sábado, 28 de abril de 2018

Peniche enaltece projeto para Museu da Resistência na Fortaleza


A Assembleia Municipal de Peniche aprovou, na sexta-feira à noite, uma moção em que saúda o programa de conteúdos anunciado como primeiro passo para a instalação do Museu Nacional da Resistência e Liberdade na Fortaleza da cidade.

Aprovada com os votos a favor da CDU, PS e Grupo de Cidadãos Eleitores por Peniche e com PSD a votar contra e a abster-se, a moção "saúda as medidas e conteúdos anunciados que permitem o arranque da fase de concretização do projeto de recuperação, requalificação e valorização da Fortaleza de Peniche e a decisão de aí criar o Museu Nacional da Resistência e Liberdade".

Para os deputados, é importante que o projeto garanta espaços museológicos dedicados à história da Fortaleza de Peniche e das suas gentes e o acesso livre da população local.

A moção recorda que o projeto vem ao encontro dos anseios de democratas e antifascistas que, desde o 25 de Abril de 1974, defendem um museu na Fortaleza de Peniche que a "reafirme como testemunho vivo para as atuais e futuras gerações" do que foi a resistência à ditadura e a luta pela liberdade e pela democracia.

"Foram precisos 44 anos para que o poder político reconhecesse a importância de instalar na Fortaleza de Peniche o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade", sublinha.

O projeto torna Peniche num dos oito concelhos do país a ter um museu nacional, "uma oportunidade para dinamizar e afirmar ainda mais, no plano nacional e internacional, o concelho", defendem os eleitos locais.

O Museu Nacional da Resistência e Liberdade, da Fortaleza de Peniche, vai ter 11 núcleos, segundo o guião entregue na sexta-feira em Lisboa pela respetiva Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) ao ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, que prometeu a inauguração para abril de 2019.

O primeiro dos 11 núcleos será dedicado ao Parlatório, que evocará as condições em que decorriam as visitas aos presos políticos, bem como a solidariedade da população de Peniche para com os presos - e as suas famílias --, e com as fugas.

O segundo e o terceiro núcleos serão memoriais da história da Fortaleza e de todos os que se sacrificaram pela conquista da liberdade e democracia, ao passo que o quarto e o quinto núcleos recordarão como foi o regime fascista e o sistema policial e repressivo, durante a ditadura do Estado Novo.

O núcleo 6 é dedicado ao colonialismo e à guerra colonial, o núcleo 7 conta a história da resistência antifascista e anticolonialista, e o núcleo 8 recorda as fugas de presos políticos do sistema repressivo policial.

Os três últimos núcleos evocam o 25 de Abril, a libertação dos presos políticos do Forte de Peniche e a cadeia do Forte de Peniche, havendo ainda outros espaços com conteúdos específicos, como a "Cela A. Cunhal", que será individualizada com uma placa exterior com a ficha prisional e referências ao trabalho intelectual e artístico aí desenvolvido.

A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.

Após o 25 de Abril de 1974, os últimos presos políticos foram daí libertados dois dias depois.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Pixabay

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