Segundo a UNITA, cerca de 140
populares da Capupa estão há dois anos "instalados” na administração
municipal do Cubal, por recearem regressar às suas aldeias, devido a
intimidações de que são alvo.
Ainda há pessoas desaparecidas
desde os últimos incidentes ocorridos em 2016 na comuna da Capupupa, município
do Cubal. O secretário provincial do partido do galo negro, Alberto Ngalanela,
aponta um "clima de medo e insegurança”, e conta que os populares estão a
ser obrigados a renunciar à militância na UNITA para poderem ter uma vida
normal nas suas comunidades.
De acordo com as afirmações do
político, estas pessoas deslocaram-se à sede da administração, e outros
refugiaram-se nas matas, depois de "emboscadas” e "ataques” à
caravana de deputados da UNITA em Maio de 2016, que era dirigida pelo
presidente do Grupo Parlamentar, Adalberto da Costa Júnior.
Segundo o inquérito do Ministério
do Interior, o conflito resultou em três mortes, e o mesmo terá sido levado
a cabo por "apoiantes” do MPLA, durante uma visita de trabalho dos
parlamentares da UNITA àquela localidade.
"De lá para cá criou-se um
clima de insegurança e as pessoas não têm garantias de regresso, porque lá
ocorreram mortes. As pessoas não querem regressar porque lhes impuseram uma
condição. Se regressarem, têm de deixar a militância na UNITA e não podem realizar
atividades da UNITA naquela zona”, explicou Alberto Ngalanela.
O dirigente da UNITA em Benguela
reitera que "as pessoas contratadas para atacar a caravana da UNITA são os
que estão a colocar esta condição”.
Autoridades tardam em dar
resposta
Alberto Ngalanela diz que o
governador da província Rui Falcão não mostra interesse em resolver a situação.
"Já colocámos várias vezes o
problema ao governador. Às vezes ele diz-nos que tem conhecimento do caso,
outras vezes que não sabe que as pessoas continuam na sede do município",
contou Ngalanela.
Recentemente a vice-governadora
de Benguela para o Setor Político, Social e Económico, Deolinda Valiangula,
disse que o caso está na PGR.
"Já fizemos algum trabalho
para pôr ordem. Sabemos que algumas pessoas usam os nomes dos partidos
políticos para fazerem desmandos e sujar a imagem dos partidos. Os outros até
vão em nome do Governo também para sujarem a imagem do Governo", informou
a governante.
De recordar que, depois do
incidente, a UNITA, pela voz de Adalberto da Costa Júnior, exigiu uma
"investigação imparcial".
O partido também alega que
apresentou várias queixas sobre intolerância política à Procuradoria-Geral da
República e até agora não teve nenhuma resposta.
"Apresentamos queixas depois
deste incidente ter ocorrido, mas até ao momento não temos nenhuma indicação,
nem para frente e nem para trás. Portanto a situação mantém-se inconclusivo, o
que é muito mal porque perderam-se vidas humanas neste incidente", lamentou
o porta-voz desta formação política, Alcides Sakala.
Sakala afirma que devem ser
criadas condições para o regresso dos populares para as suas zonas de origem.
"Perderam as suas casas. Os
seus haveres foram roubados, as propriedades destruídas e foram empurradas para
as matas. Agora há que se criar condições de inserção destas pessoas vítimas de
intolerância para que regressem", defendeu.
Borralho Ndomba (Luanda) |
Deutsche Welle
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