quinta-feira, 1 de outubro de 2015

PORTUGAL SEM PRESIDENTE PARA COMEMORAR A REPÚBLICA, SÓ O REINO DO CIFRÃO




Mário Motta, Lisboa

Há muito que sabemos que Cavaco não é o presidente da República mas sim o presidente de uns quantos de sua preferência, quase se pode dizer que Cavaco pirou e se julga rei. Um rei nu e coxo nas responsabilidades e deveres para que foi eleito por menos de dois milhões de portugueses eleitores num universo de 7 milhões, salvo erro.

Vai daí, o rei nu e coxo declarou que não vai estar presente nem participará nas comemorações de 5 de Outubro, dia da implantação da República há 105 anos. O que alega não importa porque são desculpas esfarrapadas, dir-se-á desculpas à Cavaco. Por esse motivo somos livres de interpretar como julgamos a razão da ausência de Cavaco reizinho. Primeiro: ele agora á monárquico. Segundo: teme repetir a façanha de hastear a bandeira nacional ao contrário. Terceiro: teme escorregar na escadaria da Câmara Municipal de Lisboa. Quarto: teme ser vaiado pelos republicanos e portugueses. Quinto: teme. Sexto: teme. Em suma, Cavaco é um rei nu, coxo e cobarde.

Ainda bem que não vai estar presente na cerimónia. Afinal ele nada tem que ver com a República, nem com Portugal. A pátria de Cavaco é o reino do Cifrão. Assim sendo, ali, nas comemorações, não faz nenhuma falta. Ao menos não polui o ambiente. (MM/PG)

Cerimónias do 5 de Outubro não vão contar com Cavaco Silva

O Presidente da República não vai estar presente nas cerimónias comemorativas do 5 de Outubro que se vão realizar na Câmara Municipal de Lisboa.

"Dado o atual momento político, o Presidente da República tem que se concentrar na reflexão sobre as decisões que terá de tomar nos próximos dias. Desta forma, não poderá estar presente na cerimónia comemorativa da Implantação da República", disse fonte oficial de Belém à agência Lusa.

Ainda segundo a mesma fonte, em breve a Câmara Municipal de Lisboa, que organiza as comemorações que tradicionalmente decorrem nos Paços do Concelho, apresentará o programa da cerimónia de comemoração.

A notícia foi avançada pela TVI24, que havia apurado a informação junto de fonte do município.

Saliente-se que desde que o dia da Implantação da República deixou de ser feriado, este será o primeiro ano que se irá comemorar num dia útil e será o dia seguinte às eleições legislativas.

Já em 2005, nas vésperas das eleições autárquicas, o modelo das comemorações foi diferente do habitual. As cerimónias decorreram no Palácio da Ajuda, mas contaram com a presença do então Presidente da República Jorge Sampaio, que fez uma intervenção.

Em 2009, quando as comemorações do 5 de Outubro também se realizaram em vésperas de eleições autárquicas, e já com Cavaco Silva enquanto chefe de Estado, o formato também foi alterado. O Presidente da República optou por não se deslocar à câmara de Lisboa, mas abriu ao público os jardins do Palácio de Belém, onde proferiu uma pequena intervenção alusiva aos 99 anos da Implantação da República.

Notícias ao Minuto com Lusa

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Portugal. COMO É POSSÍVEL?



Rafael Barbosa – Jornal de Notícias, opinião

É a pergunta do momento: como é possível? Depois de tanto desemprego, tanta emigração, tantos impostos pagos e a pagar, tantos cortes salariais e de pensões, como é possível? A pergunta atormenta uns, intriga outros, e surpreende os restantes. Como é possível a coligação PSD/CDS aparecer nas sondagens a aproximar-se dos 40%? Para além das explicações sobre a evolução da situação económica e social - depois de bater no fundo, só se pode melhorar -, talvez valha a pena espreitar o passado recente de resultados eleitorais.

Salta à vista que, desde 1999 (mais para trás é matéria para historiadores), a soma de resultados do PSD e do CDS só por uma vez foi inferior aos 40%. Foi depois da fuga de Durão Barroso para a Europa e da esquizofrenia político-institucional que se seguiu, com Santana Lopes. Para quem já não se recorde do ambiente de colapso, foi o equivalente ao que se passou no verão de 2013, já com este Governo: a saída de Vítor Gaspar, a demissão "irrevogável" de Portas, a oferta de Cavaco ao PS de Seguro de antecipar eleições em troca do apoio ao Governo até à saída da troika. Ainda assim, PSD e CDS, concorrendo separados, somaram 36% nas legislativas de 2005, escassos três pontos a menos do que agora lhes é atribuído.

O que este exercício demonstra é que há (até ver) um patamar mínimo de que o centro-direita não desce. A surpresa é que, mesmo no patamar mínimo, possa vencer. Mas para isso é preciso perceber o que está acontecer, não só ao PS, como ao PCP e ao BE. O PS, é bom lembrar, parte do pior resultado deste século: 28% em 2011. E com o lastro que a percentagem representa: era o partido que no Poder quando a crise chegou; quando começou um ciclo de austeridade, desemprego, emigração e depressão económica; era o partido responsável pela governação de um país em bancarrota. A memória dos eleitores é curta, mas nem tanto. E será isso que explica, em parte, que ande por estes dias a rondar os 32% nas sondagens, muito abaixo do patamar mínimo de 36,5% (com Sócrates, em 2009) que conseguiu em qualquer das eleições desde 1999 (e com a exceção de 2011).

A outra parte da explicação para o resultado (nas sondagens) do PS prende-se com o que se passa à sua Esquerda, com um revigorado PCP e um renascido BE. Somados, aparecem nas sondagens com valores que podem chegar, no limite, aos 19%, algo nunca testemunhado neste século. Resumindo, Costa não só não conquista eleitores ao centro, como perde eleitores à esquerda. A confirmar-se, é sinal de incompetência política. É certo que tem dois dias para provar o contrário. Mas é capaz de ser curto.

Angola. CARTAS PELOS PRESOS POLÍTICOS ENVIADAS A JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS



Familiares e uma série de personalidades, entre elas Pepetela, pediram a libertação dos 15+1, detidos há mais de 100 dias.

Terminado o prazo de prisão preventiva determinado pela legislação e com oito detidos em greve de fome há mais de dez dias, os familiares dos activistas detidos sob acusação de planearem um golpe de Estado, enviaram uma carta ao presidente da República, no dia 25 de Setembro, para pedir a libertação dos presos políticos, os denominados 15+1 .

Outra carta, datada de 29 de Setembro, assinada por diversas personalidades, entre elas, o escritor Pepetela, foi enviada igualmente a José Eduardo dos Santos, ao procurador geral, João Maria de Sousa, ao ministro da Justiça e Direitos Humanos, Rui Mangueira, ao presidente do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, e ao ministro do Interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares.

