domingo, 5 de abril de 2015

Portugal. ISTO NÃO É UM PAÍS, É UM VELÓRIO



Afonso Camões – Jornal de Notícias, opinião

Manda a tradição secular, ainda sobrevivente em parte do nosso universo rural, que se coloquem flores na soleira da porta para que o compasso possa entrar e anunciar a boa nova. Por todo o mundo cristão, a Páscoa é a principal e mais antiga celebração do ano litúrgico, a festa que "atualiza" o mistério maior da fé dos crentes, que simboliza a passagem da morte para a vida: Aleluia!

Crentes ou não crentes, bem precisamos de boas novas.

Portugal vive, há sete anos, a mais longa e magoada Quaresma da nossa geração. A chaga do desemprego - que por sua vez gera pobreza, miséria, exclusão e insegurança - é o espinho mais doloroso deste calvário.

Mais de um milhão de portugueses aptos a trabalhar continuam sem emprego, logo sem salário. É um em cada cinco e, pior ainda, um em cada três entre os mais novos. E todos temos casos: na família, entre os amigos, na vizinhança.

Lembrarão alguns que o problema, mais do que português, é europeu. Quase 25 milhões de desempregados, sobretudo no Sul, dão já o rosto à agonia de uma esperança que os principais líderes europeus, os nossos incluídos, teimam em negar-lhes: uma União Europeia fundada na solidariedade e na coesão social.

Razões outras, mas também fortes, tornaram sombrios e enlutados os nossos últimos dias. Foram-se-nos um poeta, um economista, um cineasta - três portugueses entre os maiores nas suas artes e saberes. Por entre a multiplicação de obituários pesarosos, lemos em cartaz que "isto não é um país, é um velório". Mas há, nas mortes de Herberto Helder, José Silva Lopes e Manoel de Oliveira, o ficar da memória que contraria aquela ironia e nos traz sinais de esperança. É que, doravante, há seguramente mais portugueses a saber quem eles foram e porque foram grandes.

De Oliveira ainda ficámos a saber que, confrontado por João Botelho sobre como se pode fazer cinema com tão poucos recursos, respondeu-lhe o mestre: "Se não há dinheiro para a carruagem, filma-se só a roda. Mas filme-se bem a roda!"

E porque hoje é domingo, e de Páscoa, é tempo de procurarmos vencer esta dormência emocional e darmos ouvidos e força às palavras e aos gestos de esperança que, decerto, encontramos nos nossos caminhos. Um povo que vem de tão longa Quaresma não pode, nem deve, fechar portas ao compasso anunciador.

Portugal. "Costa vai ter de pedalar muito para ganhar as eleições" – Marques Mendes




Na opinião de Luís Marques Mendes se António Costa não se descolar de José Sócrates vai estar “feito ao bife”.

Luís Marques Mendes disse, este sábado, que “António Costa já devia ter saído há mais tempo” da Câmara Municipal de Lisboa, mas que fez bem em abandonar o cargo de autarca para assim se “dedicar em exclusivo ao PS”.

O comentador analisou os últimos seis meses e concluiu que “António Costa foi uma desilusão” e que “vai ter de pedalar muito para ganhar as eleições”.

“Há seis meses dizia-se que ia ganhar as eleições com maioria absoluta. Neste momento questiona-se se vai ganhar. Há seis meses era visto como salvador da pátria. Agora é um bocadinho como uma desilusão dentro do PS”, afirmou, considerando que o líder socialista “desperdiçou em grande medida o enorme capital de esperança que estava depositado nele”.

Para Marques Mendes, Costa tem agora um desafio pela frente: “construir uma alternativa rapidamente e ter um programa de Governo que seja atrativo, realista e mobilizador”.

Mas mais importante: “tem de ter caras novas que não sejam caras do passado, mas do futuro”.

“A grande questão que António Costa vai ter até às eleições e durante a campanha eleitoral chama-se José Sócrates”, apontou.

Na opinião do conselheiro de Estado, Costa “tem que se livrar do fantasma de Sócrates e evitar ser colado a ele na próxima campanha”.

“Se António Costa apresenta ideias parecidas às de Sócrates, então está feito ao bife. Vão dizer que ele é o mesmo que Sócrates. Será um ‘socratismo’ sem Sócrates”, concluiu, avisando: “se apresentar como caras visíveis na campanha ex-ministros de Sócrates, Costa vai ter muitos amargos de boca e vai dar muitos trunfos aos adversários”.

Patrícia Martins Carvalho – Notícias ao Minuto

Portugal. PSD JÁ SE PREPARA PARA A EVENTUAL SAÍDA DE PASSOS COELHO




Passos Coelho chegou à liderança dos sociais-democratas em março de 2010. Pouco mais de um ano depois seria eleito primeiro-ministro.

As eleições legislativas estão a caminho e numa altura em que o PS lidera as sondagens sobram dúvidas sobre o que acontecerá com Passos Coelho caso o PSD seja derrotado.

Ao site Observador, um antigo dirigente do PSD esclarece a situação: “a motivação fundamental é que o PSD possa ganhar as próximas eleições”. Porém, “naturalmente que é fundamental olhar o futuro e preparar o partido para uma eventual derrota do PSD”, acrescenta.

O mesmo dirigente reconhece que já têm havido “várias conversas e movimentações”, envolvendo diferentes setores no seio dos sociais-democratas, com uma reflexão em mente: “o que poderá ser o futuro do PSD”.

Entre os nomes que têm surgido como eventuais substitutos de Passos Coelho, caso o atual primeiro-ministro se afaste em caso de derrota nas legislativas, destaca-se o de Rui Rio.

O antigo autarca do Porto recolhe simpatias entre diversos sociais-democratas. Curiosamente, Rui Rio tem surgido mais vezes junto da direção do PSD.

