Verdade
(mz) - Editorial
Isto
pode parecer um ataque à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas não se
trata disso. Pelo contrário, pretendemos juntar-nos às vozes que se levantam em
repúdio à tentativa de se “assassinar” as liberdades de Imprensa e de
Expressão, protagonizada por uma instituição que se devia ocupar de assuntos
que efectivamente preocupam sobremaneira os moçambicanos. Referimo-nos à
corrupção que se enraíza e ganha o rosto de normalidade nas instituições
públicas, aos assassinatos e sequestros que acontecem sob o olhar impávido e
sereno das autoridades policiais, o enriquecimento ilícito, entre outros
crimes.
Porém,
diante de toda esta situação que tira o sono aos moçambicanos, os nossos
digníssimos servidores públicos optam, deliberadamente, por se entreterem fazendo
acusações enfadonhas, ignorando aquilo que é realmente a preocupação de um
povo.
A
nossa opinião é claramente subjectiva e reflecte indiscretamente a nossa
indignação em relação a certas situações vergonhosas que, como moçambicanos,
somos obrigados a assistir quase todos os dias.
Esta
indignação vem a propósito do processo judicial movido pela Procuradoria-Geral
da República contra o académico Carlos Nuno Castel-Branco e os jornalistas
Fernando Veloso, do Canal de Moçambique, e Fernando Banze, do Mediafax,
acusados de crimes contra segurança do Estado e abuso de liberdade de Imprensa.
O
exercício do direito de divulgação do pensamento e a liberdade de Imprensa são
garantidos pela Constituição da República. Mas o cenário da justiça moçambicana
encontra-se numa situação de descontrolo total, ao ponto de a PGR escamotear a
Lei Mãe com o único objectivo de ajeitar a gravata de algumas figuras.
É
sabido que é um direito constitucional exprimir a sua opinião, pensamento ou
ideia. É, no entanto, caricato que a guardiã da democracia seja a principal
infractora, tomando posições ideológicas, como está a acontecer no caso em
apreço.
Portanto,
como um país merecemos uma PGR que não viva de olhos vedados em relação aos
grandes males que afectam esta nação. Não queremos uma PGR movida por bajulação
e com um alinhamento ideológico pré-determinado. Não queremos uma PGR que age
somente quando os interesses de certas figuras políticas estão em causa. Não
queremos uma PGR que funcione como se de prestadora de serviços particulares se
tratasse.
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