Ambos os documentos criticam a forma como o governo está a tratar o caso e descrevem os mais de 100 dias de detenção, em celas individuais, com apenas uma hora de sol diária e três entregas semanais de comida.

“Manifestamos a nossa mais profunda preocupação com a decisão tomada por alguns dos presos políticos de iniciar uma greve de fome, pois receamos pelas suas vidas”, indica o documento. A carta ressalta também “que o Estado deve prezar pela integridade física e psicológica de todos os cidadão angolanos, solicitamos que sejam tomadas todas as providências necessárias para evitar o pior desfecho”.

O documento assinado pelos familiares destaca também o precário estado de saúde dos detidos, informando ainda que cinco, neste momento, se encontram no hospital-prisão, nomeadamente Afonso Matias, Albano Evaristo, Arante Kivuvu, Hitler Chivonde e Manuel Baptista Nito Alves.

“Acreditamos que o desenvolvimento das investigações não será posto em causa pelo facto de os acusados aguardarem julgamento nas suas casas, junto das respectivas famílias. Sabe-se que a presunção de inocência é defendida pela Constituição da República e deve ser tomada em consideração neste caso”, dizem os requerentes.

Os detidos, alguns associados ao Movimento Revolucionário, alegam que se encontravam regularmente para discutir intervenção política e cívica, por vezes em acções de formação, como a que decorria na altura de parte das detenções: uma conversa sobre o livro Da Ditadura à Democracia, de Gene Sharp. Outros estavam em casa. Foram detidos pela Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) e pela Polícia Nacional, que apreendeu também o material electrónico, computadores, material fotográfico, agendas, revistas, documentos e cartões de crédito da residência de cada um. Leia o especial sobre a detenção dos activistas aqui.

Ontem, o Rede Angola publicou que o juiz presidente do Tribunal Provincial de Luanda, Domingos da Costa Mesquita, confirmou a recepção do processo contra os 16 presos políticos (15 + 1).

Questionado sobre a possibilidade de os activistas aguardarem o julgamento em liberdade, o juiz presidente afirmou que deverão continuar detidos até que o juiz se pronuncie. “Isso vai depender da análise que for feita ao processo, porque o juiz ainda não se pronunciou”, respondeu.

Os detidos são Henrique Luaty Beirão, Manuel Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingo-Bingo, Fernando António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo.

Em declarações ao RA, um dos advogados de defesa dos activistas, Walter Tondela, alegou não ter sido ainda notificado quanto à entrada  do processo no tribunal.

Sobre isso, Domingos da Costa Mesquita afirmou que “se os advogados fossem à Procuradoria, local onde estava a correr a tramitação normal do processo, naturalmente podiam ser informados que o mesmo foi remetido ao tribunal. E aqui no Tribunal Provincial de Luanda, também, podiam ser informados onde está o processo”.

Rede Angola

Angola. Kalupeteca formalmente acusado de homicídio, resistência às autoridades e posse de armas



Líder da seita A Luz do Mundo foi detido a 16 de Março no Huambo

Voz da América

O líder da seita A Luz do Mundo José Julino Kalupeteca foi acusado formalmente nesta quinta-feira, 1, de crime de homicídio voluntário, homicídio qualificado, resistência às autoridades e posse de armas de fogo.

A acusação foi confirmada pela Procuradoria-Geral da República, sem avançar mais detalhes.

Kalupeteca foi preso a 16 de Março no Huambo depois de confrontos entre a polícia e seus seguidores em que morreram 9 polícias e 13 civis, segundo as autoridades angolanos.

A Unita, no entanto, disse ter havido mais de 700 mortos, enquanto a Casa-CE, que esteve no local, e activistas falaram em centenas de mortos.

As Nações Unidas e várias organizações internacionais pediram uma investigação independente, que foi rejeitada pelo Governo de Angola.

ODEBRECHT, LULA, DILMA E (É CLARO!) EDUARDO DOS SANTOS



Um conjunto de e-mails apreendidos pela Polícia Federal brasileira mostram a influência de Marcelo Odebrecht e os negócios que conseguiu. Instituto Lula diz que foram acções de “patriotismo” a favor da economia brasileira.

Ana Gomes Ferreira (*)

E-mails apreendidos pela Polícia Federal brasileira na investigação à teia de corrupção em volta da Petrobras mostram as pressões da empresa Odebrecht junto da presidência, quando esta era ocupada por Lula da Silva e depois por Dilma Rousseff, no sentido de esta empresa obter vantagens em contratos e ver colocados em cargos determinadas pessoas. Segundo os jornais O Globo e o Estado de São Paulo, que publicaram o conteúdos dos e-mails, essa pressão teve efeito.

Nas mensagens, o presidente da maior empresa de construção do Brasil, Marcelo Odebrecht – que se encontra detido –, tenta influenciar directamente o que será dito pelos presidentes a chefes de Estado de outros países. Numa mensagem de 2009 para executivos da construtora, o então ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, escreveu que Lula fez lobby pela empresa num dos encontros com líderes estrangeiros.

Em concreto, a Odebrecht quis evitar a escolha de um secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, que é considerado prejudicial à empresa. “Os documentos mostram, pela primeira vez, que o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, era um dos elos entre a empreiteira e o Presidente [Lula da Silva], de acordo com a interpretação da Polícia Federal”, escreve o Globo. No Governo Rousseff é Giles Azevedo, chefe de gabinete da Presidente, e Anderson Dorneles, assistente pessoal de Dilma, quem passaram a receber as mensagens de Marcelo Odebrecht.

As mensagens de Marcelo para Lula eram enviadas por meio de Alexandrino Alencar (também preso), director da empresa e mais próximo do então Presidente. Algumas mensagens tinham como título “Ajuda de memória”, outras “Agenda Lula”.

Os documentos obtidos pela polícia mostram que dias antes do encontro, a 5 de Junho de 2012, entre Dilma Rousseff e o Presidente da República Dominicana, Danilo Medina, Marcelo Odebrecht enviou a Giles Azevedo e Anderson Dorneles uma nota com sugestões para a agenda da reunião.

O jornal brasileiro cita o e-mail que diz ser “importante” a Presidente brasileira “reforçar” dois pontos na conversa: “a confiança que tem na Organização Odebrecht em cumprir os compromissos assumidos” e “a disposição de, através do BNDES [Banco Nacional para o Desenvolvimento Económico e Social], continuar a apoiar as exportações de bens e serviços do Brasil, dando continuidade aos projectos de infra-estrutura prioritários para o país”.

