José
Ribeiro | Jornal de Angola | opinião
As
eleições têm uma coisa boa, que é tirar os políticos das suas poltronas, que é
como quem diz, pode ser das suas lavras, gabinetes, vivendas, apartamentos ou
fazendas.
Se
se esconderam durante quatro anos, se são políticos de verdade, não têm agora
como deixar de revelar tudo, mesmo os seus jardins proibidos, e vir a público
mostrar o que valem, dizer que projectos e propostas têm para resolverem os
problemas do país, que não são brincadeira nenhuma.
O eleitor, para votar, precisa de saber quem é quem, porque quer escolher o melhor para governar. As Assembleias de Voto já estão a ser instaladas, a educação cívica eleitoral está em curso, os meios de comunicação social cá estão, preparados como nunca, para emitirem os Tempos de Antena, em condições de igualdade para os Partidos Políticos e a Coligação concorrente, para relatarem e comentarem as campanhas, de modo a transmitirem, no final, quem venceu o grande desafio. Há espaço para todos, nada de fraude nem confusão. Em cada eleição, Angola avança como Nação democrática e isso promove o desenvolvimento económico e social.
A missão dos políticos angolanos impõe-lhes um alto grau de exigência e responsabilidade. É um ofício diário de compromisso com o próximo, um trabalho respeitável e tão espinhoso que torna difícil imaginar como é possível alguém partilhá-lo com a família e com os afazeres pessoais. Especialmente nestes períodos de campanha eleitoral, em que é indispensável conquistar simpatias e garantir o voto certo para si, se vê com que aço são temperados os músculos, os nervos e a massa cinzenta dos nossos políticos. Reconheça-se que não é fácil para uma mesma pessoa captar hoje o voto com um discurso que antes era hostil e prometer estar à altura dos anseios e necessidades de populações que foram martirizadas, só para conseguir o poder de governar.
Só os justos conseguem vencer. Quem pensa que são os outros que devem realizar
o trabalho por si, tem à partida o jogo perdido. Temos políticos que pensam que
sem a comunicação social nunca chegarão ao poder e querem-na para si. Mesmo que
já tenham tido essa e mais outras armas consigo, e sempre tenham fracassado,
mesmo que defendam a isenção e a imparcialidade da imprensa nas eleições.
Na verdade, quem decide a eleição é o povo, é o eleitor. Em tempos maus ou bons, o povo angolano sabe distinguir quem o defendeu e quem trabalhou para o seu bem e em quem deve votar.
Fazendo valer a minha isenção e imparcialidade, deixo alguns conselhos aos nossos políticos. Nesta caminhada para o dia 23 de Agosto, aproveitem bem a paixão pelas nossas estradas nacionais. Atravessem o Bengo e parem no belo município do Nzeto, onde estive recentemente pela primeira vez. Comam um bom funje de cabidela no restaurante do senhor Victor. Cheguem a Mbanza Kongo, a cidade que a UNESCO elegeu esta semana Património da Humanidade. Defendam que esta cidade devia ser agora colocada numa redoma para a proteger dos predadores sempre prontos a danificar o sagrado. Dêem aos turistas a possibilidade de conhecer as maravilhas dos rituais dos nossos antepassados e os mitos contados pelos guardiões do antigo Reino do Kongo.
Dentro de uma semana, começará a campanha eleitoral para o 4º pleito livre e
democrático em Angola. Mais do que qualquer outro aspecto, o eleitorado quer
saber quais são as ideias que os nossos políticos têm para fazerem com que a
vida em Angola continue a melhorar, o país continue a ser respeitado lá fora e
as nossas tradições culturais preservadas. Parece pouco, mas não é.
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