terça-feira, 4 de julho de 2017

A TERCEIRA VITÓRIA MILITAR DAS FORÇAS ARMADAS SÍRIAS | Martinho Júnior



Martinho Júnior | Luanda 

1- O final de Junho de 2017 trouxe a expressão da nova configuração geoestratégica na Síria, com as Forças Armadas da Síria a sair da guerra das cidades, para os espaços abertos e desérticos, a sul, leste e norte (até ao Eufrates), apostadas em chegar à fronteira e cobrir todo o espaço nacional.

De facto há como antecedentes dois momentos fundamentais que reverteram o esforço militar a favor do estado sírio:

- A implicação russa e iraniana, a partir de Setembro de 2015, que resultou no reforço, reformulação, reorganização e vocação geoestratégica das forças a favor do estado sírio;

- A vitória no leste de Alepo, em Dezembro de 2016, sobre as forças das coligações rebeldes, a forma de “esclarecer” os apoios ocidentais de que a guerra na Síria estava perdida para aqueles que apoiavam as tão fragmentadas forças rebeldes de oposição, (algumas delas autênticos artifícios dos vínculos externos que as criaram e incentivaram).

2- A partir de então, as Forças Armadas Sírias ganharam consistência nas linhas que foram criando, isolando bolsas de rebeldes e orientando seu esforço militar sobretudo contra o Estado Islâmico e os sucedâneos da Frente al Nushra (filiais da Al Qaeda).

As linhas das Forças Armadas Sírias foram-se consolidando de sul (Damasco) para norte (Alepo), começando por dominar as grandes cidades para depois poderem partir para a retoma do território esmagadoramente desértico, ou semidesértico, enquanto a fragmentada oposição armada perdia apoios no exterior, dissolvia-se nas suas múltiplas contradições internas, iam-se confinando em bolsas de difícil consistência e permitiam que fossem o Estado Islâmico e os agrupamentos sucedâneos da Al Nushra a assumirem os encargos reais da guerra frente ao estado sírio, até por que eram os únicos agrupamentos funcionais em termos de organização, em função de suas férreas ideologias, tal como dos meios que conseguiram grangear para fazer a guerra.

Ministério Público moçambicano pede condenação exemplar para ex-ministro da Justiça



Abduremane Lino de Almeida é indiciado de crimes de abuso do cargo e pagamentos indevidos usando fundos do Estado. Defesa defende que réu agiu em obediência a ordem do seu superior hierárquico, o Presidente da República.

O antigo ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abduremane Lino de Almeida, é indiciado de ter feito um despacho autorizando o pagamento de uma viagem para três pessoas sem vínculo com o Estado, a expensas do erário público.

As três pessoas viajaram a Meca para uma cerimónia religiosa. O custo da deslocação ascendeu a um montante equivalente a cerca de 1.780.000.00 mts, o equivalente a 250 mil euros. Lino de Almeida é ainda indiciado de ter-se beneficiado de ajudas de custo indevidas durante a viagem.

A sessão de julgamento desta segunda-feira (03.07.) foi reservada a apresentação das alegações finais por parte do Ministério Público e da defesa. Esta última reiterou que o réu não teve qualquer iniciativa de organização da viagem a Meca e que a deslocação das três pessoas resultou de uma ordem verbal do seu superior hierárquico, o Presidente da República, Filipe Nyusi.

Segundo o advogado de defesa, Augusto Chivangue, o réu não conhece e nem são das suas relações as pessoas indicadas para fazerem a viagem. Nega igualmente que ele tenha beneficiado da mesma. "Tudo o que o réu queria era ver devidamente cumprida a ordem do seu superior", acrescentou.

MOÇAMBIQUE | Governo "marca passo" nas negociações de paz, acusa Afonso Dhlakama



O líder da RENAMO está a contar com a agilidade do Governo para que até ao fim de 2017 haja revisão pontual da Constituição e com isso uma lei de eleição dos governadores e a lei das finanças das províncias.