Numa entrevista que concedeu a jornalistas brasileiros após o encontro, o Presidente da República Dominicana diz ter recebido luz verde do Governo brasileiro para obter financiamento para a construção de duas fábricas no país — o projecto foi feito com financiamento parcial do BNDES; entre os anos de 2003 e 2015 empresas brasileiras conseguiram contratos na República Dominicana, com dois mil milhões de dólares (1,78 mil milhões de euros) a serem “desembolsados a favor da Odebrecht”.

Em 2005, na véspera de uma visita de José Eduardo dos Santos, Marcelo Odebrecht pediu a Lula da Silva que reconhecesse o papel do Presidente de Angola como “pacificador e líder regional”, e fizesse referência às acções realizadas por empresas brasileiras em Angola, com destaque para a Odebrecht. “Dr. Alex, aqui está o documento. O dr. Marcelo pede-lhe a gentileza de encaminhar ao seminarista”, escreveu Darci Luz, secretária de Marcelo, a Alexandrino Alencar. “Seminarista” surge sempre como nome de código para o intermediário das mensagens, que neste caso seria o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.

No dia seguinte, o Presidente brasileiro disse publicamente que Eduardo dos Santos “soube liderar Angola na conquista da paz” e elogiou a sua “perseverança e visão de futuro” – também mencionou o projecto da central hidroeléctrica de Capanda, referido no e-mail de Marcelo Odebrecht como um exemplo da cooperação entre os dois países.

Em 2007, Lula da Silva visitou Angola e, depois da análise dos e-mails, a Polícia Federal, citada pelo jornal Estado de São Paulo, conclui: “Aparentemente, os executivos da Odebecht mantêm contactos com autoridades da embaixada a fim de colocar na agenda, no encontro, assuntos de interesse da construtora”.

Há também e-mails que mostram Marcelo Odebrecht a participar activamente nas discussões sobre contratos da Petrobras.

A Lava Jato é uma investigação a uma gigantesca rede de corrupção que envolve a empresa estatal petrolífera, Petrobras, e o pagamento de subornos por parte de empresas para a obtenção de contratos. Envolve políticos do Partido dos Trabalhadores (no poder), mas também de outros. A investigação já levou à prisão de dezenas de responsáveis políticos – entre eles o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari – , de administradores de empresas e de empresários: além de Odebrecht (entretanto envolvida também num caso de corrupção em torno da construção dos estádios do Mundial 2014 e condenada no Brasil por uso de trabalho escravo em Angola) está também detido o dono da construtora Andrade Gutierrez.

(*) In: Público - retirado de Folha 8

SALÁRIO MINIMO EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE




Após reuniões de concertação social que envolveram nomeadamente os sindicatos do país, o governo são-tomense fixou hoje, pela primeira vez, o salário mínimo da função pública a 1 milhão e cem mil dobras, o equivalente a 47 euros, esta medida devendo começar a ser aplicada a partir de 2016.

Ao felicitar-se com a adopção desta medida Aurélio Silva, presidente do sindicato dos trabalhadores da função pública, refere contudo que subsistem grandes desigualdades no seio do sector público. Para este dirigente sindical "há uma injustiça a nível da distribuição salarial na função pública. Há o regime da classe política dirigente, há outros regimes que desconhecemos, não há um regime qualificador nacional que faça de A a Z uma distribuição equitativa".

Para além das discrepâncias salariais, Aurélio Silva dá conta igualmente do problema do desequilíbrio entre o valor dos salários e o custo de vida que vai aumentando. Na sua óptica isto cria desmotivação no seio da função pública: "fez-se umas adaptações, mas não foi suficiente", lamenta o dirigente sindical ao anunciar que pretende organizar um debate nacional sobre a condição dos funcionários públicos em São Tomé e Príncipe possivelmente em finais de Outubro, "para alterar todo o xadrez que for necessário alterar".

RFI – foto Tela Nón

40 ANOS DA NACIONALIZAÇÃO DAS ROÇAS EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE



Os 40 anos da nacionalização das antigas roças coloniais, em 1975, estão a ser comemorados numa altura em que a maioria das roças está degrada e os seus actuais inquilinos enfrentam cenários de pobreza extrema.

A construção social ao longo dos últimos 40 anos não tem sido fácil, sendo o sector rural que regista o maior número de pobres. É um processo social de construção segundo Aires Bruzaca, antigo director de privatização agrícola em São Tomé e Príncipe; "desde 1975 nós estamos a fazer uma construção social e esta tem altos e baixo".

Reconhecendo que o sector agrícola enfrenta inúmeros constrangimentos, o actual governo entende que o alívio da pobreza é a principal meta atingir nos próximos anos de acordo comTeodorico Campos, Ministro são-tomense da agricultura e desenvolvimento rural; "entendemos que o alívio da pobreza será certamente a principal meta a que se deve atingir".

Nos anos 80 o país iníciou um processo de privatização agrícola com o apoio do Banco Mundial, mas os resultados não foram os mais desejáveis devido a inúmeras dificuldades, segundo José Alice, director dos assuntos fundiários; "quantas foram as dificuldades que nós tivemos naquela fase".

A Federação dos Pequenos Agricultores de São Tomé e Príncipe tem o papel de incentivar os agricultores em parceria com a delegações regionais agrícolas para galvanizar a agricultura visando o crescimento económico do país, como nos dá conta o nosso correspondente em São Tomé e Príncipe, Maximino Carlos.


MISSÃO DO FMI CONCLUÍU MISSÃO A SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE



A missão do Fundo Monetário Internacional chefiada por Maxwell Opuku Afarai, concluíu a sua missão de uma semana a São Tomé e Príncipe.

De recordar que em Julho o conselho de administração do FMI, aprovou uma nova facilidade de crédito alargado no valor de 6,2 milhões de dólares, visando apoiar o programa económico a médio prazo de São Tomé e Príncipe.

Para além de estimar que o crescimento do Produto Interno Bruto do Produto em 2015 ficar abaixo dos 5 por cento previstos, o FMI, sublinhou a necessidade de o governo limitar-se a subvenções a fundo perdido e financiamento altamente concessional no momento em que se prepara para lançar uma nova campanha para atrair novos parceiros públicos e privados para apoiar o programa de investimentos públicos.



Cabo Verde. Governo e oposição divergem na avaliação da melhoria no índice de competitividade



O Governo cabo-verdiano congratulou-se hoje com a subida do país de dois lugares no índice mundial de competitividade, atribuindo o resultado às reformas em curso, enquanto a oposição desvaloriza, reclamando melhores prestações.

No índice mundial de competitividade de 2015-2016, divulgado quarta-feira pelo Fórum Económico Mundial, Cabo Verde subiu dois lugares em relação ao ano passado, ocupando agora a 112.ª posição entre 140 países avaliados.

