terça-feira, 19 de maio de 2015

AFROCAPITALISMO, DESENVOLVIMENTO E LUTA DE CLASSES (Parte 2)



Rui Peralta, Luanda

O mundo dos povos ou a luta pelo planeta Terra sem amos e sem fronteiras

I -  Mantras e oráculos

Nos últimos 20 anos, cerca de 30 mil pessoas morreram às portas da Europa. Em 2014 a cifra da morte refere cerca de 3 mil e 500 pessoas e no presente ano de 2015 ("ano do desenvolvimento" segundo a UE) estimam-se entre 1700 e 2000 mortes até fins de Abril. De cimeira em cimeira os dirigentes europeus e africanos inventaram a ilusão do "desenvolvimento económico" que baseia-se no seguinte oráculo: "o desenvolvimento cobrirá as necessidades de África". O "novo oráculo" ganhou forma na Conferência de Rabat e de Trípoli, em 2006, foi revisto em Ugadugu e Paris (2008) e ê decorado em todas as cimeiras euro-africanas (metrópoles-província?) realizadas até 2015, ano em que a UE debateu entre si (sem a presença indiferente dos responsáveis africanos) as vagas migratórias africanas que se abatem nas suas costas mediterrânicas e do Atlântico Sul.

O assunto tornou-se urgente em Bruxelas e de forma febril iniciou-se um processo de contratações e subcontratações, confina-se, projetam-se centros de detenção e de retenção, arquipélagos concentracionários à imagem dos campos de extermínio dos nazis (que hoje rebolam-se nas campas, rindo dos seus juízes e questionando-se porque em vez de os enviarem para um tribunal em Nuremberga não os colocaram a dar formação de arte e ciência do extermínio e do genocídio num qualquer instituto de formação profissional, ou a realizar workshops de formação de quadros) longe dos olhos das gentes, dos direitos, liberdades e garantias. Enquanto Bruxelas reunia-se, consultando o oráculo, os responsáveis africanos batiam com as cabecitas duras nas rochas, repetindo ferverosamente e de forma metódica, por que razão o oráculo não lhes respondia, a eles crentes sequiosos de fé, metodologicamente expressa nas palavras sagradas: "taxa de crescimento". Cegos, surdos e mudos, de tanto baterem com a cabeça na rocha, os responsáveis africanos viraram-se para Oriente (não para Meca que é metodologia incorreta, mas para a "Ásia profunda") abandonando o oráculo e passando a recitar o "mantra" do desenvolvimento "neo-Bandung".

Com as suas mortes, no mar ou no deserto, os jovens africanos interpelam os seus governos e as metrópoles do Ocidente e do Oriente, onde os governantes africanos e as oligarquias económicas e burocráticas do continente passeiam a sua exuberante e luxuosa submissão (que a prepotência fica em casa quando se visita o patrão). Com as suas mortes no deserto e no Mediterrâneo, os jovens africanos lançam um repto ao mundo, um grito amordaçado à ONU e aos Objectivos do Milênio para o Desenvolvimento (que termina este ano. Que constará no relatório final? Mais um oráculo? Um mantra? Uma pia baptismal? Ou uma grande campanha de marketing a anunciar os novos objectivos do milénio?).

II - A Europa-Fortaleza e a África-Presidio

Para demonstrar que está a fazer algo a Europa veste a camisa do avesso e ataca os traficantes. É claro que estes têm de ser condenados, mas eles não são a causa do problema, apenas uma das suas inúmeras consequências. Aliás este tipo de raciocínio, próprio do polícia que anseia pela promoção, vem na sequência de outro perigoso "palpite" que considerava os emigrantes africanos como "terroristas" (em alguns países africanos da faixa Atlântica mais a sul esta lengalenga pegou: os emigrantes africanos e do Médio-Oriente são todos uma cambada de terroristas e agentes desestabilizadores, que roubam diamantes e fazem buraquinhos nos "pipe-lines" e trazem consigo hábitos nocivos, costumes pecaminosos e religiões estranhas e fanáticas, que adoram o seu Deus em língua estrangeira. Desta forma sustenta-se uma imensa multidão de bufos improdutivos, empregados num ineficiente e dispendioso sistema de segurança integrada que passa o tempo a inventar cenários, todos de péssima prosa, pobre de palavras e vazia de sentido, mas eficaz a cobrir interesses de rapina e obscuras intenções).

A intervenção do Papa e de outras autoridades religiosas cristãs e islâmicas fez recuar o bando de comissionistas e lobistas que os monopólios da indústria da defesa e da segurança (que vêm nas vagas migratórias uma excelente fonte de receitas, assim como no terrorismo ou nos folhetos jornalísticos que relatam casos de facadas nas velhinhas) recrutaram nos aparelhos de Estado da Europa e nas instituições da UE. Perante o alerta dos religiosos e as multidões de seres humanos desesperados, vindos de "exóticos lugares" (Eritreia, Mali, Republica Centro-Africana, Libéria, Níger, Camarões, Guiné-Conacri, Gambia, Sudão do Sul, Somália...) colocar o acento do problema nos traficantes é de uma leviandade própria dos personagens das telenovelas impróprias para consumo, ou de um policial barato da serie B, onde o policia bêbado desvenda o crime que ele próprio cometeu quando estava sóbrio e prendeu o cúmplice.

Mais que os emigrantes, os seus itinerários e as redes de tráfico de pessoas é a natureza das economias europeias e africanas e das suas relações que devem ser equacionadas. No banco dos réus devem comparecer os traficantes, como cúmplices do crime, mas primeiro deve comparecer os "cabecilhas" do bando, os autores morais e de facto do crime: o capitalismo e os seus instrumentos de acumulação e de reprodução: o neocolonialismo e o imperialismo. É a Fortaleza-Europa e a África-Presidio que devem ser julgados no tribunal dos Homens, são os monopólios da indústria da segurança, mais os "experts" que apenas olham para os "conceitos estratégicos e territoriais", para as "muralhas e fronteiras", os desavergonhados que propõem a "solução final" dos centros de detenção à maneira fascista, espezinhando, simultaneamente, o direito internacional, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Carta das Nações Unidas. E depois, muito depois das burocracias corruptoras e ao nível dos polícias e funcionários corruptos que retêm a documentação dos emigrantes, exigindo o pagamento de "tributos" e "taxas de entrada e de saída", é que estão os traficantes. Quanto ao direito básico que enuncia "o direito de toda a pessoa deixar qualquer país, incluindo o seu" é ignorado, espezinhado e sistematicamente atirado para o cesto dos papéis...

