O líder do PSD recusou hoje que
possa ser usada uma eventual folga orçamental para aumentar os salários dos
funcionários públicos, mas contrapôs que estes poderão ter aumentos se se confirmar
o "milagre económico" de que fala o Governo.
"Eu não desafiei o Governo a
aumentar a função pública. O Governo é que tem vendido a ideia de que houve
quase um milagre económico e que a economia está muito bem. Então, se está
assim tão bem, não há cerca de 300 milhões de euros para pelo menos repor o poder
de compra para os funcionários públicos?", questionou Rui Rio, em
declarações aos jornalistas, no final de uma audiência de quase duas horas com
a UGT, em Lisboa.
Para o líder do PSD, "não há
milagre económico nenhum, a austeridade está escondida" e os cortes, que
antes se traduziam diretamente nos salários dos trabalhadores, verificam-se
agora no aumento da carga fiscal e no corte da despesa nos serviços públicos.
Questionando se defende ou não o
aumento dos salários da função pública no próximo ano, Rio salientou que não é
o PSD, mas o Governo que tem de fazer a proposta de Orçamento do Estado para o
próximo ano.
"Não bate a cara com a
careta. Se há milagre, também há 300 milhões de euros para dar 1,5% de aumento.
Se não dão, não há milagre (...). Vamos ver se há ou não milagre",
desafiou.
Interrogado se o Governo deveria
usar a folga orçamental para fazer esses aumentos, como defendem BE e PCP, Rio
respondeu negativamente.
"A folga orçamental não pode
usar, porque não tem folga orçamental nenhuma. Portugal tem de,
inequivocamente, reduzir o seu défice ou até zero ou, preferencialmente, ter
'superavit'", disse, admitindo que, na gestão da despesa, o Governo possa
encontrar uma fórmula diferente.
Questionado se concorda com a
proposta da UGT de aumentar o Salário Mínimo Nacional (SMN) para 615 euros no
próximo ano, Rio contrapôs que a proposta do Governo de 600 euros já garante
uma atualização acima da inflação e que, a partir daí, o valor certo deve ser
encontrado entre sindicatos e entidades patronais.
"Todos os anos temos de
fazer um esforço no sentido de aumentar o SMN acima da inflação (...). Se esse
valor fica nos 600 ou um pouco acima, deve ser encontrado o equilíbrio em sede
de concertação social", defendeu.
A reunião de Rui Rio com o
secretário-geral da UGT, Carlos Silva, serviu para o presidente do PSD
apresentar cumprimentos, depois de ter tomado posse no Congresso, em meados de
fevereiro.
Lusa | Notícias ao Minuto
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