Jornal
de Angola, editorial
Um
dos nossos grandes males é sem dúvida a violência doméstica, que afecta
principalmente mulheres e crianças. Qualquer sociedade, quando se confronta com
graves problemas que causam danos de diversa natureza à comunidade, reage
naturalmente aos seus efeitos e mobiliza meios para contê-los. O homem
gosta de paz e harmonia.
O
fenómeno da violência doméstica era tão grave no país que levou o
legislador ordinário a produzir uma lei que prevê
penalidades aos que causam danos físicos e psicológicos a outrem, em
defesa da dignidade da pessoa humana. Não é demais
referir que a nossa Constituição dispõe que “Angola é uma
República soberana e independente baseada na dignidade da pessoas humana
(...)”.
Andou bem o legislador ordinário quando optou por produzir direito que protegesse a dignidade das pessoas, no sentido de se concretizar um princípio fundamental da nossa Constituição. As sociedades constroem o progresso com paz e solidariedade. E a solidariedade e a harmonia devem ser promovidas e preservadas na nossa comunidade.
A violência doméstica é um grave problema e não admira que haja organizações da sociedade civil a trabalhar no sentido de contribuírem para que o problema seja atenuado, recorrendo à educação cívica.
Ninguém deve ficar indiferente perante situações que se traduzem no sofrimento de mulheres e crianças, que são vítimas de ofensas corporais. Ninguém deve ficar indiferente quando velhos e crianças são abandonados por familiares, expondo-os a riscos diversos. Vulneráveis, as crianças e os velhos não estão em condições de assegurar o seu sustento, estando o Estado felizmente a assumir a responsabilidade da sua protecção.
Temos uma Constituição que protege as crianças e as pessoas da terceira idade, havendo já instituições do Estado vocacionadas para satisfazer necessidades básicas daqueles cidadãos que, por diversas razões, foram expulsos dos seus lares por familiares.
Temos de ter consciência de que a educação tem de desempenhar um papel importante no processo de eliminação ou, pelo menos, de redução dos casos de violência doméstica. A educação é fundamental para a mudança de comportamentos e é positivo que se organizem campanhas destinadas a fazer com que os cidadãos tenham boas condutas no lar e fora dele.
Numa comunidade em que haja cidadãos que tenham boas condutas impera a harmonia e a paz social. É dever de todos nós assumirmos comportamentos que promovam a boa convivência na comunidade. A harmonia cria condições para que uma comunidade possa chegar à prosperidade. A estabilidade das famílias é importante para a construção de uma sociedade de bem-estar material e espiritual.
Sendo a violência doméstica um problema actual, importa que continuemos a prestar atenção a este fenómeno. As entidades do Estado e da sociedade civil que promovem a luta contra a violência doméstica não devem desistir dela, mesmo sendo complexo o processo para se acabar com os casos de ofensas que atingem pessoas que vivem num mesmo lar.
Temos de ser persistentes e criativos na busca das melhores soluções para a prevenção dos casos de violência doméstica, em combinação com a punição dos que cometem ilícitos criminais nos lares.
A acção repressiva contra os ilícitos criminais nos lares não nos deve impedir de apostar consideravelmente em medidas preventivas. As medidas preventivas evitam muitos problemas. Vale a pena gastar tempo e dinheiro em acções preventivas para se combater a violência doméstica. Não devemos esperar que os problemas aconteçam. Devemos agir preventivamente, actuando por via de meios de difusão massiva e com a emissão de mensagens que atinjam as famílias e que apelem à harmonia e à boa convivência nos lares.
Todos os grandes males devem ter grandes remédios.E se a violência doméstica é um grande mal, é tempo de se trabalhar para se arranjarem as terapias adequadas à complexidade do problema. Temos instituições do Estado e organizações da sociedade que lidam com o problema da violência doméstica e são notáveis as suas contribuições em acções, por exemplo, de mediação em conflitos que ocorrem nos lares.
A Organização da Mulher Angolana (OMA) é sem dúvida uma das organizações que trabalham intensamente na resolução, de forma informal, de inúmeros conflitos nos lares em todo o país. Familiares de centenas de lares reconciliaram-se graças à intervenção da OMA, uma organização com credibilidade e capacidade para resolver problemas nos lares.
Que a vasta experiência adquirida pela OMA seja aproveitada por outras organizações da sociedade, a fim de mais rapidamente vermos reduzidos os casos de violência doméstica, que causa sofrimento a muita gente. Queremos todos que a paz e a harmonia reine nos nossos lares. Com famílias bem estruturadas, o país há-de avançar seguramente para o grande objectivo de todo nós que é o progresso social.
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