Os emigrantes africanos (tal como os seus congéneres latino-americanos e asiáticos) sofrem na pele as "normas de segurança", a vigilância das fronteiras, o FRONTEX, os dispositivos eletrónicos de segurança, a presença militar, as feras, os transportes clandestinos sem quaisquer condições, os itinerários infindáveis, as doenças e a indiferença dos seus governos e muitos encontram na morte o fim dos seus tormentos, mas transportam o sonho de uma vida melhor, mais digna, que ofereça algo que na sua terra foi executado à nascença: o futuro.

III - Os acordos homicidas

Em 2010 a 3° Cimeira Africa-UE realiza-se na Líbia e todos os participantes (cerca de 80 Estados africanos e europeus) estabelecem acordo em torno de um "plano de acção" a cumprir entre 2011 e 2013, que englobava a criação de empregos, investimento, crescimento económico, agricultura e emigração. Os acordos foram estabelecidos e o que aconteceu de seguida? A Líbia foi desestabilizada, invadida pela NATO e destruturada, acabando entregue a bandos armados. Milhares de trabalhadores da Africa subsaariana e do Magreb que emigraram para a Líbia perdem os seus empregos, juntando-se aos milhares de desempregados dos seus países de origem, dispostos a emigrarem a qualquer preço.

A luta contra a austeridade, pela igualdade, pela justiça económica e social são consignas dos povos de todo o mundo, porque a austeridade, a precaridade e a profunda desigualdade são males que atravessam a economia-mundo, o mundo das fronteiras e dos amos, dos Senhores da Guerra e dos Estados, dos funcionários alfandegários e dos capatazes, dos policias fardados e dos bufos à civil, com óculos escuros e fato barato.

Na Europa gregos e portugueses emigram em massa, em África as emigrações em massa originadas na Africa subsaariana e no Magreb atingiram uma escala catastrófica, na América Central e do Sul a caminhada para Norte prossegue, na Asia as vagas migratórias provindas dos grandes nichos de 4° mundo que prevalecem no continente asiático abatem-se sobre regiões onde a vida é mais digna e o trabalho é possível. A grande maioria destas vagas migratórias não existiriam se as políticas económicas gerassem riqueza para toda a sociedade. Mas essa é uma realidade que as oligarquias não querem admitir.

Quando em 2001 a agricultura africana foi lançada na estrutura convencional dos mercados globais sem qualquer preparação prévia iniciou-se uma catástrofe de grande amplitude para os camponeses, comunidades rurais e famílias africanas dependentes da actividade agrícola. O domínio das transnacionais agroindustriais e o agro-negócio geram milhões de desempregados no campo, sem qualquer hipótese de serem absorvidos pela indústria ou serviços, mesmo que o crescimento económico seja de dois dígitos. Para agravar a situação a instabilidade alastra no continente. Nas regiões em conflito a insegurança impede a actividade económica. Camponeses, pequenos e médios agricultores pastores, criadores de gado, pescadores, artesãos e comerciantes ficam impossibilitados de trabalhar. Ora os emigrantes provêm destes sectores, que são afectados pelos Acordos de Cooperação Económica (APE) impostos (nuns casos) aos Estados africanos ou cegamente aceites por estes (em muitos casos) e pelo Tratado Transatlântico de Livre Comércio (TTIP).

O derrube das barreiras alfandegárias e o Livre Comercio são bem-vindos a África, mas as Boas Vindas apenas podem ser dadas por todos os africanos quando existir uma igualdade de oportunidades e de facto entre os produtores africanos e os seus congéneres ocidentais. Estes programas para serem benéficos para o conjunto das debilitadas e dilaceradas economias africanas terão de ser revistos e a sua execução a longo-prazo, de forma faseada, sob supervisão cidadã, ou seja, sob a alçada da soberania popular, das instituições e organizações cidadãs e não apenas sob o olhar dos Estados ou das agências privadas.

IV - Os filhos de África

A grande quantidade de homens, mulheres e crianças que se afogam nas águas mediterrânicas e do Atlântico Sul ou que desaparecem nas areias do deserto é uma imagem pouco divulgada e uma noticia raramente difundida e sempre de forma fugidia. A morte, aos milhares, de pais, mães e filhos é uma realidade ocultada, porque demonstrativa da violência e depredação do capitalismo. Cada emigrante engolido pelo Mediterrâneo ou pelas areias do deserto é filho de África e o seu grito permanecerá gravado na memória ancestral do continente-mãe.

A mamã Africa è, também terra de mães, de viúvas e de órfãos. Mães que vêm os seus filhos transformados em emigrantes "clandestinos", narcotraficantes ou em "combatentes islâmicos" ao serviço dos bandos fascistas islâmicos. São mães que choram a morte dos filhos ou sofrem pelo destino daqueles que geraram nos seus ventres. Foi um grupo de mães e viúvas de emigrantes engolidos pelo mar que reuniu-se em Thiaroye, Senegal, encabeçadas pela indomável Yahy Bayam Diouf. Rumaram para Bamaco, Mali, onde reuniram-se com mães e viúvas de emigrantes engolidos pelas águas mediterrânicas e em conjunto regressaram ao  Senegal, mães e viúvas africanas, do Mali e do Senegal que rezaram, numa embarcação, pelos seus entes queridos, mortos nas águas do mar e pelos sobreviventes deportados, os mortos-vivos que vegetam no desemprego, já sem sonhos (quem disse que os Homens não perdem os sonhos? E já viram um Homem sem sonhos, um Homem a quem extraíram os sonhos? Nada mais horripilante que o olhar vazio de um Homem sem sonhos...).

E África é como estas mães inquietas e pensantes, cujos filhos foram sacrificados nos aromatizados altares dos mercados...

V - Da aldeia global ao presidio global

A quem pertencem os recursos mineiros, energéticos, agrícolas, florestais, pesqueiros e outros que a economia-mundo necessita? Aos filhos de África que morrem às portas da Europa. Os pilares do crescimento europeu encontram-se nas terras de origem dos emigrantes "clandestinos". As terras do Sahel e do Magreb, onde repousam estas riquezas foram paulatinamente convertidas em campos de batalha. Por isso todos somos perdedores. O Ocidente pensa mesmo que defende os seus interesses manipulando e instrumentalizando o Conselho de Segurança e violando acordos como fez com a Líbia? Pensa mesmo o Ocidente que defende os interesses das suas empresas, levando a guerra aos pontos onde se situam os pilares da sua riqueza? Julga o Ocidente defender a liberdade de circulação quando cada vez existem mais e maiores zonas de risco, para onde não podem deslocar-se? Somos todos perdedores e somos todos confinados a espaços concentracionários. A aldeia global já não é mais aldeia...é um presidio.

