Rui
Sá – Jornal de Notícias, opinião
Ouvi
ontem Passos Coelho dizer que não vai ser necessário cortar mais nas pensões e
nos salários, nem vai ser preciso apelar à "paciência" dos jovens
para que isto fique melhor.
Estas
afirmações, mais coisa, menos coisa (em 2011, o apelo aos jovens era para que
emigrassem e não para terem paciência...), são a repetição daquilo que Passos
disse em 2011. E que, como se sabe, não cumpriu, antes tendo começado a sua
atuação como primeiro-ministro exatamente a cortar salários, pensões, subsídios
de Natal e de férias e outras malfeitorias.
Por
isso, não entendo por que é que alguns comentadores se dizem arreliados por,
nos debates, se discutir muito o passado e pouco o futuro. É que tem mesmo de
ser assim, dado que as propostas para o futuro são sempre... promessas.
Enquanto o que fizeram os candidatos no passado é real e elucidativo daquilo
que, verdadeiramente, querem fazer...
Ou
seja, importa discutir que Passos não defende cortes nas pensões, sabendo-se
que em 2011 dizia o mesmo e depois as cortou? Bem sei que os crédulos dirão
que, hoje, a situação é diferente e o "país está melhor". Mas, em
2011, Passos, que assinou o memorando de entendimento, não sabia que lá estava
previsto esse corte? E que, portanto, apesar de hoje dizer "que se lixem
as eleições", mentiu para ganhar votos?
E
importa discutir que Costa promete a criação de mais emprego, exatamente a
mesma coisa que Sócrates fez em 2009, para depois aumentar brutalmente o
desemprego? Ou que tem, novamente, a Educação como uma paixão, quando o Governo
do PS, com a ministra Lurdes Rodrigues, fez um dos mais violentos ataques à
escola pública, cometendo a proeza de juntar as mais massivas manifestações de
professores contra as suas políticas?
E
importa ouvir Portas, triste por hoje ser, efetivamente, um ator secundário da
disputa eleitoral, a dizer que defende a baixa de impostos, quando, em 2011, se
afirmava como sendo do "partido dos contribuintes" e, depois, apoiou
o "colossal" aumento de impostos?
Não,
o que de facto importa nestas eleições, relativamente àqueles que já
governaram, não é discutir o que dizem que vão fazer, mas sim aquilo que
efetivamente fizeram. Porque aquilo que PS, PSD e CDS pretendem é, como diz
Jerónimo de Sousa com a sua genuína simplicidade, "colocar o
conta-quilómetros a zero". Para ver se caímos, novamente, no "conto
do vigário".
As
propostas para o futuro são sempre... promessas. Enquanto o que fizeram os
candidatos no passado é real e elucidativo daquilo que, verdadeiramente, querem
fazer...
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