As
práticas comerciais (abusivas) dos grandes hipermercados constituem uma
autêntica «ditadura», com que esmagam, em baixa, o escoamento e os preços à
produção nacional. Os produtores de leite, por exemplo, perdem muito dinheiro
para continuar a produzir.
João
Dinis – AbrilAbril, opinião
Há anos
que vimos dizendo que os grandes Hipermercados praticam uma autêntica
«ditadura» comercial, com que esmagam, em baixa, o escoamento e os Preços à
Produção Nacional, enquanto promovem as Importações desnecessárias.
Assim,
também muito contribuem para agravar os défices alimentar e da balança de
pagamentos agro-alimentar do nosso País.
Os
grandes Hipermercados, globalmente considerados, detêm uma posição hegemónica
no comércio agro-alimentar, e dois grandes grupos de «matriz nacional» (embora
paguem impostos fora do País…) detêm posição dominante e tendem já para
posições monopolistas. Pelo meio, usam e abusam de práticas comerciais que
consideramos serem mais do que abusivas, como acontece, constantemente, com as
«Promoções» e as «Marcas Brancas» (as suas marcas próprias). Estes são
expedientes «violentos» com que especulam e, na prática, espoliam os seus
Fornecedores de direitos de propriedade material e intelectual sobre os
respectivos Produtos.
Mas
também impõem as suas (dos Hipermercados) próprias escolhas aos Consumidores,
pois são as gerências de cada Hipermercado que, em primeiro lugar, decidem que
produtos é que entram em «promoção» ou em «marca branca» e em que condições
comerciais é que isso acontece a cada momento. Ou seja, os Hipermercados
escolhem primeiro aquilo que (e como) os Consumidores vão depois «escolher» nas
prateleiras, onde há, sempre, os produtos-chamariz… E assim manipulam os
Consumidores.
Os
grandes Hipermercados também se aproveitam da falta de informação e do baixo
poder de compra de vastas camadas da nossa População para manipular preços e
marcas e, também assim, acirrar a concorrência entre as várias cadeias de
distribuição-comercialização, sempre à custa dos Fornecedores e dos próprios Consumidores.
Por assim dizer, as dificuldades económicas de centenas de milhar de Famílias
acabam por ser um «filão» que os grandes Hipermercados exploram em proveito
próprio…
E
é perante tais práticas comerciais (abusivas), é neste difícil contexto
nacional que, por exemplo, os Produtores de Leite estão a perder muito dinheiro
para continuarem a produzir. E, no contexto, outros Produtores Nacionais também
«são obrigados» a perder dinheiro…
Em
Espanha, os Hipermercados de matriz nacional espanhola dão prioridade ao
escoamento da produção agro-alimentar espanhola!
Em
Espanha, as grandes cadeias de Hipermercados de matriz espanhola têm estado a
dar toda a prioridade ao escoamento, nas suas prateleiras, da Produção Nacional
Espanhola de Leite e Carne (e não só) a Preços razoáveis.
É
uma situação que sobretudo interessa aos Produtores Espanhóis e a Espanha, mas
que não deixa de ter legitimidade em termos da soberania alimentar de «nuestros
hermanos».
Como
repetidamente insinuam, os donos dos Hipermercados de matriz portuguesa gostam
de se fazer passar por grandes «patriotas», com toda a preocupação deste mundo
pelo escoamento da Produção Nacional…
Pois
se tais senhores são assim tão «bonzinhos» para a Produção Nacional como
apregoam ser, por que razão, afinal – como em Espanha fazem os espanhóis em
relação à produção espanhola – por que razão, dizíamos, não mandam eles dar
prioridade, em Portugal, ao escoamento da Produção Nacional a melhores Preços à
produção – e de imediato à Produção Nacional de Leite e Carne (de entre outras)
– através das suas prateleiras comerciais?!... Pois, pois, o problema é que, de
entre outras «habilidades», eles são uns grandes demagogos…
Hipermercados
constituíram-se como um Estado dentro do Estado!
Na
montagem do seu «império», os Hipermercados têm contado com a maior
«colaboração» dos sucessivos governos e de outros órgãos de soberania. Assim,
emergem como outros daqueles senhores «que mandam nisto tudo», ou em quase
tudo… São, já, um Estado dentro do Estado Português. E sabem-no bem, e disso
tiram os maiores lucros!
As
práticas que impõem e as posições que ocupam ao longo da cadeia de produção –
transformação – comercialização – consumo – ofendem claramente várias
disposições da Constituição da República Portuguesa. São inconstitucionais.
Salvo
alguns «arrufos» de ocasião, de facto, da parte dos vários governos tem havido
falta de coragem política para legislarem e para fiscalizarem, a sério, a
actividade comercial dos Hipermercados. Preferem, governos e governantes,
aproveitar iniciativas desviantes em relação ao essencial, como acontece com as
«eternas» discussões sobre os ditos «Códigos de Boas Práticas Comerciais», que,
reafirmamos, os Hipermercados respeitarão apenas, como e quando isso lhes der
lucros…
E
por que razão não interveio já sobre isto da «ditadura» dos Hipermercados o
Presidente da República?
O
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República, gosta
de falar sobre (quase) tudo. Curiosamente, e apesar de para isso mesmo já ter
sido instado, ainda não disse nadinha sobre esta situação muito anómala e que
afecta, directa e indirectamente, milhões de Portuguesas e de Portugueses. Será
que, de facto «valores mais altos se alevantam» (…), senhor Presidente da
República?...
Temos,
pois, que continuar a luta!
É
necessário regulamentar pela via legislativa e fiscalizar a actividade
comercial dos grandes hipermercados!
Sem comentários:
Enviar um comentário