dia das celebrações dos 40 anos da
independência de Moçambique, em que a palavra paz andou na boca de todos.
“Agora,
Moçambique tem como principal desafio a consolidação da unidade nacional.
Infelizmente, ainda há algumas diferenças entre as pessoas, mas acredito que
com mais anos as coisas vão melhorar”, disse à Lusa o professor Sidónio Simão,
que, em 1975, com apenas 15 anos, esteve no mesmo local a assistir à histórica
proclamação de independência de Samora Machel.
Logo
nas primeiras horas do dia, multidões concentraram-se às portas do estádio,
entre pessoas para assistir às cerimónias e vendedores informais, numa festa
que começou perto das 11:00 (10:00 em Lisboa), atrasada, como há 40 anos.
Agitando
pequenas bandeiras moçambicanas, patrocinadas pela Igreja Universal do Reino de
Deus, e muitas delas trajadas de vermelho, amarelo e verde, em alusão às cores
da nação, os espetadores da cerimónia ouvidos pela Lusa enalteceram os
progressos obtidos em 40 anos e reiteraram a necessidade da manutenção da paz,
quando o país atravessa a ameaça de instabilidade política e militar provocada
pela crise com a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
“Não
queremos mais guerra e não queremos que surjam oportunistas com objetivos de
nos colonizar. Que continuemos independentes”, declarou à Lusa Ilda Alberto,
uma doméstica de 36 anos.
“Veja
como estou vestido, estou de branco para reiterar a necessidade da paz no país.
Queria que futuramente os moçambicanos pudessem andar sem problemas e que essas
pessoas envolvidas nesses confrontos armados se entendessem para que os
moçambicanos andem livres”, disse por seu lado Arifo Zacarias, 42 anos,
comerciante.
Por
oposição a um discurso todo ele orientado para a paz e unidade, incluindo o
discurso do próprio Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, grande parte do
espetáculo hoje oferecido na Machava foi protagonizado por eventos militares.
Durante mais de meia-hora, centenas de elementos de todas as forças militares e
policiais do país desfilaram à volta do estádio, em passo de ganso e depois
disso as bancadas estremeceram com passagens rasantes sucessivas de caças
aéreos MIG e outras aeronaves que libertavam fumaça colorida, representando as
cores nacionais.
A
chegada da chama da unidade nacional, que atravessou nos últimos dois meses todo
o país, da província de Cabo Delgado, no norte, a Maputo, foi outro dos
momentos mais marcantes da manhã. Após uma entrada triunfal na caixa aberta de
uma “pick up”, saudando a assistência, o Presidente da República, Filipe Nyusi,
recebeu a tocha de moçambicanos nascidos há exatamente 40 anos e acendeu uma
pira instalada no ponto mais destacado do estádio, simbolizando a integridade
territorial do país.
“Esta
é uma data de grande alegria para o povo moçambicano. É um momento ímpar”,
afirma João Raul, um alfaiate de 55 anos que, se fez ao estádio nas primeiras
horas do dia levando um neto ao colo. “Espero que meu neto France Alberto
comemore mais datas similares nos próximos tempos”, salientou, antes de tomar o
seu lugar no estádio, onde também houve aterragens de paraquedistas com
bandeiras moçambicanas e imagens dos “fundadores” Samora Machel e Eduardo
Mondlane.
“O
[primeiro]Presidente Samora Machel guiou-nos para a independência, mas também
não podemos esquecer de Eduardo Mondlane [primeiro presidente da Frelimo]que
arquitetou da nossa unidade nacional”, diz à Lusa o régulo Jorge Machava, que,
à semelhança de todos os interlocutores, também sinalizou a paz como
fundamental para os próximos 40 anos.
Além
dos antigos chefes de Estado moçambicanos Joaquim Chissano e Armando Guebuza,
membros do primeiro Governo criado em 25 de junho de 1975 e chefiado por Samora
Machel, a cerimónia foi também testemunhada por vários estadistas da África
austral, num contexto bem diferente de há quatro décadas, quando Moçambique
nasceu ameaçado pelos “regimes segregacionistas da África do Sul e da Rodésia
do Sul, atual Zimbabué.
Hoje
marcaram presença na Machava os presidentes do Zimbabué, Robert Mugabe, Zâmbia,
Edgar Lungu, Namíbia, Hage Geingob, Tanzânia, Jakaya Kikwete, e Malauí, Peter
Mutharika. Portugal esteve representado pelo ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros, Rui Machete.
Foto.
Milhares de pessoas estiveram presentes na cerimónia da celebração dos 40 anos
de independência do país. Foto António Silva
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de autonomia política dos países que, até meados dos anos 1970, eram colónias
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procura fazer um retrato de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São
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Ao longo dos próximos meses, cada um destes países terá, sucessivamente, destaque na página de abertura, à medida que se aproxima a data evocativa da sua respetiva independência. Em cada um desses momentos, a página do país em destaque incluirá igualmente, em acesso livre, as peças da linha da Lusa sobre esse território.
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