segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Portugal | FERIDAS POR SARAR



Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

O Observatório sobre Crises e Alternativas, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, empreendeu um estudo coletivo e interdisciplinar sobre trabalho e políticas de emprego que procura cobrir os variados ângulos das políticas públicas nestes domínios em Portugal. Este trabalho, publicado em livro, inscreve-se numa tradição de economia política que tem sido uma das marcas do Observatório. Procura-se nesta obra, não só proceder a uma detalhada análise dos processos socioeconómicos que têm atravessado o nosso país, mas também oferecer propostas e pistas de ação alternativas que sirvam de contraponto ao discurso dominante. Trata-se de uma análise sobre os antecedentes da crise, sobre os impactos concretos no seu período crítico com a imposição das políticas do (e para além do) "Memorando", e sobre os danos causados que se projetam no tempo.

No chamado "processo de ajustamento", a troika e o Governo PSD/CDS assumiram o trabalho como a principal variável de ajustamento da economia, no pressuposto, absolutamente mentiroso, de o trabalho (salário direto e indireto, direitos, proteção no desemprego) ter sido a causa dos desequilíbrios desencadeadores da crise. A implementação da política de desvalorização interna que concretizou tal opção foi injusta e errada. Injusta porque provocou redução de salários, de prestações sociais e de importantes direitos laborais (individuais e coletivos), um forte aumento do desemprego, a fragilização de políticas sociais, o enfraquecimento do Estado e uma pior distribuição da riqueza. Errada porque foi fortemente recessiva, conduziu à perda de capacidade produtiva e reforçou emigração. O chamado novo emprego e os "novos" vínculos contratuais que surgiram a partir daí ampliam as precariedades e tendem a consolidar uma matriz de baixos salários.

A desestruturação das relações laborais, provocada pelas alterações impostas nas instituições que enquadram as relações de trabalho e pela transferência de rendimentos e de poder do fator trabalho para o fator capital, foi, muito provavelmente, a maior transformação que o nosso país sofreu. Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ao apresentar esta obra assumiu que "com maior ou menor investimento, com mais ou menos cortes, com mais ou menos cativações, não se pode dizer que os sistemas públicos de saúde, educação e segurança social se tenham totalmente descaracterizado. Mas na área do trabalho não terá sido assim". Quer isto dizer que nas políticas sociais, da educação e outras, há feridas que é preciso ir paulatinamente tratando, mas na área do trabalho existem feridas que podem estar a transformar-se em chagas mortíferas.

Ferro Rodrigues, depois de lembrar que "a tolerância das sociedades democráticas com políticas que geram mais desigualdades está próxima do zero" e que "não basta criar emprego" nem "crescer de qualquer maneira" afirmou, "dar valor ao trabalho é de facto urgente", ou seja, será pela colocação do trabalho revalorizado no centro das políticas que poderemos romper com as peias que continuam a atrofiar no plano estratégico a nossa economia e o desenvolvimento da sociedade. A dignidade no trabalho não sobrevive entregue às regras do mercado. Em muitos casos, os salários podem ser melhorados, apenas impondo-se regras que assegurem partilha da prosperidade.

Estamos em tempo de inovação tecnológica e de uma globalização que constantemente armadilha direitos no trabalho. Isso desafia os atores sociais e políticos e, em particular, os governos, a redobrado cuidado nas escolhas políticas. Repor equilíbrios nas relações laborais, na contratação coletiva e nos vínculos de trabalho é prioritário.

* Investigador e professor universitário

1 - Manuel Carvalho da Silva, Pedro Hespanha e José Castro Caldas (Coords.), Trabalho e políticas de emprego. Um retrocesso evitável. Coimbra: Actual.
2 - Fundação Calouste Gulbenkian, 21/09/2017. Apresentação de Eduardo Ferro Rodrigues e Raymond Torres.

Portugal | MORREU O BISPO VERMELHO, MILITANTE DO COMBATE À FOME E À MISÉRIA



Faleceu Manuel Martins, bispo de Setúbal durante os longos anos de fome e miséria em Setúbal, era então o governo de Mário Soares vigente, substituído pelo governo de Cavaco Silva. A direita, CDS e PSD, chamaram-lhe Bispo Vermelho (o que não o incomodava absolutamente nada), somente porque o seu sentido de justiça, o seu caráter, o seu humanismo foi determinante para combater a fome e a miséria em Setúbal e arredores. Manuel Martins foi um contestatário sábio que lutou pela justiça social e que se indignava perante as políticas dos governos que em principio praticamente tudo faziam para ignorar a triste e dura realidade do que acontecia em Setúbal, região do seu bispado. 

