Assunto
de pouca monta faz tempestade no copo de água do exército. Assim parece. Tudo
por que o diretor do Colégio Militar usou palavras discriminatórias
relativamente aos alunos homossexuais que frequentam o colégio que dirige numa
cerimónia. A discriminação é inconstitucional, lembram-se?
O
ministro da defesa abordou o general Carlos Jerónimo, então Chefe do Estado-Maior
do Exército, o que escreveu e o que lhe disse não sabemos exatamente. Aí é que
está o busílis que permite que agora ande tudo a enrolar em ondas fictícias as
causas da tempestade gerada naquele copo. Fica para memória futura que os
motivos da interferência do ministro foi atempada e obrigatoriamente necessária.
Não pulou a hierarquia militar (não se dirigiu ao diretor do Colégio Militar),
escreveu e falou pelo telefone com o superior hierárquico do abusado diretor. ´É o que se sabe publicamente.
Quem
foi militar sabe muito bem as sensibilidades que naquela profissão podem
existir. Por lá ainda reina o quero, posso e mando. Só que isso não é compatível
com preceitos constitucionais e humanos, nem com a sujeição devida dos militares à
democracia e ao poder político, desde que democrático.
Se,
como é afirmado pelos que do governo falam do assunto, e alguns militares, o ministro não pediu a
demissão do Chefe do Estado-Maior. Se se lhe dirigiu corretamente, se lhe pediu
a admoestação ou a demissão do diretor do Colégio Militar, não fez nada que não
devesse fazer, nem nada que ferisse os preceitos em democracia.
Provavelmente,
o general Jerónimo, então Chefe do Estado-Maior do Exército, ao ver-se na situação de
ter de tomar uma posição acerca da postura do diretor do Colégio Militar
relativamente à sua homofobia discriminatória não gostou e até se sentiu
identificado com as palavras e raciocino do seu subordinado, diretor do Colégio
Militar. Omessa, então por que o deveria de admoestar ou demitir? Devia, até
porque uma das conquistas de Abril de 1974, uma das determinações
constitucionais é a não discriminação. A coisa parece leve mas não é. Escutando
ou lendo as palavras proferidas pelo diretor do Colégio Militar vimos,
percebemos, que ele contém uma bolsa homofóbica que não pode ser tolerada àquele
nível.
O
então Chefe do Estado-Maior demitiu-se. Tem estado em silêncio. Outros falam
por ele. Militares. Querem a cabeça do ministro da defesa. Sugerem que oficial
algum aceite o cargo… Inconcebível.
Se
não existiram incorreções da parte do ministro estamos perante a mentalidade discriminatória
dos oficiais militares de topo que se têm revelado. Mais grave ainda é que podemos estar perante
uma postura dos adulantes militares da direita ideológica e política. Não vimos
militares de topo em exercício contestar em caso algum as políticas de direita
de Passos Coelho, nem do seu governo. E agora, isto porquê? Voltamos ao mesmo? Já
existe novamente uma escola dos da brigada do reumático? Voltamos à necessidade
de os pequenos terem de voltar a ser grandes?
Bom
senso e que se observe o cumprir da postura que em democracia é salutar e
recomenda-se: cada macaco no seu galho.
Do
jornal Expresso respigamos um texto subordinado ao assunto, também o convite a
invadirem uns quantos títulos do mesmo jornal, para ver se se entende alguma
coisa – o que está difícil. Até parece que estamos a falar sobre a sexualidade
do eunuco. Por favor…
No
Expresso e nosso
Marcos
Perestrello: “Azeredo Lopes nunca exigiu a demissão a ninguém” – Se não
exigiu qual é a razão do ofendido? Porque também é homofóbico e apoia as
palavras e postura discriminatório do diretor do Colégio Militar?
Reflexões
sobre a demissão do chefe do Estado-Maior do Exército - “Felicito a decisão
tomada pelo chefe do Estado-Maior, como felicitarei os generais que recusem a
nomeação para o substituir, enquanto for mantido em funções o atual ministro
[Azeredo Lopes]”, escreve o general Ricardo Durão a propósito da demissão do
general Carlos Jerónimo". Avança o Expresso. Saberá este general o que os
portugueses ignoram e continua no segredo dos deuses militares e políticos? Saberá que não somos uns merdas que não têm o direito de conhecer o que realmente aconteceu entre o ministro e o general Jerónimo? Saberá, saberão, que não são só eles os garantes da soberania mas sim todos os portugueses e que por isso lhes devem explicações?
Vasco
Lourenço pede que nenhum general aceite a chefia do Estado-Maior do Exército
– E lá vem mais outro à guerra do que não se sabe. Nenhum deles, nem este capitão de Abril, põe a boca no
trombone sobre as verdadeiras causas da demissão, com verdade. Com verdade,
porque fartos de mentiras e jogadas porcas estamos nós - portugueses e também
militares veteranos que aguentaram por décadas alguns generais de trampa e
desumanos. Fascistas. O que sabe Vasco Lourenço que o país não sabe? Assim não vale. Até
parece que o reumático lhe surgiu com a idade…
Chefe
do Exército sai para defender honra e cumprir deveres militares – outro a
dizer. Honra? Mas então aconteceram atropelos à hierarquia, à pessoa? Aos
militares? Se houve têm razão… Mas não parece.
