quarta-feira, 13 de abril de 2016

CRISE E CENAS REUMATÓIDES NAS TROPAS DA ELITE? FALEM, PORRA!



Assunto de pouca monta faz tempestade no copo de água do exército. Assim parece. Tudo por que o diretor do Colégio Militar usou palavras discriminatórias relativamente aos alunos homossexuais que frequentam o colégio que dirige numa cerimónia. A discriminação é inconstitucional, lembram-se?

O ministro da defesa abordou o general Carlos Jerónimo, então Chefe do Estado-Maior do Exército, o que escreveu e o que lhe disse não sabemos exatamente. Aí é que está o busílis que permite que agora ande tudo a enrolar em ondas fictícias as causas da tempestade gerada naquele copo. Fica para memória futura que os motivos da interferência do ministro foi atempada e obrigatoriamente necessária. Não pulou a hierarquia militar (não se dirigiu ao diretor do Colégio Militar), escreveu e falou pelo telefone com o superior hierárquico do abusado diretor. ´É o que se sabe publicamente.

Quem foi militar sabe muito bem as sensibilidades que naquela profissão podem existir. Por lá ainda reina o quero, posso e mando. Só que isso não é compatível com preceitos constitucionais e humanos, nem com a sujeição devida dos militares à democracia e ao poder político, desde que democrático.

Se, como é afirmado pelos que do governo falam do assunto, e alguns militares, o ministro não pediu a demissão do Chefe do Estado-Maior. Se se lhe dirigiu corretamente, se lhe pediu a admoestação ou a demissão do diretor do Colégio Militar, não fez nada que não devesse fazer, nem nada que ferisse os preceitos em democracia.

Provavelmente, o general Jerónimo, então Chefe do Estado-Maior do Exército, ao ver-se na situação de ter de tomar uma posição acerca da postura do diretor do Colégio Militar relativamente à sua homofobia discriminatória não gostou e até se sentiu identificado com as palavras e raciocino do seu subordinado, diretor do Colégio Militar. Omessa, então por que o deveria de admoestar ou demitir? Devia, até porque uma das conquistas de Abril de 1974, uma das determinações constitucionais é a não discriminação. A coisa parece leve mas não é. Escutando ou lendo as palavras proferidas pelo diretor do Colégio Militar vimos, percebemos, que ele contém uma bolsa homofóbica que não pode ser tolerada àquele nível.

O então Chefe do Estado-Maior demitiu-se. Tem estado em silêncio. Outros falam por ele. Militares. Querem a cabeça do ministro da defesa. Sugerem que oficial algum aceite o cargo… Inconcebível.

Se não existiram incorreções da parte do ministro estamos perante a mentalidade discriminatória dos oficiais militares de topo que se têm revelado. Mais grave ainda é que podemos estar perante uma postura dos adulantes militares da direita ideológica e política. Não vimos militares de topo em exercício contestar em caso algum as políticas de direita de Passos Coelho, nem do seu governo. E agora, isto porquê? Voltamos ao mesmo? Já existe novamente uma escola dos da brigada do reumático? Voltamos à necessidade de os pequenos terem de voltar a ser grandes?

Bom senso e que se observe o cumprir da postura que em democracia é salutar e recomenda-se: cada macaco no seu galho.

Do jornal Expresso respigamos um texto subordinado ao assunto, também o convite a invadirem uns quantos títulos do mesmo jornal, para ver se se entende alguma coisa – o que está difícil. Até parece que estamos a falar sobre a sexualidade do eunuco. Por favor…

No Expresso e nosso

Marcos Perestrello: “Azeredo Lopes nunca exigiu a demissão a ninguém” – Se não exigiu qual é a razão do ofendido? Porque também é homofóbico e apoia as palavras e postura discriminatório do diretor do Colégio Militar?

Reflexões sobre a demissão do chefe do Estado-Maior do Exército - “Felicito a decisão tomada pelo chefe do Estado-Maior, como felicitarei os generais que recusem a nomeação para o substituir, enquanto for mantido em funções o atual ministro [Azeredo Lopes]”, escreve o general Ricardo Durão a propósito da demissão do general Carlos Jerónimo". Avança o Expresso. Saberá este general o que os portugueses ignoram e continua no segredo dos deuses militares e políticos? Saberá que não somos uns merdas que não têm o direito de conhecer o que realmente aconteceu entre o ministro e o general Jerónimo? Saberá, saberão, que não são só eles os garantes da soberania mas sim todos os portugueses e que por isso lhes devem explicações?

Vasco Lourenço pede que nenhum general aceite a chefia do Estado-Maior do Exército – E lá vem mais outro à guerra do que não se sabe. Nenhum deles, nem este capitão de Abril, põe a boca no trombone sobre as verdadeiras causas da demissão, com verdade. Com verdade, porque fartos de mentiras e jogadas porcas estamos nós - portugueses e também militares veteranos que aguentaram por décadas alguns generais de trampa e desumanos. Fascistas. O que sabe Vasco Lourenço que o país não sabe? Assim não vale. Até parece que o reumático lhe surgiu com a idade…

Chefe do Exército sai para defender honra e cumprir deveres militares – outro a dizer. Honra? Mas então aconteceram atropelos à hierarquia, à pessoa? Aos militares? Se houve têm razão… Mas não parece.

