Em
comunicado, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) informou que fará uma
comunicação esta terça-feira (08.09) "para apresentar a deliberação do seu
plenário no processo de apreciação da conformidade constitucional" do
decreto que nomeou Baciro Dja como novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Segundo
o jurista guineense Carlitos Djedjo, a fiscalidade constitucional requerida
pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) tem duas
incidências principais: a nomeação do primeiro-ministro sem ouvir os partidos
políticos com assento parlamentar e a nomeação do mesmo tendo em conta os
resultados eleitorais.
"Se
o STJ interpretar o artigo 68, alínea g) da Constituição, tendo em conta os
resultados eleitorais, que devia caber ao PAIGC a indicação de um candidato a
primeiro-ministro, então isso significará que o Presidente terá de nomear uma
pessoa que seja indicada pelo PAIGC para formar Governo", explica.
Em
última análise, Carlitos Djedjo considera que, em caso de uma decisão judicial
que obrigue à revogação do citado decreto, o chefe de Estado terá de voltar
atrás e demitir Baciro Dja. O jurista guineense lembra ainda que a decisão do
STJ não tem recurso.
Novo
elenco
O novo
Governo guineense, liderado por Baciro Dja, foi empossado segunda-feira
(07.0). O novo elenco tem 15 ministérios e 15 secretarias de Estado.
O
novo ministro da Defesa guineense é um jurista formado em Portugal, Eduardo
Sanhá, militar com a patente de general e até aqui tinha sido presidente do
Tribunal Militar Superior. O também jurista, Octávio Alves, transita do Governo
anterior mantendo a pasta da Administração Interna. Para a pasta dos Recursos
Naturais foi chamado Epifânio Melo, engenheiro dos petróleos formado na Rússia,
que já liderou a Petroguin, agência estatal do petróleo da Guiné-Bissau. O
ministério dos Negócios Estrangeiros tem Rui Dia Sousa como titular.
São
ministros de Estado Aristides Ocante da Silva, ministro da presidência do
Conselho de ministros e dos Assuntos Parlamentares, e Florentino Mendes
Pereira, transita do Governo demitido, mas mantendo a pasta da Energia e
Indústria.
As
ministras do novo Governo são Evarista de Sousa, com a pasta da Mulher, Família
e Coesão Social, e Nharebat Ntchasso, com a pasta da Educação Nacional.
As
secretarias de Estado ficam nas mãos de Fatumata Djau (Turismo), Maria Inácia
Sanha (Gestão Hospitalar) e Anita Djaló Sani (Combatentes da Liberdade da
Pátria).
O
Conselheiro do Presidente guineense para a área das Infraestruturas, Dionísio
Cabi, sai da presidência para chefiar a pasta da Justiça.
A
posse dos novos membros do Governo ocorreu na presença do chefe de Estado
embaixadores acreditados no país, Procurador-Geral da República e outras
personalidades.
O
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, pediu ao novo Executivo
"trabalho de equipa e sã convivência institucional" para que possa
apresentar melhores resultados ao país. "Para tal, deve estar próximo do
nosso povo, procurar conhecer as suas reais necessidades e, perante os problemas,
propor soluções", defendeu.
Quanto
aos dois responsáveis pela rádio e televisão públicas, que foram demitidos no
último mês, dois advogados entregaram uma providência cautelar no STJ pedindo a
anulação da decisão de Baciro Dja em nomear os novos responsáveis.
Apoio
da comunidade internacional
Depois
de dias de suspense, o novo Governo liderado por Baciro Djá terá o apoio da
comunidade internacional para a implementação dos projetos de desenvolvimento
preconizados, assegura o representante residente da ONU em Bissau, Miguel
Trovoada.
"A
comunidade internacional irá continuar a apoiar o povo da Guiné-Bissau através
dos seus representantes. Apoiamos as instituições democráticas da República da
Guiné-Bissau. Não fazemos juízos de valor acerca das decisões tomadas pelas
instituições da República", declarou.
Baciro
Dja, o novo primeiro-ministro nomeado pelo Presidente José Mário Vaz, promete
encetar novos contactos com os parceiros e amigos da Guiné-Bissau para maior
absorção dos fundos prometidos na mesa redonda dos doadores e implementação do programa
"Terra Ranka", do anterior Executivo.
Além
da "elaboração detalhada dos projetos retidos, no quadro do programa
aprovado", o novo chefe do Governo promete proceder, em seguida, à
"concepção de estruturas eficazes de diálogo e coordenação das ajudas com os
parceiros da cooperação". A operacionalização destas medidas requer
"a melhoria imediata da atual governação", sublinha Bciro Djá,
"no sentido de torná-la cada vez mais eficaz e fiável, sobretudo em
matéria de gestão orçamental".
Na
foto: Baciro Dja, o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau
Braima
Darame / Bettina Riffel / Lusa – Deutsche Welle
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