Em comunicado divulgado hoje, o Governo cabo-verdiano atribuiu o resultado às reformas em curso, sobretudo nos últimos dois anos, dizendo que o país está no bom caminho.

O Executivo liderado por José Maria Neves salientou que é "mais uma prova da forte aposta que o país, através da reforma do Estado, está a fazer na modernização da administração pública e na melhoria do ambiente de negócios, entre outros aspetos ligados à competitividade".

O índice mundial de competitividade avalia 12 pilares, sendo que Cabo Verde situa-se em 92.º nos equipamentos básicos, em 122.º no que diz respeito aos potenciadores de eficiência e em 104.º relativamente aos fatores de inovação e sofisticação.

Já nas instituições é 66.º, em infraestruturas ocupa o lugar 94.º, e em ambiente macroeconómico está em 124.º, mas é na saúde e educação primária que ocupa a melhor posição: 51.ª.

"Todos estes aspetos considerados na estratégia reformista deste Governo e que tem motivado um pacote de medidas reformadoras sem precedentes no país", lê-se no comunicado governamental.

Outra leitura é feita por Ulisses Correia e Silva, líder do principal partido da oposição, o Movimento para a Democracia (MpD), que desvalorizou a subida de "dois pontinhos" na tabela, reclamando melhores prestações, já que a classificação revela "alguma falta de competitividade e oportunidade de emprego no país".

"Cabo Verde precisa de dar saltos se quer, realmente, fazer a sua economia ser competitiva, exportar e atrair investimentos. Nós estamos numa posição baixa e temos de dar saltos, não pequenos incrementos para fazer festa. Isto é motivo de preocupação", disse.

Entre 2012 - quando foi avaliado pela primeira vez - e 2015, o país subiu 10 lugares, mas Ulisses Correia e Silva afirmou que o país deveria dar altos de 20 a 30 posições para poder estar em condições de competir no mundo.

Para o líder do MpD, o Governo "é o grande obstáculo à economia do país", fazendo com que Cabo Verde tenha uma classificação baixa, principalmente nos fatores como a competitividade fiscal, o acesso ao crédito e eficiência administrativa.

O índice mundial de competitividade é liderado pela Suíça, seguida de Singapura e dos Estados Unidos.

RYPE // EL

CPLP VAI ENVIAR UMA DELEGAÇÃO À GUINÉ-BISSAU APÓS CONSTITUIÇÃO DO NOVO GOVERNO



A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai enviar uma missão à Guiné-Bissau após a constituição do novo governo, foi hoje anunciado após a reunião dos chefes da diplomacia dos estados membros da organização na ONU.

“A CPLP entrará em contato com as autoridades guineenses para ajudar, sobretudo na parte relativa à contribuição da comunidade internacional. O que se discutiu é que vamos a esperar que se constitua o governo”, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete.

“A CPLP está disposta como sempre esteve a ajudar a Guiné-Bissau e isso se resultou claramente aqui”, acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse à Lusa que ainda não foi determinado um prazo para o envio da missão.

“Não determinámos um prazo, vamos esperar que a formação do governo seja em breve e, depois, mandaremos a missão como um gesto e sinal de apoio ao país”, afirmou.

Espera-se que até ao final do ano um grupo de representantes dos países que integram a CPLP desembarque em Bissau.

A missão da CPLP, ressaltou Mauro Vieira, levará o apoio político e será uma “demonstração de que todos os países da organização estão empenhados na estabilização política de GB”.

O objetivo é que se estabeleça um período de estabilidade, paz e tranquilidade para que o governo possa continuar a executar os seus projetos sociais e políticos, afirmou o ministro brasileiro.

“Não há dúvida que existe um apoio total ao país”, disse ao referir-se à solidariedade que existe por parte da comunidade internacional.

Ainda está por decidir-se a que nível será a representação dos países da CPLP na missão.

Durante a reunião na sede das Nações Unidas no âmbito da 70.ª Assembleia-Geral, os ministros da CPLP examinaram a crise institucional na Guiné-Bissau.

O brasileiro António Patriota, que preside à Comissão para a Consolidação da Paz da ONU na sua Configuração Específica para a Guiné-Bissau, fez um relato minucioso sobre as ações tomadas nos últimos dois anos e o ‘briefing’ que houve no Conselho de Segurança sobre a situação naquele país, no passado dia 21 de setembro.

“Ouvimos todos os lados, as declarações de todos os Estados-membros e do representante da Guiné-Bissau, que nos elucidaram em muitos aspetos a respeito da situação e o que cada um poderia oferecer como apoio ao governo para solucionar essa crise institucional”, destacou Mauro Vieira.

A missão da CPLP apenas irá ao país quando o primeiro-ministro estiver “em condições de formar um gabinete e tomar as rédeas do governo”.

O Presidente guineense, José Mário Vaz, demitiu no passado dia 12 de agosto o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, ambos eleitos pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), em 2014.

A missão deverá ocorrer preferentemente logo após a posse das novas autoridades.

A próxima reunião dos chefes da diplomacia dos países de língua portuguesa será realizada em Lisboa no próximo ano.

O Brasil acolherá a próxima Cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização em 2016, ocasião em que assumirá a Presidência da CPLP.

Os nove países que integram a CPLP são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Lusa, em O Democrata

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Guiné-Bissau. José Paulo Semedo vai apresentar o recurso para a libertação de Zamora



Advogado diz que “ainda” acredita no sistema judicial

Bissau – José Paulo Semedo, advogado de Ex-chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, José Zamora Induta, pretende apresentar esta segunda-feira, 28 de Setembro, o recurso junto ao Tribunal Regional Militar para a libertação do seu constituinte.

Este fim-de-semana em declarações a uma rádio local, José Paulo Semedo qualificou de ilegal a detenção e transferência de Zamora Induta para a prisão de Mansoa.

“A partir da segunda-feira vamos envidar o esforço para ver se obteremos permissão. Temos que dizer isso porque aqui, nesta terra, tudo é possível. Ele tem direito de ser assistido e ser ouvido pela defesa a qualquer momento” vincou.

José Paulo Semedo ainda acredita no sistema judicial guineense porque, segundo o mesmo, “um escalão pode falhar mas não significa que todos os escalões do sistema vão falhar”, e confirma que vai entrar com o expediente a recurso.

“ Primeiro, os pressupostos da decretação da prisão preventiva não se preenchem e em segundo lugar, depois da decretação da prisão preventiva, a defesa não foi tida e nem achada” disse.

O advogado de Induta lembrou que o seu constituinte é acusado de um presumível crime que alguns dos supostos implicados foram indultados pelo Presidente da República, José Mário Vaz, por isso, entende que os efeitos colaterais desse indulto devem beneficiar o seu cliente, apesar de não constar na lista.

