Notícias
de Israel: o Ministério da Defesa autorizou a construção de mais 153 casas em
colonatos situados na Cisjordânia ocupada; e um jornal israelita defende a
liquidação da ministra sueca dos Negócios Estrangeiros, Margo Wallstrom, por
condenar as execuções extrajudiciais de cidadãos palestinianos.
Quem
procurar reacções de dirigentes da União Europeia a estes atentados ao direito
internacional – seja de governos, seja das instituições comunitárias – não as
encontrará. Bruxelas come e cala perante as constantes exibições de impunidade
dos dirigentes israelitas e dos arruaceiros que os servem.
Os
novos alojamentos traduzem a ampliação de colonatos já existentes em três
regiões da Cisjordânia e, naturalmente, a expansão das zonas assim ocupadas. Os
mais poderosos dirigentes mundiais continuam a falar na “solução de dois
Estados” para a questão israelo-palestiniana enquanto, paulatinamente, o regime
sionista prossegue o processo de anexação dos territórios onde deveria ser
fundado um Estado palestiniano soberano e viável. Pelo que, cada vez mais, o
“processo de paz” e o seu desfecho de “dois Estados” soa a história da
Carochinha, com a diferença que nada tem de inocente. Quem insiste em narrá-la
sabe que o faz enganando os ouvintes, porque é impossível não adivinhar o
desfecho da mistificação se não forem tomadas medidas sérias para fazer
prevalecer o direito internacional.
O
facto de ser o Ministério da Defesa israelita a gerir a expansão dos colonatos
é o testemunho mais evidente de que não se trata de uma operação comum de
urbanização de terrenos loteados em espaço próprio, mas sim de um processo de
ocupação realizado com apoio militar. Só não vê quem não quer ver e, a respeito
da colonização israelita, os principais dirigentes mundiais são deliberadamente
cegos e mudos. Dizem-se tão preocupados com o terrorismo e deixam que actuações
como esta decorram sob os seus narizes.
Quanto
à condenação à morte da ministra sueca dos Negócios Estrangeiros, vem estampada
em letra de forma e em editorial no jornal israelita Makor Rishon (“De fonte
segura”). Margo Wallstrom fez declarações condenando as execuções
extrajudiciais de presos palestinianos, que, aliás, são do conhecimento da
chamada “comunidade internacional” – esse é o crime que serve de base à
sentença ditada pelo editorialista. Para este, a chefe da diplomacia sueca é
“uma antissemita como foi Folke Bernadotte” e, escreve ele, “estou convencido
de que conhecerá o mesmo fim”. O conde Folke Bernadotte, diplomata sueco, foi
assassinado em 17 de Setembro de 1948 pelo grupo terrorista sionista Stern
quando tentava negociar um cessar-fogo na Palestina entre os exércitos árabes e
judaico.
Não
creia o leitor que o jornal punitivo é uma qualquer folha de couve impressa e
distribuída por lunáticos. Pertence ao grupo do magnata mafioso norte-americano
Sheldon Adelson, senhor dos casinos com relações muito próximas do
primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. A senhora Wallstrom tem razões
para se precaver e, ao mesmo tempo, fica a perceber que as cedências como as
que recentemente fez a Marrocos e ao Ikea, a propósito do Sahara Ocidental, não
a tornam mais imune a quem não olha a meios.
Dos
Estados Unidos não haveria que esperar qualquer reacção a estes desmandos
israelitas, que aliás fazem parte da rede de comportamentos minuciosamente
fiada entre Washington e Telavive.
Já
das instâncias e dos governos da União Europeu ainda seria possível alimentar a
tímida ilusão de uma qualquer chamada de atenção. A notícia sobre novos
colonatos, é certo, pode ser considerada um dado corriqueiro do dia-a-dia, tão
banal que não merece o esbanjamento sequer do precioso tempo dos doutos
telejornalistas; mas, que diabo, há incitamentos que ameaçam a vida de uma
ministra de um governo da União. Não seria motivo para alguma solidariedade,
pelo menos de outros colegas?
Santa
ingenuidade a do escriba!
Na
foto: Netanyahu com Sheldon Adelson, o proprietário do jornal que
pede a morte da ministra sueca dos Negócios Estrangeiros
*Mundo
Cão
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