A grandeza de Manuel Martins e a sua determinação conseguiram fazer regressar às populações de Setúbal a melhoria de condições dos habitantes. A falta de humanismo e as péssimas condições de pobreza em que tantos mal sobreviviam foram sempre a sua preocupação e a sua insistente mas vitoriosa luta. Podemos considerar que venceu tudo e todos em prol dos mais desfavorecidos, dos de mais idade, das crianças, dos desempregados. Pelo menos em Setúbal Manuel Martins nunca será esquecido pelas vítimas da pobreza. Deixa muitas saudades. (MM / PG)

Setúbal decretou dois dias de luto municipal por D. Manuel Martins

A Câmara de Setúbal decretou dois dias de luto municipal pelo falecimento de D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, anunciou hoje a autarquia sadina.

"O bispo de Setúbal D. Manuel Martins fica para sempre na memória de todos os setubalenses e de todos os portugueses como o homem justo que sempre soube de que lado deveria estar: do lado dos mais desfavorecidos, do lado daqueles por quem sempre lutou, por quem sempre levantou a voz e por quem sempre estava disposto a sacrificar-se", refere, em nota de imprensa, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

Maria das Dores Meira salienta também que "o 'bispo vermelho', como foi chamado, esteve sempre no lado certo da história" e que será recordado "pela sua lucidez, humanismo, sentido de justiça e sentido de humor".

A nota de imprensa da Câmara de Setúbal, de maioria comunista, recorda que D. Manuel Martins "foi o primeiro bispo nomeado para a então recém-criada Diocese de Setúbal, onde iniciou o seu ministério episcopal no dia 26 de outubro de 1975".

A 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o pedido de resignação de D. Manuel Martins, que faleceu domingo, aos 90 anos de idade.

A Câmara de Setúbal, que cumpre hoje e terça-feira os dois dias de luto municipal, salienta ainda que D. Manuel Martins foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo durante as comemorações do 10 de Junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Global Imagens

Portugal | GERINGONÇA



José Goulão* | AbrilAbril | opinião

O uso do termo «geringonça», insultando a solução de governo mais próxima da vontade expressa dos cidadãos alcançada desde 25 de Novembro de 1975, é um acto político trauliteiro, provocatório, mais uma violência contra os cidadãos por parte daqueles que se saciam no lodo da austeridade.

A generalização do termo «geringonça» aplicado ao governo constitucional português em funções é, em primeiro lugar, um exemplar triunfo da propaganda reles e reaccionária dominante, que assume, reverente, os joguinhos semânticos de um político populista, cruel, perito em esconder a violência trauliteira sob esgares simulando sorrisos.

Para os portugueses familiarizados com o vocabulário tradicional, algum dele caído em desuso, geringonça é um engenho mal-amanhado, atamancado, a trouxe-mouxe, precário, susceptível de se desmoronar a qualquer momento por si ou com a ajuda de um sopro, de um empurrãozinho.

Geringonça é a imagem do efémero, de uma existência condenada, porque precariamente sustentada por partes e peças que nada têm a ver umas com as outras, que não encaixam ou, no limite, se repelem.

Na boca do autor da suposta gracinha contra a fórmula de governo português suportada pelos resultados eleitorais, pela Constituição e pela Assembleia da República, o fascistóide Paulo Portas a quem os portugueses devem uma praga de humilhações e sofrimentos  – imposta em parceria com Passos Coelho, um salazarzinho recalcado – o termo «geringonça» representa a velha confusão entre o desejo e a realidade transformada em golpe político.

Partindo daí, esse chefe da extrema-direita populista, agora encapotado, usou os seus anseios como pilares de uma acção de propaganda e fez do termo «geringonça» uma bandeira para tentar desacreditar e minar a legitimidade do governo desde que começou a delinear-se a fórmula política que o materializou.

