quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O PAÍS DOS BURROS



Não nos podemos admirar de em Portugal a ditadura nazi-fascista ter tido uma permanência efetiva durante 48 anos se atentarmos naqueles em que os portugueses ainda hoje votam e os resultados de sondagens recentes, como as referidas mais em baixo por Pedro Santos Guerreiro neste Expresso Curto de hoje.

Nessa sondagem os portugueses inquiridos consideram que Pedro Passos Coelho devia continuar a ser primeiro-ministro, sendo que ainda mais rumaríamos à pobreza, à fome, à miséria, para vantagem de uns quantos que “comem tudo e não deixam nada”, principalmente os da seita de Cavaco e também de Passos e Portas. A favor de Passos PM 52%, contra 37% de Costa, segundo a sondagem – que são o que são por enfermarem de fácil manipulação e sabermos da falta de honestidade dos que inquirem. Nem sempre mas por vezes demais.

Portugal parece o país dos burros (salvos sejam o nobres animais). Elegem para PR Cavaco, que afinal se vem a demonstrar que era da PIDE - a terrorista polícia política. Votam e elegem uma direita ressabiada para se governar e aos seus. Direita que retrocede nas chamadas conquistas de Abril e faz da justiça social uma grande injustiça – mais de que qualquer outro governo. Tudo com o pretexto da “crise”. O curioso é que os banqueiros e os mais ricos não pagaram a “crise”. Quem a pagou e está a pagar são os contribuintes portugueses de médios e menores recursos. E contribuintes somos todos. Todos, porque ao comprarmos batatas ou sal, ou o que quer que seja, estamos a pagar impostos, contribuímos. Mais ou menos mas contribuímos para o coletivo. Ou será para uns quantos roubarem? Isso, quem se governa é que sabe. E quem devia governar-nos não sabe?

O tema daria para estarmos por aqui até que a vaca tossisse. Urge avançar. Sabemos que esta prosa é arrojada ao dar a entender que existem eleitores portugueses que consideramos burros mas… não o são? Não constataram que Passos é um mentiroso compulsivo e que Portas não lhe fica atrás em hipocrisia e jogatanas políticas que em nada o dignificam? Uma palavra: “irreversível”. E querem mais do mesmo?

Terminou há pouco o Fórum da TSF sobre a pobreza, sobre o aumento do salário mínimo. Os sindicatos querem o aumento, os patrões não. Especialistas afirmam que o impacto na economia será positivo e contribuirá para a redução da pobreza. Os patrões dizem que vai haver mais desemprego. Balelas. Com empresários assim não vamos longe. A massa salarial corresponde a 20% dos encargos das entidades patronais. São custos ínfimos comparativamente aos restantes. Os restantes, em muitos casos, em demasiados casos, são os relativos a grandes empresários sem escrúpulos que querem tudo para eles e se possível zero para os que lhes proporcionam a possibilidade de viverem à grande, assim como as suas famílias. São exploradores sem escrúpulos que vêem nos que para eles trabalham escravos. Gentinha ou gentalha – como alguns dizem em privado.

Ponto assente: o salário mínimo e outros salários que em muito pouco lhe são superiores devem aumentar. Empresários com competência e menos ganância facilmente superam este aumento de custo.

E então? Querem mais Passos? Querem mais Cavaco? É que por esses a pobreza faz parte da paisagem dos tempos salazaristas de que Cavaco, Passos e Portas mostram ter muitas saudades, assim como os das suas seitas nas ilhargas. Gente assim só tem sucesso em países de burros (salvos sejam os nobres animais). E em Portugal estão a ter sucesso, estão mais ricos apesar da "crise". E esta, hem?!!

Lá por isso tenham um bom dia, se conseguirem. Não se ofendam. É preferível que acordem desse turpor a que o cavaquismo cinzentão estático e miserável vos habituou. Acordem.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o Expresso Curto

Pedro Santos Guerreiro - Expresso

Dinheiro barato, petróleo barato. Mas então?...

Não há forma de permitir maiores poupanças às pessoas e aos países do que ter petróleo barato, dizia há duas semanas em Lisboa o gestor de ativos Philippe Jabre. Pois bem, boa notícia: o barril de petróleo está abaixo dos 40 dólares, o que não acontecia desde 2009.

Estamos na era do petróleo barato, como escreveu Vítor Andradeno Expresso Diário, o que é mau para os lucros das petrolíferas, para os países produtores e para as fontes de energia alternativas, de que se continua a falar em Paris na Cimeira do Clima, que o Público tem acompanhado neste dossiê. Mas é bom para países importadores como Portugal, que assim equilibram a sua balança energética

Este é o primeiro factor que não controlamos que nos corre de feição. Outro é o de termos juros baixos, permitidos pela política do Banco Central Europeu. Sem ela, Portugal estaria a pagar pela nova dívida pública taxas de 5%, o que colocaria a sua sustentabilidade em risco, refere o Negócios. A política monetária ajuda também as famílias, que estão a pagar taxas euribor de zero ou perto disso nos seus créditos à habitação, como realça a manchete do Correio da Manhã.

