sexta-feira, 23 de março de 2018

TRUMP É UM GRANDE SACANA, UM PERIGO



O Expresso Curto sem merecer grandes considerações do PG. É do dia, da tempestade Hugo que anda por aí. Humores negativos e porca de vida. Usem a utilidade do Curto no que merece, o resto podem deitar fora ou ignorem. Fica à vossa consideração. Trump não é nenhum maluco, como querem vender a imagem. É, sim, um grande sacana, um perigo para a humanidade (incluindo o povo dos EUA). Estejam atentos. É importante. Bom dia, se conseguirem. PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Começou a guerra com a China e deve esperar o pior

João Vieira Pereira | Expresso

Bom dia, aqui ficam as principais notícias que marcam esta sexta-feira.

Trump nunca negou que era este o seu objetivo. Durante a campanha eleitoral fez disso uma das suas promessas: atacar o poder económico da China, a forma como os produtos chineses invadiram a economia americana e aquilo que define como roubo da propriedade intelectual dos EUA.

A administração norte americana diz que “as práticas injustas de comércio” do Governo chinês levaram ao fecho, num curto período de tempo, de 60 mil fábricas, à perda 6 milhões de empregos e ao maior défice comercial de sempre com a China — que em menos de 20 anos mais do que quintuplicou atingindo os 337 mil milhões de dólares.

Razões mais do que suficientes, na visão de Trump, para avançar com a imposição de tarifas sobre 60 mil milhões de dólares em importações da China.

À moda de Trump, ainda há pouca informação. Só dentro de 15 dias haverá a lista das 1300 importações que deverão ser alvo destas tarifas. Mesmo assim a Casa Branca estima que o impacto para as famílias será reduzido, sem explicar como. A economia ensina que, no final do dia, quem paga a conta é sempre o consumidor.

Ao mesmo tempo o Presidente americano anunciou que a União Europeia, Coreia do Sul, Brasil, Canadá e México terão uma exceção sobre as tarifas do aço que entram em vigor este mês. Facto que está a ser interpretado como a colocação da China como único alvo do confronto comercial.

A guerra começou e podemos esperar o pior.

Beijing já respondeu, refutando que tenha roubado qualquer propriedade intelectual ou forçado empresas norte americanas a transferir tecnologia para congéneres chinesas. De seguida prometeu tomar “todas a medidas necessárias” contra a decisão de Washington. Se o ministro chinês do Comércio foi, de certo modo, conciliador, ao afirmar que “a China não quer uma guerra e espera que o EUA recuem”, o embaixador do China nos EUA foi mais ameaçador: “Se alguém impõe uma guerra comercial com a China, nós vamos lutar até ao fim”.

Estão já a ser preparadas tarifas sobre produtos agrícolas e material de transportes, as principais exportações americanas para aquele mercado e que podem atingir 3 mil milhões de dólares em produtos produzidos nos EUA. Por exemplo, as ações da americana Boeing fecharam a cair mais de 5%.

Os principais índices bolsistas também fecharam em forte queda nos EUA com receios do impacto no comércio internacional. E a bolsa nipónica fechou a cair 4,51%.

Uma guerra deste género, entre as duas maiores economias do mundo, irá afetar o comércio de todo o mundo e colocar em causa o crescimento económico mundial. Os analistas ainda estão confiantes que algum bom senso prevaleça, principalmente por parte de Trump. Mas o mal pode já estar feito. Resta saber a extensão dos danos colaterais.

OUTRAS NOTÍCIAS

Por cá. Marcelo puxa, de novo, as orelhas ao Governo. O Presidente da República está preocupado com o Verão e não acredita que as mudanças estruturais na Proteção Civil aconteçam a dois meses de começar a época de incêndios. A notícia faz machete do Público.

Entretanto, o primeiro ministro e vários membros do Governo estarão, amanhã, em ações de campanha pela limpeza da floresta em diversos pontos do país.

Para tentar ocultar as falhas de segurança, dois militares mentiram à Polícia Judiciária Militar e ao Exército sobre o roubo de Tancos.

