quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Angola – UE. OUTRA EURODEPUTADA TAMBÉM CRITICA CONDENAÇÃO DE MAVUNGO




Marisa Matias diz que condenação do activista confirma autoritarismo do governo angolano.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda português, Marisa Matias, disse à Lusa que a condenação de José Marcos Mavungo confirma o autoritarismo do regime angolano, acrescentando que vai continuar a denunciar abusos contra os direitos humanos em Angola.

“Estas condenações, as prisões arbitrárias e a forma como tem sido tratada a liberdade de expressão dizem mais do Governo angolano do que aquilo que eu poderei dizer. Lamento profundamente esta condenação e, como fizemos até aqui, continuaremos a denunciar estas práticas para que elas deixem de existir”, disse Marisa Matias.

Na segunda-feira a eurodeputada socialista portuguesa Ana Gomes também disse que a condenação do activista José Marcos Mavungo é uma “tremenda injustiça” que representa o endurecimento do Governo.

“É uma tremenda injustiça. Não foi por acaso que ele (José Marcos Mavungo) foi declarado prisioneiro de consciência pela Amnistia Internacional. A condenação representa um endurecimento do regime que mostra algum desespero. Estão a cometer muitos erros que se pagam. As acusações feitas contra Marcos Mavungo são completamente abstrusas e mostram que a justiça não tem qualquer independência em Angola, cumpre ordens”, disse à Lusa a eurodeputada socialista, que esteve no país em Agosto.

O Tribunal de Cabinda condenou na segunda-feira o activista José Marcos Mavungo a seis anos de prisão efectiva pela alegada prática de um crime de rebelião contra o Estado, tendo a defesa anunciado que vai recorrer da decisão.

A informação foi prestada à Lusa pelo advogado Francisco Luemba, reafirmando que durante o julgamento não foi produzida prova contra o activista, que está em prisão preventiva desde 14 de Março, data em que se deveria ter realizado uma manifestação em Cabinda contra a alegada má governação e violação dos direitos humanos na província.

O Parlamento Europeu aprovou no último dia 10 uma resolução sobre as “tentativas incessantes” das autoridades angolanas para limitar as liberdades de expressão, de imprensa e de reunião pacífica e de associação.

Aprovada em sessão plenária, em Estrasburgo, com 550 votos a favor, 14 contra e 60 abstenções, a resolução, além das limitações de liberdades, notou o nível de corrupção e as deficiências no sistema anti-branqueamento de capitais em Angola.

Mencionando casos de jornalistas e activistas de direitos humanos, o Parlamento Europeu manifestou a “profunda preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos, liberdades fundamentais e espaço democrático em Angola, com os graves abusos por parte das forças de segurança e a falta de independência do sistema judicial”.

No domingo, o Governo rejeitou, em comunicado, a resolução do Parlamento Europeu, considerando que coloca em causa as relações bilaterais.

“Esta condenação (de José Marcos Mavungo) veio confirmar, infelizmente, aquilo que foi a condenação do Governo relativamente à resolução do Parlamento Europeu. O governo angolano já se confirmou há muito tempo como um Governo autoritário, como um regime autoritário e foi no sentido contrário que elaboramos a resolução e a negociamos e que foi votada por uma esmagadora maioria pelo Parlamento Europeu”, acrescentou Marisa Matias, uma das autoras do texto de resolução (em conjunto com Ana Gomes e Liliana Rodrigues) aprovado na semana passada em Estrasburgo.

Lusa, em Rede Angola

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