Tiago Seide - (c) PNN Portuguese News Network

Guiné-Bissau. PAÍS CONTINUA SEM GOVERNO



“PAIGC quer  uma governação inclusiva” diz Simões Pereira

Bissau - Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau (PAIGC) disse que é vontade do partido promover uma governação inclusiva para garantir a estabilidade governativa na Guiné-Bissau.

Esta terça-feira, 29 de Setembro, em declaração a imprensa, após ter reunido com o presidente do Partido da Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia, e alguns elementos do gabinete do Presidente da República considerados de uma sensibilidade que o contesta enquanto presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, lamenta ainda o facto de algumas franjas dentro dos partidos políticos interpretarem mal a vontade do PAIGC de promover uma governação inclusiva.

“Temos conversado com todos. Temos esforçado no sentido de garantir a tranquilidade dos guineenses e ter uma governação que está em frente do essencial. Fui mal-entendido. Nós vamos continuar a trabalhar” garantiu.

O líder do PAIGC disse ter esclarecido ao presidente do PRS todos aspectos que ainda eram preocupação do líder dos renovadores, tendo afirmado que este irá consultar os seus órgãos competentes por isso, diz Simões Pereira, não quer avançar com os detalhes do encontro.

Domingos Simões Pereira afirma que a reunião com outra sensibilidade do seu partido vem na sequência da última reunião de Bureau Politico que considera imperiosa promover a inclusão não só para fora, mas também para dentro do partido.

“Estamos a discutir a nossa diferença. Estamos a tentar ultrapassar várias situações ainda prevalecentes, mas isso é um exercício permanente. Um partido como PAIGC tem que estar disponível para falar com todos. Hoje, o facto de nos encontrarmos chama mais atenção, mas posso-vos garantir que tenho conversado com todos aqueles que pensam diferente de mim dentro de partido” vincou.

O Presidente do PAIGC esteve esta terça-feira reunido, num dos hotéis do capital, com Octávio Lopes, Ministro director do gabinete de chefe de estado guineense, Marciano Silva Barbosa, chefe da Casa Civil, Fernando Mendonça, Conselheiro e porta-voz da Presidência da República, com o objectivo de ultrapassar o impasse político e falta de consenso que continua a impedir a formação de novo Governo liderado pelo veterano Carlos Correia, isto depois do PRS, segunda força politica do país, ter declinado o convite formulado pelo PAIGC para participar no governo.

Tiago Seide - 
(c) PNN Portuguese News Network – Bissau Digital, ontem

Portugal. Legislativas. AS SONDAGENS E A “LAVAGEM AO CÉREBRO” NA COMUNICAÇÃO SOCIAL



Que temos em Portugal uma comunicação social ao serviço do sistema que vigariza, rouba e explora os portugueses não é novidade. A novidade é que nunca aconteceu a referida comunicação social se empenhar tanto em proceder a “lavagens ao cérebro” dos portugueses como nesta campanha eleitoral. A prova está a ser facultada pela CISION - fornecimento de serviços para planeamento, contacto, monitorização e análise dos media - que contabilizou 32 horas das rádios e televisões em Portugal a falar de sondagens, “em apenas 10 dias”. 

A influencia que tal empenho vai produzir no eleitorado vai ser demonstrado (ou não) na noite do próximo dia 4. Independentemente de ficar provado que a saturação e abuso de informações constantes sobre sondagens foi (é) uma operação de "lavagem ao cérebro" que neste caso se pode considerar como uma tentativa de aliciar vantagens para a coligação do regime Cavaco-Passos-Portas. (Redação PG)

Informa a CISION:

Nos últimos 10 dias, as rádios e televisões portuguesas passaram, aproximadamente, 32 horas a falar sobre o tema “sondagens”.

Muito se tem debatido sobre a multiplicação de sondagens que têm marcado a campanha eleitoral, e pautado a agenda mediática dos órgãos de comunicação social portugueses, durante a presente corrida para as legislativas 2015. Com o dia de eleições marcado para o próximo domingo, 4 de Outubro, a Cision procurou saber qual o espaço editorial, e o tempo de antena ocupado, pelo tema “sondagens”, no total de notícias divulgadas sobre as legislativas 2015, nos meios de informação portugueses – rádio, televisão, media online e imprensa nacional.

Os resultados do estudo da Cision são reveladores e parecem de alguma forma demonstrar que, de facto, o país parece ter parado para ouvir, ver, e ler sobre estas eleições: em apenas 10 dias, concretamente entre os dias 20 e 30 de Setembro, foram produzidos 11.137 conteúdos noticiosos registados sobre as Eleições Legislativas. Destes, 1625 abordaram o tema “sondagens”. Ou seja, neste período, aproximadamente 15% do total de conteúdos produzidos pelos meios de comunicação social relativos às eleições legislativas portuguesas foi precisamente sobre “sondagens”.

Relativamente ao tempo de antena total de rádio e televisão dedicado às eleições legislativas portuguesas de 2015 foi, nestes 10 dias, de 452 horas. Destas, 32 horas foram precisamente a falar sobre sondagens: a análise às mesmas, os debates sobre a proliferação de resultados diários, as previsões, as percentagens, os rankings e as tracking pools – assuntos e termos que têm definitivamente marcado esta campanha eleitoral.

O objeto de análise deste estudo realizado pela Cision - empresa líder global em serviços e software de pesquisa, monitorização e análise de media - são todas as notícias sobre as eleições legislativas portuguesas 2015, veiculadas no espaço editorial português, em mais de 2000 meios de comunicação social.

O período temporal sobre o qual incidiu o estudo foi o período decorrido entre os dias 20 e 30 de Setembro de 2015.

A Cision é líder global no fornecimento de serviços para planeamento, contacto, monitorização e análise dos media.

Portugal. Legislativas. É MAU, MAS QUEM É QUE QUER SABER?



JOSÉ PACHECO PEREIRA  - Público, opinião

Portas, que desonra o honesto capacete de aço dos trabalhadores dos estaleiros, fez, antes de sair de Viana, uma prece a Santa Luzia para que ilumine os eleitores para que votem no PaF.

Eu acho que a comunicação social devia mostrar muito mais Portas e Passos e a coligação colocá-los no centro de todos os cartazes. Mais Portas até do que Passos. Mas parece que não o vai fazer, com medo que as caras assustem os eleitores e lhes lembrem que é o PSD e o CDS que estão por detrás da coligação.

Os símbolos dos partidos também estão envergonhadamente escondidos, como se o PaF fosse uma coisa nova e lustral. Mas, quem é que quer saber?