Numa entrevista exclusiva à DW África, o líder da RENAMO, o maior partido da oposição, revela que afinal as posições militares ainda não foram retiradas do centro do país, conforme informou o Presidente Filipe Nyusi no último domingo (25.06.). Dhlakama, que denuncia violações na trégua, diz: "Quem está a aguentar com a situação sou eu.

DW África: Em que estágio estão as negociações de paz?

Afonso Dhlakama (AD): As coisas estão a andar, como sabe em África essas coisas são lentas, estamos a negociar. Criamos dois grupos: um para os assuntos da descentralização da administração do Estado e outro para questões militares. Quanto ao da descentralização da administração do Estado nós pretendemos que haja uma lei que permita a eleição dos governadores provinciais a partir de 2019. Do nosso lado já fizemos as propostas e queremos que as coisas sejam feitas, já foram contratados alguns especialistas que têm estado a assessorar os dois lados, o Governo e a RENAMO, mas sempre há demoras por parte do Governo. Entendemos que o Governo esteja a marcar passo porque a RENAMO pretende desmontar o que existe neste momento e que os governadores passem a ser eleitos pelas populações das províncias. E isto não está a agradar a alguns camaradas do Governo, mas seja qual for o assunto tornou-se público, não há forma de impedir que isso venha a acontecer. Neste momento estamos a negociar para que tenhamos a máxima certeza que até finais deste ano tenhamos a lei já aprovada na Assembleia da República, isto é, a revisão pontual da Constituição, para permitir que, de facto, haja já lei de eleição dos governadores e a lei das finanças das províncias.

Sindika Dokolo reconhece sinais de deterioração nas relações Angola - RDC



As relações até há bem pouco tempo cordiais entre Kinshasa e Luanda parecem estar a deteriorar-se. Angola manifesta-se descontente face à degradação da situação de segurança na região limítrofe do Kasai.

Depois do embaixador de Angola em Kinshasa ter sido chamado para Luanda para consultas, as autoridades angolanas lançaram recentemente um pedido de ajuda à comunidade internacional no sentido de apoiar o país a gerir de forma eficiente os cerca de 30 mil refugiados congoleses em solo angolano. Estes fogem do conflito armado e estão a obrigar o Governo angolano a fazer uma ginástica para conseguir abrigá-los. A situação está a criar uma tensão entre os dois vizinhos.

A deterioração nas relações entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC) é também constatada pelo homem de negócios e colecionador de arte congolês Sindika Dokolo. Ele é marido de Isabel dos Santos, a mulher mais rica de África, de acordo com a revista Forbes, e filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

Sindika Dokolo diz que há preocupação regional em relação à crise na RDC

Numa conversa com a DW África, Sindika Dokolo começou por dizer que "existem  sinais muito claros" dessa deterioração nas relações entre os dois países.

Dokolo argumenta que "o facto de os angolanos terem retirado o seu cooperante militar de Kinshasa e de ter ouvido comentários no sentido de ser exigido à RDC esclarecimentos sobre a natureza exata das instabilidades que produziram esta vaga de refugiados, nomeadamente do Kasai para Angola, mostra de forma clara uma deterioração das relações entre as duas administrações."

Entretanto, o genro do Presidente Eduardo dos Santos esclarece que "não é somente o caso de Angola, mas também da maioria dos vizinhos do Congo. Existe uma perda de credibilidade e uma grande preocupação de todos os vizinhos face ao nível de responsabilidade sobre a forma como o Presidente [Joseph] Kabila está a gerir os equilíbrios da RDC que podem desestalibizar toda a sub-região".

Sabe-se que durante muito tempo Angola foi um apoio de peso à RDC, desde a chegada ao poder, primeiro de Kabila pai e depois de Joseph, o filho. Questionado se esta forte ligação está em vias de chegar ao fim, Sindika Dokolo respondeu: "Penso que a visão angolana é que existem dois povos irmãos e vizinhos que partilham dois mil quilómetros de fronteira e que, portanto, deve haver uma relação fraterna, equilibrada e mutuamente respeitada. Não se trata de um apoio pessoal a Joseph Kabila nem a nenhum clã de congoleses."

