A Universidade de Macau organiza na sexta-feira e no
sábado uma conferência internacional sobre ensino e aprendizagem de português
como língua estrangeira durante a qual será criada a Associação de Estudos de
Língua Portuguesa da Ásia (AELPA).
A
associação é criada à imagem de outras associações de professores,
investigadores e académicos de estudos portugueses espalhados pelo mundo, como
por exemplo a American Portuguese Studies Association (APSA) na América, indica
o programa da conferência.
A
AELPA terá a sua primeira sede na Universidade de Macau durante dois anos e os
seus estatutos e primeiro comité executivo serão aprovados durante a
conferência, que arranca na sexta-feira.
"Esta
é a primeira conferência dirigida para as pessoas que ensinam português na
China e na Ásia", disse hoje à agência Lusa a presidente da comissão
organizadora, Inocência Mata.
"O
que se pretende é direcionar para os colegas chineses que ensinam português e
fazer com que a Universidade de Macau seja uma plataforma de diálogo entre
colegas", acrescentou a professora da Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa e docente de literaturas e culturas em português da Universidade de
Macau.
A
conferência vai contar com 52 comunicações e participantes oriundos do interior
da China, Japão, Coreia do Sul e Índia. Também participam professores das
várias instituições de ensino em Macau e de outras de Portugal.
"Na
verdade, estamos muito empenhados em que a Universidade de Macau possa ser uma
referência do ensino de português na Ásia. Esta universidade tem 35 anos e o
seu curso de verão [de português] vai ser o 30.º este ano, o que já demonstra a
persistência (...), mas gostaríamos que ela pudesse ser o lugar de encontro das
pessoas que trabalham no ensino da língua portuguesa", observou.
Na
conferência vão ser abordadas, entre outros assuntos, "as literaturas de
língua portuguesa, as metodologias e propostas curriculares, nomeadamente as
que melhor respondem ao perfil dos falantes de língua chinesa, que não pode ser
a mesma proposta curricular aplicada a um falante de francês, espanhol ou
alemão".
"Há
uma grande diferença no imaginário histórico-cultural dos países de europeus e
de língua portuguesa em África e no Brasil" em comparação com "o
acervo do estudante chinês" que estuda português, afirmou Inocência Mata,
sublinhando que essa particularidade deve ser atendida no ensino da língua na
Ásia.
Outro
objetivo, segundo a presidente da comissão organizadora da conferência, é que o
ensino da língua portuguesa seja visto "além da sua dimensão utilitária e
que tenha uma dimensão humanística", porque "aprender as diferentes
culturas dos outros povos também é importante para a economia".
"Não
podemos perder de vista a dimensão cultural das relações económicas",
concluiu.
FV
// VM - Lusa
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