Respeitando as recomendações goebbelianas de repetir a mentira quantas vezes for necessário até que se torne verdade, os megafones da «piadinha» de Paulo Portas generalizaram-na com tal ímpeto que a palavra «geringonça» se tornou corrente no vocabulário político, e mesmo quotidiano, substituindo até, quando o descaramento passa a norma, o uso do substantivo «governo».

NAZIS CRESCEM E APARECEM | "Pesadelo": Alemanha em choque com resultados das legislativas



"Pesadelo", "consternação" afirmaram os meios de comunicação social alemães sobre os resultados das legislativas, marcadas por um avanço da extrema-direita.

"Uma chapada para [Angela] Merkel, um desastre para [Martin] Schulz, sucesso chocante para a AfD [Alternativa para a Alemanha]: o resultado deste 'voto de fúria' vai mudar profundamente a Alemanha", escreveu o jornal Bild.

"Uma vitória de pesadelo" para Angela Merkel, resumiu o jornal mais lido na Alemanha.

A chanceler alemã venceu as eleições com 33% dos votos, menos que os 41,5% conseguidos há quatro anos. Em segundo lugar, com 20,5%, ficou Partido Social-Democrata (SPD), que já veio dizer que pretende ser oposição.

Em terceiro lugar ficou a AfD, com 12,6% dos votos. O partido, com apenas quatro anos, é o primeiro à direita dos conservadores a entrar no parlamento em 60 anos.

"A progressão espetacular dos populistas de direita constitui um ponto de viragem histórico para a vida política alemã", que até agora funcionou numa cultura de consensos e debates civilizados, e que entra numa era de conflito, destacou o jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

"A consternação reina nas fileiras conservadoras e a principal responsável é nomeada", afirmou o diário de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung.

Já o Spiegel destacou que "Angela Merkel vai permanecer chanceler, conseguiu o 'objetivo estratégico', mas paga um preço elevado: a coligação governamental foi severamente punida (...) A AfD entra no Bundestag [parlamento] com um resultado superior a 10%".

"Será extremamente difícil formar uma aliança governamental sólida para os próximos quatro anos", concluiu o jornal.

Os sociais-democratas já excluíram a possibilidade de voltar a governar com a União Democrata-Cristã (CDU), com Merkel a ter de negociar um acordo entre conservadores, liberais e verdes.

Jornal de Notícias

MACAU ELEIÇÕES | Tribunal rejeita pedido de recontagem



Macau, China, 22 set (Lusa) -- O Tribunal de Última Instância de Macau recusou hoje o pedido de recontagem dos votos apresentado por um candidato, que alegou semelhanças entre o símbolo da sua lista e o de outra que concorria às eleições legislativas.

"O recorrente nunca apresentou reclamação, protesto ou contraprotesto no decurso do apuramento, nem interpôs recurso gracioso perante a assembleia de apuramento geral, [por isso] não estão preenchidos os pressupostos legais de interposição do recurso contencioso", indicou o Tribunal de Última Instância (TUI), em comunicado enviado hoje.

O TUI referia-se ao pedido apresentado pelo líder da lista Nova Ideais de Macau (lista 1), que se candidatou às legislativas de domingo e entregou na quarta-feira um requerimento ao tribunal a pedir uma recontagem dos votos, para recuperar a caução que pagou para concorrer.

Carl Ching pediu ainda ao TUI que fossem contados novamente os votos de outra lista, liderada pelo deputado Ho Ion Sang e que usava símbolos e cores semelhantes, o que considerou poder ter gerado confusão entre os escrutinadores.

A lista de Ching obteve 199 votos, abaixo dos 300 necessários para poder ser reembolsada pela caução de 25 mil patacas (cerca de 2.600 euros), que pagou para concorrer às eleições.

"Vão ficar com o meu depósito, não quero que o dinheiro seja confiscado pelas entidades. O dinheiro foi emprestado por outros, temos de o devolver", disse na quarta-feira ao jornal Ponto Final.

Hoje, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) também se pronunciou sobre o assunto, e, tal como o tribunal, considerou que, para pedir uma reapreciação, o mandatário teria de ter apresentado uma reclamação durante o ato de apuramento, o que não aconteceu.