Há cerca de duas semanas, por exemplo, marcou presença num debate organizado pela JSD, ao lado do porta-voz e vice-presidente do PSD, Marco António Costa. O mesmo site realça que os dois reconhecidos sociais-democratas fizeram discursos alinhados pela reforma do sistema eleitoral. 

Notícias ao Minuto

OBIANG CAIU NO SAMBA. DITADOR ESBANJA O QUE É DO POVO DA GUINÉ EQUATORIAL




Já é usual depararmos com notícias das excentriicidades de Teodore Obiang mas nunca é demais aqui relembrar os rios de dólares que o dirador Obiang esbanja em busca de prestígio e popularidade mundial. 

No Brasil destinou parte desses rios de dólares ao patrocínio do samba da Beija-Flor. Rios de dólares que só possui por se locupletar com as dádivas da natureza à Guiné Equatorial, o petróleo. Enquanto isso o povo da Guiné Equatorial mal-sobrevive com as mais altas taxas de carências de África. A pobreza é generalizada. A repressão também.

Num parágrafo, no Tempo, Raquel Faria, faz referência ao patrocínio do ditador Obiang àquela escola de samba brasileira. Enquanto uns dançam outros passam fome e são esmagados sob a ditadura de um portador de sorriso cínico. Isso não refere Raquel Faria. Fazêmo-lo nós aqui. Mais uma vez. Tantas quantas as que forem preciso para que não se ignore os tormentos que Teodore Obiang impõe ao povo do país amordaçado, a Guiné Equatorial. Admitida na CPLP por uma única razão: a riqueza que o país tem e que Obiang sonegou e sonega ao seu povo.

Redação PG

Caindo no samba

Obiang teria caído de amores pelo samba e pela Beija Flor em 2013, após ver os desfiles na Sapucaí e levar a escola de Nilópolis para apresentações públicas na Guiné. Tudo com a ajuda de Rodolfo Geo. O ditador gostou tanto da Beija Flor, e do sucesso do samba no seu país, que tentou financiar a escola já no desfile de 2014, só não o conseguindo por falta de tempo.

Raquel Faria - O Tempo (br), opinião

Avaliação de 13 anos de paz continua a dividir classe política angolana



Arão Ndipa – Voz da América

A classe política angolana continua dividida sobre os resultados do processo de pacificação do pais, treze anos depois, do calar das armas.

Mas todos estão de acordo que o percurso de estabilidade tem permitido uma maior circulação de pessoas e bens, não obstante os indicadores da pobreza ainda reflectirem uma gestão incompetente.

Para nos falar sobre o assunto, ouvimos Lucas Ngonda, presidente da FNLA, André Mendes de Carvalho, deputado da CASA-CE e Fernando Heitor deputado da UNITA.


AS FRAGILIDADES DA DEMOCRACIA ANGOLANA




Ouvinte angolano fala das fragilidades da democracia no seu país

Danielle Stescki – Voz da América

Marcos Mateus, de 62 anos, foi docente do ensino primário e secundário, e hoje trabalha no Secretariado do Ensino Geral em Malanje.

Para Mateus, a democracia ainda tem que avançar muito em Angola porque “onde há repressão de quem procura expor aquilo que sente publicamente  deixa a entender que ainda não há democracia”. 

Ele acrescenta que  “a maioria no poder não pode reprimir de modo nenhum a minoria”.

Mateus cita como exemplo de democracia o Congresso norte-americano e diz que gostaria de ver os mesmos debates em Angola.


MARCHA EM LUANDA PELA LIBERTAÇÃO DOS ATIVISTAS DE CABINDA




Jovens saíram ontem à rua em sinal de protesto contra a detenção de Arão Tempo e José Marcos Mavungo.

Jovens saíram ontem à rua em vários municípios de Luanda, distribuindo panfletos a pedir a libertação de dois outros activistas detidos há três semanas em Cabinda, mas parte do material terá sido apreendido pela polícia.

O relato, que a Lusa não conseguiu confirmar junto da Polícia Nacional, foi feito pelos promotores da iniciativa apelidada de “manifestação pacífica de carácter internacional”, sendo este um grupo de “jovens revolucionários” – como se auto-intitulam – que exige a “libertação incondicional” destes elementos.

Em causa está a situação do activista José Marcos Mavungo, indiciado do crime de rebelião, e do advogado Arão Tempo, suspeito de colaboração com um estrangeiro (também detido) contra o Estado angolano, na sequência de uma marcha contra a alegada má governação e violação dos direitos humanos em Cabinda.

A distribuição de panfletos, em que os activistas denunciam que ambos estão “detidos injustamente” e “sem saberem que crime cometeram e quando serão levados a tribunal”, aconteceu, afirmam – suportados em fotografias entretanto distribuídas -, em vários municípios de Luanda.

No centro da capital, em que o protesto, também com distribuição de panfletos, estava agendado para as 13h, um reforço policial impediu durante a tarde o acesso ao Largo da Independência, conforme a Lusa constatou no local.

Um destes activistas, Pedrowski Teca, disse à agência Lusa que alguns elementos foram abordados pela polícia no acesso a esta zona central de Luanda e viram o material de propaganda confiscado, entre outras escaramuças e detenções também relatadas pelo grupo.

A Lusa tentou recolher uma reacção da Comando Geral da Polícia Nacional a estas denúncias, mas sem sucesso até ao momento.

Contudo, estes incidentes aparentam ter sido de menor gravidade face a outras ações promovidas pelo mesmo grupo, que contesta o regime liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos. Também o dispositivo policial mobilizado para a zona central de Luanda foi mais reduzido, face a protestos anteriores.

Na origem da acção de ontem esteve a manifestação agendada para Cabinda, a 14 de Março, que acabou por não se realizar, com os dois elementos a serem detidos horas antes pela polícia.