E como derrubar os muros do presidio? Através da convergência das lutas em África, na Europa, na América e na Ásia, de forma a constituir uma rede global de trincheiras firmes. E porquê? Porque não são apenas as embarcações que transportam os emigrantes africanos que se afundam...é a dignidade inerente a todos os homens e mulheres que constituem a humanidade que se afoga nas aguas revoltas dos "mercados” da economia-mundo...é a sua condição humana que se afunda nos leitos lamacentos do Capital...e porque é na continuidade da luta que se adquire a certeza da vitoria!

(continua)

FEIRA DO LIVRO DE LISBOA NO PARQUE EDUARDO VII – 28 de Maio a 14 de Junho




Feira do Livro de Lisboa o regresso com conferências, "show cooking", novidades para os miúdos

A 85.ª edição, que se realiza de 28 Maio a 14 de Junho no Parque Eduardo VII contará nesta edição com muitas novidades, para além de uma número record de participantes e de pavilhões esperando deste modo ultrapassar o número de visitantes.

De regresso à cidade de Lisboa, a 85.ª edição da Feira do Livro de Lisboa traz novidades que vão surpreender todos os que a visitem, entre 28 de Maio e 14 de Junho, no Parque Eduardo VII.

A inauguração oficial está marcada para as 16:00 do dia 28 de Maio, contando com a presença de Fernando Medina, presidente da edilidade e do Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

Uma das principais novidades deste ano é o palco "Show Cooking", localizado na entrada da Feira do Livro junto ao Marquês de Pombal, onde será dado destaque às apresentações de livros de gastronomia e culinária, permitindo assim ir ao encontro de um tema que suscita cada vez mais interesse por parte do público.

"Retomando o conceito de restauração da edição passada, que se provou um verdadeiro sucesso, a 85.ª Feira do Livro de Lisboa vai contar com mais de 30 espaços gourmet/street food, 11 dos quais novidade, permitindo aos visitantes usufruírem, ainda mais, desta zona de lazer.

Assim, entre compras, debates e sessões de autógrafos, todos poderão aproveitar a área da restauração composta por inúmeras ofertas gastronómicas, desfrutando de uma refeição descontraída, quer seja em família ou entre amigos", refere a nota de imprensa.

Pela primeira vez, e realizada em parceria com as Bibliotecas Municipais de Lisboa, a Feira do Livro vai permitir a cerca de 120 crianças passarem uma noite única na Feira, rodeadas de livros, histórias e letras.

A iniciativa "Noites Happy Readers: Acampar com Histórias", apoiada pela McDonald's Portugal, repete-se durante seis noites ,29 e 30 de Maio, 05, 06, 12 e 13 de Junho, tendo como objectivo desenvolver o gosto pela leitura junto dos mais novos. Será uma forma diferente de promover o Livro e o encanto que o mesmo transmite com as estórias que encerra.

O acampamento terá início pelas 18:30, seguindo-se uma visita pela Feira do Livro, passando pelo stand das Bibliotecas de Lisboa e pela Happy Van, uma biblioteca móvel desenvolvida com o intuito de fomentar os hábitos de leitura, de uma forma lúdica.

Após o jantar os participantes serão envolvidos por fazedores de livros, desenhadores de personagens e contadores de palavras, num programa surpresa que será diferente a cada noite, propiciando a cada grupo uma experiência única e inesquecível.

O programa vai contar com a participação de nomes como Marc Parchow (ilustrador), que vai contar uma história, tocar viola, cantar e ilustrar; João Ricardo (actor e escritor) e Ana Sofia Gonçalves (ilustradora), que vão contar a história "Queres namorar comigo", seguindo-se uma oficina de ilustração; Sandro Junqueira (escritor, actor e encenador); e Bruno Batista (contador de histórias). Ainda antes da hora de deitar, os participantes desta actividade andarão "Em Busca do Papiro" num peddy paper pela Estufa Fria de Lisboa, onde irão descobrir não só o espaço em si, mas também aprender sobre as muitas plantas que habitam o espaço.

A hora do sono não chega, porém, sem se ouvir uma "História de Encantar" e pela manhã, depois do pequeno-almoço, os participantes preencherão o diário gráfico desta experiência e percorrerão os jogos pedagógicos das "Ideias com História" até os pais chegarem, pelas 10:45.

Outra das novidades da 85.ª edição da Feira do Livro de Lisboa será a realização de um ciclo de conferências em cada quinta-feira, 28 de Maio, 04 e 11 de Junho e que contará com a presença de um orador Internacional que colocará em debate a perspectiva europeia da indústria do livro.

A 28 de Maio, a conferência será subordinada ao tema dos direitos de autor/pirataria e contará com a presença de Pierre Dutilleul, Presidente da Federation of European Publishers, de Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura e de João Alvim, Presidente da APEL.

A segunda conferência, a 04 de Junho, abordará o tema da lei do preço fixo e contará com a presença de Kyra Dreher, Co-Presidente da European and International Booksellers Federation.

A última das três conferências, que acontecerá no dia 11 de Junho, traz a Portugal Richard Charkin, Presidente da International Publishers Association e terá como tema os constrangimentos internacionais aos direitos de autor e à luta contra a pirataria.

Outra das novidades será o I Encontro Literário "Nós e os Livros", que num ambiente informal e descontraído reúne vários adeptos da literatura para uma conversa em torno de um denominador comum, o Livro, com vários painéis temáticos.

Em parceria com o Diário do Distrito e os blogues Os Livros Nossos e Crónica de Uma Leitora, a organização da Feira promove no dia 10 de Junho, a partir das 15:00, os painéis: "Novos trends da literatura - do new adult às adaptações"; "Literatura fantástica – o que se lê em Portugal? Géneros, subgéneros e públicos-alvo"; "Literatura policial/thriller – clássicos ou contemporâneos?"; e "Literatura erótica e romântica – géneros, subgéneros e trends actuais".

"A Fundação Francisco Manuel dos Santos volta a marcar presença na 85.ª edição da Feira do Livro de Lisboa, promovendo um ciclo de 11 debates subordinados a temas distintos, com convidados e oradores variados. Tendo como missão estudar e debater a sociedade portuguesa, os debates promovidos pela Fundação, na Feira do Livro, abordarão temas como a economia portuguesa, o parlamento português, o ensino, entre outros", refere a nota de imprensa.