Sejam
homenzinhos, falem verdade e publicamente que é para percebermos de que lado
está a razão. Até parecem as putas (gíria militar e caserneira) que não param de
contribuir para embrulhar tudo e assim fazerem chinfrineira!
Sejam
objetivos e digam que não querem mulheres nem "paneleiros" nas Forças Armadas. Nada
como falar a verdade. Nada como explicar ao que estão e ao que vão. É que se assim
for… isso é inconstitucional. Mas que chatice!
Falem,
porra! Ao menos no Parlamento, em audiência pública. Pois.
A definição para homofóbico
“Homofobia significa aversão
irreprimível, repugnância, medo, ódio,preconceito que
algumas pessoas, ou grupos nutrem contra oshomossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais.
Muitas
vezes aqueles que guardam estes sentimentos não definiram completamente sua
identidade sexual, gerando dúvidas e revolta, que são transferidas para aqueles
que já definiram suas preferências sexuais.” (em
Significado de Homofobia)
MM
/ PG
Parlamento
decide chamada do ex-CEME e ministro da Defesa
Os
deputados votam esta quarta-feira os pedidos de audição, em comissão
parlamentar, do ex-chefe do Estado-Maior do Exército e do ministro Azeredo
Lopes. O general Carlos Jerónimo demitiu-se poucos dias após o início da
polémica sobre alegadas práticas de discriminação de alunos homossexuais do
Colégio Militar, o que originou um pedido de explicações do ministro
Requerimento
do Bloco de Esquerda a pedir audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional
do general Carlos Jerónimo, ex-chefe do Estado-Maior do Exército que se demitiu
na semana passada, parecia ter até meio da tarde desta segunda-feira uma
"luz verde" garantida. Além de Bloco, tanto PSD como PCP haviam
anunciado a concordância com a iniciativa, pelo que a dúvida seria a data da
ida do militar ao Parlamento, pois estavam reunidos os votos necessários para
tomar essa decisão.
Contudo,
ao final da tarde de segunda-feira, o PSD apresentou um segundo requerimento no
mesmo sentido mas que vem baralhar as coisas, pois pede igualmente a presença do
ministro da Defesa Azeredo Lopes "para que possam ser prestados os
esclarecimentos considerados pertinentes".
Uma
pretensão que terá a oposição do PS. Sem querer antecipar ao Expresso o
que dirá esta quarta-feira na comissão de Defesa, o coordenador dos deputados
socialistas José Miguel Medeiros (num comentário a posições do democrata Pedro
Roque) acusa o PSD de adotar "uma posição um pouco oportunista" e que
"não abona muito em defesa do sentido de Estado", pois já estava
previsto que o ministro da Defesa compareça na comissão parlamentar no dia 26
de abril.
Mas
mais do que uma oposição à chamada de Azeredo Lopes, os socialistas põem também
em causa, para já, a audição de Carlos Jerónimo. "Só fará sentido que o
general seja chamado depois de ser ouvido o ministro, e se sobrar ainda alguma
coisa para esclarecer", acrescenta Medeiros.
É
esta indexação das audições colocada em cima da mesa pelo PS que poderá
originar uma nova ponderação da questão pelos seus dois parceiros de esquerda,
Bloco e PCP (num quadro em que ambos os partidos têm mostrado cautela na
apreciação de situações mais melindrosas para o Executivo). Não foi ainda
possível apurar qual a decisão que, nesse novo cenário, bloquistas e comunistas
assumirão, assim como se desconhece a posição dos deputados do CDS.
UMA
ENTREVISTA INCENDIÁRIA
Os
bloquistas requereram a audição do ex-CEME no final da noite de quinta-feira da
semana passada, para lhe perguntar tinha conhecimento da "discriminação em
função da orientação sexual" existente no Colégio Militar. Esta situação
fora admitida pelo subdiretor da instituição, tenente-corronel António José
Ruivo Grilo.
Na
sequência destas declarações, o ministério da Defesa pediu explicações ao Chefe
do Estado-Maior do Exército, assumindo que "considera absolutamente
inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação
sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei".
Para
os parlamentares do Bloco, o responsável pelo Colégio Militar "aborda
diretamente a questão da homossexualidade naquela instituição, reconhecendo e
legitimando a existência de práticas discriminatórias de alunos
homossexuais", um quadro que os deputados BE consideram de
"particular gravidade".
Pedro
Roque, o coordenador dos deputados do PSD na comissão de Defesa Nacional,
sublinha ao Expresso a necessidade de ouvir tanto o ex-CEME como o
ministro da tutela. "Ficou um enorme mal-estar nas fileiras militares, e é
preciso esclarecer isso. As coisas deviam ter sido feitas de forma mais
recatada", diz Pedro Roque.
Antes,
já o PSD considerara que as "declarações públicas imprudentes" de
Azeredo Lopes "terão de alguma maneira precipitado" o pedido de
demissão do CEME.
Paulo
Paixão - Expresso - Foto: Paulo Novais / Lusa
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