ISG // VM

Timor-Leste suspende licenças e retém navios chineses que pescaram tubarão



Díli, 22 set (Lusa) - O Governo timorense suspendeu hoje as licenças de uma frota de navios chineses apanhada a pescar tubarão em águas timorenses, enquanto conduz investigações para determinar se a empresa cumpriu todos os critérios legais.

O ministro da Agricultura e Pescas timorense, Estanislau da Silva, disse à Lusa que enquanto decorrem as investigações, conduzidas com base em informações fornecidas pelo Governo indonésio, "os navios estão proibidos de sair do porto de Carabela" na costa norte do país.

A decisão de suspensão deve-se, explicou, apenas a aspetos relacionados com a própria empresa e não ainda com a atividade de pesca em Timor-Leste, nomeadamente a pesca de toneladas de tubarão confirmada numa rusga efetuada este mês.

"Recebemos informações detalhadas da Indonésia sobre a companhia e daí tomei a liberdade como ministro competente de suspender as atividades da companhia, no sentido de se fazer uma investigação detalhada sobre o registo dos barcos de pesca e a ligação da companhia com outros existentes que tenham estado envolvidas em atividades de pesca ilegal", explicou o governante.

No essencial, disse, trata-se de determinar "se as embarcações estiveram envolvidas no passado em pesca ilegal", algo que em Timor-Leste não é permitido, ou se "estão registadas em mais do que um país, algo que também não é permitido".

Se os navios respeitaram, ou não, a licença que lhes foi concedida é outra questão que só será determinada depois de concluída uma investigação detalhada, que está atualmente a ser conduzida por técnicos do Ministério.

"Atualmente está no porto de Carabela a polícia de investigação juntamente com os responsáveis das pescas para averiguar com mais profundidade a veracidade das informações que recebemos. Se se tratar de crime serão tomadas outras medidas", referiu.

Tribunal de Contas forma Moçambique e Timor-Leste sobre parcerias público-privadas



Maputo, 25 set (Lusa) - Instituições superiores de controlo de contas públicas de Timor-Leste e Moçambique recebem formação sobre parcerias público-privadas a partir de hoje no Tribunal de Contas em Portugal, anunciou a organização.

Moçambique participa com 12 delegados, entre os quais dois juízes conselheiros e o Procurador-Geral Adjunto, enquanto Timor-Leste marca presença com cinco auditores da Câmara de Contas.

A ação decorre até final da semana e abrange diferentes áreas da auditoria a projetos e programas de investimentos que vêm sendo implementados nos respetivos países com recurso às parcerias público-privadas.

"Esta troca de experiências enquadra-se no âmbito do reforço das competências técnicas das instituições superiores de controlo dos PALOP e de Timor-Leste, e visa, neste caso específico a capacitação de quadros", anunciou a delegação da União Europeia (UE) em Maputo.

A formação decorre no âmbito do Pro PALOP-TL ISC, um projeto financiado pela UE no valor de 6,5 milhões de euros e que decorre desde 2014.

LFO

Consumo na mira | GOVERNO MOÇAMBICANO VAI AUMENTAR IMPOSTOS



Jornal de Notícias | Editorial

O Governo decidiu, esta semana, avançar com uma proposta legislativa que preconiza um conjunto de medidas económicas destinadas a proteger o mercado, estimular novos investimentos, incentivar o consumo de matéria-prima local, alargar a base tributária e criar mais emprego para os cidadãos.

A nossa percepção é que se trata de uma decisão que está alinhada ao objectivo de promover a transformação dos recursos naturais em bens e serviços capazes de fazer diferença na vida das comunidades, e influenciar a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Na essência, a proposta convida à actualização das taxas de Imposto sobre Consumos Específicos (ICE), que tributa de forma selectiva, com taxas que variam de 15 a 75 por cento, o consumo de determinados bens produzidos no território nacional ou importados, alguns dos quais considerados de luxo, supérfluos ou nocivos à saúde, a exemplo do álcool, tabaco e viaturas.

Além deste nível de tributação, a proposta elimina a isenção de impostos na importação do peixe carapau congelado, sobre o qual passa a incidir uma taxa geral de 20 por cento. A leitura que se pode fazer desta decisão, em particular, é que precisamos de apostar mais nos recursos que temos, sendo verdade que o país possui uma longa costa com mais de 2700 quilómetros de extensão, e abundantes águas interiores capazes de fornecer peixe de variada espécie para consumo interno, e até para exportação.