Mas no meio deste mel aparece o mal: o Banco de Portugal reviu em baixa as perspetivas de crescimento da economia portuguesa até 2017. E porquê? Porque “não se conhecia informação relativa às medidas de natureza orçamental que serão implementadas nos próximos anos”. Eis como a técnica pressiona a política. O crescimento está (também) nas mãos de Mário Centeno, que foi para o Governo deixando o… Banco de Portugal.

OUTRAS NOTÍCIAS

A maioria dos portugueses defende que o primeiro-ministro deveria ser Pedro Passos Coelho (52%) e não António Costa (37%), escreve o Jornal de Notícias. Mas 49% concorda que Cavaco tomou a melhor opção ao indigitar (ou indicar…) António Costa como líder do Governo, completa o Diário de Notícias. São os resultados do barómetro da Universidade Católica para os dois jornais, Antena 1 e RTP. O PS sobe nas intenções de voto; Catarina Martins é a líder mais popular.

A discussão política prossegue quanto à formação do Conselho de Estado. A esquerda e a direita não se entendem e as contas estão baralhadas. O PS quer que a esquerda tenha três dos cinco lugares que o Parlamento indica para o órgão e o Bloco de Esquerda pretende colocar um antigo coordenador (Francisco Louçã ou João Semedo). Possivelmente, os cinco maiores partidos nomearão um representante cada um. Mais do que a distribuição de lugares “é necessário ajudar o Conselho de Estado a encontrar um significado para a sua existência”, escreve Fernando Sobral no Negócios, “aliviando assim a dor contínua que sofreu durante os anos do consulado de Cavaco”.

Por falar em óleo de fígado de bacalhau, Passos e Portas formalizam hoje apoio a Marcelo, diz o DN. Mas mantêm-se afastados da campanha, escreve o i.

O PS quer repor viagens gratuitas para ferroviários e familiares, conta o Negócios.

E vai manter a fatura da sorte, continuando a dar automóveis,escreve o DN em manchete.

Título do dia: “Desliga dos Campeões”, na primeira página do Jornal de Notícias e de A Bola. Depois de perder com o Chelsea, o FC Porto caiu da Champions para a Liga Europa. Hoje não me esqueço que joga o Belenenses (contra o Fiorentina, 20:05), assim como Sporting (contra o Besiktas, 20:05, transmissão na SIC) e Braga (contra o Groningen, 18:00), que anda numa maré estranha com as bagagens. Depois de ter ficado sem chuteiras há pouco mais de um mês em Marselha, ontem ia ficando sem malasNo Benfica, onde Gaitán renovou até 2019, decide-se agora os próximos adversários:Rui Vitória vai “cair no tanque dos tubarões”, escreve António Magalhães, diretor do Record.

Faz 30 anos que foi criado o primeiro hipermercado em Portugal, o Continente de Matosinhos, lembra o Negócios.

Novo Banco chama sindicatos para discutir o futuro, escreve o Económico. “Entra, entra, disse a aranha à mosca”.

O Ministério Público quer vigiar as privatizações, as Parcerias Público Privadas e a distribuição dos fundos comunitários, atividades que considera de “maior risco de corrupção”, escreve o Diário Económico.

Portugal está há quase 30 anos a receber fundos comunitários, mas, segundo dados citados pela Exame, 91% dos portugueses não consegue identificar um só projeto que tenha melhorado as suas vidas desde a adesão à CEE.

“Portugal devia premiar corruptos arrependidos”, aconselha Robserson Pozzobon, um dos procuradores do Ministério Público do Brasil responsável pela investigação da operação Lavajato, em entrevista ao Observador. Já à Rádio Renascença, o responsável afirma que o auxílio de autoridades portuguesas "é fundamental".

Segundo a Anacom, dois em cada três utilizadores de telemóveis em Portugal têm um smartphone.

A Volkswagen declarou que afinal não mentiu sobre o nível de emissões de CO2 de 800.000 automóveis, ao contrário do que tinha dito no início de novembro. De qual das três vezes disse a verdade?

“Que faziam os países no século XX perante uma situação como esta?Começavam uma guerra”. Assim se referiu o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, ao abate do caça russo Su-24 pela aviação turca. Contudo, a Rússia decidiu não responder “de forma simétrica”.

Em França, três jovens foram condenados por simularem um ataque terrorista visando extorsão. O caso aconteceu cinco dias depois dos atentados de Paris, quando o trio tomou o controlo do sistema de intercomunicação de um comboio regional e ameaçou os passageiros de morte, caso não entregassem os telemóveis.

“Eu tê-lo-ia morto” se soubesse o que ele se preparava para fazer, desabafa o pai de Foued Mohamed-Aggad, de 23 anos, um dos autores do massacre no Le Bataclan. Na CNN.

Os autores do massacre na Califórnia trocavam mensagens jiadistas há já dois anos, diz o FBI e explica o New York Times.