Dokolo nega ligações com general Fautin Munene

Segundo uma fonte de segurança em Kinshasa, os serviços que se ocupam de "atividades anti-patrióticas" investigou eventuais laços que Sindika Dokolo mantém com o general Faustin Munene, ex-chefe do Estado Maior do exército congolês.

Esta informação foi desmentida por Dokolo: "Não conheço este senhor e pessoalmente estou completamente contra qualquer solução violenta e o uso da força das armas para solucionar conflitos. Penso que não se acaba com o sofrimento de um povo acrescentando mais sofrimento a esse povo e não penso que a solução seja substituir o senhor Kabila por um outro senhor Kabila."

Face à insistência da DW África de que fontes deram conta, por diversas vezes, em Luanda, onde reside Sindika Dokolo, da presença do general Fautin Munene, Dokolo respondeu de forma categórica: "Luanda conta com sete milhões de habitantes e, portanto, há muita gente com quem que não me encontrei, mesmo que essa pessoa esteja em Luanda. Não tenho interesse em manter contactos com pessoas que têm planos para a desestabilização do Congo através das armas."

Eric Topona, ar | Deutsche Welle

MALANDROS, RESPEITEM SUA EXCELÊNCIA O POVO



Raul Diniz, opinião

Os militantes do MPLA não têm outra saída senão a de responsabilizar a gestão de 42 como reprovada. Não existe outra saída que ajude amenizar a situação em que JES e o MPLA relegaram o povo a situação deplorável de miséria.  A que ter coragem e deliberar que o PR é inegavelmente corrupto, em seguida responsabiliza-lo como um gestor promiscuo e deploravelmente incompetente. A demanda da corrupção é insanável, e extremamente perigosa por ter havido vontade reprimível em tempo útil.

Sua excelência o povo, nunca foi dado nem achado, sequer foi alguma vez ouvido pelo regime e muito menos pelo PR. Existe em Angola um regime criado a imagem da figura sinistra do ditador infame, que não mede esforços para reprimir o cidadão com medo de ser desafiado a melhorar a gestão da coisa publica.

Senhores empoderados do regime, entendam de uma vez por todas que, não existe democracia sem politica, nem há politica sem debate, sendo assim, não pode haver debate sem opinião. Isso só para reafirmar que não existe verdade politica na campanha eleitoral do meu partido, no MPLA, existe isto sim um exagerado seguidismo dos bajús em busca de benesses. Para agravar ainda mais a situação, não existe no MPLA uma liderança forte e carismática. Por outro lado, o debate politico pereceu, e no seu lugar foi activada a endemia da mentira do herói vivo JES, qual Gangula… até presidente emérito tentaram enfiar-nos goela dentro, mas dessa vez de vergonha em vergonha desconseguir nos obrigar a engolir mais essa.

O país esta em campanha eleitoral, mas pelos vistos o único partido que em 42 anos governa o país, não trouxe nada de inovador, até agora nada de importância relevante foi dito na campanha de João Lourenço.

A começar pela inexistência de afrontoso debate publico-politico, onde as partes se defrontem para esclarecer o eleitor proporcionando-o a escolher livremente quem deseja que o represente e administre a coisa publica.

Todo esforço do regime é o de fugir a todo custo do debate frontal com os seus adversários políticos, a isso se chama vergonhosamente de arrogância, a fuga ao debate visa tão-somente blindar a fraude posta já em marcha com a clara e vergonhosa conivência de um conhecido líder da oposição. Hoje só a UNITA tem condições claras de dizer não a fraude, e ainda a de negar-se a engolir mais um sapo desta vez chamado João Lourenço, o aprendiz de feiticeiro. A UNITA terá de que dizer ao regime, desta vez não, além de reagir frontalmente em conformidade sem medo.

O MPLA conseguiu até enganar muitos cidadãos por um longo tempo com aldrabices a mistura, no caso de Angola duram já 42 anos seguidos de mentiras enganosas esfaceladas. Porém não é possível enganar todos sempre e eternamente. Um dia o povo iria despertar, e esse dia chegou. É verificável a olhos nus, que hoje a indignação do povo se generalizou, o povo reclama hoje em voz alta, sem medo das ameaças do que foi no passado bicho papão JES/MPLA.