Contudo, estes ainda não têm qualquer acusação formal promovida pelas autoridades angolanas, que continuam a recolher indícios, disse anteriormente à Lusa um advogado que apoia, em Cabinda, os dois elementos.

O advogado Arão Tempo foi detido no posto fronteiriço de Massabi, quando pretendia viajar para a República do Congo, sendo presidente do Conselho Provincial de Cabinda da Ordem de Advogados de Angola.

De acordo a mesma fonte, o seu estado de saúde tem vindo a “debilitar-se”, encontrando-se na cadeia civil de Cabinda, tal como o activista Marcos Mavungo, igualmente detido antes da marcha programada, a qual tinha organizado. 

Rede Angola

Moçambique. As entradas e saídas dos filhos de Guebuza da sociedade Home Center


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Luís Nhanchote – Verdade (mz)

Valentina Guebuza e Mussubuluko Guebuza, rebentos de Armando Guebuza que se terão destacado como "empresários" no decénio 2004-2014, temporada em que o seu progenitor detinha as rédeas do partido Frelimo e do Estado, tiveram participação societária por cinco meses na pujante sociedade Home Center. A Home Center é praticamente o grupo onde o Estado moçambicano tem adquirido o seu mobiliário, quer por Procurement público, quer por adjudicação directa. Sendo públicas as vastas ramificações da teia de interesses económicos daquela família, em quase todos os sectores de actividade ecónomica, o @Verdade procurou entender o que teria sucessido para que os filhos de Guebuza, primeiro se juntassem e depois se apartassem da Home Centre em tão curto espaço de tempo! Não encontrámos respostas cabais...

Guebuzas na Home Center

De acordo com o Boletim da República número 61, III Série, Supl., de 31 de Julho de 2014, os mencionados rebentos do ex-Presidente da República e ex-presidente da Frelim, juntaram-se à Home Center, por conta da alteração do pacto social das quotas e dos sócios. Valentina e Mussumbuluko juntaram-se a Moshem Ahmad Suliman, Natália Ali Ahmad Suleiman, Fadia Ali Ahmad, Stephanie Baaklini, Viola Muriela e Nailesh Thusay por conta dessa alteração.

De referir que a Home Center era detida por Ghassan Ali Ahmad, um cidadão de origem libanesa (rentemente falecido) e por João Américo Mpfumo, um general na reserva com história na Frelimo.

Já o Boletim da República número 95 da III Série de 26 de Novembro de 2014, informando a nova alteração da estrutura accionista refere apenas que Moshem Ahmad Suliman, Natália Ali Ahmad Suleiman, Fadia Ali Ahmad, Stephanie Baaklini, Viola Muriela e Nailesh Thusay se mantinham na sociedade, isto, por outras palavras, que os filhos de Guebuza se tinham apartado da mesma.

Um empresário que prefere o anonimato considera estes factos de “muito estranhos, para os empreederores que eles dizem ser”. É, de facto, estranho para os círculos de negócios que os Guebuza entrem e se apartam de uma sociedade da dimensão da Home Centre volvidos apenas cinco meses. “Alguma coisa está por detrás disso”, questiona uma fonte ligada ao empresariado.

O @Verdade não conseguiu obter os depoimentos dos Guebuza.

Os tentáculos empresariais dos Guebuza

O primeiro registo de Valentina nas lides empresariais data de 2001, quando, com o seu pai que alterava a estrutura accionista, o pacto, as quotas e os sócios, entrava com os seus irmãos, Armando Ndambi Guebuza, Mussumbuluko Armando Guebuza, na Focus 21, Gestão e Desenvolvimento, Limitada. Em 2001, o seu pai ainda não era presidente de Moçambique, mas conhecido como um “empresário estranhamente parido pelo socialismo”.

Valentina é a presidente do Conselho de Administração (PCA) da Focus 21, conhecida como a holding da família. Ela é a gestora de várias empresas da família com destaque para a Focus 21 que lidera desde 2006. Estudou Engenharia Civil na África do Sul e, durante esse período, terá trabalhado num restaurante. No último ano de curso, contaria a filha Guebuza à Revista FORBES, iniciou uma consultoria numa empresa de Engenharia Civil e foi aí que terá ganho experiência prática na área.

A Focus 21 faria em Abril de 2005 uma nova alteração no pacto social e nas quotas, tendo substituído na estrutura accionista Mussumbuluco Guebuza por Norah Armando Guebuza, a irmã mais velha de Valentina.

Em 2007, Valentina daria um salto gigantesco ao ser accionista da Beira Grain Terminal no acto da sua constituição. Nesta sociedade a filha de Armando Guebuza é sócia das empresas Caminhos-de-Ferro de Moçambique, Empresa Pública (CFM), Cornelder de Moçambique, SARL, Nectar Moçambique, Limitada, Sonipal, Limitada, Seabord Moz, Limited, Rainbow Internacional CFI Holdings, Limited, e a Merec Industries, Limitada. Dois milhões e setecentos mil meticais constituem o capital inicial da Beira Grain Terminal que tem como objecto social a “operação de uma terminal de cerais a granel, no porto da Beira.

Em Agosto de 2008, Valentina, Mussumbuluco e o seu tio José Eduardo Dai (primo em primeiro grau de Tobias Dai, irmão da Primeira-Dama, Maria da Luz Dai Guebuza), constituem a Crosswind Holdings. Dois milhões e quinhentos mil meticais perfazem o capital social da Crosswinds que tem como objecto social “...o exercício de actividade de construção e desenvolvimento de infra-estruturas”.

No mesmo ano de 2008, Valentina Guebuza, o seu tio José Dai e a Inforcom, Limitada constituem a Servicon, Limitada. Com a módica quantia de vinte mil meticais no capital social, esta empresa tem como objecto social a “actividade mineira; compra, tratamento, processamento, e venda dos seus derivados, obras públicas, agricultura”.