Os voluntários também regressam à 85.ª edição da grande festa do livro para prestarem apoio nas funções de Apoio à Programação, Informação ao Visitante e Apoio à Divulgação e Redes Sociais.

E a pensar nos visitantes que gostam de ter a informação "na palma da mão", o site http://feiradolivrodelisboa.pt/ está, uma vez mais, disponível e adaptado a smartphones e tablets.

O concurso "Livraria Preferida" é, uma vez mais, promovido pela APEL com o objectivo de destacar as livrarias, livreiros e a qualidade de serviço dos mesmos.

A "Livraria Preferida" estará em votação até dia 10 de Junho, em apel.pt. Os prémios serão anunciados no decorrer da Feira, no dia 12 de Junho.

O horário para visitar a 85.ª edição do certame repete-se uma vez mais: entre segunda e quinta-feira das 12:30 às 23:00; sexta-feira e véspera de feriado das 12:30 às 24:00; sábado das 11:00 às 24:00; e domingo e feriado das 11:00 às 23:00.

"A 85.ª edição da Feira do Livro de Lisboa é organizada pela APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e das Bibliotecas de Lisboa, entidade responsável pelo desenvolvimento da programação cultural, com especial incidência nas iniciativas destinadas ao público infantil e às famílias, a decorrer no Espaço Infantil da Feira", divulga a nota de imprensa.

Zita Ferreira Braga - Hardmusica

TEATRO UNIVERSITÁRIO DO PORTO VENCE FESTIVAL DA ACADEMIA DE LISBOA




A peça "Celeste - Uma assombração", do Teatro Universitário do Porto, encenada por Gonçalo Amorim e Luís Araújo, venceu o Prémio de Melhor Espectáculo do Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa (FATAL).

O anúncio foi feito na festa de encerramento do FATAL 2015, no Teatro do Bairro, pelos organizadores da iniciativa, o Núcleo de Programação Cultural da Reitoria da Universidade de Lisboa.

"Fragmentos", do grupo mISCuTEm, do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, com o Prémio FATAL Cidade de Lisboa, atribuído pelo município, e "Mia", de Mia Couto, pela ArTeC, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com o Prémio FATAL do Público, são as outras peças vencedoras da 16.ª edição do FATAL.

"Celeste - Uma assombração", drama inspirado num conto de Raquel S., que "implica a mobilidade do público, assim como a subida de vários lances de escadas", durante a representação, foi estreado no passado mês de Fevereiro, na Casa da Alegria, no Porto, pelo grupo da academia local.

O texto de Mia Couto, encenado por Marcantonio del Carlo, foi escolhido por votação do público do festival, e "Fragmentos" uma criação colectiva do grupo do ISCTE/IUL, com encenação de Ana Isabel Augusto, foi distinguida pelo carácter inovador, de acordo com a definição dos troféus do FATAL.

Foram ainda atribuídas menções honrosas a "Alta Áustria", do dramaturgo alemão Franz Xaver Kroetz, encenada por Jorge Fraga, para o Teatro da Academia do Instituto Politécnico de Viseu, e a "Tragédia exacta", de José Martins Garcia, pelo Grupo de Teatro de Letras da Universidade de Lisboa (GTL), com encenação de Ávila Costa.

Além do prémio do público, a peça de Mia Couto recebeu igualmente uma menção honrosa do júri, composto por Paulo Morais Alexandre, professor da Escola Superior de Teatro e Cinema, Jorge Lucas, pela Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Pinto e Maria Elisabeth Costa, do Centro de Estudos de Teatro da UL, André Pinto, da Associação Académica da UL, e Anick Bilreiro, pela Câmara de Lisboa.

A 16.ª edição do FATAL abriu a 22 de Abril e reuniu perto de duas dezenas de grupos de universidades portuguesas e espanholas, repartidas por secções competitivas e não competitivas (Mais FATAL e FATAL Convida), que passaram pelo Teatro do Bairro, o Teatro Estúdio-Mário Viegas, pelo Palácio Burnay, pela Reitoria da UL e pela Cantina Velha, assim como por auditórios das faculdades de Direito, Letras e Farmácia, entre outros locais. 

As 11 peças em competição vieram do Círculo de Iniciação Teatral da Academia (CITAC) e do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), do arTEC e do GTL, da Faculdade de Letras da UL, do Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico, do Teatro da Academia de Viseu, do Noster, da Universidade Católica, do Sin-Cera, da Universidade do Algarve, e das formações do ISCTE/IUL e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, assim como do Teatro Universitário do Porto.

COMANDANTE DA FLEC ENCONTRADO MORTO NO CONGO-BRAZAVILLE




O corpo do militar da FLEC/FAC João Massanga foi descoberto esta terça-feira nos arredores da cidade congolesa de Ponta Negra. Organização de Cabinda garante que a morte não desmotiva os que combatem o exército angolano.

João Massanga, conhecido nas fileiras da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) como "Homem de Guerra", terá sido capturado na cidade de Ponta Negra, na República do Congo, numa operação conjunta das forças de segurança congolesas e angolanas, segundo a organização.

O corpo do militar foi encontrado numa localidade conhecida por "Linha seis" nos arredores da cidade congolesa. Massanga tinha-se deslocado em visita privada a Ponta Negra, onde chegou a 10 de maio.

De acordo com a Frente de Libertação, a captura de Massanga decorreu em circunstâncias muito semelhantes à de outro comandante das Forças Armadas de Cabinda. Gabriel Nhemba "Pirilampo", detido em Ponta Negra em 2011, foi executado e o seu corpo abandonado numa aldeia congolesa, situada nas proximidades da fronteira com Cabinda.

O porta-voz da FLEC, Jean-Claude Nzita, confirmou esta terça-feira (19.05) a notícia à DW África, depois de a população ter identificado o corpo do comandante. "Encontramos hoje o corpo que depois de ter sido torturado foi atirado para uma vala numa localidade situada nos arredores da cidade de Ponta Negra. Esta manhã, na morgue da cidade, as pessoas foram identificar o corpo de Massanga."

"A luta continua"

Depois deste caso, terão os independentistas de Cabinda "perdido" a República do Congo, considerada por muitos como uma retaguarda segura da FLEC? "Nunca utilizamos o Congo-Brazzaville como base de retaguarda das FAC", responde Jean-Claude Nzita.