Na rua, é o engano habitual, de pessoas que não podem aparecer em público sob pena de serem insultadas. Admito que outros partidos façam o mesmo, para disfarçar fraquezas, embora a CDU seja o único que não o faz de todo. Tem gente suficiente para enquadrar os candidatos e não é recebida com hostilidade em lado nenhum. O logro, aliás mais uma mentira numa política de mentiras tão habitual como o ar que se respira, é tão evidente que não percebo que os órgãos de comunicação social, em particular a televisão, aceitem enganar objectivamente os seus espectadores apresentando-lhes “passeios de rua eleitorais” completamente artificiais, em que Passos e Portas aparecem rodeados por guarda-costas e “jotas” (que no PSD são habitualmente pagos para acompanharem as caravanas). Aliás, a campanha do PaF nada em dinheiro e muito tempo depois iremos saber que os custos de campanha, foram “por acaso” ultrapassados para o dobro. Mas, quem é que quer saber? 

Porém, dos actos eleitorais da coligação aquele que mais suscita do meu ponto de vista uma reacção mais dura foi a visita de Paulo Portas aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Como está tudo adormecido e ninguém reage a nada, aceitou-se este acto como mais um acto normal de campanha, quando ele na realidade devia infundir muita e muita preocupação e indignação. Mas quem é que quer saber?

Preocupação, porque revela uma arrogância desenvolta de quem acha que pode tudo e pode fazer tudo. Mesmo humilhar os outros, que é a essência do que aconteceu nos Estaleiros, onde muitos trabalhadores foram usados para servir de paisagem ao “sucesso” do governo, sem poderem, sob pena de perderem o seu emprego, exprimir-se livremente. Portas visitou-os com os patrões ao lado e grande cópia de jornalistas e câmaras, com o habitual chapéu de função, desta vez um capacete, batendo com os pés no chão de metal, como se fosse um general dum exército de ocupação. Mas quem é que quer saber?

Portas repetiu os mesmos números que Passos Coelho referiu numa outra visita aos mesmos Estaleiros, quando falou do “erro do passado” que “acabou em bem”. Os patrões da Martifer, por seu lado, acham que o governo pode usar as instalações de que são concessionários para a propaganda política da coligação, sem um átomo de hesitação. Por muito que se possa criticar homens como Belmiro de Azevedo ou Alexandre Soares dos Santos, duvido que aceitassem patrocinar uma sessão de propaganda do governo nos seus supermercados. 

E, no entanto, nada há de mais revelador, não só dos interesses que apoiam este governo, como das suas ideias sobre a sociedade e o papel dos trabalhadores, do que esta visita imperial num dos raros sítios onde ainda há trabalhadores. Na realidade não são os mesmos trabalhadores de antes, não tem os mesmos direitos e não ganhem os mesmos salários. Mas quem é que quer saber?

É natural que a empresa que ficou com a subconcessão dos Estaleiros, a West Sea da Martifer, não perca oportunidades em receber os governantes a quem muito deve. Seja Aguiar Branco, seja Passos Coelho, seja agora Paulo Portas. Em Maio deste ano, Passos Coelho visitou os Estaleiros e anunciou “que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”, por ajuste directo, ou seja, sem concurso. A encomenda por ajuste directo no valor de 77 milhões, foi justificada pela “urgência”, depois da Marinha ter sido impedida de os contratar aos Estaleiros quando estes eram públicos. Mas quem é que quer saber? 

Portas passa por cima destas minudências e atira os números do “sucesso” sem hesitar, como se espera de um propagandista, Passos pelo contrário, entaramelou-se. Quando da sua visita aos Estaleiros, seguiu-se uma complicada, como é costume, explicação sobre o que é que tinha acontecido aos trabalhadores dos Estaleiros: havia 520 a trabalhar, 200 contratados, 320 subcontratados. Dos contratados, aqueles pelos quais a Martifer tinha responsabilidades, apenas 160 tinham vindo dos antigos estaleiros (que tinham 609 trabalhadores à data da privatização). Claro que, muito naturalmente, porque a vida é difícil, houve trabalhadores que pediram a rescisão do contrato e o estado pagou as respectivas indemnizações, subsídios de desemprego e reformas. Em inícios de 2014, a empresa pública em vésperas de privatização, previa para “limpar” estes trabalhadores cerca de 30 milhões de euros. À data da concessão, a Martifer prometia contratar 400 dos 609, coisa que não fez. Agora promete dobrar o número de trabalhadores, dos 200 para os 400, “nos próximos tempos, tendo em conta que o Primeiro-Ministro acaba de anunciar que vai entregar à West Sea a construção de dois Navios Patrulha Oceânicos”. O Almirante Melo Gomes, que foi Chefe do Estado-maior da Armada, não deixou de comentar, com ironia, a “superioridade da gestão privada quando esta é financiada pelo erário público”. Mas quem é que quer saber?

Onde Portas se gaba de ter “salvo” os Estaleiros, na realidade ele quer dizer que os domou, como Pires de Lima falava das empresas de transporte quando há greves, para prometer que quando as privatizar ou concessionar, “acabam” as greves. O discurso sobre o “público” e o “privado” não é apenas sobre a eventual superioridade da gestão privada sobre a pública, é sobre como, em períodos de elevado desemprego, a privatização ajuda não só a baixar os salários como em por na ordem trabalhadores e sindicatos. Mas quem é que quer saber?

Claro que é melhor haver estaleiros a funcionar em Viana do Castelo, haver trabalhadores empregados, haver empresas a crescer com a ajuda do estado e mérito próprio, claro que tudo isso é melhor do que o seu contrário. Mas o seu contrário está longe de ser provado que iria acontecer ou poderia acontecer. Escolhas diferentes dariam resultados diferentes e, em muitos casos, bastante melhores.

Ficar desarmado porque as coisas aconteceram assim e daí inferir que não poderiam ser de outra maneira, é hoje uma maneira de pensar muito comum, mas mostra apenas interiorização e subjugação pelo poder. Depois quando correm mal, já é tarde. E há muitas destas coisas a correr mal, o melhor exemplo das quais é o Novo Banco, sobre o qual se tem seguido todo este tipo de raciocínio pela “realidade”. Mas quem é que quer saber?

O argumento é o de que foi assim, porque tinha que ser assim. Mas na verdade, não tinha que ser assim, foi assim porque se foi negligente (no Citius), se perdeu o controlo (no Novo Banco) e se fizeram asneiras (no “ir para além da troika”) ou, como no caso dos Estaleiros, porque se quis que fosse assim. Os prejuízos enormes a montante a jusante de muitas das decisões negligentes, impreparadas, imponderadas deste governo, para servir interesses e amigos, por ideologia, ou pior ainda, não podem ser justificadas pelas situações de facto que foram criadas. Algumas foram travadas pelo Tribunal Constitucional ou por outros Tribunais, outras porque o protesto teve força, outras porque estavam tão mal feitas que não passaram do papel. Mas, para mal de Portugal e dos portugueses passaram coisas demais. Mas quem é que quer saber?