Ainda em 2008, em Novembro, Valentina junta-se novamente ao seu tio José Dai, ao seu irmão Mussumbuluco e a Carlos Nicolau Salvador Júnior e constituem a Orbittelcom, Limitada. Duzentos mil meticais foi o capital inicial da empresa que tem como objecto social a “informática e telecomunicações”.

Em 2009, ano em que o seu pai concorre para o segundo mandato, Valentina, José Dai (o seu tio outra vez), Lilia Szakmesiter e Voo Chong Min constituem a Moçambique Desenvolvimento & Investimentos Limitada. Em 2010, a filha do Presidente junta-se a Luís Filipe Pereira Rocha Brito e constituem a IMOGRUPO – Investimentos e Participações, Limitada. Com um capital de quinhentos mil meticais o objecto social desta empresa é, entre outros a “aquisição, administração, locação e alienação de bens imóveis, próprios ou de terceiros”.
Ainda em 2010, Valentina junta-se a Margarida Maria Duarte Oliveira Nunes Figueiredo, Rita Maria Figueiredo de Sousa Borges Furtado, Stephanie Baaklini, Sylvie Cristelle Lasoen, Mussumbuluco Guebuza e à empresa OLOHA Investments, SA e constituem a Christiam Bonja Moçambique, Limitada. Com cinquenta mil meticais de capital inicial, esta empresa tem como objecto social “o exercício da actividade de ouriversaria, joalharia e relojoaria, com a máxima amplitude permitida, podendo, para o efeito, proceder à importação...”.

Até aqui, temos os registos documentais das participações de Valentina Guebuza e de Mussumbuluko que podem ser encontrados nos Boletins da República (BR’s).

Moçambique. Parentes de detidos em Chimoio revoltados com adiamento do julgamento




Os cinco detidos regressam ao tribunal na segunda-feira juntamente com os políciasm envolvidos na operação.

André Baptista – Voz da América

Um tribunal de Chimoio, capital de Manica  suspendeu ontem a audiência dos cinco apoiantes da Renamo detidos durante os confrontos com a Polícia, na semana passada. O juiz Carlos Mondlane, marcou a audiência para a próxima segunda-feira, dia 6, na qual deverão estar presentes os policias envolvidos.

Cremildo Quembo, da defesa Had-oc, referiu que o julgamento está a decorrer nos tramites legais e assegurou que a suspensão da audiência insere-se nos procedimentos processuais, para o contraditório da matéria constante nos autos.

"O juíz decidiu chamar os polícias que estiveram envolvidos na operação para que possam testemunhar porque não estão  no processo", explicou Quembo.

O adiamento não foi bem recebido por dezenas de familiares dos jovens detidos, com idades entre 17 e 35 anos, que acusam as autoridades de criarem um expediente para manterem os acusados na cadeia.

Eles sustentam que a sua detenção foi um escape da Polícia para justificar uma acção desnecessária, pois a audiência de ontem provou que nenhum deles estava envolvido de forma directa ao comício do partido.

O genro de Luisa Chaimite estava a lavar carros quando começaram os incidentes. "Ele foi levado, espancado e metido no carro pela polícia, fomos à esquadra e disseram que seria libertado logo, mas continua lá", diz Chaimite.

Por seu lado, o chefe do protocolo da Renamo em Manica, Munongolo Campira, que acompanha o julgamento, considerou a suspensão da audiência como uma manobra dilatória da justiça, com interesses políticos e admitiu que os jovens presos não são membros do partido, nem estavam envolvidos nos confrontos.

O dirigente da Renamo reitera que os seus homens não dispararam nem tiveram qualquer atitude agressiva e que foi a polícia que protagonizou os incidentes.

Munongolo Campira diz não estar satisfeito com a suspensão da audiência.

A polícia moçambicana e apoiantes da Renamo envolveram-se em confrontos a 25 de Março quando o Governo municipal proibiu um comício do líder do partido, Afonso Dhlakama, no Estádio Municipal de Chimoio. Do conflito resultaram cinco feridos e 17 pessoas intoxicados por gás lacrimogéneo, lançado por um cordão de segurança dos elementos Polícia, da Força de Intervenção Rápida e do Grupo Operativo Especial (GOE).

O julgamento será retomado na segunda-feira, 6 de Abril.

Xenofobia ameaça estrangeiros em Durban. Moçambicanos querem regressar




Imigrantes moçambicanos pedem para regressar ao país de origem

Simião Pongoane – Voz da América

A situação está calma na região de Isipingo, perto da cidade de Durban, na província sul-africana de Kwazulu-Natal, depois dos ataques registados nos últimos dias contra estrangeiros.

No entanto, 224 imigrantes, incluindo moçambicanos, afectados por ataques xenófobos ainda têm medo de regressarem às suas residências e continuam acomodados num centro provisório.

Alguns moçambicanos dizem que querem regressar ao país de origem desde que tenham apoio em transporte, mas outros acreditam que a paz com os sul-africanos vai ser restabelecida.

O centro provisório de acomodação de Isipingo localizado a cerca de 30 km a sul do Centro da cidade de Durban, recebe os estrangeiros que fogem da violência.

Policias e funcionários municipais e de organizações não-governamentais circulam de um lado para outro e os jornalistas têm de ficar a alguma distância.

Segundo o gestor do centro, estão acomodados 224 estrangeiros provenientes de Moçambique, Republica Democrática do Congo, Burundi, Malawi e Zimbabwe.

Desse total, 27 são moçambicanos. O numero baixou em relação aos dados fornecidos na quarta-feira que apontavam para a existência de 38 moçambicanos.

Segundo o responsável, os números variam porque há pessoas que entram e saem todos os dias. Por exemplo, a moçambicana que estava grávida terá sido levado há dois dias para a hospital, enquanto outras pessoas continuam no centro porque têm medo de regressarem às suas residências depois da odisseia para passaram nas mãos de sul-africanos. 