"As nossas Forças Armadas sempre estiveram em território cabinda. O que existem são fronteiras com os dois Congos (Brazzaville e RDC) e somos um único povo. Por isso, as nossas forças têm famílias dos dois lados das fronteiras nos dois países", explica.

Para a FLEC/FAC, a morte de mais um comandante militar não desmotiva os elementos armados que combatem o exército regular angolano em Cabinda. Antes pelo contrário, sublinha o porta-voz da FLEC.

"Estamos hoje, mais do que nunca, motivados e mobilizados a continuar a nossa luta porque continuamos à espera de uma resposta à solicitação feita ao Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, para que crie uma comissão para que possamos analisar e discutir politicamente a questão de Cabinda."

Segundo Jean-Claude Nzita, o "grande obstáculo" são os elementos da Casa Militar da Presidência da República de Angola, que "não deixam o processo avançar." O porta-voz da FLEC renova a proposta da sua organização no sentido de um diálogo aberto com as autoridades centrais de Luanda. Ainda assim, não deixa de afirmar que o Presidente angolano "está mal aconselhado pelos generais mafiosos da Casa Militar".

Por causa da guerra em Cabinda, alega Nzita, "há muito dinheiro a circular no seio do exército angolano". Como tal, "os generais não querem perder todo esse dinheiro que mensalmente engrossa as suas contas bancárias no estrangeiro. Por isso, não querem que a guerra cesse em Cabinda e até decidiram elevar para 45 mil o número de efetivos militares na região".

Campanha diplomática

A FLEC está atualmente a levar a cabo uma campanha diplomática junto de algumas capitais ocidentais, mas até agora os resultados não são muito visíveis. "É injusto que Paris, Washington e Lisboa permaneçam indiferentes face ao que se passa em Cabinda", critica o porta-voz da FLEC.

No seu périplo por algumas capitais ocidentais, a organização tem solicitado o reconhecimento da identidade do povo cabinda que diz ter sido "usurpada" pelo Estado angolano.

"A comunidade internacional tem reclamado que a Turquia reconheça o genocídio do povo arménio. Por isso, pergunto: Porque é que a União Europeia (UE) não exige o mesmo de Portugal em relação ao povo cabinda? Somos um protetorado, não somos angolanos", sublinha Jean-Claude Nzita.

Sobre a resposta dos interlocutores, o porta-voz da FLEC não comenta e acha que a batalha da organização não está perdida. "Estamos a trabalhar e esperamos resultados concretos para breve. Temos dito que talvez Angola tenha, por enquanto, vencido a batalha, mas não ganhou a guerra porque ela vai ser longa e popular", conclui.

António Rocha – Deutsche Welle

Angola. Seguidores de Kalupeteka procuram familiares vivos ou mortos




Apenas 70 dos cerca de 2.000 seguidores de Kalupeteka encontram-se detidos, mas muitos desaparecidos.

Coque Mukuta – Voz da América

Seguidores de José Julino Kalupeteca continuam desaparecidos após os conflitos de 16 de Abril no monte Sumi, na província do Huambo. Parentes e amigos continuam sem saber o paradeiro dos seus entres queridos, mesmo após e apelo das Nações Unidas para Angola permitir uma investigação independente aos confrontos enter a polícia e fiéis da seita A Luz do Mundo.

Num universo de mais de 2.000 cidadãos que se encontravam no monte Sumi, município da Caála, pertencentes à seita A Luz do Mundo, apenas 70 estão detidos na cadeia de Cambiote Província de Huambo.

O Governo diz que houve apenas 13 civis mortos, mas a oposição insiste em centenas de civis enterrados em pequenas valas comuns nas montanhas do Huambo.

Um dos fiéis da seita, que se encontra ainda foragido por temer represálias e que pediu o anonimato, disse  à VOA estar à procura cerca de 15 pessoas entre homens e mulheres, cujo paradeiro desconhece.

“O meu número como é publico em várias províncias vão me ligando para saber se conheço o paradeiro de várias pessoas”, revelou.

Outra fonte, de nome Mbapole Chikumga  afirma, por seu lado, estar à procura da irmã identificada apenas por Fatinha, que estava acompanhada de dois filhos menores de idade. Ele desconfia que terão sido mortos durante os confrontos no monte Sumi.

“Até hoje não sei dela, estava acompanhada de duas filhas, sendo uma bebé e outra de 12 anos”, denunciou Chikumga.

Nomes como, Venâncio José, Valentim José, Feliciano Sandambongo, José Sawanga, Julino Tito, entre muitos outros continuam a ser procurados pelos seus parentes.

As nossas fontes confirmaram que essas pessoas não estão presas. Ou foram mortas ou encontram-se escondidas com medo das autoridades.

CPLP deve exigir à Guiné Equatorial adesão à língua - Responsável da ONU para África




Lisboa, 18 mai (Lusa) - O secretário-executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas considera que "a CPLP tem de exigir de todos os seus membros uma verdadeira adesão à língua", referindo-se à entrada da Guiné Equatorial.

"A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem a obrigação de exigir por parte de qualquer país membro uma adesão verdadeira à língua, não pode ser uma coisa artificial", disse Carlos Lopes à Lusa, quando questionado sobre a entrada da Guiné Equatorial na organização, no final de uma reunião, hoje em Lisboa, com a direção do Secretariado Executivo da CPLP.

Para o responsável da Comissão Económica para África das Nações Unidas, "houve uma discussão acalorada e um pouco emotiva" sobre a entrada do país - que fala, na sua grande maioria, o espanhol -, na CPLP, mas Carlos Lopes considera que "quando se estabelecem critérios para adesão numa determinada organização, têm de se cingir a esses".

O responsável admitiu que "por vezes aparecem critérios adicionais que podem até ter mérito moral ou político, mas não são juridicamente os critérios para admissão", referindo-se às críticas da comunidade internacional sobre a falta de liberdade de expressão e de ação política no país.

Sobre a expansão da CPLP, Carlos Lopes disse que "qualquer organização internacional tem como objetivo estender a sua influência e cobertura territorial" e acrescentou que não nota nenhuma diferença relativamente à forma como o país é olhado pela comunidade internacional desde que aderiu à CPLP.

"Não noto nenhuma diferença, o mais importante foi o debate sobre a pena de morte e eventual congelamento da legislação, mas não noto nenhuma diferença", disse.

De passagem por Lisboa para participar nos Encontros do Estoril, que decorrem esta semana, o secretário-executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas, uma espécie de 'think tank' da ONU para África, destacou como principais iniciativas o apoio que tem dado aos países na preparação e estruturação das políticas económicas.