Agravando a sobretaxa na importação de cimento Portland, de 10,5 para 20 por cento, o Governo tem em vista proteger a indústria cimenteira nacional que, embora já tenha dado mostras de incapacidade quando o assunto é satisfazer a demanda interna em momentos de grande procura, precisa adaptar-se às circunstâncias para merecer confiança do mercado.

Nyusi e Dhlakama chegam a acordo para eleições provinciais em Moçambique



Proposta da RENAMO para a eleição de governadores provinciais deve ser aprovada quando chegar à Assembleia Nacional, garante o líder Afonso Dhlakama após negociação com a FRELIMO.

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, garante já ter acordo com a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, para a eleição dos governadores provinciais.

Dhlakama fez a declaração este sábado (23.09) durante uma reunião da comissão política da RENAMO na serra da Gorongosa, a sua primeira aparição pública desde que se refugiou naquela região há pouco mais de um ano.

"Pela primeira vez, a FRELIMO concordou e disse sim, haverá eleição de governadores" nas eleições gerais de 2019, referiu o líder do principal partido da oposição, citado pelo portal do jornal O País e em declarações transmitidas pelo canal de televisão STV.

"É um acordo entre Dhlakama e [o Presidente da República] Nyusi", que dirige também a FRELIMO, acrescentou.

MOÇAMBIQUE | Por que espremer o pacato cidadão?



@Verdade | Editorial

O Governo incompetente e insensível da Frelimo, por alguma razão, decidiu ir ao bolso do pobrezinho cidadão moçambicano para satisfazer os seus luxuosos caprichos e continuar a aumentar os seus privilégios insaciáveis. Ou seja, reunidos na última sessão do Conselho de Ministros, realizada na terça- -feira, 19, o bando de insensíveis decidiu alterar o Código do Imposto sobre Consumo Específicos. Dentre as alterações mais destacáveis consta o aumento da taxa de importação de viaturas com mais de sete anos e tributar viaturas com cilindrada inferior a mil centímetros cúbicos. Esta corja de saqueador decidiu ainda passar a tributar ou agravar as taxas cobradas na importação de cimento, carapau, algumas bebida alcoólicas e refrigerantes.

Com esta inconsequente e improdutiva medida, o Governo da Frelimo empurrou os moçambicanos para sarjeta, uma vez que os cidadãos dependem desses bens importados para ter alguma dignidade numa situação que é impossível viver. Embora o Governo diga que a decisão visa desencorajar a importação de carros usados e ao mesmo tempo aumentar a base tributar e aumentar a produção nacional, isso não passa de uma manobra de continua a subjugar os moçambicanos.

Com tantas situações para o Governo eliminar isenções, decidiu fazê-lo em relação ao carapau que garante o sustento de milhares de famílias em todo o território nacional. Em contrapartida, o Governo de Nyusi continua a manter os benefícios fiscais para os mega projectos da Sasol Petroleum Temane, Mozal, Minas de Revuboè, Areias Pesadas de Moma, Jindal Africa, ICVL Benga, Vale Moçambique e Eta Star que durante o ano passado não pagaram nenhum metical de Imposto sobre a sua Produção (Royalty) e nem sequer o Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA).

Num artigo jornalístico publicado pelo @Verdade mostra que, em conjunto, os oito mega projectos, que operam nas áreas mineira, hidrocarbonetos e metalurgia, tiveram no ano passado proveitos de 1,9 bilião de dólares norte-americanos contudo pagaram ao erário moçambicano somente 92,9 milhões de dólares, correspondente a 4% das receitas do Estado. Por exemplo, há mais de 20 anos a Mozal continua beneficiar de grandes incentivos fiscais Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC), em IVA e também Royalties.

Por quê o Governo não vais buscar esse dinheiro a esses mega projectos, no lugar de espremer o povo que, todos os dias, dá o seu sangue para subsidiar as mordomias dos dirigentes?

