segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Portugal | VIRAR A PÁGINA DO LIXO


João Galamba | Expresso | opinião

Poucas semanas após ser aprovado um dos orçamentos mais redistributivos de sempre, a Fitch faz aquilo que nenhuma agência havia feito: de uma vez só, aumentou em dois níveis a avaliação da dívida soberana portuguesa. Não se espera que a Fitch elogie a redução do IRS para as famílias da classe média e média-baixa, nem que valorize o aumento do mínimo de existência, muito menos que aplauda o aumento das pensões. O que a Fitch faz, como já tinha feito a S&P em Setembro e como deverá fazer a Moody’s em Janeiro, é reconhecer os excelentes resultados na frente económica, orçamental e financeira, validando, desse modo, as principais opções políticas do Governo. Ao invés do apocalipse que alguns apregoavam, e que alguns ainda apregoam, Portugal virou a página do lixo com este Governo e com estas políticas.

Gostemos ou não das agências de rating, elas existem e as suas decisões têm impacto material, sobretudo quando são ainda melhores do que o esperado. É o caso. Os juros, que têm estado a baixar e já estão ao nível de Itália, deverão baixar ainda mais, o que reduz a despesa com juros. Com duas das maiores agências de rating a classificar a dívida portuguesa como investimento, e não lixo, a famosa almofada financeira poderá ser reduzida, aliviando ainda mais a despesa com juros. Mantendo as metas em termos de défice global, o saldo primário pode ser menos elevado, o que liberta recursos para outros fins.

Saber conciliar a sustentabilidade política e social com a sustentabilidade financeira tem sido uma das grandes conquistas do Governo e do PS. É isso que significa, na prática, respeitar o programa de governo, respeitar os acordos à esquerda e respeitar os compromissos europeus. A decisão da Fitch, como já havido sido com a S&P, contribuiu para tornar um pouco menos difícil aquilo que alguns diziam ser impossível.

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