Carlos Lopes salientou, designadamente, o contributo para a "reflexão estratégica" feita com os responsáveis da Guiné-Bissau antes do encontro com os doadores, em Bruxelas, e "o apoio à equipa económica do Governo de Angola, que vem na sequência de pedidos formulados diretamente pelo vice-Presidente para que ajudássemos na formatação da discussão sobre o pós-petróleo". 

MBA // EL

Governo da Guiné Equatorial pede aprovação de leis sobre processo democrático




O Governo da Guiné Equatorial solicitou à câmara dos deputados a aprovação dos projetos de lei que regulamentam o processo político democrático, nomeadamente o financiamento dos partidos, acordados pela mesa de diálogo entre o executivo e os partidos.

O departamento de comunicação do Governo divulgou hoje na sua página na internet que o primeiro-ministro, Vicente Ehate Tomí - encarregado da coordenação administrativa e que apresentou o pacote de leis -, informou que os projetos de lei receberam a aprovação do Governo no Conselho de Ministros realizado na sexta-feira.

Os projetos de lei tratam do financiamento dos partidos, da regulamentação das eleições para a Câmara dos Deputados, para o Senado, das eleições municipais, dos referendos e das eleições presidenciais.

Os projetos dizem também respeito à liberdade de reunião, manifestação e associação.

O primeiro-ministro pediu "um forte apoio" de todos os grupos do parlamento, tendo em conta que as emendas dos partidos de oposição foram debatidas, aprovadas por consenso e incorporadas nos projetos de lei.

Quanto ao projeto de lei de financiamento dos partidos, prevê-se um sistema misto, que implica a participação dos afiliados, as transações de bens do partido, a doação e empréstimos bancários.

A Guiné Equatorial, que desde 2014 faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), é governada há mais de 30 anos pelo Presidente Teodoro Obiang e as organizações não-governamentais denunciam o desrespeito pelos direitos humanos no país.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Linhas de crédito e grandes grupos empresariais da China chegam à Guiné Equatorial




A Guiné Equatorial está-se a tornar num importante epicentro de investimento da China em África, quando vai completar o seu primeiro aniversário como membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, embora não sendo ainda membro do Fórum Macau.

Da recente visita de cinco dias a Pequim do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, resultaram uma linha de crédito de 2 mil milhões de dólares e o lançamento de projectos de pelo menos 3 grandes grupos empresariais chineses, numa altura em que o país africano se debate com dificuldades devido à quebra do preço do petróleo, seu principal produto de exportação.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, afirmou que a Guiné Equatorial tem-se “desenvolvido relativamente bem”, com o governo a “apoiar a expansão de investimentos no desenvolvimento de infra-estruturas, de que o país tem grande necessidade.”

Na visita, que marcou também o 45º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, foram assinados acordos com empresas chinesas para projectos de produção de electricidade e desenvolvimento da indústria, essenciais no objectivo governamental de diversificação da economia para lá do petróleo.

Central para este objectivo é a linha de 2 mil milhões de dólares que o Banco Industrial e Comercial da China, o maior banco chinês por activos, concedeu à Guiné Equatorial a fim de poder financiar as obras que as empresas chinesas estão a efectuar no país, ao abrigo de um mecanismo formalizado pelos presidentes dos dois países.

O Ministério das Minas, Indústria e Energia assinou três acordos para o desenvolvimento de projectos no país, incluindo com a China Dalian International Cooperation Group (CDIG) para iniciar estudos técnicos de desenvolvimento da cidade industrial da Mbini, que o governo pretende tornar numa referência económica naquela região africana.

A China State Construction Engineering Corporation vai também participar no desenvolvimento de instalações petrolíferas na cidade de Luba, ampliando o porto local para torná-lo num pólo logístico para a indústria de petróleo e gás e outras actividades industriais.

A chegar à Guiné Equatorial está também a China Sinohydro Corporation, responsável pelo estudo de uma central hidroeléctrica no rio Wele, para que a capacidade de produção de energia acompanhe as perspectivas de maior actividade industrial.

A adesão da Guiné Equatorial à CPLP foi confirmada na mais recente cimeira da organização, em Julho de 2014 em Dili, numa altura em que mantinha laços económicos importantes sobretudo com o Brasil.

A entrada do país veio acrescentar perto de 20 mil milhões de dólares ao PIB conjunto dos países de língua portuguesa, que representa hoje perto de 4% do total mundial, com tendência de crescimento. (Macauhub/CN)

BRASIL É O PRIMEIRO DESTINO DO INVESTIMENTO CHINÊS NA AMÉRICA LATINA




Pequim, 19 mai (Lusa) - A China investiu cerca de 19.000 milhões de dólares no Brasil até ao final de 2014, fazendo daquele país o principal destino do investimento chinês na América Latina, assinalou hoje a imprensa oficial chinesa.

Energia, minas, agricultura, infraestruturas e manufatura são os setores que atraíram mais capitais chineses.

Quanto ao investimento brasileiro na China, o montante referido na imprensa chinesa ronda os 640 milhões de dólares (cerca de 573 milhões de euros) e visou sobretudo a produção de aviões, carvão, imobiliário, peças de automóveis e têxteis.

A divulgação daqueles números coincide com a chegada ao Brasil do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o seu principal mercado, absorvendo 22% das exportações agrícolas brasileiras, nomeadamente soja.

Soja, ferro e produtos petrolíferas representam 79% das importações chinesas do Brasil, referiu um diplomata brasileiro citado pelo China Daily.

Entre 2009 e 2013, o comércio bilateral mais do que duplicou, mas em 2014 caiu 4% em relação ao ano anterior, para 86.580 milhões de dólares.

Contudo, o saldo da balança comercial, no valor de 16.800 milhões de dólares, continuou a ser favorável ao Brasil, o que não aconteceria no primeiro trimestre de 2015.

Depois do Brasil, onde permanecerá três dias, o primeiro-ministro chinês visitará a Colômbia, Peru e Chile.

Li Keqiang, 60 anos, formado em Direito e Economia, é o "número dois" da hierarquia chinesa, logo a seguir ao secretário-geral do Partido Comunista e Presidente da Republica, Xi Jinping.

A viagem de Li Keqiang à América Latina ocorre menos de um ano depois do périplo que Xi Jinping efetuou em julho passado pela região e que além do Brasil, incluiu a Argentina, Venezuela e Cuba.

