quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Indústria do turismo de Macau corre risco de perder o apoio da população -- estudo



Macau, China, 11 nov (Lusa) -- A indústria do turismo de Macau corre o risco de perder o apoio da população, se a insatisfação com a qualidade de vida continuar a aumentar, segundo um estudo da Universidade de Macau publicado este mês.

O trabalho "Residents' Perceptions of the Role of Leisure Satisfaction and Quality of Life in Overall Tourism Development: Case of a Fast-Growing Tourism Destination -- Macao", da autoria dos professores Amy So, Desmond Lam e Xue Yan Liao, argumenta que o desenvolvimento do setor do turismo contribuiu para maior oferta de lazer em Macau, o que é valorizado pela população.

No entanto, ainda assim, quem vive na cidade acusa uma degradação da qualidade de vida, criando insatisfação com a indústria.

"Quanto mais satisfeitos os residentes de Macau estão com a sua qualidade de vida, mais provável é que pensem que o turismo lhes trás mais benefícios do que prejuízos", explica o estudo, sublinhando que, no entanto, que "os residentes de Macau não estão muito satisfeitos com a sua qualidade de vida", especialmente no que diz respeito ao controlo do trânsito, ao intenso crescimento e fraco planeamento urbano.

Em termos gerais, a população "tende a acreditar que o turismo traz mais benefícios que custos", mas, apesar de beneficiar de uma economia forte, "sente-se perturbada por problemas como o custo ambiental, aumento do preço das casas e problemas de trânsito".
"Se a situação piorar, isso vai afetar o seu apoio à indústria do turismo (...) Os governantes devem perceber que é muito importante equilibrar a qualidade de vida dos residentes com o desenvolvimento turístico, o que iria eventualmente resultar numa estabilidade a longo prazo na indústria do turismo", concluem os investigadores.

Em declarações à Lusa, Desmond Lam sublinhou que a equipa concluiu que "a perceção dos residentes em relação à qualidade de vida é mais baixa do que o esperado em muitas áreas".

Nesse sentido, "há muito espaço para melhoramentos", disse citando os problemas de trânsito, pressão urbana e limpeza da cidade. "Sentem também que os turistas nem sempre respeitam o seu modo de vida", indica.

Por outro lado, "sentem que Macau é seguro, tem um ambiente político estável e água limpa", diz.

As entrevistas para este estudo foram conduzidas entre junho e julho de 2013 e envolveram 265 residentes.

No início do ano, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a intenção do Governo de controlar o volume de turistas na cidade, de modo a que não ultrapasse os 31,5 milhões de 2014.

Alexis Tam chegou a deslocar-se a Pequim para discutir o assunto mas, ao contrário do que se passou em Hong Kong -- onde os residentes de Shenzhen passaram a poder entrar apenas uma vez por semana --, ainda nenhuma medida concreta foi anunciada.

Em outubro, o diretor do Gabinete de Ligação em Macau, Li Gang, disse que o Governo central ia introduzir novas medidas para apoiar a economia de Macau, ligadas à indústria do jogo. Apesar de não ter especificado a natureza de tais medidas, disse que iriam ser semelhantes à facilitação dos vistos 'em trânsito', em julho, que permitiram aos turistas da China ficar sete dias em Macau, ao invés dos anteriores cinco.

ISG// APN

Sem comentários:

Mais lidas da semana