Alguns jovens dizem que muitos interessados em regressarem à casa mesmo hoje, desde que tenham transporte gratuito para levaram os seus bens poupados durante os ataques.

MACAU VIGILANTE A ALEGADAS TENTATIVAS DE INCORPORAÇÃO NO ESTADO ISLÂMICO




As autoridades de Macau alegam não terem detetado ainda qualquer cidadão chinês que tivesse procurado usar o território para sair da China com o objetivo de se juntar ao Estado Islâmico. O gabinete do Secretário para a Segurança garante, no entanto, que a Região mantém-se vigilante.

Fontes da polícia de Guangdong deram conta na semana passada de alegadas tentativas de cidadãos chineses suspeitos de terrorismo de entrarem ilegalmente em Macau para, através da Região, conseguirem partir para o Médio Oriente via outro país do Sudeste Asiático e juntar-se ao Estado Islâmico no Iraque e na Síria (ISIS).

Em resposta por escrito ao Plataforma Macau, o gabinete do Secretário para a Segurança informa que, “até à presente data, não foi detetado pelas autoridades de Macau nenhum cidadão chinês que tivesse como destino a incorporação nas fileiras do Estado Islâmico”.

Apesar de realçar que “não foi, até hoje, detetada qualquer situação merecedora de preocupação”, o mesmo gabinete salienta que “Macau mantém, como sempre manteve, uma atitude vigilante relativamente a qualquer afloramento terrorista, para tanto adotando de forma dinâmica as medidas de polícia que a tal se ajustem, em função do nível da ameaça”.

De acordo com um documento interno da polícia de Guangdong que circulou na Internet e foi citado esta semana pelo jornal South China Morning Post, cidadãos chineses da região autónoma de Xinjiang e alegadamente de etnia uigur têm-se deslocado para cidades no sul da China como Cantão, Foshan, Zhongshan e Zhanjiang, onde alegadamente aguardam que sejam ajudados a entrar ilegalmente em Macau.

Segundo o jornal Ming Pao, os autores do ataque com facas que deixou 13 pessoas feridas numa estação de comboios de Cantão, no passado dia 06, tinham originalmente o plano de viajar para o Médio Oriente para se juntarem ao ISIS.

Um dos suspeitos foi morto a tiro pela polícia e outro foi detido. Haverá ainda um terceiro atacante em fuga. Este ataque ocorreu horas depois de a polícia ter levado a cabo uma operação noturna na localidade de Xiniujiao, no distrito de Baiyun, em Cantão, contra alegadamente 40 uigures de Xinjiang suspeitos de terrorismo que se escondiam aí num apartamento.

De acordo com um relatório interno da polícia, duas mulheres tentaram atacar os agentes com facas e foram baleadas, tendo acabado ambas por morrerem. Foram ainda detidas 16 pessoas.

Residentes na zona onde teve lugar a operação policial disseram ao South China Morning Post que os uigures se mudaram para Xiniujiao no final do ano passado e que nunca tinham aí vivido.

Fontes da polícia de Guangdong indicaram, segundo o Ming Pao, que estes suspeitos de terrorismo planeavam chegar a Macau para partirem para o Médio Oriente e se juntarem ao ISIS através de outro país do Sudeste Asiático, mas que foram forçados a permanecer em Cantão depois do barco que tinham arranjado ter naufragado no mês passado.

NAUFRÁGIO EM MACAU

A 27 de fevereiro, uma embarcação com 17 a 18 imigrantes ilegais chineses naufragou ao largo de Coloane, tendo sido detidas seis pessoas e quatro terão conseguido escapar.

No início deste mês, os corpos de um homem e de uma mulher foram encontrados na praia de Hac Sa, suspeitando as autoridades tratarem-se de dois dos sete ou oito passageiros que estavam desaparecidos após o naufrágio.

Segundo as autoridades locais, os detidos afirmaram que o grupo pretendia chegar a Macau para jogar nos casinos do território.

O relatório da polícia chinesa citado pelo South China Morning Post refere que, a 02 de março, fruto do trabalho conjunto da polícia de Macau e da China continental, foram detidos dois homens de Zhongshan e Xinjiang, respetivamente, suspeitos de tráfico humano por alegadamente terem organizado dois grupos de suspeitos terroristas uigures para entrarem ilegalmente em Macau no final de fevereiro.

“Outros uigures estão a aguardar para serem enviados ilegalmente para Macau por este grupo e encontram-se em Cantão, Foshan, Zhongshan e Zhanjiang”, referia o mesmo documento.

Essas duas detenções terão levado a polícia, segundo o Ming Pao, até aos suspeitos escondidos num apartamento de Baiyun.

O gabinete do Secretário para a Segurança de Macau disse a este jornal que os “tripulantes da embarcação naufragada viram ser-lhes aplicadas as medidas legalmente estatuídas em função da sua concreta situação, tendo-se feito regressar à origem aqueles que não possuíam os documentos adequados a entrar e permanecer na RAEM”.

Questionado sobre o número de detenções de indivíduos uigures ou originários de Xinjiang registadas em Macau desde o início do ano, o mesmo gabinete informou não dispor de dados por os “cidadãos chineses de etnia uigur não serem, nessa qualidade, alvo de qualquer tratamento estatístico diferenciado relativamente aos demais cidadãos chineses”.

GUANGDONG EM ALERTA

Segundo o Ming Pao, as autoridades de Cantão tiveram uma reunião de emergência após a operação no início do mês em Baiyun para reforçar a segurança nos aeroportos, estações de comboio, de metro e portos, mas não conseguiram evitar o ataque com facas a 06 de março.

O South China Morning Post informou que Cantão está sob alerta máximo de segurança, as cidades do Delta do Rio das Pérolas sob o segundo alerta mais elevado e o resto da província de Guangdong sob alerta três, segundo o relatório policial interno, que apelava também a uma maior atenção aos aeroportos, estações de comboio, metro e portos.

