João
Galamba | Expresso | opinião
Poucas
semanas após ser aprovado um dos orçamentos mais redistributivos de sempre, a
Fitch faz aquilo que nenhuma agência havia feito: de uma vez só, aumentou em
dois níveis a avaliação da dívida soberana portuguesa. Não se espera que a
Fitch elogie a redução do IRS para as famílias da classe média e média-baixa,
nem que valorize o aumento do mínimo de existência, muito menos que aplauda o
aumento das pensões. O que a Fitch faz, como já tinha feito a S&P em
Setembro e como deverá fazer a Moody’s em Janeiro, é reconhecer os excelentes
resultados na frente económica, orçamental e financeira, validando, desse modo,
as principais opções políticas do Governo. Ao invés do apocalipse que alguns
apregoavam, e que alguns ainda apregoam, Portugal virou a página do lixo com
este Governo e com estas políticas.
Gostemos
ou não das agências de rating, elas existem e as suas decisões têm impacto
material, sobretudo quando são ainda melhores do que o esperado. É o caso. Os
juros, que têm estado a baixar e já estão ao nível de Itália, deverão baixar
ainda mais, o que reduz a despesa com juros. Com duas das maiores agências de
rating a classificar a dívida portuguesa como investimento, e não lixo, a
famosa almofada financeira poderá ser reduzida, aliviando ainda mais a despesa
com juros. Mantendo as metas em termos de défice global, o saldo primário pode
ser menos elevado, o que liberta recursos para outros fins.
Saber
conciliar a sustentabilidade política e social com a sustentabilidade
financeira tem sido uma das grandes conquistas do Governo e do PS. É isso que
significa, na prática, respeitar o programa de governo, respeitar os acordos à
esquerda e respeitar os compromissos europeus. A decisão da Fitch, como já
havido sido com a S&P, contribuiu para tornar um pouco menos difícil aquilo
que alguns diziam ser impossível.
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