Relatório das autoridades americanas na Base das Lajes revela que água para consumo humano na ilha Terceira está contaminada.

A EDP arrasa o trabalho do regulador do setor elétrico, a ERSE, numa análise que enviou ao Ministério Público sobre o estudo que o regulador fez sobre as rendas da energia. Diz que o trabalho da ERSE “viola ostensivamente a lei”.

Laboratórios e investigadores desesperam pelas verbas da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O Jornal de Notícias conta que muitos estão parados à espera que as verbas públicas sejam desbloqueadas.

O mesmo jornal escreve que, 20 anos depois, a ponte Vasco da Gama tem metade do tráfego previsto.

Vieira da Silva deverá apresentar hoje medidas para reduzir os uso dos contratos a prazo. O Jornal Económico conta que este tipo de contratos passará a ter uma duração máxima de 18 meses.

Segundo o Correio da Manhã, Manuel Pinho estará a ser investigado pelo FBI, na sequência de um pedido de ajuda das autoridades portuguesas.

Os bancos recusam aplicar a medida defendida pelo PS e Bloco de Esquerda de refletir a Euribor negativa nos empréstimos de crédito à habitação.

Um autocarro com 37 passageiros despistou-se na A6, acidente no qual ficaram feridos 21 pessoas.

Se quer aprender a poupar mais um pouco no IRS veja este vídeo de Pedro Andersson.

Lá fora. Trump volta a trocar de Conselheiro de Segurança Nacional, o terceiro em 14 meses. A nomeação de John Bolton é vista como uma perda dos moderados na administração norte americana.

Lula longe da prisão nos próximos 15 dias. O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6 votos contra 5, impedir a prisão do ex-presidente do Brasil até que seja concluído o julgamento sobre habeas corpus, o que deverá acontecer no próximo dia 4 de abril.

Catalunha continua sem Governo, depois do independentista Jordi Turull não ter sido empossado por falta de apoio.

Continua a guerra de palavras entre o Reino Unido e a Rússia no seguimento do envenenamento de Sergei e Yulia Skripal. Em resposta a Boris Johnson, que comparou o campeonato do mundo de futebol aos Jogos Olímpicos nazis, o embaixador russo afirmou que tais acusações eram “inaceitáveis e totalmente irresponsáveis”.

Theresa May pediu solidariedade no confronto com a Rússia e de acordo com o Financial Times, pelo menos cinco países europeus (França, Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia) estão a ponderar uma expulsão coordenada de diplomatas russos.

O caso Cambridge Analytica continua a marcar a atualidade. As últimas informações apontam para que o Facebook tenha fornecido os dados de todas as amizades feitas em 2011 em todos os países do mundo. O The Guardian diz que são mais de 57 mil milhões de dados sobre “amizades”. Aqui fica um resumo do que se sabe até agora.

Zuckerberg tentou acalmar os investidores, primeiro num post no Facebook, depois numa entrevista à CNN. Assumiu culpas, pediu desculpas e garantiu que está a fazer de tudo para que a situação não se volte a repetir. Mas, os investidores não parecem ter acreditado, as ações do Facebook, voltaram a cair.

2,6 mil milhões de dólares é o bónus que Elon Musk poderá receber se daqui a 10 anos a Tesla valer 650 mil milhões de dólares.

O lixo que flutua no Oceano Pacífico ocupa uma extensão muito maior do que a inicialmente estimada. Um novo estudoestima que atinja já uma área duas vezes superior à da Franca.

Leobardo Vásquez, um jornalista mexicano foi morto a tiro no Estado de Veracruz, o terceiro assassinado em 2018. Em 2012, 12 jornalistas foram mortos no México por razões profissionais.

Eram 22:05 quando Stephen Paddock pressionou o gatilho da primeira das 23 armas que usou na noite de 1 de Outubro de 2017, descarregando milhares de munições sobre quem assistia a um concerto em Las Vegas. Começava o pior massacre do género na história dos Estados Unidos e que fez 58 vítimas mortais e mais de 700 feridos. O New York Times teve acesso às câmaras de segurança do hotel onde estava hospedado e fez o relato da sua atividade nos dias anteriores.

