Domingos de Andrade* | Jornal de
Notícias | opinião
Há só dois temas que
verdadeiramente importam nesta rentrée. O Orçamento do Estado. E a nomeação do
próximo procurador-geral da República, ou a renovação do mandato de Joana
Marques Vidal. O primeiro deixa o presidente da República sossegado. O segundo
dará provas do braço de ferro mediático entre a Direita e a Esquerda. Entre
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa. E vai ditar o futuro das relações
entre ambos.
O espaço de Rui Rio joga-se aí.
Na eventual fragilização do chefe de Estado numa matéria em que ele tem uma
palavra efetiva e em que uma derrota política o fará recuar, abrindo espaço ao
PSD para fazer Oposição. O problema é que não só não se sabe, hoje, o que pensa
o crítico do Ministério Público Rui Rio, como não se vislumbra uma estratégia
para o país.
O problema de Rio não é o
silêncio, nem o estilo, nem pensar que o tempo dos dias não tem qualquer
relevância para a sua atuação política. O problema é que não se lhe conhece uma
visão, por muito que apresente ideias setoriais na Saúde, na Educação ou na
Justiça, que podem ser muito boas mas das quais ninguém se lembra.
Sobra a Rio deixar passar que tem
uma obsessão contra o partido, numa moralização que o devia fazer marcar pontos
se não parecesse que não dá a cara pelo passado, presente e futuro do PSD.
Sobra uma liderança fortemente personalizada que não augura longa vida em
Portugal, veja-se o PRD de Eanes. E sobram uns pontas de lança que animam as
guerras internas. Pedro Duarte, cujos resultados eleitorais nas últimas
autárquicas no Porto foram confrangedores. E o quase novo líder partidário
Santana Lopes, que sabe que vai capitalizar nas eleições europeias o
descontentamento da Direita.
Quando este sábado discursar na
rentrée do PSD, do homem que esteve ausente por um mês só ficará uma certeza.
Ele vai ficar até ao fim. Não se sabe é quando será o fim.
* Diretor-executivo
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