Após
ter enfrentado as negociações à esquerda e à direita e uma audiência com Cavaco
Silva em que garantiu ter condições para governar, António Costa submete-se,
esta quinta-feira, ao veredito interno.
Na
reunião com os deputados e depois na Comissão Política Nacional, colocará à
apreciação e votação do PS o teor do acordo com o PCP e o Bloco de Esquerda
(BE), e a sua proposta de candidatar Ferro Rodrigues a presidente do
Parlamento, que já terá o apoio das outras esquerdas.
As
críticas prometem regressar em força no PS, por parte de quem recusa a
negociação à esquerda. Porém, Costa procurará apresentar o acordo como um facto
consumado e obter luz verde para fechar as negociações.
Os
seguristas, como o deputado Eurico Brilhante Dias, prometem reafirmar a sua
posição de princípio contra o acordo. Um dos ataques mais fortes deve partir de
Sérgio Sousa Pinto, que se demitiu do Secretariado Nacional por discordar do
caminho seguido pelo líder.
A
estratégia foi, entretanto, definida esta semana numa reunião de seis horas
daquele núcleo duro. Um segurista que está na direção da bancada disse, porém,
ao JN que "se a proposta do líder for um acordo para um Governo do PS, de
incidência parlamentar e com estabilidade, merecerá o apoio da grande
maioria". Já Vítor Ramalho deverá insistir num referendo.
Costa
tenta travar divisões na bancada, quando promete unir-se ao PCP e ao BE para
chumbar Passos, se for indigitado, e vai lançar Ferro Rodrigues para liderar a
Assembleia da República (AR). Este dossiê deverá ser mais fácil. Os seguristas
preferem Alberto Martins mas, por ser "institucionalista", afastam
que se submeta a votação. Ferro deixou ontem claro, à saída da conferência de
líderes, que está disponível para o cargo e lembrou que "já disse que sim
há muito tempo", nomeadamente na Comissão Política. Mas também está para
ser ministro: "Nestas alturas, fica-se sempre dividido entre fazer parte
da história de uma forma ou de outra".
Apesar
da indicação de que Ferro já tem a maioria absoluta de 116 deputados de que
precisa, fontes da coligação admitem que esta apresente um candidato, por
discordar que seja o PS a indicar o presidente. Fernando Negrão foi uma das
hipóteses faladas.
Carla
Soares – Jornal de Notícias
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