A imprensa do estado supercontrolada de perto pelo MPLA, tem por natureza, a ingrata missão de difundir a mentira e sobretudo tentar confundir o pacato cidadão desinformado. Porem, a habitual barulheira propagandística dos meios de comunicação ao serviço da ditadura tem apenas o pendor de favorecer o candidato do MPLA.  Esses meios de (des)informação não interagem positivamente em favor da maioria dos angolanos, ela se traduz numa informação desprezível, e por isso depreciável e também inviável, porque se tornaram um modelo apodrecido e envelhecido, essa comunicação possui uma retórica auditiva inócua.

Pessoalmente prefiro o barulho de uma imprensa barulhenta, mas, livre de qualquer tipo de mordaça, aceito mais facilmente a estreiteza dos caminhos pouco ortodoxos da extrapolação publicista da expectante imprensa fatalista, a uma imprensa silenciada pela frieza de tesouradas esquemáticas da censura sórdida, impostas pelo controlo inebriante do regime déspota amedrontado.

Não cabe ao estado controlar a liberdade de expressão, nenhuma democracia deixa os seus cidadãos propositadamente desinformados, é indecoroso que o estado delimite as fronteiras da liberdade de expressão. Ao contrario disso, cabe ao estado sim proteger e promover a liberdade de expressão, e, ainda garantir esse direito constitucional ao cidadão. Malandros respeitem sem imposições a vontade de sua excelência o povo.

Reafirmo minha divergência politica com José Eduardo dos Santos, e clarifico o meu pensamento, quando me refiro a necessidade de se rediscutir Angola. Angola estará sem um futuro se continuarmos com essa farsante democracia a um só tempo, não temos um sistema politico viável sustentável e coeso. No ponto de vista do meu partido MPLA, o povo somente é soberano no ato da votação, após votação a soberania é transferida para cidade alta e ponto final. Isso tem um nome, chama-se sabedoria saloia.

Aos muenexi da utopia, Kana | EUGÉNIO COSTA ALMEIDA, poeta



Aos muenexi da utopia, Kana!* **

Kamba Eié!
Adormece sossegado,
e não te sintas sobressaltado.

Os muenexi da utopia
avassalaram o poder,
mas quando o dia tornar,
podes confiar,
que eles, zuna, bailarão.

Kamba, quando soar o dia,
quedarás numa imensa exultação;
tudo irá sulcar, florir,
nas anharas que fui capaz de criar
na tua afeição.

Kamba, eié!
Eles vão tomar berrida,
com falta de coragem de atender
a harmonia que conseguimos espalhar
e inundar bué, a chitaca, com a poesia
que serve para alimentar.
a kinda do nosso dia-a-dia.

Depois, de mão dada,
fimbaremos por aquela picada,
construída pelos nossos secúlos,
que nos levará a nós,
jamais sós.

Kamba, meu Kota, Eié!
Adormece retraído,
mas não te sintas abalado;
aos muenexi da utopia,
kiabolo, diremos… Kana!

Glossário (do kimbundo)
anharas – planície de capim (erva) rasteiro
bué – muito
chitaca – pequena fazenda, geralmente hortícola
eié – olá
fimbar(emos) – mergulhar
Kamba – Amigo
kana – não
kiabolo – podres
kinda – cesta
Kota – Mais velho (termo respeitoso)
muenexi – donos
picada – estrada
secúlos – idosos, ancestrais, avós
zuna – muito depressa

*Lobitino Almeida Ngola*

*Lisboa, Setembro de 2016

** Publicado no livro “Revista Cultural Licungo nº 5/Nov/2016”, páginas 88 e 89; edição CEMD

UM RIO GRANDE DE MUITOS NOMES



Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite* | Porto Alegre | Brasil
     
No distante ano de 1530, dom João III, rei de Portugal, enviou uma expedição para explorar o litoral brasileiro. Comandada por Martim Afonso de Souza (1500-1564), nela se encontrava, numa das naus, o seu irmão e escrivão Pero (Pedro) Lopes de Souza (1497- 1539), que registrou, em seu Diário de Navegação (1530 -1532), as anotações de tudo o que havia observado durante a viagem. Graças a ele, ao alcançar o sul do Brasil, ficou registrada a única via de acesso em nosso litoral – o sangradouro da Lagoa dos Patos – analisado, de forma errônea, como um rio caudaloso. A importância histórica deste documento veio a público, no século 19, quando o historiador Francisco Adolfo de Varnhagem (1816-1878) fez a transcrição do mesmo, resultando na publicação de um livro. 

