Macau,
China, 11 nov (Lusa) -- A indústria do turismo de Macau corre o risco de perder
o apoio da população, se a insatisfação com a qualidade de vida continuar a
aumentar, segundo um estudo da Universidade de Macau publicado este mês.
O
trabalho "Residents' Perceptions of the Role of Leisure Satisfaction and
Quality of Life in Overall Tourism Development: Case of a Fast-Growing Tourism
Destination -- Macao", da autoria dos professores Amy So, Desmond Lam e
Xue Yan Liao, argumenta que o desenvolvimento do setor do turismo contribuiu
para maior oferta de lazer em Macau, o que é valorizado pela população.
No
entanto, ainda assim, quem vive na cidade acusa uma degradação da qualidade de
vida, criando insatisfação com a indústria.
"Quanto
mais satisfeitos os residentes de Macau estão com a sua qualidade de vida, mais
provável é que pensem que o turismo lhes trás mais benefícios do que
prejuízos", explica o estudo, sublinhando que, no entanto, que "os
residentes de Macau não estão muito satisfeitos com a sua qualidade de
vida", especialmente no que diz respeito ao controlo do trânsito, ao
intenso crescimento e fraco planeamento urbano.
Em
termos gerais, a população "tende a acreditar que o turismo traz mais
benefícios que custos", mas, apesar de beneficiar de uma economia forte,
"sente-se perturbada por problemas como o custo ambiental, aumento do
preço das casas e problemas de trânsito".
"Se
a situação piorar, isso vai afetar o seu apoio à indústria do turismo (...) Os
governantes devem perceber que é muito importante equilibrar a qualidade de
vida dos residentes com o desenvolvimento turístico, o que iria eventualmente
resultar numa estabilidade a longo prazo na indústria do turismo",
concluem os investigadores.
Em
declarações à Lusa, Desmond Lam sublinhou que a equipa concluiu que "a
perceção dos residentes em relação à qualidade de vida é mais baixa do que o
esperado em muitas áreas".
Nesse
sentido, "há muito espaço para melhoramentos", disse citando os
problemas de trânsito, pressão urbana e limpeza da cidade. "Sentem também
que os turistas nem sempre respeitam o seu modo de vida", indica.
Por
outro lado, "sentem que Macau é seguro, tem um ambiente político estável e
água limpa", diz.
As
entrevistas para este estudo foram conduzidas entre junho e julho de 2013 e envolveram
265 residentes.
No
início do ano, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a
intenção do Governo de controlar o volume de turistas na cidade, de modo a que
não ultrapasse os 31,5 milhões de 2014.
Alexis
Tam chegou a deslocar-se a Pequim para discutir o assunto mas, ao contrário do
que se passou em Hong Kong -- onde os residentes de Shenzhen passaram a poder
entrar apenas uma vez por semana --, ainda nenhuma medida concreta foi
anunciada.
Em
outubro, o diretor do Gabinete de Ligação em Macau, Li Gang, disse que o
Governo central ia introduzir novas medidas para apoiar a economia de Macau,
ligadas à indústria do jogo. Apesar de não ter especificado a natureza de tais
medidas, disse que iriam ser semelhantes à facilitação dos vistos 'em
trânsito', em julho, que permitiram aos turistas da China ficar sete dias em
Macau, ao invés dos anteriores cinco.
ISG//
APN
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