Não há-de ser por mim, como aliás por muitos social-democratas que ainda sabem o que designa essa classificação política, que o PaF vai ganhar. Contrariamente à pequena intriga de muitos gnomos dedicados ao dedo twitteiro e facebookiano da coligação, uns amadores, outros profissionais, todos a mostrar serviço, que se saiba ninguém mudou de partido, ninguém faz parte das listas de deputados do PS e ninguém espera cargos e lugares caso o PS ganhe as eleições. Mas são sensíveis à vergonha interior que muitos trabalhadores dos Estaleiros de Viana devem ter tido, ao ver Portas a usá-los.

Portas, que desonra o honesto capacete de aço dos trabalhadores dos estaleiros, fez, antes de sair de Viana, uma prece a Santa Luzia para que ilumine os eleitores para que votem no PaF. Pobre Santa Luzia que nunca deve ter sido invocada para causa tão ruim!

Portugal. Legislativas. Jerónimo considera intolerável que Cavaco já tenha decidido as eleições



As declarações do Presidente da República voltaram a entrar na campanha depois de na quarta-feira o líder da CDU ter já criticado as "chantagens e manobras" de Cavaco Silva.

Depois do comício em Braga, a noite passada, Cavaco Silva voltou a ser tema de conversa na arruada desta manhã na Baixa da Banheira. Para Jerónimo de Sousa, as declarações do Presidente da República (PR), que declarou já saber o que vai fazer domingo, revelam desprezo pela soberania dos portugueses.

"É de facto uma situação intolerável que o PR já tenha definido os cenários, as perspetivas, as decisões, independentemente do resultado das eleições ainda não estar apurado porque o povo português ainda não votou. Espere.", afirmou o secretário-geral da CDU.

Na quarta-feira, à margem da 70ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, Cavaco Silva disse que sabe "muito bem aquilo que irá fazer" no pós-eleições e que é "totalmente insensível a quaisquer pressões", escusando revelar "um centímetro" do que tem na "cabeça".

"Para o Presidente da República, as eleições são o que são e ele já decidiu. Pode ser que o povo português decida em contrário daquilo que ele [Cavaco Silva] já tem na cabeça", afirmou Jerónimo de Sousa, no penúltimo dia de campanha eleitoral.

Para o secretário-geral da CDU, Cavaco Silva terá, "cada vez mais dificuldades" em condicionar o voto dos portugueses, "tendo em conta o seu atual prestígio" e "não terá grande influência".

TSF – foto José Coelho/Lusa

Portugal. Legislativas. Dois milhões vivem em risco de pobreza. Quase 500 mil são crianças



Portugal tem perto de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza. Números que cresceram, pelo menos até 2013, último ano com dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE).

Durante a campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para a futura legislatura. Hoje queremos saber qual a medida prioritária dos partidos para combater a pobreza?

Segundo o INE, a percentagem de idosos em risco de pobreza ronda os 15%. Nos adultos em idade ativa atinge os 19%. Quanto às crianças e adolescentes, uma em cada quatro (25,6%), perto de 470 mil, vivem numa família de baixos rendimentos.

A presença de crianças numa família está aliás "associada ao aumento do risco de pobreza", numa taxa que sobe para 38,4% nos agregados de apenas uma mãe ou um pai, mas também nos casais com três ou mais filhos.

Pobreza no Fim do Mundo?

Para falar sobre pobreza com crianças, a TSF visitou um bairro social de Cascais que, apesar da demolição das barracas e de um nome oficial diferente, continua a ser conhecido como Bairro do Fim do Mundo. Uma zona marcada pelo desemprego, exclusão social e insucesso escolar.

Para as crianças, contudo, a palavra pobreza refere-se a algo distante que só vêem quando saem do bairro e encontram mendigos, sem-abrigo ou pessoas com fome e "a roupa rasgada".

O coordenador pedagógico da ludoteca gerida por uma instituição católica que funciona no centro deste bairro social consegue perceber, em parte, o que leva muitas destas crianças a dizerem que não conhecem pobreza: é tudo uma questão de comparação.

Pablo Fortes explica que "a parte estética da pobreza é hoje muito diferente. O bairro já não tem barracas e as irmãs [freiras] trazem por vezes fotografias de África e os outros meninos não têm roupa, não têm calçado, não têm nada... As crianças daqui comparam-se e pobreza, para elas, será um nível ainda mais abaixo..."

O responsável da ludoteca, que acompanha há vários anos as crianças no antigo Bairro do Fim do Mundo, acrescenta que só mais tarde é que muitos destes miúdos vão perceber as dificuldades que têm quando, por exemplo, precisarem de apoio nos estudos e os pais não tiverem dinheiro ou se forem obrigados a desistir da escola.

Bernardo e Diogo têm 14 e 16 anos. Andam pelo bairro ao final da tarde e percebe-se que já chegaram à idade em que compreendem melhor aquilo que distingue os pobres. Admitem que "ninguém gosta de falar disso", mas sim, vêem "bastante pobreza" no bairro e entre os colegas.

Os dois amigos contam que cruzam-se com muitas pessoas que vão buscar comida ao banco alimentar e Diogo diz que ele próprio costuma ir: "eu vou, não tenho vergonha de dizer porque tenho necessidade e ninguém nasce rico".

O coordenador da ludoteca acrescenta aquele que para ele é um dos principais problemas da pobreza infantil: a desigualdade de oportunidades. "Estes miúdos, até aos 18 anos, não têm as mesmas oportunidades que uma criança de classe média ou média alta", pelo que "terem um percurso normal, sem grandes percalços, até ao 12º ano, já é uma grande vitória pessoal".

Para Pablo Fortes, a longo prazo, a pobreza em Portugal deve ser combatida sobretudo de uma forma: apostando em quebrar logo na infância um ciclo de pobreza que, com demasiada frequência, se prolonga durante várias gerações.

Nuno Guedes – TSF, com áudios no original TSF - foto Leonel de Castro/Global Imagens

O DIABO COM UMA CRUZ PASSEIA-SE POR PORTUGAL




Mário Motta, Lisboa

Gato escaldado de água fria tem medo. Um adágio que tem feito carreira no capítulo da desconfiança extrema que depositamos em alguém. Neste caso refira-se o atual primeiro-ministro e toda a chamada coligação Portugal prá Frente ou vice-versa. Ou à frente... para mais abismo. O verso e o reverso daquilo que Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva, banqueiros e grandes empresários representam naquela aliança exclusivista de uma elite que mais não tem feito que roubar e exaurir os portugueses.