  Diante da descoberta, com o intuito de homenagear o irmão, Martim Afonso de Souza batizou o local com o nome de Rio de São Pedro. Este nome foi registrado , em 1534, no mapa pioneiro do cartógrafo Gaspar Viegas. Passados 16 anos, em 1550, no mapa de Desvaliers, o lugar passou a chamar-se Rio Grande. A partir deste período, os dois nomes se alternariam até  formarem uma terceira denominação: Rio Grande de São Pedro.

 De acordo com Moysés Vellinho (1902-1980), “tal topônimo se irradiaria, aos poucos, como gota de azeite sobre papel e acabaria cobrindo todo o território desta parte do Brasil.” Como registra a nossa história, ali se fundou, em 1737, sob o comando do brigadeiro José da Silva Pais (1679- 1760), o ponto inicial, em Rio Grande, de povoamento do nosso Estado: o Forte Jesus, Maria e José.

  Durante muito tempo, devido à extensão das terras, nosso Estado foi chamado de Continente do Rio Grande de São Pedro. No primeiro livro “O Continente“ (1949), que compõe a famosa trilogia “O Tempo e o Vento”, de Erico Veríssimo (1905-1975), o autor registrou esta denominação.  Já então como capitania autônoma do governo do Rio de Janeiro,  recebemos , no dia 19 de setembro de 1807, a denominação oficial de Capitania Geral de São Pedro do Rio Grande do Sul.

  Realizada a Independência do Brasil, por dom Pedro I, em 07 de setembro 1822, mudou-se o nome para Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.  Com o passar do tempo, a antiga tradição, que remetia à figura do escrivão da Expedição de 1530, Pero (Pedro) Lopes de Souza, desvaneceu-se, passando o nome do nosso estado a ser associado apenas com o santo católico São Pedro. Este, considerado padroeiro do Rio Grande do Sul, é comemorado, inda hoje, junto com São Paulo, no dia 29 de junho, no período das festas juninas.

Esta tradição junina foi trazida pelos colonizadores portugueses. Conhecido como o “Apóstolo Pescador”, São Pedro protege os que dependem da pesca, controla as chuvas e o clima, em geral , sendo o dono das chaves do céu.  Nas religiões de matriz africana, no Rio Grande do Sul, é sincretizado com o Orixá Exu Bará, devido ao fato de que este governa os caminhos e encruzilhadas, sendo também o dono da chave.


Ainda no período imperial, o general farroupilha Antônio de Sousa Netto (1801-1866), em 11 de setembro de 1836 , proclamou a República Riograndense (1836-1845). Com o Acordo de Ponche Verde, em  1º de março de 1845, a Província de São Pedro foi reintegrada ao império brasileiro.  De duração efêmera, o Estado Riograndense, nunca foi reconhecido pelo governo imperial.

Com o golpe que instituiu a República dos Estados Unidos do Brasil, proclamada pelo general Deodoro da Fonseca (1827-1892), em 15 de novembro de 1889, uma nova Constituição foi redigida, em 1891, separando a Igreja do Estado. Este fato, aliado à filosofia positivista, inspirada em Augusto Comte (1798- 1857), fez com que o nome de São Pedro fosse, literalmente, substituído por outro sem conotação religiosa, para denominar a unidade federativa do extremo sul do Brasil: nascia assim o Estado do Rio Grande do Sul.
                              