Sejam homenzinhos, falem verdade e publicamente que é para percebermos de que lado está a razão. Até parecem as putas (gíria militar e caserneira) que não param de contribuir para embrulhar tudo e assim fazerem chinfrineira!

Sejam objetivos e digam que não querem mulheres nem "paneleiros" nas Forças Armadas. Nada como falar a verdade. Nada como explicar ao que estão e ao que vão. É que se assim for… isso é inconstitucional. Mas que chatice!

Falem, porra! Ao menos no Parlamento, em audiência pública. Pois.

A definição para homofóbico

“Homofobia significa aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio,preconceito que algumas pessoas, ou grupos nutrem contra oshomossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais.

Muitas vezes aqueles que guardam estes sentimentos não definiram completamente sua identidade sexual, gerando dúvidas e revolta, que são transferidas para aqueles que já definiram suas preferências sexuais.” (em Significado de Homofobia)

MM / PG

Parlamento decide chamada do ex-CEME e ministro da Defesa

Os deputados votam esta quarta-feira os pedidos de audição, em comissão parlamentar, do ex-chefe do Estado-Maior do Exército e do ministro Azeredo Lopes. O general Carlos Jerónimo demitiu-se poucos dias após o início da polémica sobre alegadas práticas de discriminação de alunos homossexuais do Colégio Militar, o que originou um pedido de explicações do ministro

Requerimento do Bloco de Esquerda a pedir audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional do general Carlos Jerónimo, ex-chefe do Estado-Maior do Exército que se demitiu na semana passada, parecia ter até meio da tarde desta segunda-feira uma "luz verde" garantida. Além de Bloco, tanto PSD como PCP haviam anunciado a concordância com a iniciativa, pelo que a dúvida seria a data da ida do militar ao Parlamento, pois estavam reunidos os votos necessários para tomar essa decisão.

Contudo, ao final da tarde de segunda-feira, o PSD apresentou um segundo requerimento no mesmo sentido mas que vem baralhar as coisas, pois pede igualmente a presença do ministro da Defesa Azeredo Lopes "para que possam ser prestados os esclarecimentos considerados pertinentes".

Uma pretensão que terá a oposição do PS. Sem querer antecipar ao Expresso o que dirá esta quarta-feira na comissão de Defesa, o coordenador dos deputados socialistas José Miguel Medeiros (num comentário a posições do democrata Pedro Roque) acusa o PSD de adotar "uma posição um pouco oportunista" e que "não abona muito em defesa do sentido de Estado", pois já estava previsto que o ministro da Defesa compareça na comissão parlamentar no dia 26 de abril.

Mas mais do que uma oposição à chamada de Azeredo Lopes, os socialistas põem também em causa, para já, a audição de Carlos Jerónimo. "Só fará sentido que o general seja chamado depois de ser ouvido o ministro, e se sobrar ainda alguma coisa para esclarecer", acrescenta Medeiros.

É esta indexação das audições colocada em cima da mesa pelo PS que poderá originar uma nova ponderação da questão pelos seus dois parceiros de esquerda, Bloco e PCP (num quadro em que ambos os partidos têm mostrado cautela na apreciação de situações mais melindrosas para o Executivo). Não foi ainda possível apurar qual a decisão que, nesse novo cenário, bloquistas e comunistas assumirão, assim como se desconhece a posição dos deputados do CDS.

UMA ENTREVISTA INCENDIÁRIA

Os bloquistas requereram a audição do ex-CEME no final da noite de quinta-feira da semana passada, para lhe perguntar tinha conhecimento da "discriminação em função da orientação sexual" existente no Colégio Militar. Esta situação fora admitida pelo subdiretor da instituição, tenente-corronel António José Ruivo Grilo.

Na sequência destas declarações, o ministério da Defesa pediu explicações ao Chefe do Estado-Maior do Exército, assumindo que "considera absolutamente inaceitável qualquer situação de discriminação, seja por questões de orientação sexual ou quaisquer outras, conforme determinam a Constituição e a Lei".

Para os parlamentares do Bloco, o responsável pelo Colégio Militar "aborda diretamente a questão da homossexualidade naquela instituição, reconhecendo e legitimando a existência de práticas discriminatórias de alunos homossexuais", um quadro que os deputados BE consideram de "particular gravidade".

Pedro Roque, o coordenador dos deputados do PSD na comissão de Defesa Nacional, sublinha ao Expresso a necessidade de ouvir tanto o ex-CEME como o ministro da tutela. "Ficou um enorme mal-estar nas fileiras militares, e é preciso esclarecer isso. As coisas deviam ter sido feitas de forma mais recatada", diz Pedro Roque.

Antes, já o PSD considerara que as "declarações públicas imprudentes" de Azeredo Lopes "terão de alguma maneira precipitado" o pedido de demissão do CEME.

Paulo Paixão - Expresso - Foto: Paulo Novais / Lusa

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