AC // ARA

Oportunidades de investimento levam UE a "ignorar problemas de direitos humanos" -- HRW




Macau, China, 19 mai (Lusa) - A organização não-governamental Human Rights Watch considera improvável que a União Europeia exerça pressão para pôr fim à crise dos imigrantes asiáticos devido aos seus interesses económicos, que a levam a "ignorar problemas de direitos humanos".

"O problema é que os países da UE olham para a Birmânia como uma grande oportunidade de investimento, como um lugar para fazer dinheiro, e têm ignorado os problemas de direitos humanos", disse à agência Lusa o diretor adjunto da Human Rights Watch (HRW) para a Ásia, Phil Robertson.

Para o responsável regional da organização internacional de defesa dos direitos humanos, no que toca à atuação da europeia, "há muitas coisas que vêm antes" dos valores humanitários.

"Não temos visto nenhuma mudança nas políticas da UE ou dos países membros de modo a serem mais firmes com a Birmânia", afirmou Phil Robertson.

Desde o início deste mês que várias embarcações precárias, vindas da Birmânia e Bangladesh, se têm aproximado das costas da Indonésia, Malásia e Tailândia, numa situação semelhante à crise migratória que está a acontecer no Mediterrâneo, mas a HRW não espera atos de compaixão.

Para o responsável, o Ocidente só tem dado maus exemplos à Ásia: "Se há um exemplo do Ocidente em que os asiáticos têm estado a pensar é o exemplo australiano. No último ano e meio a Austrália tem rejeitado barcos com migrantes que buscam asilo no país. Isso leva [os governos asiáticos] a concluírem que se a Austrália pode fazê-lo, eles também podem".

Estima-se que existam neste momento cerca de 8.000 pessoas em barcos no Mar de Andamão e no Estreito de Malaca, vindas da Birmânia e do Bangladesh. Os governos da Indonésia, Malásia e Tailândia têm recusado deixar as embarcações atracar, mesmo quando os ocupantes se encontram há semanas à deriva, muitas vezes sem alimentos ou água.

Em alguns casos, as pessoas foram autorizadas a desembarcar, como aconteceu a 10 de maio, em Langkawi, na Malásia, mas na maioria das situações, os governos têm apenas entregue mantimentos e combustível e ordenado que os barcos zarpem.

Parte desta crise deve-se à perseguição da minoria muçulmana rohingya na Birmânia e, em menor escala, no Bangladesh, que tem obrigado à fuga de milhares de pessoas.

Até ao início deste mês, os imigrantes entravam secretamente na Tailândia, onde eram entregues a redes de tráfico. No entanto, com a descoberta de vários corpos e a revelação de abusos, o Governo tailandês "decidiu bloquear as redes de tráfico", o que resultou nesta "acumulação" de imigrantes no mar.

"Houve uma repressão maior sobre as redes de traficantes e o encerramento dos campos onde as pessoas eram colocadas e agredidas antes de serem enviadas para a Malásia", explica Robertson.

Há quase duas semanas que os governos dos três países asiáticos fazem o que a HRW chama de "pingue-pongue de vidas humanas", empurrando as embarcações para as costas dos países vizinhos.

"Os governos estão a brincar ao jogo da batata quente, o primeiro a deixar cair a batata perde. Empurram a responsabilidade de uns para os outros, mas nenhum a assume. Os barcos vão continuar a deslocar-se entre as costas dos diferentes países até as pessoas não estarem vivas", alerta.

Para 29 de maio está marcada uma reunião regional na Tailândia para debater o problema. A Birmânia já anunciou que não vai comparecer.

"Esperamos que haja um acordo sobre o desembarque das pessoas. Não queremos que isso espere até ao dia 29, queremos que recebam proteção e total assistência humanitária de imediato", frisou Robertson.

Após esta resposta urgente, é preciso "decidir onde é que estas pessoas vão ser colocadas, se vão ser enviadas para um terceiro país, se vão ser enviadas de volta ao seu país, mas isso é secundário, primeiro temos de impedi-las de morrer em barcos", sublinhou o responsável.

Robertson não se mostra, no entanto, otimista, e lembra que há reuniões a acontecer entre ministros dos Negócios Estrangeiros sobre as quais pouco de sabe.

"Desejamos o melhor, mas esperamos o pior", lamentou.

O diretor adjunto da HRW para a Ásia prevê um desfecho negro para esta crise: "Receio que se não houver nenhum acordo entre os países, todas as pessoas nestes barcos irão morrer".

ISG // JMR

Timor-Leste. O dinâmico mercado de retalho de Díli onde não falta quase nada




Díli, 19 mai (Lusa) - A 'grande crise da água tónica' de 2014 ou a recente da cebola - produtos esgotados várias semanas - são exemplos cada vez menos frequentes das carências do crescente mercado de retalho que é Díli, em Timor-Leste.

Desde os preços mais caros de lojas de roupa como a Timor Chic ou a de produtos para casa da Abode até ao 'mercado do arame' - onde se podem comprar peças de roupa em segunda mão a um dólar -, há hoje produtos para todos os gostos e todos os bolsos.

Pelo menos em Díli, onde o crescente poder de compra da população se evidencia na explosão de lojas, restaurantes, centros de ócio e até locais de massagens que têm crescido apesar da redução no número de estrangeiros (mais bem pagos) a viver no país.

A variedade dos produtos oferecidos aumentou exponencialmente nos últimos anos e hoje há praticamente tudo à venda em Díli.

Há muitos supermercados, aqui também com grande variedade de preços e de produtos em oferta.

Há os que se especializam em produtos portugueses - pode-se comprar fiambre e presunto fatiado - ou que vendem linha branca de supermercados de Portugal ou da Austrália, os que são dominados por produtos da Indonésia, ou que trazem 'mimos' de avião de Singapura - como morangos a 18 dólares a caixinha.

Há produtos da Austrália, produtos chineses (são grande parte das lojas) e até um supermercado que quase só vende produtos sul coreanos. Em muitos, os prazos de validade são curtos ou muito curtos.

Não falta vinho português e australiano a preços proibitivos para a maioria dos bolsos e lojas de eletrodomésticos e até produtos como telemóveis de última geração.

Nenhum supermercado tem tudo e, por isso, completar o cabaz de compras em Díli implica visitar vários espaços comerciais.

A que se acrescenta depois a compra de verduras e frutas, nos mercados tradicionais - onde há preço de estrangeiro e preço de timorense - ou nos vendedores ambulantes que as transportam, penduradas num pau de bambu que carregam sobre os ombros.