*Pesquisador e Coordenador do Setor de Imprensa do Museu da Comunicação

Bibliografia
LESSA, Luiz Carlos Barbosa. Calendário histórico Cultural do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: Corag / IEL, 1985.
KÜHN, Fábio. Breve História do Rio Grande do Sul.  Porto Alegre : Leitura XXI, 2007.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História do Rio Grande do Sul. Porto  Alegre:  Mercado Aberto, 2002.

Imagens e texto
1-  Mapa / Capitania de Rio Grande
2-  Mapa / Província de São Pedro
3- Diário de Navegação (1530-1532)
4 - Padroeiro do Rio Grande do Sul / São Pedro 
5 -Texto: Um Rio Grande de muitos nomes

PORTUGAL | O silêncio de uns, as rezas de outros



Ana Alexandra Gonçalves*

É escusado tentar dourar a pílula, o que se passou em Tancos é inadmissível: o roubo de armamento numa base militar de um país da NATO é preocupante, desconfiando-se desde logo que se trata de um trabalho encomendado e que as armas já nem estarão em Portugal. Quem fez este assalto conhecia as vulnerabilidades que foram, inacreditavelmente, muitas.

E nem tão-pouco há outra forma de dizer isto: o Estado falhou e falhou a todos os títulos numa das suas competências elementares: salvaguardar o seu armamento.

Não sendo ainda possível aferir com todo o detalhe o que falhou, não será de excluir ainda assim da equação os incomensuráveis cortes que atravessaram todos serviços do Estado. Resta avaliar o peso desta variável na equação.

Se por um lado, temos um Estado que falha; por outro temos uma oposição desesperada. Incapaz de fazer face aos bons resultados da actual solução política, designadamente no que diz respeito ao contexto económico, e incapazes de disfarçar o seu falhanço e a sua incompetência, a oposição de direita agarra-se literalmente ao que pode. Pelo caminho as manifestações descaradas de hipocrisia, como se nada tivessem a ver com o que quer que seja, são profusas.

De resto, esta oposição age como se viesse de um outro planeta onde a competência faz escola e as consequências da austeridade, como modo de vida, nunca tivessem existido.

Com efeito, um planeta que só existiria naquelas cabeças se as mesmas fossem, de facto, possuidoras dos recursos criativos para imaginá-lo.

E depois temos a cereja no topo do bolo: Assunção Cristas, numa luta constante contra a sua própria irrelevância pede demissões, enquanto tenta crescer – uma clara impossibilidade.

Ficaria a frase para a posteridade, em entrevista à SIC, não fosse a insignificância da líder do CDS: “Um primeiro-ministro não pode ter curiosidade”. Profere a frase quem, enquanto ministra da Agricultura e face ao problema dos incêndios, rezava para que chovesse. O primeiro-ministro António Costa escolheu o silêncio. Escolheu mal, a gravidade do que se passou em Tancos merece mais; Cristas escolheu rezar. Nada mais a dizer.

Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razâo

ARMAMENTO | Tancos: PGR confirma investigação por suspeita de terrorismo e tráfico de armas



Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República adianta que o inquérito passa a a ser dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

O Ministério Público abriu um inquérito ao desaparecimento de armamento militar dos paióis de Tancos, estando em causa suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional.

Em comunicado hoje divulgado, a Procuradoria-Geral da República refere que, após a análise dos elementos recolhidos na investigação, os factos integram-se "numa realidade mais vasta", passando o inquérito a ser dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

TSF

Portugal | POBREZA SILENCIADA, A QUANTO OBRIGAS



Bom dia, enquanto não chegar a noite. Esta é a prosa que quase sempre antecede a apresentação do Expresso Curto. Haja saúde. E haja também a clarividência de não andarmos enrolados como a pescadinha de rabo na boca sobre factos e intrigalhada sobre a tragédia de Pedrógão Grande e do roubo de importante material de guerra em Tancos.

