Tráfico
de diamantes era para comprar armas - Rogério Lobato
O
primeiro ministro da Defesa de Timor-Leste, Rogério Lobato, disse à Lusa que o
tráfico de diamantes em que participou em Angola, pelo qual cumpriu seis anos
de prisão, pretendia financiar o envio de armas para o território.
"Digo-lhe
francamente, eu fiz aquilo não para me enriquecer. Penso que fiz um juízo
errado", disse à Lusa, admitindo que o objetivo inicial era financiar um
navio de pesca para vir das Canárias a Timor. "Claro que não vinha só
pescar, trazia algumas coisas a bordo. Isso era o projeto inicial".
O
navio nunca chegou a vir porque Rogério Lobato é preso e condenado a uma pena
de seis anos de prisão, um período que diz ter sido de "maus bocados,
tristes e de grande humilhação".
"Eu
reconheço isso como parte da minha história pessoal, da minha dedicação à luta.
Não guardo rancor a ninguém, tanto mais que depois disso já voltei a Angola,
fui recebido com todas as honras, fui até ao sítio onde estive preso",
garantiu.
O
projeto do navio foi uma de muitas tentativas de Rogério Lobato cumprir a
missão com que tinha saído de Timor-Leste "a 03 ou 04 de dezembro de
1975" - o de conseguir apoio militar para Timor-Leste.
Apesar
da disponibilidade mostrada por vários países, nomeadamente China, Angola e
Moçambique, Lobato garante que o braço armado da resistência timorense, as
Falintil, nunca recebeu armamento do exterior.
"Não,
nunca. Eu consegui armamento. Consegui armamento na China. E nós tivemos apoio
não apenas militar, como financeiro. Apoio militar para armar à vontade 7 mil
homens e na altura era um apoio substancial, só que a guerra em Timor-Leste
teve lugar numa conjuntura internacional muito desfavorável para
Timor-Leste", sublinhou.
Rogério
Lobato recorda que a China disse que não tinha condições de fazer chegar o
material a Timor - "não se queria envolver em conflitos com os Estados
Unidos" - e o apoio do Vietname e Camboja foi essencialmente político.
"O
arsenal que tínhamos era do exército português e de algum que íamos capturando
das infiltrações da Indonésia na fronteira, mas não dava para fazer uma luta
prolongada", disse.
"Naturalmente
que numa guerra de posição as forças têm de ser continuamente abastecidas de
material. Nós gastávamos o nosso material de guerra sem sermos reabastecidos,
enquanto a Indonésia tinha um reabastecimento ilimitado das suas forças. Tinha
uma retaguarda muito grande e podia ser reabastecida facilmente", afirmou.
Tentou
várias opções, chegando a discutir as alternativas para "apoiar a luta
armada em Timor e introduzir o armamento em Timor" com o primeiro ministro
da Defesa angolano, Henrique Teles "Iko" Carreira e o também ministro
da Defesa Pedro Maria Tonha "Pedalé" e o ministro da Defesa
moçambicano Alberto Chipande.
"Uma
das hipóteses era lançar o armamento em para-quedas e o general Iko disse que
isso era muito fácil de fazer, dar a localização aos aviões que se deslocam
para o local através de um polígono de fogueiras durante a noite, ou através de
reflexão de espelhos", afirmou.
Lobato
garante que tinha armamento à vontade, com "vários paióis, um barco
inteiro", fornecido pela China e que teve que guardar em Moçambique, a que
se somava o que Luanda e Maputo também tinham disponibilizado.
"O
senhor nem imagina. Eu estive hospedado em casa de Kaúlza de Arriaga (general e
antigo comandante militar das tropas coloniais portuguesas em Moçambique), em
Nampula, só para visitar os paióis que os portugueses deixaram de armamento.
Moçambique colocou todo aquele arsenal à nossa disposição", recordou.
"Estávamos
bastante afastados da realidade. Porque, só para trazer um avião de Moçambique
tínhamos de reabastecer em algum sítio e tínhamos que sobrevoar zonas
controladas pelo inimigo", ironiza.
Frustrado
por não conseguiu canalizar o apoio para Timor-Leste - "não ia trazer para
aqui bolinhos para os indonésios" - Lobato acaba por se distanciar cada
vez mais dos outros líderes da Frente de Libertação do Timor-Leste Independente
(Fretilin) na diáspora.
"Penso
que fiz o erro de não ter comunicado isso aos meus colegas, aos meus colegas.
Sabe, a luta era difícil e a uma dada altura começamos a ficar um pouco
divididos. Tivemos os nossos problemas em Maputo e isso de certa forma
afastou-nos um bocadinho. E eu como era responsável militar pensava que podia
fazer as coisas por decisão própria", afirmou.
