Técnicos
de fiscalização dizem estar a ser impedidos de exercer as suas funções por
superiores hierárquicos.
O
diretor dos Serviços Provinciais de Migração e o chefe do movimento migratório
de Sofala (centro de Moçambique) são acusados de estarem a fazer cobranças
ilícitas e de facilitar a entrada e estadia de estrangeiros ilegais que
trabalham nas empresas do ramo madeireiro, na hotelaria e no turismo.
Segundo
as denúncias, o esquema de corrupção já dura há muitos anos e envolve o chefe
dos Serviços Provinciais de Migração e o chefe do Movimento Migratório da
província de Sofala.
Dois
técnicos de fiscalização falaram com a DW África na condição de anonimato.
Denúncia
Os
técnicos contam que os dirigentes da migração facilitam a entrada e a estadia
de estrangeiros ilegais na província mediante o pagamento de valores monetários
acima de 100 mil meticais (o equivalente a 1.700,00 euros).
Eles
dizem também que em plena fiscalização foram impedidos de exercer as suas
funções porque alegadamente os seus superiores hierárquicos já tinham sido
pagos. Um exemplo: para assegurar a presença de mais de 17 chineses numa
empresa madeireira.
“A
fiscalização é feita pelo próprio diretor da Migração. Investigamos e
descobrimos muitos chineses vivendo ilegalmente em Sofala. Mas o diretor impede
que tomemos alguma atitude. A própria empresa disse-nos que pagou 100 mil
meticais ao nosso diretor”, denuncia um técnico.
Recentemente
foram detidos em Sofala dez turistas de nacionalidade indiana, que tinham toda
a documentação legal, mas não teriam cedido a um suborno. “Esses eram só
turistas e a maioria, mulheres”, contaram os funcionários.
O
diretor dos serviços de Migração nega envolvimento
A
DW África falou com o diretor dos Serviços Provinciais de Migração em Sofala.
José Alexandre Bene que confirma a detenção de turistas e alguns indícios de
corrupção, mas nega o seu envolvimento nestes casos.
A
nossa reportagem tentou, sem sucesso, ouvir o chefe do movimento migratório,
mas soube que foi exonerado recentemente das suas funções.
A
Polícia de Investigação Criminal disse à DW África que desde janeiro foram
instaurados vários processos-crime contra alguns dirigentes dos Serviços de
Migração acusados da prática de corrupção.
Arcénio
Sebastião, de Beira (Moçambique) – Deutsche Welle
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