Pequim,
06 nov (Lusa) - Dezenas de países produtores de vinho, da Argentina à
Austrália, disputam na Hong Kong International Wine & Spirits Fair a
atenção dos profissionais e consumidores chineses, mas, na edição deste ano,
Portugal parte em vantagem.
"Só
o facto de termos sido designados como país convidado é já um marco bastante importante",
disse à agência Lusa em Pequim o diretor de 'marketing' da ViniPortugal, Nuno
Vale.
"Vai
dar uma grande visibilidade aos vinhos portugueses, perante vários
profissionais, não só de Hong Kong, mas também dos mercados vizinhos",
acrescentou o responsável da associação que promove a imagem de Portugal
enquanto produtor de vinhos.
Segundo
dados da ViniPortugal, participam na International Wine & Spirits Fair, que
abriu oficialmente na quinta-feira, perto de meia centena de empresas
portuguesas, a representar diversas regiões de norte a sul do país.
O
programa inclui ainda 12 seminários sobre vinhos portugueses.
Nuno
Vale mostrou-se otimista: "Ainda mais neste ano, em que a própria feira
celebra o oitavo aniversário", realçou, aludindo ao significado auspicioso
do número oito na China.
No
primeiro semestre de 2015, a China comprou mais 58,2% de vinho a Portugal,
acompanhando a tendência que dura desde o início da década.
Pelas
contas da ViniPortugal, no espaço de seis anos (2008-2013) as exportações de
vinhos portugueses para o país subiram de 1,8 milhões de euros para 14 milhões
de euros.
O
número de empresas portuguesas com escritórios ou representantes na China
também têm aumentado: "Decerto, já ultrapassam uma dezena", comenta
Nuno.
Ainda
assim, "há um longo caminho a percorrer", explicou à Lusa Jin Gang,
vendedor na sociedade comercial Nam Kwong, um grupo estatal chinês que
representa várias quintas vinícolas de Portugal.
"Os
vinhos portugueses só agora começam a aparecer na China. Vai demorar até que
sejam tão conhecidos como, por exemplo, os franceses", disse.
Na
China, o vinho é também designado de "Faguojiu" (literalmente álcool
da França, em chinês), ilustrando o domínio que aquele país tem no mercado
chinês.
Para
Nuno Vale, as campanhas lançadas pelas autoridades chinesas para combater a
ostentação e a corrupção, que causaram uma quebra acentuada no consumo de
produtos de luxo, poderão levar a uma mudança de paradigma.
"No
momento em que houve esses cortes por entidades governamentais, que tipicamente
consumiam vinho francês, o mercado voltou-se para vinhos que ofereciam a mesma
qualidade, mas a um preço significativamente mais baixo", explicou.
"Isso
está a despertar o interesse pelos vinhos portugueses", acrescentou.
Portugal
já é o quinto fornecedor europeu de vinhos importados pela China, que,
entretanto, também está a apostar na produção e, de acordo com algumas
projeções, dentro de cinco anos poderá mesmo tornar-se o maior produtor
mundial.
Porém,
"no mercado interno, a China terá sempre de lutar com um problema típico
de países em desenvolvimento, que é: tudo o que vem de fora é sempre mais
apreciado do que aquilo que é produzido dentro", referiu Nuno Vale.
"O
consumidor chinês não estará disposto a dar um valor superior pelos vinhos
domésticos. Isso vai acontecer durante muitos anos", previu.
Per
capita, o consumo na China não chega a um litro e meio por ano; em Portugal
ronda os 40 litros.
Contudo,
só em 2014, o país importou cerca de 383 milhões de litros de vinho,
posicionando-se como o maior consumidor do mundo, segundo dados das alfândegas
chinesas.
"É
um mercado muito volátil", considerou Nuno Vale. "Tanto cresce muito,
como decresce, como volta a crescer. Não é um mercado maduro", concluiu.
JOYP
// CSJ
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