Paralelamente às lojas, floresce o mercado mais tradicional, especialmente de produtos agrícolas e peixe, com vendedores a montarem bancas improvisadas em vários locais, lutando contra os esforços das autoridades regularem a venda em locais próprios.

É o caso da Avenida de Portugal, onde estão localizadas grande parte das embaixadas e residências diplomáticas e de membros do Governo e onde, diariamente, se instalam dezenas de pessoas a vender peixe, sobre folhas de palmeira e com um pequeno abanador para afastar as moscas.

Mas até aqui as mudanças se começam a sentir: já se vê, por exemplo, chegar um comerciante chinês que traz peixe congelado, importado de outros países e que passa aos vendedores que o colocam, como se tivesse sido acabado de pescar, no parapeito do passadiço onde, ao final da tarde passeiam famílias e jovens fazem jogging.

No final do dia de trabalho, é ali que se podem ver muitas 'kareta Estado' (os carros do Estado) e outros veículos privados a comprar peixe que depois levam até casa pendurados nos espelhos laterais ou no limpa-para-brisas.

Com bastante vitalidade está também o mercado de compra e venda privada, especialmente entre estrangeiros que usam as redes sociais para se desfazer ou para adquirir viaturas, bens de casa ou outros produtos.

São as mesmas redes sociais que servem como fonte imediata, em tempo real, de informação sobre o que há para venda ou de como e onde adquirir certo bem ou produto.
O impacto do setor de comércio, a grosso e a retalho (a par da construção) evidencia-se nas estatísticas económicas: são os maiores empregadores e maiores geradores de rendimentos da economia não-petrolífera do país.

Em conjunto estes dois setores representam mais de 75% do rendimento total da economia não petrolífera timorense que ascende a cerca de 1,85 mil milhões de dólares (1,65 mil milhões de euros).

Determinar exatamente como se tem comportado o mercado de retalho, especialmente pelo efeito deturpador da inclusão nas estatísticas da importação de moedas, fabricadas em Portugal, e de notas, dos Estados Unidos, obriga a algumas contas.

Excluindo este valor de importações - 268 milhões em moedas e 188 milhões em notas - Timor-Leste importou em 2014 bens no valor de 529 milhões de dólares em 2014 (exportou 14 milhões e reexportou 78 milhões).

Sobra um défice de 437 milhões, evidente nas lojas do grande 'centro comercial' que é Díli.

ASP // VM

Ramos-Horta quer que Timor-Leste acolha até mil refugiados da etnia "Rohingya"




Díli, 19 mai (Lusa) - O ex-presidente da República timorense, José Ramos-Horta escreveu aos atuais chefes de Estado e de Governo a defender que Timor-Leste deveria acolher até mil refugiados da minoria étnica 'Rohingya'.

"Tenho consciência da complexidade do problema. Não vamos salvar todos os refugiados. Mas salvamos alguns. Temos milhares de imigrantes ilegais no nosso país e todos eles estão a trabalhar. E não vamos acolher algumas centenas de mulheres e crianças, de uma minoria étnica e religiosa mais desprezada do mundo?", questiona na sua página no Facebook.

O apelo que José Ramos-Horta explica ter remetido a Taur Matan Ruak, o Presidente da República e a Rui Maria de Araújo, primeiro-ministro, surge numa altura em que segundo o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos cerca de 6.000 pessoas poderiam andar, atualmente, em barcos à deriva no sudeste asiático.

Vários países, nomeadamente a Tailândia, Malásia e Indonésia, têm-se recusado a acolher as embarcações com os refugiados, quer da etnia Rohingya (especialmente da Birmânia) quer do Bangladesh, recorrendo a navios de guerra para os expulsar das suas águas.

Ramos-Horta considera que Timor-Leste tem condições de acolher "entre 100 e 1.000 refugiados Rohingya", durante um período entre 5 e 10 anos, os quais poderiam ser instalados nas regiões de Laklubar ou Soibada, "lugares pacíficos, mais ou menos despovoados, de clima ameno".

"Esta é uma oportunidade única, histórica, para Timor-Leste se afirmar como um país solidário, de valores humanos, morais e éticos", escreve na sua página.

O Nobel da Paz sugere que o ACNUR mobilize recursos financeiros "para construir aldeamento condigno, com água e saneamento, eletricidade, centro de saúde e escola".

"Os refugiados que queiram dedicar-se à agricultura, pecuária ou qualquer outra atividade para autossustentação poderiam fazê-lo com apoio do ACNUR e do Governo timorense", defende.

"Os refugiados poderiam circular livremente em Timor-Leste com um cartão de identidade emitido pelo ACNUR e pelo Ministério competente", refere.

Na semana passada Zeid Ra'ad Al Hussein, o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos disse-se chocado com a atitude da Tailândia, Malásia e Indonésia de repelir milhares de migrantes esfomeados, com várias organizações não-governamentais (ONG) a acusarem a Tailândia, a Indonésia e a Malásia de um "pingue-pong humano".

Os migrantes são sobretudo oriundos do Bangladesh, de onde fogem da pobreza, e da Birmânia, onde a minoria muçulmana 'Rohingya' é perseguida.

Dezenas de milhares de migrantes transitam todos os anos pelo sul da Tailândia, ponto de passagem para a Malásia, mas Banguecoque declarou recentemente guerra aos traficantes, interrompendo as rotas habituais de passagem de migrantes, depois de ter encontrado valas comuns com corpos de clandestinos em plena selva, de acordo com várias ONG.

A Indonésia e a Malásia receiam um agravamento da situação e anunciaram que vão recusar a entrada de todas as embarcações de migrantes, condenando os passageiros a uma prisão flutuante. 

ASP (MDR/EJ) // FV

ZUMA CHEGA AMANHÃ A MOÇAMBIQUE



Visita de trabalho

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, chega amanhã, quarta-feira, no país a convite do homólogo moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, para uma visita de trabalho de dois dias.

A visita enquadra-se no contexto do fortalecimento e aprofundamento das relações de irmandade, amizade e cooperação entre Moçambique e África do Sul, bem como no reforço da cooperação bilateral, nos domínios político, económico e social de interesse mútuo e no âmbito da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Durante a visita, Zuma será recebido pelo Presidente Filipe Nyusi e terá uma audiência de cortesia com a presidente da Assembleia da República (AR) moçambicana, Verónica Macamo. Está prevista ainda a deposição de flores na Praça Heróis Nacionais.

Zuma estará acompanhado por uma delegação que integra membros do Governo sul-africano e outras individualidades.

O País (mz)

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