MOÇAMBIQUE | “É preciso que os partidos reaprendam a fazer democracia”



Severino Ngoenha faz uma radiografia dos partidos políticos e diz que há défice de ideias e de democracia nos partidos

À porta do XI Congresso da Frelimo, o académico Severino Ngoenha espera que, no fim do evento, o partido dos camaradas se reaproxime do povo e abandone políticas individualistas inspiradas no capitalismo e na “dulocracia”. Ngoenha quer uma Frelimo que discuta ideias e não pessoas, para o bem da sociedade moçambicana. Por outro lado, o filósofo e reitor da Universidade Técnica de Moçambique (UDM) faz uma radiografia dos partidos políticos e diz que há um défice de ideias e de democracia nos partidos, onde não se tolera o pensamento diferente. Ngoenha chega a dizer que quem pensa diferente na Frelimo é tido como reaccionário, na Renamo é encostado e no MDM perde apoio do partido. Neste contexto, o académico diz que há uma necessidade de os partidos políticos reaprenderem a fazer democracia. 

Entre os dias 26 de Setembro e 1 de Outubro, teremos o 11º Congresso da Frelimo. O que se pode esperar deste evento?

Não posso dizer o que se pode esperar, mas posso dizer o que acho que é desejável que aconteça. Os congressos da Frelimo nunca foram banais, foram marcantes para a vida política e social de Moçambique. O I Congresso foi o congresso em que claramente se manifestou a vontade de pela independência de Moçambique. Manifestou-se a vontade de um percurso de unidade que só ele poderia nos levar à independência política, mas também a ideia de que todos os meios necessários seriam utilizados para que chegássemos à independência. Quando chegámos ao II Congresso, já estávamos em conflito dessa mesma unidade. Morre Eduardo Mondlane, há expulsão daqueles que eram reaccionários. Era a purificação das novas fileiras e havia já sintomas de desagregação. O III Congresso leva-nos em direcção à independência. Foi uma opção ideológica que nós seguimos até aos Acordos de Paz de Roma, que proporcionam o multipartidarismo. Cada congresso teve que fazer frente a problemas concretos do país no momento em que se vivia, o que importa é ver quais os problemas principais do país e ver em que medida é que a Frelimo actual vai ser capaz, com extrema garra, determinação e objectividade, fazer face a esse tipo de problemas. É o que as pessoas esperam. A Frelimo é o partido primeiro de Moçambique, é o partido maior que nos levou à independência, é o partido que governa Moçambique desde a sua independência. Então, o que se passa na Frelimo é sobremaneira importante e marcante para a história do nosso país. O que nós constatamos é que a Frelimo foi-se metamorfoseando e não sempre no bom sentido. Espero que a Frelimo que vai sair desse congresso seja diferente daquela que vimos ao longo dos anos, muito mais ligada aos interesses individuais, economicentrismo e a dulocracia. É preciso que ela volte àqueles elementos do povo, do interesse do bem comum e que volte a ser um partido de um debate democrático muito forte, que nos traga propostas de ideias que nos façam sonhar e nos dêem valor, como a Frelimo de 1974 fez quando chegou aqui. Isso foi-se perdendo, sobretudo após o acordo de paz. Mais do que aquilo que vai acontecer, o que espero que aconteça é que a Frelimo se recrie, retome os seus valores verdadeiros. Nós precisamos de partidos políticos grandes e fortes no tamanho das suas ideias, ideais, valores e no compromisso com os moçambicanos. É isso que espero que aconteça neste congresso, que seja de grande debate democrático. Nenhum partido não democrático pode ser um partido democrático só nas eleições. A Frelimo não pode apenas pensar nas eleições de cinco em cinco anos. Deve ser um partido democrático, que se faça presente pelas ideias e ideais, pela maneira como pensa que podemos utilizar os recursos que temos para melhorar a vida de todos.

SEMPRE (OMNI)PRESENTES



 Martinho Júnior | Luanda 

1- Os interesses, em especial das casas bancárias que compõem a aristocracia financeira mundial, estão presentes onde quer que seja.

Em Angola, sinais de actuação desses interesses conectados à ligação Rothschild – George Soros têm sido uma constante, variando de potencialidade e nos seus objectivos.

A 1 de Março de 2003, há 14 anos, no semanário luandense “ACTUAL” nº 348, dava conta do que então conhecia em relação a Cabinda, num cenário que entretanto sofreu alterações, em função das capacidades de influência e manobra do estado angolano.

