O
ex-ministro do Brasil, da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, escreveu um
excelente artigo sobre o baixo nível de alguns políticos que se agarram ao
poder como os antigos cortesãos que viam a possibilidade de serem alguém aos
olhos da nação, a que aplicou um adjetivo pouco conhecido de
"obnóxio" (segundo o dicionário, "que se sujeita à punição,
servil, funesto, nefasto"). Critica a ambição mesquinha que acaba por
reduzir o valor do governo que lhes serviu de poleiro."Diz-se que a
história forja os personagens de que necessita. Isso é injusto conosco, não
merecemos Temer, Cunha e seus quejandos, ainda menos o vazio humano que
possibilitou essa safra. A média brasileira é muito melhor. Portanto, ainda
podemos confiar, com esperança, no papel da organização social, a sociedade
reagindo mediante seus mecanismos de ação, intervindo no processo, ditando e
corrigindo as lamentáveis rotas de hoje. "(Portal Vermelho, 11/12/15).
Penso
que a mediocrização dos políticos de direita é um dos mecanismos do sistema
capitalista, na sua fase imperialista como a que o mundo assiste hoje. A
produção de políticos submissos à sua lógica (que chegam a ocupar postos de
governo catapultados pelo movimento econômico que controla as eleições) tem
início na criação de oportunidades de formação e de trabalho para determinados
jovens que revelaram capacidade em busca de realização pessoal no mesmo sentido
individualista dos interesses capitalistas. É a constituição de uma elite e a
defesa da classe dominante que segue os caminhos do
"empreendedorismo" sem visão social. Genericamente atribui-se à
História em geral, mas é apenas à parte dominada pela lógica do capitalismo e
da elite que se torna dominante, deixando de fora o outro lado da História que
defende um sistema socialista com base na liberdade e na igualdade de direitos
de todos os cidadãos
Nos
EU, o governo de Bush desvendou a subordinação de fantoche do Presidente que,
sendo obnóxio, nem se preocupava em disfarçar a representação que fazia com as
suas fracas forças intelectuais. Mas muitos outros políticos norte-americanos
ficaram conhecidos pelas palavras e atos que usavam, inadequados às situações e
ao cargo que ocupavam. Até mesmo o Presidente Obama, escolhido por ser negro e
ter um passado de jovem combativo e inserido na rebeldia de uma burguesia,
serviu de porta-voz do imperialismo ao fazer o seu discurso "terrorista"
em Oslo, ao receber contraditoriamente o prêmio Nobel da Paz.
Na
Europa, paralelamente ao que ocorre nos EUA, começaram a surgir fracas
personalidades nos postos mais elevados dos governos. Têm poucas informações
sobre a humanidade e frágil formação intelectual que os torna tímidos e frágeis
diante das oposições. Em alguns casos, parecem ter personalidade forte mas a
fragilidade é denunciada por casos de corrupção tornados públicos. Nos países
mais pobres, como Portugal por exemplo, a direita controlada pelo Clube
Bildenberg preparou quadros formados tardiamente ou fraudulentamente em cursos
controlados pelo sistema imperial, com a característica de fantoche
disciplinado, obnóxio, sob o comando da União Europeia. Neste sentido, o último
primeiro ministro assumidamente de direita, Passos Coelho, desempenhou o papel
de emissário das ordens da Troika em oposição ás reivindicações da população
portuguesa, inclusive conservadora. Ficou clara a sua tendência apátrida e de
sobrevalorização da acumulação de capital em prejuízo das necessidades dos
humanos que compõem o povo. Um obnóxio como Bush e outros que tais.
Em
consequência de um processo de conscientização do percurso imperialista e seus
fantoches obnóxios, que se espalhou por várias nações, agravado pela
visibilidade do caos humanitário (decorrente da destruição criada pelo braço
armado terrorista ou por espiões dos órgão de segurança secreta, contra
civilizações antigas do Oriente Médio e Norte da África) que produziu a fuga de
centenas de milhares de pessoas que enfrentam o risco de navegação sem
segurança no mar Mediterrâneo em busca de acolhimento na zona da UE, as últimas
eleições em 2015 abriram um novo panorama político às forças políticas
sociais-democratas que aceitam agora a influência da esquerda ou da extrema-direita
A
ação do imperialismo norte-americano assumiu a forma da infiltração dos
elementos da CIA, em lugar do embate militar das suas forças armadas ou mesmo
de exércitos mercenários, deixando a tarefa militar visível para os seus
parceiros europeus que aceitaram a NATO como "sua" força continental.
Hoje presenciamos a volta da ação de dominação imperialista na América Latina
através de influências junto ás populações e pela corrupção de personalidades
da alta política, para desestabilizar os governos progressistas. Esses ainda
dependem financeiramente do sistema capitalista e são mantidos aprisionados
pela política neo-liberal que é muito adequada ás condições oligárquicas
herdadas de um passado em todo o continente e que sobrevivem com maior força
nas áreas menos desenvolvidas.
O
momento político mundial encontra-se em uma fase decisiva de mudança, com
riscos e oportunidades a serem utilizados pelas forças políticas opostas, a
favor de um caminho para o socialismo ou de recrudescimento da exploração
capitalista. Assustador é o agravamento do terrorismo e da escravidão no
trabalho e nas antigas formas de poder social que se manifestam como forma de
superioridade cultural contra as minorias e os setores mais desprotegidos:
pobres, trabalhadores, mulheres, crianças, carentes por problemas de saúde,
imigrantes, diferenças étnicas, religiões ou ideologias praticadas por
minorias, enfim todas as raízes dos preconceitos contra os quais a humanidade
luta há séculos. Não podemos esquecer que a escravidão gera o medo que aniquila
o ser humano.
*Zillah
Branco - Cientista social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de
vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo Verde.
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