A imprensa estatal chinesa tem, de acordo com o Ming Pao, evitado abordar alegações de que os autores do ataque em Cantão tenham sido muçulmanos de etnia uigur da região autónoma de Xinjiang, no noroeste da China. Informações sobre o ataque foram mesmo removidas de relatos da imprensa estatal na Internet e algumas fotos e vídeos foram também apagados, segundo o mesmo jornal de Hong Kong.

No final de 2014, a Indonésia deteve quatro uigures acusados de terem recebido treino em campos de um grupo radical ligado ao ISIS naquele país. O Governo chinês chegou a acusar no passado separatistas islâmicos de Xinjiang de terem sido treinados pela Al-Qaeda e outras organizações terroristas internacionais.

A minoria étnica muçulmana uigur concentra-se em Xinjiang e constitui mais de um terço dos 21 milhões de habitantes dessa região. Os uigures, povo turcomano, têm sido acusados de ataques terroristas na China nos últimos anos, semelhantes ao que foi registado em Cantão este mês.

Em maio do ano passado, seis pessoas ficaram feridas também num ataque com facas numa estação de comboio de Cantão, depois de em março 29 civis terem sido mortos e mais de 140 terem ficado feridos noutro que teve lugar numa estação de Kunming.

Em 2002, os Estados Unidos e as Nações Unidas classificaram o “Movimento Islâmico do Turquistão Oriental” (o nome de duas pequenas repúblicas independentes que os uigures criaram em Xinjiang entre 1930 e 1949) como uma organização terrorista.

Principal fonte de petróleo e gás natural para a China, Xinjiang foi considerada como província pela dinastia Qing em 1884, período a partir do qual os uigures, que acusam Pequim de discriminação, começaram uma luta pela independência.


Autores da Lei Básica de Hong Kong não quiseram escolha dos candidatos pela população - Governo




Hong Kong, China, 05 abr (Lusa) -- O líder de Hong Kong, Leung Chun-ying, disse que os redatores da Lei Básica de Hong Kong nunca quiseram que fosse a população a escolher os candidatos a chefe do executivo daquela região administrativa especial chinesa.

As declarações de Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, foram proferidas no sábado, um mês antes da divulgação da proposta final do Governo para a primeira eleição na região que vai decorrer sob o princípio "uma pessoa, um voto" para escolher o próximo chefe do executivo da cidade, em 2017, escreve o South China Morning Post (SCMP).

Pequim decidiu que os candidatos à primeira votação popular para o líder da cidade têm de ser pré-selecionados por um comité de 1.200 membros, uma situação que muitos consideram de "falsa democracia".

A proposta final do Governo de Hong Kong vai ser votada no Conselho Legislativo este verão.

Após as declarações de sábado, CY Leung foi imediatamente acusado de apresentar factos errados por um membro pró-democrata da comissão de 59 pessoas que redigiu a miniconstituição de Hong Kong nos anos 1980.

O atual chefe do executivo de Hong Kong, que falava num seminário para assinalar o 25.º aniversário da promulgação da Lei Básica, referiu cinco opções para eleger o líder da cidade apresentadas pela comissão em 1988.

"Entre as cinco, duas contemplavam o sufrágio universal, mas nenhuma era sobre a nomeação pública (pelos eleitores)", disse CY Leung, na altura secretário-geral da comissão consultiva da Lei Básica, um órgão de apoio à comissão e redação da mesma.

"E nenhuma dizia que não podíamos ter sufrágio universal pleno sem nomeação pública. Não há sequer menção aos designados padrões internacionais", acrescentou.

Após o seminário, CY Leung disse que as pessoas "não deveriam esquecer a ideia original" por detrás da Lei Básica, que era dar o poder exclusivo da escolha dos candidatos ao comité de nomeação.

Pequim determinou no ano passado que o comité composto por 1.200 pessoas e os concorrentes a candidatos - dois ou três selecionados no máximo - deveriam ter o apoio de mais de 50% dos respetivos membros antes de poderem ser votados pelos eleitores. A decisão, argumentou, CY Leung, era "mais democrática" do que as opções apresentadas há 27 anos.

O chefe do executivo de Hong Hong sublinhou que a Lei Básica também refere que a reforma devia ser implementada "à luz da atual situação em Hong Kong".

"O mais importante na atual situação é que Pequim já tomou, em agosto, a decisão, que não podemos eliminar ou alterar", acrescentou.

Martin Lee Chu-ming, um dos membros da comissão de redação da Lei Básica de Hong Hong e fundador do Partido Democrático, disse que Leung estava "factualmente errado".

O político observou que uma das referidas cinco propostas sugeria que um cidadão podia tornar-se candidato se fosse nomeado por 50 pessoas, embora na altura os candidatos fossem votados por um comité formado por apenas 600 membros.

"CY Leung também ignorou o facto de a Lei Básica ter por base tratados internacionais de direitos humanos e no direito ao voto e a participar em eleições... Ele está a dizer coisas sem sentido", disse.

FV // MSF

Governo timorense pede atribuição de medalha Nicolau Lobato a ex-bispo de Díli




Díli, 4 abr (Lusa) - O Governo timorense deliberou solicitar ao presidente da República a atribuição da Medalha da Ordem Nicolau Lobato ao ex-bispo de Díli Alberto Ricardo da Silva, que morreu na passada quinta-feira em Díli, disse à Lusa o primeiro-ministro.

Rui Araújo disse que a decisão foi tomada numa reunião extraordinária do Conselho de Ministros, realizada hoje e onde se aprovou solicitar a Taur Matan Ruak a atribuição da condecoração a título póstumo.

A Ordem Nicolau Lobato, que se destina a distinguir "honrosos serviços prestados à Nação", foi criada para "honrar Combatentes Veteranos da Libertação Nacional e Combatentes da Libertação com oito ou mais anos de participação que tenham atuado como civis".