Donald Trump lidera as sondagens americanas para as eleições primárias dos republicanos, mas os republicanos querem despedir Trump, por causa da sua islamofobia, mas não sabem como. O homem que disse que os Estados Unidos deviam bloquear a entrada a todos os muçulmanos garante que não desiste, nem que concorra como independente. No Reino Unido, uma petição para impedir entrada de Trump no país está em vias de ser discutida no Parlamento.

Despedida ainda não foi Dilma Rousseff, que viu o Supremo Tribunal brasileiro adiar processo de impugnação. As más notícias no Brasil não param. A Moody's admite colocar o rating do país ao nível do “lixo”.

Angela Merkel é a personalidade do ano da revista Time. A revista chama-a de “chanceler do mundo livre”. É a primeira mulher a sê-lo desde 1986.

“O que captou a atenção das pessoas durante a saga da Grécia - e Portugal, e Irlanda, e brevemente a Itália, mas em primeiro e último lugar, a Grécia – foi o semblante austero de Merkel. Ela não foi a única pessoa do norte a pregar austeridade às ensolaradas nações do Mediterrâneo que gastaram dinheiro que não tinham. Mas foi Merkel que se tornou o rosto do banqueiro europeu, caricaturada aqui como uma dominatrix e acolá como um Stormtrooper [soldado do império do mal da “Guerra das Estrelas”]. A crise prosseguiu durante anos e a imagem de Merkel cresceu tão entrincheirada como a sua posição: resgatar só se a Grécia terminasse as suas maneiras gastadoras”. Excerto do perfil de Merkel, na Time.

Qual é a sua figura do ano? O Expresso quer saber. Vote aqui, as escolhas dos nossos leitores podem ser votadas até às 17 horas de amanhã.

Sim, já começaram as listas “os melhores do ano”. Para Manohla Dargis, do New York Times, os melhores filmes de 2015 são, ex aequo, “The Assassin”, de Hou Hsiao-Hsien, e “Mad Max: Estrada da Fúria”, de George Miller. As listas de melhores filmes segundo os críticos deste jornal podem ser vistas na íntegra aqui.

O artista que continuou a ser conhecido como Prince disponibilizou online um vídeo de uma interpretação ao vivo, feita no festival de Coachella de 2008, de Creep, talvez a música dos Radiohead mais ouvida de sempre. A versão de Prince foi mitificada na altura mas não podia ser encontrada online, até que o vocalista dos Radiohead, Thom Yorke, agora o autorizou, como conta a Time. O vídeo não tem grande qualidade mas está aqui.

A GNR desmantelou duas estufas com 300 pés de metro e meio de altura de canábis numa antiga padaria em Felgueiras.

FRASES

“Isto não está decidido”. Sampaio da Nóvoa, em entrevista à SIC.

“Penso que devemos caminhar para o sistema parlamentar. (…) O passo que falta, e que me parece que começa a ser debatido, é a não eleição direta do Presidente, passando este a ser escolhido (como em Itália, na Alemanha e noutras repúblicas) pelo Parlamento e tendo poderes de representação de Estado e protocolares”, propõe Daniel Oliveira no Expresso Diário.

“A CGTP vai sequestrar o PS”. Bagão Félix, na SIC Notícias.

“O Robert Walser tem uma pergunta muito terrível, que parece muito banal: “As pessoas que vivem contigo são felizes?”. É uma pergunta decisiva. Se a esta pergunta a resposta não é um sim inequívoco, há alguma coisa que está a cair.” Gonçalo M. Tavares,entrevistado na revista Ler.

O QUE EU ANDO A LER

Foi ontem apresentado o quarto volume da biografia de Álvaro Cunhal, de José Pacheco Pereira, que foca o período entre a fuga de Peniche em 1961 e a doença de Salazar em 1968. Segundo o autor, Cunhal defendeu a invasão soviética da Checoslováquia em 1968, não porque não simpatizasse com as tentativas de renovação dos comunistas checos mas por mero pragmatismo: para que a União Soviética prevalecesse, conta o editor de Internacional, Rui Cardoso.

Fez ontem 38 anos que Clarice Lispector morreu. A escritora brasileira (que na verdade nasceu na Ucrânia) é uma leitura de sempre, por qualquer dos seus romances, como “Perto do Coração Selvagem” ou “A Paixão Segundo G.H.”.

António Mega Ferreira dizia há três semanas na Fundação José Saramago que Clarice é uma escritora que tem sempre na mesinha de cabeceira. Um dos seus livros que pode ser lido como um sortido de confissões, paixões ou mundanidades é “A Descoberta do Mundo”, que reúne muitas das crónicas que publicou no Jornal do Brasil, entre 1967 e 1973. “Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda.”

“Que mistério tem Clarice”, cantaria Caetano Veloso, “para guardar-se assim tão firme, no coração?” Crónicas, romances e poesia escreveu Clarice Lispector. “Não me deixe ir, posso nunca mais voltar.”

Tenha um dia bom, muito bom, com os artigos do Expresso durante o dia e do Diário às 18h, ou com textos outros. Afinal, como diz Gonçalo M. Tavares na edição da revista Ler que acaba de sair, “há palavras que nos acordam, que constantemente nos acordam, mesmo que tenhamos muito sono”.

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