Num e noutro caso - Pedrógão e Tancos - é imperioso que se apurem as causas e só em seguida é possível em consciência e com justiça apurar quem são os responsáveis. Tudo o resto, enquanto não soubermos as causas, é circo do pior, em que uns palhaços e palhaças mal enjorcados seguem a doutrina do quanto pior melhor, alegando fazerem oposição quando estão somente a pretender “brilhar” e tirar vantagens de ambas as situações. Práticas políticas muito porcas. Concretamente, o CDS e o PSD (assim como alguns fabricantes de opiniãode subserviência aos chefes partidários e aos chefes de serviço), aquilo que estão a fazer é a manipular os que forem nas suas conversas empoladas e falsas. Lamentavelmente existem na comunicação social os que fazem grandes títulos de coisa tão rasteira e abominável.

Estejamos atentos, não deixemos que os casos e as consequências para os realmente responsáveis a apurar caiam no esquecimento e quando chegar a hora saibamos ser exigentes e nada complacentes. Num caso e no outro de certeza que existem responsáveis, contudo podem não ser os ministros das respetivas tutelas – defesa e administração interna. Podem até não ser alguns comandantes militares e serem outros. Primeiro apura-se e depois pune-se, com justiça. Isto mesmo já aqui escrevemos, talvez por outras palavras. Mantemos essa opinião e essa postura. É que o carro não anda à frente dos bois, como é dito no adágio tão popular. Adiante.

Pobreza. Não é abordagem do Curto, quase nunca é. Mesmo assim vamos fazer uma breve abordagem. A razão tem que ver com a existência de mais de dois milhões de portugueses que estão mesmo na pobreza, endividados, a abdicar de adquirir bens essenciais porque os orçamentos familiares são insuficientes para encarar o quotidiano. Os mais velhos, os reformados, são as grandes vítimas. Quando António Costa e o governo que lidera fala em aumentos das reformas talvez as concretizem, porém não chega a muitos reformados e pensionistas. Principalmente aos que recebem quantias ridículas. São imensos os que recebem agora o mesmo o que recebiam no tempo de Passos Coelho e Paulo Portas no primado do terrífico governo que gerou mortes, fome e muita miséria. Que atirou com jovens e não tão jovens qualificados para fora do país apesar de terem sido os portugueses que em milhentos casos suportaram as despesas dos conhecimentos e canudos universitários que adquiriram. Emigrem, disse Passos displicente. Assim o fizeram. Essa mais-valia perdemo-la. E a recuperação tarda ou até nem nunca a recuperaremos porque emigraram e por lá ficam, contribuindo para melhorias e desenvolvimento dos países que os receberam e eles adotaram. Eles e elas, os cérebros.

Ainda sobre a pobreza, - para além da de espírito - aquela que vimos a referir, existem reformas de miséria que estão congeladas. E existe um ordenado mínimo insultuoso, que o governo de Costa fez aumentar, é verdade, mas que continua insultuoso na mesma. Insuficiente na mesma.

Não deixa de ser curioso que sobre isso quase nada se diga. Assim como da pobreza que persiste. Isto está melhor com o governo de António Costa? Sim, sempre se dispõe de mais uns euros, contudo, aos mais pobres, esses, dispõem de mais uns cêntimos e não é para todos. Voltaremos ao assunto de modo mais substancial, já que a imensa classe jornalística não aborda a temática com a honestidade e objetividade que deve. Compreende-se, estão com mais disponibilidades financeiras (os que estão) e nem se lembram dos que deram o couro e o cabelo, até as vidas, por Portugal – os velhos. Nem se lembram dos que trabalham no duro e recebem a miséria do ordenado mínimo. Para não falar dos desempregados, a juventude ou os que dizem estar velhos para lhes darem emprego mas novos para se reformarem. Como sobrevivem esses? Alguém se interessa? Alguém se preocupa? Alguém prima em mostrar a realidade? E os deputados da chamada direita, os tenebrosos neoliberais fanáticos ao estilo de Passos ou dos do CDS, que andam por lá a fazer? Intrigalhada que lhes proporcione vantagens com o desgaste ao governo. Governo que está a reparar os roubos que esses tais neoliberais cometeram no governo de Passos e Portas, com a bênção do ex-PIDE Cavaco Silva – o Carrasco de Belém.

Por hoje basta. Amanhã há mais. A seguir têm à vossa disposição o Expresso Curto, servido por Helena Pereira, se continuarem a ler. Saúde.

MM | PG

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