quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Angola. Sindicatos acusam Governo de quebrar diálogo ao fasear subsídio de Natal



O pagamento do subsídio de Natal aos funcionários públicos vai decorrer em 2015 “de forma suavizada”, diz ministro das Finanças.

O pagamento faseado do subsídio de Natal aos funcionários públicos, decidido pelo Governo, não foi alvo de negociação em concertação, denunciaram os sindicatos, que acusam o executivo de quebrar o princípio do diálogo.

Os funcionários públicos vão receber o subsídio de Natal, este ano, em três tranches mensais, entre Outubro e Dezembro, anunciou na terça-feira o ministro das Finanças, Armando Manuel, sem adiantar uma explicação para a decisão.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA-CS), Manuel Viage, afirmou que “oficialmente” não foi comunicada qualquer informação sobre esta decisão aos sindicatos, algo que deveria ter acontecido.

“Não recebemos informação, nem sequer houve alguma concertação à volta disso, pelo que a atitude que o Governo tomou quebra o princípio do diálogo. O Governo é o empregador, tem uma prática de processar salários e outros subsídios legais e qualquer alteração que se faça deveria passar por uma acção de concertação, que não ocorreu, lamentavelmente”, disse o sindicalista.

Entre vencimentos e contribuições sociais dos funcionários públicos, o Orçamento Geral do Estado de 2015 prevê uma verba total de USD 1,565 biliões (USD 11,4 mil milhões), de acordo com dados recolhidos pela Lusa.

A UNTA-CS estima que o sector público emprega actualmente cerca de 380.000 trabalhadores.

“As expectativas dos nossos associados relativamente àquilo em que gostariam de aplicar o subsídio de Natal não se vai concretizar como tal, devido ao pagamento faseado e porque todos os dias há uma perda do poder de compra. Haverá prejuízos de natureza económica”, enfatizou Manuel Viage.

O secretário-geral da UNTA-CS refere-se em concreto à forte desvalorização que o kwanza tem registado face ao dólar norte-americano – mais de 37por cento no último ano -, devido à crise económica e financeira provocada pela quebra da cotação internacional do barril de crude, que por sua vez fez disparar mais de 11 por cento, nos últimos 12 meses, a inflação no país.

“Há bastante tempo, cerca de 10 anos, que a remuneração do 13.º mês vem sendo paga no mês de Novembro, contrariamente ao mês de Dezembro. E o que certamente estaremos fazendo este ano é assegurar que os servidores públicos possam receber de forma antecipada e pontual esta remuneração, para que possam tomar as decisões oportunas da sua despesa”, disse o ministro das Finanças, Armando Manuel, na terça-feira.

De acordo com o governante, o pagamento do subsídio de Natal aos funcionários públicos vai decorrer em 2015 “de forma suavizada”, nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro, garantindo que “não está em causa” o valor a pagar.

Devido à actual crise que o país atravessa, o Governo cortou em um terço toda a despesa que inicialmente previa realizar em 2015, tendo anunciado que as verbas destinadas ao pagamento de remunerações aos funcionários públicos permaneceriam inalteradas.

Lusa, em Rede Angola

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