Durante a reunião extraordinária de hoje, o Governo aprovou ainda uma segunda resolução em que define segunda-feira, dia do funeral de Alberto Ricardo da Silva como "dia de luto nacional", dando instruções a "todas as instituições do Estado para içarem a bandeira a meia haste entre as seis da manhã e seis da tarde".

Desde que a morte de Alberto Ricardo da Silva foi conhecida que centenas de pessoas, incluindo os principais líderes timorenses, visitaram a residência do prelado, onde foi realizado o velório.

O corpo do bispo emérito ficará a partir de domingo na Catedral de Díli onde deverá ser feito novo velório - esperando-se também a presença das principais figuras do Estado timorense - antes do funeral na segunda-feira.

Recorde-se que o bispo, que sofria de doença prolongada e tinha resignado ao cargo no início deste ano, morreu na noite de quinta-feira no Hospital Nacional Guido Valadares.

Alberto Ricardo da Silva, 71 anos, resignou do cargo no início do ano devido a problemas de saúde e em 2014 tinha estado em tratamento na Austrália devido a uma neoplastia cerebral.

No passado dia 09 de fevereiro, o papa Francisco aceitou a resignação apresentada pelo bispo de Díli, que alegou motivos de saúde para deixar o cargo.

Natural de Aileu, onde nasceu a 24 de abril de 1943, Alberto Ricardo da Silva foi nomeado bispo de Díli em 2004.

Timor-Leste conta, além de Díli, com duas outras dioceses, em Baucau, onde está o bispo Basílio do Nascimento e a de Maliana, onde está o bispo Norberto Amaral.

Desde a resignação do bispo Alberto e enquanto decorre o processo de nomeação do seu sucessor - foram apresentadas três propostas de Timor-Leste - Basílio do Nascimento assume as funções de administrador apostólico de Díli.

A morte de Alberto Ricardo da Silva é a primeira de um prelado timorense desde o falecimento do ex-bispo de Díli, Martinho da Costa Lopes, em fevereiro de 1991.

ASP // MSF

Detido na Austrália ex-líder trabalhista depois de lutar contra grupo estado islâmico




Sydney, Austrália, 05 abr (Lusa) -- A polícia australiana deteve hoje um antigo sindicalista e dirigente regional do Partido Trabalhista no seu regresso à Austrália, depois de ter combatido ao lado das milícias curdas contra o grupo estado islâmico na Síria, informou a imprensa local.

Matthew Gardiner, de 43 anos, que saiu da Austrália no início do ano, foi detido esta manhã no aeroporto de Darwin, no norte do país, após regressar do Médio Oriente via Estocolmo e Singapura, segundo a estação de televisão ABC.

Gardiner, que serviu como engenheiro no exército australiano na Somália nos anos 1990, foi demitido da presidência da filial do Partido Trabalhista no Território Norte e a sua militância foi suspensa após ter saído do país, indicou o partido.

Um porta-voz do Procurador-Geral disse que os australianos estão proibidos de apoiar qualquer grupo armado na Síria, incluindo as milícias curdas e que combater no estrangeiro pode ser punido até com pena perpétua na Austrália.

"Sabemos que há australianos que acreditam estar a tomar a decisão correta ao envolverem-se em conflitos no estrangeiro, mas isto só agrava o sofrimento na Síria e no Iraque e coloca esses australianos em perigo", disse o porta-voz.

O Governo estima que 110 australianos saíram do país para se juntarem à luta do estado islâmico, cerca de 20 dos quais terão morrido em combate, enquanto outros 400 são vigiados pelas forças de segurança do país oceânico.

FV // MSF

Confrontos em manifestações contra islamismo em várias cidades australianas




Sidney, Austrália 04 abr (Lusa)- Centenas de pessoas protestaram hoje "em defesa da identidade australiana" e contra o que consideram ser a islamização do país, em várias manifestações que acabaram em confrontos com ativistas antirracistas.

O coletivo "Recuperar Austrália" organizou concentrações numa dezena de cidades onde os manifestantes ostentaram bandeiras australianas e mostraram cartazes onde se podia ler "Não ao Islão, não à sharia [lei islâmica], não ao halal [comida autorizada para muçulmanos] ".

Os organizadores negaram que os protestos fossem contra os muçulmanos e insistiram que apenas contestam o extremismo islamita.

"Não estamos contra nenhuma raça ou religião em particular. Estamos contra os extremistas de uma religião em particular", disse um dos organizadores dos protestos.

Os protestos suscitaram a realização de contramanifestações de ativistas antirracistas que acusaram o movimento "Recuperar Austrália" de ser antimuçulmano.

"Isto é claramente um ataque aos muçulmanos e à comunidade muçulmana neste país. Tudo é sobre a comida halal, a lei islâmica, proibir a burca", disse uma das organizadoras de uma contramanifestação em Sidney.

Manifestantes dos dois grupos trocaram insultos e, em alguns casos, chegaram mesmo a confrontarem-se, o que obrigou à intervenção da polícia.

Em Sidney, cerca de 500 pessoas concentraram-se nas imediações da cafetaria onde em dezembro um homem, que se dizia inspirado pelo movimento autodenominado Estado Islâmico, se barricou, acabando por morrer juntamente com dois reféns.

Em Melburne, policias a cavalo tiveram que colocar-se entre os dois grupos para evitar os confrontos.

Realizaram-se ainda manifestações em Brisbane, Adelaide, Perth e Hobart, onde um homem que participava na marcha do "Recuperar Austrália" foi detido e acusado de assalto depois de confrontos entre o seu grupo e os defensores do multiculturalismo.

CFF // MSF

“JESUS CRISTO NUNCA EXISTIU” - historiador




Numa altura em que se celebra a ressurreição de Jesus Cristo entre os cristãos há um historiador que assegura que Jesus de Nazaré nunca existiu.

