Martinho Júnior | Luanda
A
“civilização judaico-cristã ocidental”, nos termos das premissas do capitalismo
neoliberal, está esgotada e a “democracia representativa” que faz uso como
bandeira de paradigma, não passa duma flâmula de conveniência, pompa e
circunstância, a fim de encobrir a barbárie que é “congénita” da acumulação sem
limites e sem moral do capital das famílias seculares de bancários que com
estatuto de clãs dominam “behind the scenes” a partir das duas margens norte do
Atlântico.
1-
A aristocracia financeira mundial, emanação das casas bancárias de família
formadas desde os alvores da Revolução Industrial e na trilha última que tem
percorrido desde o que foi convencionado como “Guerra Fria”, apossou-se do
miolo das decisões de domínio global em regime exclusivista, decisões que
conduzem os processos de hegemonia unipolar, de tal modo que hoje, para
garantir a perseverança desse domínio eivado da voracidade na procura de cada
vez mais lucros e com mentalidade de saque, está intimamente implicada na
metamorfose da ilusão que constitui a “civilização judaico-cristã ocidental”,
na real barbárie feudal que esgota a humanidade e o planeta em pleno século XXI.
Afirmá-lo
não é “teoria de conspiração”, pois esse domínio avassalador conforme à
hegemonia unipolar, vai deixando pistas cada vez mais evidentes de como está a
ser exercido à escala global, continental, regional e local, seja por via
sócio-política (arregimentando as oligarquias nacionais), seja por via
económica e financeira, seja por via da utilização de seus serviços de
inteligência, como da panóplia de meios militares (oficiais e privados) e até
na arregimentação dos meios de comunicação de massas sob sua tutela, ou sob sua
esteira.
A
aristocracia financeira mundial, para garantir seu domínio, obriga-se a mover
uma guerra total, irracional e trágica em relação ao resto da humanidade,
desrespeitando o próprio planeta e espalhando as suas “práticas de conspiração”
até aos lugares mais recônditos da Terra!
Está-se
de facto na IIIª Guerra Mundial, a IVª se considerar-se a “Guerra Fria” na
intermediação entre os estágios de acumulação do capital desde a IIª Guerra
Mundial até hoje…
De
facto gerações e gerações de humanos praticamente jamais deixaram de existir em
tempo de tensões, conflitos e guerras, em tempo de manipulações e ingerências
de toda a ordem, desde o princípio do século XX, pelo que a cobertura que o
exercício hegemónico de poder encontrou em nossos dias, a “democracia
representativa”, não passa dum processo sócio-político envenenado e perverso,
em crescendo desde a sua raiz!
A
psicologia humana fica assim formatada e acondicionada desde a barriga das mães
(antes do berço), com um processo massivo de acumulação de traumas e medos a
ser interiorizado e plasmado nos comportamentos, atitudes e mentalidades do
alvo “total” que passou a ser o homem que, com isso, está de facto a tornar-se
no pior dos irracionais: enquanto os animais usam seus limitados corpos na
escala propícia ao equilíbrio da natureza, o irracional humano utiliza as armas
de domínio para romper com toda e qualquer espécie, acabando por colocar em
causa a vida tal como a conhecemos no planeta e em risco a própria Terra!
2-
As práticas de conspiração mais perversas são articuladas por via da colossal
capacidade de intervenção, ingerência e manipulação do fulcro dos instrumentos
de poder concentrados sobretudo nas conexões entre o Pentágono, a NATO, os
assinantes do Tratado UKUSA e o conjunto de meios dos serviços de inteligência
dos involucrados nesse expediente!
Essas
conexões lubrificam o regime de mando e o regime de vassalagem: o regime de
mando concentrado nos Estados Unidos e o regime de vassalagem espalhado pela
União Europeia, pela Oceânia e por “parceiros” fora dessa esquadria, sempre que
as oligarquias nacionais ficam tolhidas pelo agenciamento tenso, gerado entre
um “soft power” avassalador e um cacete ornamentado com cenouras (económicas,
financeiras, de inteligência, ou mesmo militares).
Essas
práticas de conspiração têm vindo a crescer acompanhando a exaustão de
procedimentos ao sabor do exercício da hegemonia unipolar: este ano, o que
seria previsível ir buscar à Terra durante os 365 dias, já se esgotou em 7
meses, pelo que em conformidade com a voracidade irracional do homem, seria
necessário viver-se num planeta do tamanho de Júpiter para se garantir
sustentabilidade!
3-
Estão a decorrer eleições em Angola, de acordo com o quadro global vocacionado
em prol das “democracias representativas” que foram geradas no âmbito do
capitalismo neoliberal, por via do choque e da terapia.
É
utópico julgar que todos os observadores internacionais correspondam às
responsabilidades e espectativas dum acto desta natureza tendo em conta o mundo
conturbado em que vivem 7.000 milhões de humanos, quando Angola, apesar dos
imensos esforços, está ainda tão longe duma cultura saudável ao nível do que
seria coerente com os parâmetros duma ampla e contínua participação, (apesar da
constituição angolana, para além dos procedimentos correntes, estar aberta à
democracia participativa cujos primeiros contornos se desenham nos próximos
horizontes).
A
União Europeia, avassalada e instrumentalizada na metamorfose da “civilização
judaico-cristã ocidental” para uma barbárie real e feudal, decerto que enviará
observadores que não dão garantia de fiabilidade e isso implica que todas as
expressões sócio-políticas angolanas devam reflectir sobre o estado do mundo,
para melhor avaliarem e decidirem em relação aos caminhos da paz possível em
Angola, aprofundando-a a partir dos legados funcionais semeados pelos angolanos
(e só pelos angolanos), a partir do entendimento de Luena em 2002.
Para
mim, em consciência, só Cuba e todos aqueles que lutam em consciência em prol
da liberdade, da independência, da soberania e do aprofundamento da democracia
com abertura à participação no imenso sul sujeito a todas as fórmulas de
opressão, ingerência e manipulação (é o caso corrente da Venezuela
Bolivariana), poderiam dar lições, nunca os observadores duma União Europeia,
salvo se eles não são fruto curricular da metamorfose que têm vindo a
transformar, durante séculos, a “civilização judaico-cristã ocidental” numa
barbárie real e feudal em pleno século XXI (devem-se ainda contar pelos dedos
as excepções, embora não seja mais difícil diagnosticá-los e identificá-los)!
Fotos
e ilustrações:
Donald
Trump nuclear (mais um “sargento-às-ordens” da hegemonia unipolar);
Foto
de Hiroshima após o bombardeamento nuclear (a partir da capitulação no final da
IIª Guerra Mundial, o Japão tornou-se num país vassalo da hegemonia unipolar);
Mapa
das forças militares dos Estados Unidos espalhadas pelo mundo (domínio sobre um
cinturão de vassalagens);
Cimeira
da NATO em Bruxelas (a Bélgica é um país vassalo fulcral para os expedientes da
hegemonia unipolar);
Quadro
que demonstra a emergência, face aos componentes da barbárie rotulada de “civilização
judaico-cristã ocidental”.
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