Em repetição, temos nesta campanha eleitoral o empenho dos salafrários do costume. Os salafrários que desde há quatro anos a esta data têm votado à miséria e à fome mais de dois milhões de portugueses, empurrados para a pobreza extrema, que só não é referida nas estatísticas com os seus números reais por “bondade” dos “donos das estatísticas" e donos disto tudo… por enquanto.

Segue um título no texto incluso: “Governo acena com aumentos e médicos, Passos não larga crucifixo”, escrito por Ana Lemos no Notícias ao Minuto. Na verdade Passos repete a dose de promessas-mentiras, a dose de desonestidade costumeira que o mostrou como um grande mentiroso da história de Portugal. Bem o disse Marques Mendes, que Passos ficaria na história do país. Eis como. Como um grande aldrabão. O maior aldrabão e descarado pós 25 de Abril.

Vai daí, com o maior descaramento, promete mundos e fundos, novamente, para fazer exatamente o contrário assim que se sentir reeleito. Assim agiu anteriormente, de há quatro anos para cá, assim fará se voltar a ser reeleito. Assim será. O seu compincha Cavaco Silva esfrega as mãos de expetativa e contentamento pelo que julga ter a certeza de vir a acontecer e que só ele "sabe mas não diz" a ninguém.

Cavaco não precisa dizer o que fará. Todos sabemos o que fará se não saírem destas eleições expressiva quantidade de votos de repúdio pelo seu governo radical desde há quatro anos. Se não, Portugal e os portugueses podem contar com mais boda aos banqueiros e aos escandalosamente mais ricos, que são quem apoia financeiramente Cavaco Silva e o bando que ele mantém nos poderes. A direita mais ressabiada desde o 25 de Abril de 1974 encorpora-se na pessoa de Cavaco Silva e deste governo que ele quer manter à viva força. Esqueçam-se as inconstitucionalidades. Esqueçam-se todos os podres que ao longo de quatro anos foram sendo reciclados por Cavaco para português enganar. Esqueçam-se as injustiças. Esqueçam-se as mentiras – inclusive de Cavaco sobre o BES, por exemplo.

As promessas de rios de mel saem das bocas dos da coligação PàF. Logo que reeleitos, cairão por terra tais promessas, como já aconteceu. Não será de estranhar que Passos agora surja com um crucifixo? Antes nunca se notou, nem se revelou, que fosse um católico tão fiel, tão aplicado, tão fanático. Vê-lo agora naqueles propósitos é como ver o diabo na cruz em vez de Cristo. Só um excomungado diabo se lembraria de tal jogada para enganar os portugueses.

Naqueles propósitos, reportando-nos ao passado de enganos, falsidades e mentiras de Passos, só é possível ver nele e naquele crucifixo que exibe o diabo com uma cruz. Jesus Cristo, segundo a Bíblia, sempre foi dedicado e fiel aos pobres, aos explorados, aos oprimidos. Era Ele que dizia: “é mais fácil a um camelo passar pelo fundo (cu) de uma agulha do que a muitos ricos entrarem no reino dos céus”. Essa não tem sido a política de Passos, de Portas, nem de Cavaco Silva – o grande impulsionador desta direita radical que temos o dever de repudiar na votação do próximo dia 4 de Outubro.

Não nos esqueçamos do mentiroso que Passos e seu bando têm dado provas de ser. Que nem o diabo com uma cruz lhes valha. Assim seja. 

(MM/PG)

Governo acena com aumentos e médicos, Passos não larga crucifixo

Em tempo de eleições, escapar à promessa em busca do voto, pode revelar-se uma ‘tarefa difícil’. A verdade é que, nos últimos meses, têm sido várias as ‘boas notícias’ dadas pelo Governo, nomeadamente aos funcionários do Estado. Ora vejamos.

Em contagem decrescente para as eleições de 4 de outubro, há acordos assinados, aumentos salariais, médicos de família para todos, promessa de devolução de parte da sobretaxa de IRS. Pela conquista do voto ou não, a verdade é que nos últimos meses foram mais as boas do que as más notícias dadas pelo Governo.

E na reta final da campanha, Passos Coelho tocou no tema religião. O primeiro-ministro revelou hoje aos jornalistas que guarda no bolso o crucifixo que lhe foi oferecido há dias, em Leiria, e do qual não mais se conseguiu separar. Só o fará, revelou, quando “chegar a casa na sexta-feira”. Se este amuleto trará uma vitória no próximo domingo, ninguém sabe. A verdade é que, enquanto a campanha percorre o país, o Governo faz crescer a lista de ‘boas notícias’.

O acordo assinado com os enfermeiros é a mais recente ‘boa nova’, num já composto leque de aumentos a várias carreiras da Função Pública. Destaca o Jornal de Negócios que os funcionários que ganham acima de 1.500 euros (cerca de metade do total de trabalhadores do Estado), viram este ano anulado um quinto dos cortes em vigor desde o início de 2014.

Já a partir desta quinta-feira, 11 mil enfermeiros beneficiarão de um aumento (máximo de 221 euros) em virtude da equiparação do salário entre profissionais com contrato individual e os que estão em funções públicas.

A par desta devolução, a Lei do Orçamento do Estado voltou a congelar salários e a travar progressões, independentemente da avaliação que os funcionários apresentem. Porém, são cada vez mais as exceções, por via do número de sindicatos que conseguiu negociar, muitas vezes sob ameaça de greve.

Algo semelhante ocorrerá nas Finanças. Com a criação da nova carreira de técnico superior do Ministério das Finanças, os funcionários da Direção-geral do Orçamento (DGO), da Direção-geral do Tesouro (DGTF) e do Gabinete de Planeamento (GPEARI) passam para esta nova carreira com aumentos mínimos de 52 euros. Um valor, destaca o Jornal de Negócios, que poderá ser bastante superior, tendo em conta o posicionamento remuneratório de cada um.

Aprovado foi também o novo Estatuto da PSP, que estabelece uma atualização da tabela remuneratória: “Cerca de 9 mil ou 10 mil polícias, cerca de 50% dos polícias, vão ter ligeiras atualizações, de 30 euros ou de 50 euros”, disse à data da aprovação do documento Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

Hoje, a quatro dias da ida às urnas, o Ministério da Saúde anunciou que quer, nas próximas semanas, que haja mais 450 mil portugueses com médico de família atribuído. A informação foi dada à rádio TSF pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), um organismo tutelado pelo Governo. Para chegar a estes números serão contratados 237 médicos que obtiveram a especialidade e ainda cerca de 100 médicos que a obterão em breve.

Ana Lemos – Notícias ao Minuto

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