David Fitzgerald alega, num livro da sua autoria, que tudo não passa de uma invenção de escritores que viveram décadas após a morte de Jesus.

“Dizem que Jesus fez todas estas coisas maravilhosas, mas ninguém ouviu falar dele até cerca de 100 anos após a sua morte”, diz o escritor norte-americano citado pelo Metro.

O historiador defende que a ideia de Jesus, o Salvador, surgiu décadas depois da morte de Jesus de Nazaré e não passa de uma invenção criada a partir da combinação de informações de diferentes líderes judeus da época.

David Fitzgerald alega que Jesus Cristo, tal como o conhecemos nos dias de hoje, não passa de uma invenção literária.

“Dois mil milhões de pessoas acreditam que aconteceram milagres, no entanto, não há qualquer evidência de que tenham realmente acontecido”, assegura.

Notícias ao Minuto

HÁ DOIS MIL PORTUGUESES COM SALÁRIOS EM ATRASO EM ANGOLA



Virgínia Alves – Jornal de Notícias

Empresas portuguesas da construção a operar em Angola estão a viver um teste de resistência, dadas as dificuldades de liquidez naquele país.

Só agora foi criada pelo Governo português uma linha de apoio às empresas com ligação ao mercado angolano. Apesar do esforço para salvar os negócios lusos, há impactos já consumados e de difícil resolução: os salários em atraso de quem lá trabalha.

Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal (SCP), diz que "muitas empresas que em Portugal faliram e foram para Angola estão a fazer o mesmo lá. São mais de dois mil os trabalhadores com salários em atraso de dois e três meses, e a tendência é para piorar".

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PASSAGEM



Carvalho da Silva – Jornal de Notícias, opinião

Ocorre-me o que aprendi há muitos anos. Páscoa significa passagem: passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada a principal festa da cristandade. Na cultura judaico-cristã, a Páscoa assinala a libertação de um povo ocorrida há mais de três mil anos.

Este é o período do ano em que os cristãos são chamados a despirem-se de complexos e a saberem ser insubmissos e incómodos, a recusarem a escravidão, apostando na transformação criadora e vivificante das pessoas, das suas estruturas sociais, políticas e religiosas, a combaterem fechamentos humanos. É um chamamento oportuno que todos podemos e devemos abraçar.

Há cinco anos que vivemos em penosa austeridade - uma espécie de cativeiro que nos vem privando de esperança no futuro. Sentimos necessidade de Páscoa, de libertação de múltiplas opressões, violências e injustiças. É preciso ação solidária com os muitos que gritam pela passagem a horizontes de uma vida nova.

Libertação de ideologias e de políticas sufocantes que nada propõem senão cortes em direitos sociais e humanos e empobrecimento para pagar dívidas que não param de crescer. Libertação de discursos políticos mentirosos que se alimentam de sucessos propagandísticos que só não vemos porque estão sempre no virar da esquina. Libertação das imposições egoístas dos países mais poderosos. Libertação dos interesses poderosos de uma ínfima minoria que se desligou do comum dos mortais para viver em nenhum lado, entre paraísos fiscais e praias tropicais. Libertação de um capitalismo que asfixia os povos, transformando tudo (ou quase tudo) em fonte de capital, de lucro e de consumo.

Até as festas, grande parte delas de caráter religioso, como a Páscoa ou o Natal, o Dia da Mãe, ou o Dia da Criança, são tomadas apenas como dias de um consumo maior. Sem abdicarmos de viver certas dimensões de prazer que podemos e devemos usufruir, há que repor, na nossa vida individual e coletiva, sentidos originais e humanos nas festas que comemoramos.

Com as possibilidades de produção e de distribuição de riqueza hoje existentes, a pobreza é ignóbil escravidão: os pobres têm o direito à passagem para uma vida digna e todos temos a obrigação de nos indignarmos ativamente perante a pobreza, as injustiças e as humilhações. Não podemos continuar submissos a políticas que entre 2008 e 2015 reduziram a população ativa em mais de 600 mil pessoas, que provocam uma taxa de desemprego oficial de 14,1%, mas muitas mais centenas de milhares dos portugueses em "desemprego oculto", de acordo com as categorias (catalogação) do INE, de organismos europeus e da OIT.

Tomemos as simbologias da Páscoa e incitemos os jovens a não abdicarem de sonhar, de exigirem condições para uma vida feliz, pessoal e em família; a escorraçarem os vendilhões das precariedades e inseguranças, das ruturas entre gerações, da "inevitabilidade" dos baixos salários.

Temos de construir passagem para uma sociedade que cumpra as promessas da democracia. Em que governem não os assalariados das elites cosmopolitas ao serviço da minoria que de tudo se apropria, mas pessoas que se dispõem a contribuir, por imperativo cívico durante um período das suas vidas, para assegurar a boa governação do que é de todos. Em que todos tenham direito ao trabalho e o trabalho não seja uma corveia indigna. Em que o dinheiro não seja condição para aceder aos direitos sociais fundamentais a que todos devem ter direito.

Temos de nos libertar das escuridões de hoje. Dos "fanatismos ideológicos" e dos conflitos gerados pelos interesses de um sistema económico e financeiro cego e tirano, sustentado pela idolatria do dinheiro, sistema que se implantou e vai medrando debaixo da capa de falsos pragmatismos.

Passemos a ser mais incómodos e insubmissos nas nossas vidas, nas organizações, nos movimentos sociais, culturais e religiosos, nas universidades, nos partidos políticos. A esperança nasce da resistência às opressões e humilhações, da disponibilidade e empenho em transformar a sociedade harmonizando os interesses dos seres humanos e a relação destes com a natureza, e não abdicando do novo que representa uma sociedade sem exploração e solidária.

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