"Houve
um afastamento entre mim e todos os outros, porque eu defendia de facto que
tínhamos de encontrar uma forma de entrar em Timor. Eu tinha a minha família
toda cá (em Timor), a minha mulher, os meus pais, os meus irmãos", disse,
acrescentando que como militar sentia que tinha a obrigação de fazer alguma
coisa para entrar em Timor.
"A
minha preocupação foi encontrar formas de entrar em Timor e foi nessa altura
que eu me envolvi nessa atividade dos diamantes", explica.
Lobato
diz que usou o tempo na prisão - "uma fase negra" - para dar aulas de
matemática e garante que não guarda rancor.
"Não
fiz isso para me enriquecer ilicitamente, tanto mais que continuo pobre, como
antes. Se eu tivesse conseguido concretizar esse plano, talvez tivesse feito
alguma coisa por Timor", concluiu.
ASP
// EL – Lusa
Rogério Lobato diz ter sido usado em 2006 como "bode expiatório"
O
ex-ministro do Interior timorense Rogério Lobato diz que foi usado como
"bode expiatório", quando foi condenado em 2006 por armar civis, insistindo
em entrevista à Lusa que só atuou para defender um Governo democraticamente
eleito.
Em
entrevista à Lusa, Lobato analisou a situação que se viveu em 2006 que colocou
de um lado o então primeiro-ministro, Mari Alkatiri e ele próprio e do outro o
Presidente Xanana Gusmão.
"Eu
como Ministro do Interior e com a lei subsidiária da Indonésia - que na altura
estava em vigor -, dava-me esses poderes e eu estava a defender um Governo
democraticamente eleito. Portanto, eu tinha esses poderes, para armar",
afirmou.
"Fui
condenado, porque interessava às Nações Unidas encontrar um bode expiatório,
porque o representante da ONU que esteve cá, não foi um indivíduo equilibrado,
foi um indivíduo que fez o jogo de uma parte contra a outra, não esteve no meio
a servir de ponte", acusou ainda.
Rejeitando
que Timor-Leste tenha estado à beira da guerra civil, Lobato diz que a situação
que se viveu na altura - que acabou com a queda do Governo liderado por Mari
Alkatiri e pela Fretilin - foi "maquinação que veio de fora".
"É
pena, é triste aquilo que se passou", afirmou, considerando que o conflito
demonstra que "o diálogo é o único caminho" para os timorenses se
entenderem e para evitar mais problemas no futuro.
Hoje,
disse, "Mari Alkatiri e Xanana Gusmão estão numa coabitação que eu
considero exemplar, embora alguns não gostem. Inclusive, dentro da Fretilin
[Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente]" com ambos a
"chegarem à conclusão que é melhor entenderem-se, coabitarem, do que
entrarem em jogos de palavras".
"Nós
aprendemos essa lição e estamos juntos, felizmente e espero que essa coabitação
dure no tempo. A coabitação entre as duas partes como a única arma para Timor
travar as interferências exteriores", afirmou.
No
momento em que Timor-Leste celebra 40 anos da proclamação unilateral da
independência - Lobato diz que a independência política pode estar conquistada
mas falta ainda "a independência económica" e um "Estado como
instituição a funcionar no seu pleno, com leis a funcionar no seu pleno".
"A
lei é soberana, ninguém pode estar acima da lei. Penso que nós ainda estamos
muito aquém. Ainda há pessoas que pensam que podem estar acima da lei. Isto é
um processo que vai levar algum tempo. São as fragilidades de um país que se
quer construir, de uma nação nova de um Estado que quer afirmar-se como Estado.
Um Estado tem de afirmar-se através da solidificação das suas instituições, de
todas as instituições", salientou.
Para
Lobato é essencial perseverança para garantir que Timor-Leste "se torna um
dia um país onde o Estado de Direito funcionará em pleno".
"O
meu irmão já dizia, quando era vivo e no mato, quando fazia a guerrilha, que
tinha mais medo da luta pelo desenvolvimento de Timor, do que da luta pela
independência e está a confirmar", frisou, referindo-se a Nicolau Lobato,
segundo Presidente da República, entre 1977 e 1978.
"Sempre
que haja conflito, sempre que haja diferenças, o Estado como uma pessoa de bem
deve esgotar os seus recursos para encontrar soluções. Não deve nunca recorrer
à violência para poder encontrar soluções", afirmou.
Sobre
as suas próprias ambições, diz que quer continuar a servir Timor "não
necessariamente como ministro, como presidente" - candidatou-se em 2007 -
mas abrindo o caminho para a nova geração.
"Eu
não entendo a política só ser alguém como ministro, ou ser alguém como
Presidente. Já tenho sido convidado para assumir certas posições políticas e
tenho recusado. Penso que já dei o meu contributo politicamente", afirmou.
"Perdi
a família toda por Timor. Isso é uma grande contribuição que eu dei por Timor,
agora é dar oportunidade aos outros de mostrarem aquilo que valem",
concluiu.
ASP
// EL - Lusa - Título PG
1 comentário:
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