FRASES

“O Estado e o Governo jamais retiraram meios quando são necessários. Nada do que aconteceu foi por falta de meios, tudo o que aconteceu foi porque não havia forma de conter a dimensão [dos fogos]” — Jorge Gomes, ex-secretário de Estado, sobre o relatório de peritos independentes que acusa o Governo de ter recusado pedidos de meios de combate aos fogos.

“Ninguém melhor do que o ex-secretário Jorge Gomes sabe o que aconteceu e poderá falar sobre essa matéria” — António Costasobre os alegados dados falsos no relatórios sobre o incêndios de outubro.

O QUE EU ANDO A LER

A sugestão deste Expresso Curto começa numa pergunta que fiz ao professor João Duque. Maravilhe-se com a sua resposta.

P: João, acha mesmo que é possível aprender finanças com Shakespeare?

R: “Pois bem, leia o Mercador de Veneza e talvez fique surpreendido…Todos os anos desafio os meus alunos a lerem esta peça e a discutirem as lições que o livro encerra sobre temas de finanças, para além das outras de cariz humanista.

António é um rico mercador antissemita tendo mesmo chegado a cuspir na cara do velho judeu Shylock. Porém, certo dia, não tendo liquidez imediata para acudir a um grande amigo seu (Bassânio), vê-se obrigado a ir pedir um empréstimo ao odiado Shylock. Na Veneza dessa época, a dos finais do século XVI, já os judeus eram segregados tendo de pernoitar no gueto e quando de lá saiam tinham de usar um barrete de cor vermelha que os identificasse como tal… Onde já vimos isto, quatro séculos e meio depois?...

Shylock parece odiento. Impossibilitado por lei de possuir propriedades tinha de viver dos juros que cobrava nos empréstimos concedidos, coisa que a Igreja condenava e António desprezava.

É então que Shylock impõe uma condição para conceder o crédito: se António não amortizasse o empréstimo na data prevista, ao fim de três meses, Shylock teria o direito, embora não a obrigação, de lhe cortar uma libra de carne. Na ausência de outras garantias, cá temos um contrato de opção a aumentar as garantias do credor…

António está seguro de que os investimentos que fez (vários barcos fretados e que estão para regressar do mar) serão mais do que suficientes para liquidar o crédito. Essa segurança advém da diversificação do risco e famosamente demonstrada por Harry Markowitz na explicação da Teoria da Carteira, pois só um azar extremo poderia levar a que nenhum deles regressasse com as previstas riquezas do oriente.

Mas os azares sucedem… Os bancos estimam diariamente o VaR (Value-at-Risk) isto é, a perda máxima prevista num dado período de tempo, com uma elevada probabilidade. Contudo, por vezes, essa perda é superior à estimativa de perda máxima calculada, e a barreira do VaR é quebrada… Nesse caso há outras medidas e que bem deveriam ter sido estimadas pelo António pois o que é pouco provável, embora não impossível, pode mesmo suceder…

Será que Shylock vai ter a oportunidade de se vingar de António? E se a tiver, vai ter a coragem de decepar meio quilo de carne a António? Será Shylock realmente mau e odioso vivendo de algo abjeto e pecaminoso como a usura? Será que não virão outros acudir a António trapaceando o judeu, clamando por direitos e outros contratos de opção que vão usar em abono dos poderosos como António?

Vale a pena ler e reler o mercador de Veneza. E para quem não quer ler sempre pode ver a peça magistralmente representada em filme onde, na versão de 2004 realizada por Michael Radford, onde pode assistir às excelentes representações de Jeremy Irons ou Joseph Fiennes ou à inesquecível performance de Al Pacino.”

Este Expresso Curto termina por aqui. Tenha uma ótima sexta-feira e um fim-de-semana em cheio. E não se esqueça de comprar o Expresso logo bem cedo na manhã de sábado.

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