Paula
Santos – Expresso, opinião
Foi
promovido! De facto parece uma espécie de promoção pelos bons préstimos ao
capital. Em vez de integrar um governo moribundo e sem futuro, Sérgio Monteiro
é contratado pelo Banco de Portugal com a tarefa de vender o Novo Banco. Em
regime de prestação de serviços e pelo tempo necessário, é assim que é
veiculado pela comunicação social.
No
comunicado de 29 de outubro, o Banco de Portugal justifica a contratação de
Sérgio Monteiro, “Tendo em consideração a complexidade e os desafios
associados ao processo da venda do Novo Banco, foi identificada a necessidade
de encontrar um responsável de reconhecido mérito e elevada experiência em
operações desta natureza que pudesse assegurar a coordenação e gestão de toda a
operação, incluindo o acompanhamento do programa de transformação a implementar
pelo novo banco, que é condição essencial para a sua venda.”
O
Banco de Portugal enaltece o mérito e a elevada experiência pela venda a
desbarato dos recursos de um país! Não deixa de ser irónico que seja elogiado
exatamente quem nas suas opções políticas nunca salvaguardou os interesses do
país e do seu desenvolvimento e crescimento económico, tampouco da nossa
soberania.
É
curioso que mais uma vez se opte por beneficiar os interesses do grande
capital, como foi sempre apanágio de Sérgio Monteiro nos processos de
privatizações e de “renegociações” das parcerias público privadas em que esteve
envolvido. Sérgio Monteiro exibe no seu currículo as privatizações dos CTT, da
ANA, da TAP, do Metro de Lisboa, da Carris, dos STCP, do Metro do Porto ou da
CP Carga, verdadeiros crimes de lesa pátria, dos quais resultarão em primeiro
lugar a perda de controlo público de empresas e setores estratégicos da nossa
economia, degradação do serviço público, ataque dos direitos dos trabalhadores
e encarecimento dos serviços prestados.
Além
da contratação de Sérgio Monteiro há outra questão que importa igualmente
colocar. Na sequência do colapso do BES/GES e enquanto o processo decorre os
seus trâmites, nenhum dos ativos do Grupo Espírito Santo deveria ser alienado,
incluindo o Novo Banco.
Tal
como o PCP tem vindo a defender é necessário que sejam imobilizados todos os
ativos do Grupo BES/GES até que seja apurada integralmente a situação
financeira do banco, mantendo o controlo público do Novo Banco e dos seus
ativos.
Não
é admissível que, agora sob o comando do ex-governante Sérgio Monteiro, se
insista na venda a preço de saldo do Novo Banco, sem se apurar sequer as
consequências que essa decisão acarreta para os cofres do Estado e os bolsos
dos portugueses. Aliás, o anterior processo falhado de venda do Novo Banco a
partir de um montante muito inferior ao seu real valor – o preço mais elevado
que esteve em cima da mesa foi de 4 mil milhões de euros, muito aquém do valor
do banco e inclusivamente inferior à sua capitalização no valor de 4,9 mil
milhões de euros – confirma que esta opção não vai ao encontro dos interesses
nacionais.
É
preciso impedir qualquer perspetiva de um novo BPN, com os prejuízos a serem
assumidos pelo Estado – leia-se, os portugueses. É preciso travar a política
que privatiza os lucros e nacionaliza os prejuízos.
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