2- Neste momento, sinais desses interesses existem: a formação de elites angolanas, rendidas aos processos e expedientes tipicamente neoliberais, são em alguns casos a mesma face da moeda que do outro lado tem os apaniguados “de esquerda” (?) das “revoluções coloridas” e das “primaveras árabes” como expressão duma contradição manipulada e alimentada pelo poder de sua ingerência, entre eles “entidades” como Luaty Beirão, ou Rafael Marques de Morais.

3- Em Angola, até que ponto actualmente e por exemplo, redes de inteligência ligadas à lavagem de dinheiro, estarão a contribuir para a canalização de valores em benefício de redes terroristas?

Ao longo dos próximos 5 anos eles farão sentir-se, duma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade, com mais ou com menos sentido de oportunidade, mas sempre procurando atrair para a sua mal parada causa a juventude, a partir de enredos externos que vão chegar a Angola sobretudo a partir de Portugal e do Médio Oriente (intimamente associados, no caso português, aos interesses da inteligência económica, estimulados também pelos vapores da NATO).

ANGOLANOS | Cidadãos íntegros e solidários



Jornal de Angola | editorial

A partir de amanhã, temos um novo Presidente da República. João Lourenço, o Presidente eleito nas eleições gerais de 23 de Agosto, é investido amanhã nas suas altas funções, tornando-se o terceiro Chefe de Estado de Angola em quase 42 anos de independência.

O Presidente José Eduardo dos Santos, que dirigiu o país durante 38 anos, em circunstâncias difíceis, que exigiram dele muito trabalho e uma actuação firme à frente dos destinos da Nação, caracterizada por um elevado sentido de Estado e marcada por actos de grande visão estratégica e perspicácia política e diplomática, vai passar o testemunho a um quadro do seu partido, João Lourenço, com larga experiência ao nível da política e da governação e que está disposto a trabalhar arduamente para que Angola seja um país próspero.

João Lourenço deu indicações durante a campanha eleitoral que vai estar muito empenhado em corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, estando os cidadãos ansiosos por acompanhar o exercício do mandato do novo Presidente da República, nomeadamente, a forma como vai promover a recuperação económica, o emprego e o investimento, problemas muito complexos. O novo Presidente da República teve a possibilidade de viajar por todo o território nacional durante a pré-campanha e a campanha eleitoral e certamente apercebeu-se de muitas situações que têm a ver com a vida das populações, sendo normal que tenha já uma agenda para atacar de imediato algumas das questões actuais do nosso país.

O conhecimento profundo que João Lourenço tem de Angola e das principais preocupações dos angolanos vai ajudá-lo a procurar as soluções apropriadas destinadas a superar qualquer crise que precise de ser ultrapassada. Os cidadãos angolanos confiam plenamente nele e por isso lhe deram a vitória eleitoral e a responsabilidade de governar.

NOVO PR DE ANGOLA | 40 mil pessoas no acto de posse



A Praça da República tem tudo a postos para acolher amanhã o segundo acto solene de investidura de um Presidente da República de Angola escolhido nas urnas. Em 2012, na mesma data e local, José Eduardo dos Santos tomou posse como Presidente eleito.

Os chefes de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, e de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, são aguardados hoje em Luanda, onde testemunham, amanhã, a investidura do Presidente da República eleito, João Lourenço. Os dois estadistas, convidados pelo Presidente da República cessante, têm encontros separados com José Eduardo dos Santos, no Palácio da Cidade Alta.

José Mário Vaz tem ainda agendado um encontro com a comunidade guineense residente em Angola.  

Dois dias antes de desembarcar em Luanda, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu nunca se sentir desconfortável quando defende os interesses de Portugal depois de ser confrontado com acusações do vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, que em entrevista à Lusa considerou que Portugal se tem “vergado” nas relações com Angola, colocando-se numa “situação de verdadeira dependência”.

O estadista português recordou, a propósito, que as diversas forças políticas concorrentes às eleições em Angola reconheceram a vitória do MPLA, justificando por isso as felicitações que dirigiu a João Lourenço, o Presidente da República eleito.

“Felicitei o Presidente, tendo presente que as mais diversas forças políticas reconheceram que houve a vitória de uma força e, de acordo com a lei angolana, bastava uma força política ter mais um voto do que as demais para o cabeça de lista dessa força ser Presidente da República”, disse.

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