Alguns
eleitores na Huíla não poderão votar perto de casa. Fizeram o registo eleitoral
na província no sul de Angola, mas muitos foram colocados em assembleias de
voto a milhares de quilómetros. CNE confirma reclamações.
Rosa
Filipe atualizou o registo eleitoral na província
da Huíla e, por isso, estava à espera de ir votar numa assembleia
próxima da sua residência. Mas ficou preocupada quando percebeu que viu que a
23 de agosto terá de ir votar à província do Uíge, no interior-norte, e não tem
condições para ir até lá.
"É
difícil. Para além de ser muito distante, estou a passar por dificuldades
financeiras. Então, não vai dar para lá ir", lamenta a eleitora.
Além
de Rosa Filipe, estima-se que, pelo menos, 50 eleitores na província da Huíla
tenham sido colocados em assembleias afastadas das suas casas.
Francisco
António também fez o registo eleitoral na cidade do Lubango, na Huíla, mas
ficou surpreendido quando o seu nome apareceu numa assembleia na província de
Cabinda, a cerca de dois mil quilómetros de distância.
Francisco
António, que não vai votar por não ter dinheiro para ir até Cabinda, sublinha
que o seu direito ao voto está a ser violado. "É um dever do cidadão
votar, mas também é um dever do Estado proporcionar condições para que o
cidadão vote [próximo de] onde vive. Sinto-me mal, porque, neste caso, nem
cidadão sou", afirma.
Reclamações
na CNE
Têm
chegado à Comissão
Nacional Eleitoral (CNE) várias reclamações de eleitores que
"viram a sua pretensão de votar numa determinada localidade não
concretizada na Huíla", confirma o porta-voz Longa Paquete.
"Preocupa-nos
saber que há eleitores que, por algum motivo que temos depois de estudar
internamente, terão sido deslocados de determinadas localidades para
onde deviam exercer o seu direito de voto para outras", afirma o
porta-voz. Ainda assim, a Comissão Eleitoral diz não será possível resolver o
problema antes das eleições da próxima quarta-feira.
Na
semana passada, depois de dúvidas levantadas pela oposição sobre uma alegada
transferência de eleitores para mesas de voto distantes da área de registo, a
CNE informou que a indicação do ponto de referência dado pelos eleitores no ato
de registo eleitoral não determinava a sua assembleia de voto.
A
CNE constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto por
todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em
Luanda.
Lusa
| Deutsche Welle
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